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Lendo a Bíblia para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de Deus
Lendo a Bíblia para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de Deus
Lendo a Bíblia para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de Deus
E-book459 páginas6 horas

Lendo a Bíblia para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de Deus

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Sobre este e-book

Comece a ler a Bíblia hoje mesmo e aplicá-la em sua vida. Ler a Palavra não precisa ser tão difícil, por isso Lendo a Bíblia para a Vida veio para descomplicar e te ajudar a estudar e entender a Escritura de forma eficiente. Dessa forma, além do entendimento intelectual será mais fácil aplicar os ensinamentos da Palavra na vida prática. Seu dia a dia nunca mais será o mesmo! Um produto CPAD.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento10 de mar. de 2015
ISBN9788526312999
Lendo a Bíblia para a Vida: Seu Guia para Entender e Viver a Palavra de Deus

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    Lendo a Bíblia para a Vida - George H. Gunthrie

    Palavra.

    AGRADECIMENTOS

    Quando olho para os últimos 18 meses — o período de tempo que o projeto levou desde sua concepção até a sua conclusão — tenho a impressão de que ele nasceu dentro e através de uma comunidade vibrante.

    Desde o início de nossas conversas sobre uma iniciativa de alfabetização bíblica, os dotados líderes da LifeWay — o presidente Thom Rainer e também os chefes das várias divisões — me abraçaram como um parceiro no ministério. Meu amigo de longa data, Brad Waggoner, atualmente vice-presidente executivo da LifeWay e editor da B&H Publishing Group, desde o início acreditou na importância do livro e me fez dar boas risadas ao longo do caminho. Ao pastorear o manuscrito, o editor Thomas Walters me cutucou com uma vara de vez em quando, mas na maior parte do tempo me orientou gentilmente com uma vara constante de encorajamento. Com boa vontade, os designers Diana Lawrence e Jon Rodda aturaram durante uma quantidade extraordinária de discussões, de idas e vindas sobre a capa do livro, ouviram as minhas preocupações e esperanças e guiaram o processo a uma boa conclusão.

    Meu caro amigo Jack Kuhatschek, atualmente vice-presidente e editor executivo da Baker Books, há muito tem me encorajado a abordar o problema do analfabetismo bíblico na igreja. Foi Jack quem teve a ideia de formular o livro em um estilo de entrevista narrativa, e o feedback inicial que eu tive da família, de meus amigos e de meus alunos parece indicar que o seu senso afiado de publicação estava ativado.

    Não posso dizer o suficiente sobre a Union University, onde tenho tido o privilégio de lecionar durante as duas últimas décadas. A partir de seu amor pela igreja e sua visão aguçada como universidade cristã, o presidente David Dockery, a diretora Carla Sanderson e meu reitor, Gregory Thornbury, deram-me espaço de vida para que eu escrevesse e me aplaudiram a cada passo do caminho. Com frequência, meus colegas extraordinariamente talentosos da School of Theology and Missions dedicaram o tempo de seus próprios projetos de escrita para conversar comigo sobre o meu projeto. As duas mulheres que realmente operam a School of Theology and Missions (e minhas consultoras de design não-oficiais), Christy Young e Marianna Dusenberry, deram um feedback generoso sobre a capa e o logotipo da iniciativa. Melinda Eckley, uma colega no Departamento de Arte da Union, doou seu tempo voluntariamente e criou o design da capa, bem como o logotipo da iniciativa (e ganhou um vestido de noiva na barganha!). Meus alunos andaram em comunhão comigo ao longo de todo o processo, lendo os primeiros rascunhos de vários capítulos, discutindo ideias examinadas em aulas expositivas, oferecendo feedback sobre questões de design e orando por mim.

    Louise Bentley, a quem ainda considero minha professora, ofereceu encorajamento e grande conhecimento editorial na última hora, e David Wickiser e Lauren Bogdan, ex-alunos, fizeram um grande trabalho no auxílio da elaboração dos planos de leitura bíblica, no apêndice.

    Aqueles que foram entrevistados no livro doaram muito de seu tempo porque acreditam no projeto e na iniciativa mais ampla. É dispensável dizer que o livro não teria sido possível sem os conhecimentos e o tempo dos entrevistados. Sou profundamente grato pelo que aprendi com eles durante o processo. A minha leitura pessoal da Bíblia nunca mais será a mesma.

    Obviamente, devo mencionar minha maravilhosa esposa, Pat, e nossos filhos, Joshua e Anna, que leram partes do manuscrito e ofereceram muitos comentários sobre todos os aspectos do projeto. Eles são meus debatedores mais próximos e queridos da Bíblia, à medida que tentamos lê-la e vivê-la juntos.

    Agradeço a todas essas pessoas.

    Que a glória seja dada somente a Deus.

    George Guthrie

    Jackson, Tennessee

    Verão de 2010

    SUMÁRIO

    Agradecimentos

    Introdução: O Convite para uma Conversa

    Parte Um — Lendo a Bíblia: Questões Fundamentais

    CAPÍTULO 1: Lendo a Bíblia como um Guia para a Vida (David s. Dockery)

    CAPÍTULO 2: Lendo a Bíblia em seu Próprio Contexto (Andreas köstenberger)

    CAPÍTULO 3: Lendo a Bíblia Traduzida (Clint Arnold e Mark strauss)

    CAPÍTULO 4: Lendo a Bíblia para Transformação (George H. Guthrie)

    Parte Dois — Lendo o Antigo Testamento

    CAPÍTULO 5: Lendo as Histórias do Antigo Testamento (Bruce Waltke)

    CAPÍTULO 6: Lendo as Leis do Antigo Testamento (J. Daniel Hays)

    CAPÍTULO 7: Lendo Salmos e Provérbios (David Howard)

    CAPÍTULO 8: Lendo os Profetas do Antigo Testamento (Gary Smith)

    Parte Três — Lendo o Novo Testamento

    CAPÍTULO 9: Lendo as Histórias do Novo Testamento (Darrell Bock)

    CAPÍTULO 10: Lendo os Ensinamentos de Jesus (Craig Blomberg)

    CAPÍTULO 11: Lendo as Cartas do Novo Testamento (Douglas Moo)

    CAPÍTULO 12: Lendo Apocalipse (J. Scott Duvall)

    Parte Quatro — Lendo a Bíblia nos Contextos Modernos

    CAPÍTULO 13: A Leitura da Bíblia para a Devoção Pessoal (Donald S. Whitney)

    CAPÍTULO 14: A Leitura da Bíblia em Ocasiões de Tristeza e Sofrimento (Michael Card)

    CAPÍTULO 15: Lendo a Bíblia em Família (Pat Guthrie)

    CAPÍTULO 16: Lendo a Bíblia com a Igreja (Buddy Gray e David Platt)

    APÊNDICE: Planos de Leitura

    Plano de Leitura Cronológica de um Ano

    O Plano 4 + 1

    NOTAS

    INTRODUÇÃO

    O Convite para uma Conversa

    Podemos nos sentar para conversar? Enquanto escrevo esta introdução, estou digitando em meu laptop, em uma cafeteria popular, e adoraria poder tomar uma xícara de café com você e conversar sobre a Bíblia. Conversar sobre como lê-la bem. Como entendê-la. Como vivê-la. Ou talvez pudéssemos nos sentar em frente à lareira de minha casa, comendo biscoitos com gotas de chocolate feitos por minha esposa, tomando um chá quente. Não há nada melhor que uma rica conversa sobre assuntos importantes com um amigo, e tudo isso fica ainda melhor com uma bebida quente; um pouco de música de fundo também vai bem. Mas já que nesse momento estamos distantes um do outro, nós nos reuniremos nas páginas deste livro. Então prepare um café ou um chá quente, encontre uma cadeira confortável, e vamos iniciar a nossa conversa.

    Por que Escrevi este Livro

    Deixe-me contar a você por que empreendi a tarefa de escrever este livro. Para ser honesto, eu não tinha tempo para escrevê-lo, mas senti fortemente que esta obra precisava ser escrita — quase como uma exigência — e deveria ser escrita o mais rápido possível. Há duas razões principais.

    É Importante Lermos a Bíblia

    Em primeiro lugar, acredito com todo o meu coração, em vários níveis, que é importante lermos a Bíblia e que o façamos de uma forma boa. Quando digo nós, não estou pensando somente naqueles de nós que são seguidores comprometidos de Jesus Cristo, embora eu queira falar com meus irmãos na fé daqui a pouco. Digo nós referindo-me a todos os falantes da língua inglesa ou que fazem parte da cultura ocidental (e isso inclui a grande maioria das pessoas do mundo nos dias de hoje). No The New Dictionary of Cultural Literacy, E. D. Hirsch escreve:

    Ninguém no mundo de fala inglesa pode ser considerado alfabetizado sem que tenha um conhecimento básico da Bíblia. As pessoas alfabetizadas na Índia, cujas tradições religiosas não são baseadas na Bíblia, mas cuja língua comum é o inglês, devem conhecer a Bíblia a fim de entender o idioma inglês em seu próprio país. Todos os falantes educados do inglês americano precisam entender o que alguém quer transmitir quando descreve uma competição como uma disputa entre Davi e Golias, ou se uma pessoa que tem a sabedoria de Salomão é sábia ou tola, ou se dizer o meu cálice transborda significa que a pessoa está feliz ou infeliz.¹

    Se você descrever alguém como o sal da terra, ou disser que você combateu o bom combate, ou sugerir que um amigo ande uma mais uma milha, ou falar sobre uma pequena quantidade como a gota de um balde, ou dizer escapei com a pele dos meus dentes, estará falando na linguagem da Bíblia. Nós encontramos essas frases em jornais, filmes e nas conversas que acontecem à nossa volta, mas essas frases são expressões culturais de segunda mão, tecidas no idioma inglês pela longa exposição à versão King James da Bíblia ou através de importantes obras de literatura, que por sua vez tomaram emprestada a linguagem da Bíblia. Por exemplo, você sabia que existem mais de mil e trezentas citações e alusões documentadas à Bíblia nos escritos de Shakespeare? Muitas vezes Shakespeare escrevia com uma pena na mão direita e a Bíblia na mão esquerda.

    Não é de estranhar, portanto, que uma pesquisa feita em 2005 tenha constatado que 98% dos professores de inglês do Ensino Médio sugeriram que os alunos biblicamente alfabetizados têm uma vantagem acadêmica sobre aqueles que não o são, e em 2006 os professores de inglês das melhores universidades dos Estados Unidos concordaram que independentemente de sua fé, uma pessoa culta precisa conhecer a Bíblia, acrescentando que a Bíblia é indispensável e absolutamente crucial para alguém que deseja ser considerado bem instruído.

    No entanto, a Bíblia não apenas marcou a literatura e idioma inglês, mas também moldou as realidades políticas e sociais que consideramos naturais. Até as traduções inglesas da Bíblia começarem a ser produzidas, no século XIV, a Bíblia esteve tão bem trancada na gaiola dourada da língua latina a ponto de muitos sacerdotes da Inglaterra não terem as habilidades necessárias para lê-la e compreendê-la, muito menos para ensiná-la aos outros.

    Em Wide as the Waters: The Story of the English Bible and the Revolution It Inspired, Benson Bobrick observa que o acesso à Bíblia, gerado pela obra sacrificial de tradutores da Bíblia como John Wycliffe e William Tyndale, ensinou as pessoas a pensar, e a ampla leitura da Bíblia levou a uma explosão da impressão de livros. Como resultado, esse crescimento da alfabetização derrubou os poderes injustos da época. Bobrick escreve: Uma vez que as pessoas eram livres para interpretar a Palavra de Deus de acordo com a luz do seu próprio entendimento, elas começaram a questionar a autoridade das instituições que haviam herdado, tanto religiosas quanto seculares, o que levou à reforma dentro da Igreja, e à ascensão do governo constitucional na Inglaterra e ao fim das prerrogativas divinas dos reis.²

    À medida que a cultura ocidental continuou a se desenvolver, a Bíblia impulsionou os movimentos que fizeram do mundo um lugar melhor.

    Thomas Cahill, na obra The Gifts of the Jews, comenta:

    Sem a Bíblia, nós jamais teríamos conhecido o movimento abolicionista, o movimento de reforma das prisões, o movimento antiguerra, o movimento operário, o movimento dos direitos civis, o movimento dos povos indígenas e dos povos despojados de seus direitos humanos, o movimento antiapartheid na África do Sul, o movimento Solidariedade na Polônia, os movimentos de liberdade de expressão e pró-democracia em países do Extremo Oriente como Coreia do Sul, Filipinas, e até mesmo China. Todos esses movimentos dos tempos modernos empregaram a linguagem da Bíblia.³

    No entanto, a Bíblia não foi apenas uma influência de formação da cultura no passado. A Bíblia continua a ser o livro mais vendido do mundo, ano após ano e, portanto, constitui uma força formadora poderosa até os dias de hoje. A cada ano, cerca de 25 milhões de cópias da Bíblia são vendidas nos Estados Unidos, e cerca de 100 milhões de cópias são vendidas em todo o mundo. Em nível global, mais 400 milhões de cópias de toda a Escritura ou de parte dela são distribuídas pelas Sociedades Bíblicas Unidas anualmente. Esses números reduzem e colocam em perspectiva até mesmo fenômenos culturais do momento, como, por exemplo, a série Harry Potter.

    A. Z. Conrad, um pastor de Boston do início do século XX, sugere que a Bíblia excede todos os outros livros em subsistência, profundidade, amor, alcance, qualidade e importância.⁴ Consequentemente, se olharmos para o papel da Bíblia no mundo, do ponto de vista da linguagem e da cultura, é importante que entendamos a literatura da Bíblia.

    Agora, deixe-me falar diretamente com aqueles de nós que se consideram seguidores de Jesus (e o restante de vocês é bem-vindo para ouvir; este material pode ser pertinente para você algum dia). Meus irmãos e irmãs, vocês sabem que, para nós, a Bíblia não é apenas mais um corpo influente da literatura. É um livro vivo porque vem de — e leva a — um Senhor vivo. Hebreus 4.12 diz: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Em outras palavras, a Palavra de Deus, exercida pelo Espírito Santo, tem o poder de nos classificar espiritualmente, de nos surpreender e de nos confrontar, fazendo com que desenvolvamos o nosso relacionamento com o nosso Senhor Jesus Cristo.

    Assim, a leitura da Bíblia deve ser ao mesmo tempo encorajadora como o toque suave de uma mãe e, em certos momentos, tão inquietante e perturbadora como uma tempestade violenta. Em seu trabalho intitulado Coma este Livro, Eugene Peterson observa, corretamente, a respeito da Bíblia: Abrimos esse livro e descobrimos, página após página, que ele nos desarma, nos surpreende e nos atrai para a sua realidade, colocando-nos em uma participação com Deus nos termos dEle.⁵ Esta deve ser a nossa experiência de leitura bíblica à medida que saímos do dever vazio, de um cristianismo no estilo checklist, de uma enfadonha leitura do dia, e passamos a ter uma experiência bíblica que poderia ser chamada de deleite que irrompe. Se o nosso coração não estiver sendo transformado e se não estivermos sendo levados para novos lugares na vida — a novos níveis de obediência a Deus —não estamos realmente lendo a Bíblia da maneira que Deus deseja que a leiamos.

    Considerando que a Bíblia tem afetado a nossa cultura e o nosso idioma, ela nos define e nos desenvolve como seguidores de Cristo. Se a Bíblia for retirada, nós deixaremos de existir. A Bíblia é, ao mesmo tempo, fundamento e combustível de vitalidade espiritual para o cristão. Assim, há muitas razões por que nós, como crentes, precisamos ler a Bíblia em uma base consistente. Precisamos ler a Bíblia para conhecer a verdade. Queremos pensar claramente sobre aquilo que Deus diz ser verdadeiro e valioso (2 Pe 1.20,21). Nós lemos a Bíblia para conhecer a Deus em um relacionamento pessoal (1 Co 1.21; Gl 4.8,9; 1 Tm 4.16). Nós lemos a Bíblia para viver bem para Deus neste mundo, e viver a sua vontade expressa o nosso amor por Ele (Jo 14.23,24; Rm 12.2;1 Ts 4.1-8; 2 Tm 3.16,17). Nós lemos a Bíblia para vivenciar a liberdade, a graça, a paz e a esperança que vêm de Deus (Jo 8.32; Rm 15.4; 2 Pe 1.2). Nós lemos a Bíblia porque a Bíblia nos dá alegria (Sl 119.111). Nós lemos a Bíblia para crescer espiritualmente, à medida que recusamos nos conformar com o mundo e somos transformados através da renovação da nossa mente (Rm 12.1,2; 1 Pe. 2.1,2). Nós lemos a Bíblia para ministrar a outros seguidores de Cristo e àqueles que ainda têm de responder ao evangelho, recebendo a aprovação de Deus pelo trabalho bem feito (Js 1.8; 2 Tm. 2.15; 3.16,17). Nós lemos a Bíblia para nos proteger do pecado e do erro (Ef 6.11-17; 2 Pe 2.1,2). Nós lemos a Bíblia para que sejamos edificados como uma comunidade cristã, juntamente com os outros membros do corpo de Cristo (At 20.32; Ef 4.14-16).

    O Espírito Santo produz esses resultados na vida do crente, usando a Palavra para fazer com que cresçamos em maturidade espiritual. Não é de surpreender que, em uma recente pesquisa, realizada pela LifeWay Research, sobre pessoas que frequentam igrejas, a característica número um de maturidade espiritual entre aqueles que frequentam a igreja de modo regular foi ler a Bíblia diariamente. Como o grande ministro e filantropo George Muller expressou, O vigor da nossa vida espiritual será exatamente proporcional à posição que a Bíblia ocupar em nossa vida e em nossos pensamentos.

    Repito, a razão principal por que escrevo este livro é a importância de lermos a Bíblia e de fazermos essa leitura de uma forma boa e correta.

    Nós Não Estamos Lendo a Bíblia

    Em segundo lugar, nós não estamos lendo a Bíblia. Eu gostaria que você pudesse ouvir meu tom de voz através das palavras que estou escrevendo nesta página. Não quero parecer alarmista, crítico ou inclinado a fazer exortações morais. Eu estou empolgado com o fato de você ter se unido a mim nesta conversa, e não quero perdê-lo aqui. Mas deixe-me falar abertamente. Estou preocupado com a nossa situação atual em termos de nossa leitura bíblica, e quero que você também se preocupe. Deixe-me dizer novamente: Nós não estamos lendo a Bíblia, muito menos lendo-a de uma forma boa.

    Esse fato tem me incomodado enquanto trabalho com jovens universitários brilhantes na universidade em que leciono, onde a pontuação média do ACT (American College Testing) dos calouros é superior a 25. No último fim de semana, recebemos 120 alunos em potencial em nosso campus, e todos obtiveram uma pontuação superior a 31 pontos no ACT. (Para aqueles que não estão familiarizados com o mundo acadêmico, isso é muito bom.) Meus alunos são excepcionalmente brilhantes, e a grande maioria, embora não todos, foi criada na igreja.

    Há vários anos, tenho realizado breves exames sobre conhecimento bíblico no início do curso de Estudo do Novo Testamento. As perguntas do exame são simples — são questões de múltipla escolha do tipo: Qual desses livros faz parte do Novo Testamento?

    Quem foi solto por Pôncio Pilatos durante o julgamento de Jesus? Quantas tentações Jesus enfrentou no deserto? A qual parte da Bíblia você recorreria para encontrar o Sermão da Montanha?

    No outono passado, a pontuação média no exame foi de 57%. As médias das classes ao longo dos últimos anos têm variado entre 50 e 70%, mas na maior parte do tempo a média fica mais próxima de 50%. Esta não é uma exclusividade dos meus alunos, mas é consistente com o que outros professores estão descobrindo em universidades cristãs de primeira linha dos Estados Unidos. Nossos alunos, mesmo aqueles que foram criados frequentando igrejas, simplesmente não são mais fundamentados nos princípios básicos da história da Bíblia. Daqui a pouco irei sugerir por que isso acontece, mas deixe-me retratar a nossa situação atual de forma um pouco mais ampla para você.

    Meus alunos refletem um fenômeno cultural impressionante que permeia o mundo de fala inglesa. Desde a metade do século passado, a alfabetização bíblica está em uma espiral descendente, de modo que a compreensão básica das histórias e frases bíblicas, outrora familiares, passaram a ocupar um espaço em branco na mente coletiva da cultura. Antigamente, um orador público podia fazer alusões às principais histórias da Bíblia e assumir que a maioria de seu público o compreenderia. Não mais é assim. Por exemplo, em 2001, Dick Meyer, um comentarista da CBS News, esboçou uma reação confusa a uma alusão feita pelo presidente Bush em seu discurso de posse. Meyer confessou: "Houve algumas frases no discurso que eu simplesmente não entendi. Uma delas foi: ‘Quando virmos aquele viajante ferido na estrada para Jericó, não passaremos ao largo’. Meyer concluiu: ‘Espero que não seja um teste de conhecimentos’’’.

    Falando sobre o crescente analfabetismo bíblico na cultura mais ampla, George Lindbeck comenta: O declínio da alfabetização bíblica tem sido abrupto e generalizado... O declínio afeta pessoas intelectuais e não intelectuais, religiosas e não religiosas, as que estão dentro das igrejas e as que estão fora, os clérigos e os leigos.⁸ Em seu livro publicado recentemente, intitulado Religious Literacy: What Every American Needs to Know — and Doesn’t, Stephen Prothero escreve: O Evangelho de João exorta os cristãos a examinarem as Escrituras... mas pouca examinação, e ainda menos procura estão sendo feitos.⁹ Prothero relata que mais de 10% dos americanos acreditam que Joana D’Arc foi a esposa de Noé. Apenas 50% das pessoas podem nomear um dos quatro Evangelhos, e menos da metade pode nomear o primeiro livro da Bíblia.

    O crítico literário George Steiner acrescenta: Como qualquer professor do Ensino Médio ou universitário poderá testemunhar, até mesmo as alusões aos textos bíblicos mais famosos agora caem no vazio... A Bíblia King James e a Bíblia de Lutero proporcionaram grande parte da nossa civilização com seu alfabeto ou imediatismo referencial, não apenas nas esferas da piedade pessoal e pública, mas nas esferas da política, das instituições sociais, e na vida da imaginação literária e estética.¹⁰

    Em outras palavras, a Bíblia está desaparecendo lentamente do nosso diálogo coletivo, não só na esfera da vida espiritual e da igreja, mas também nos domínios da política, das instituições sociais, da literatura e das artes.

    Se você for um cristão praticante, pode ser que esteja pensando: Certamente aqueles que frequentam a igreja com regularidade se saem muito melhor do que o indivíduo comum na rua! Receio que não. Como indicado pelo desempenho dos meus alunos em testes bíblicos de alfabetização bíblica, nós também não estamos nos saindo bem. Pergunte a cem membros de sua igreja se eles leram a Bíblia hoje, e 84 deles dirão que não. Pergunte-lhes se leram a Bíblia pelo menos uma vez na semana passada, e 68 deles dirão que não. E ainda mais desconcertante, pergunte a cem membros da igreja se a leitura ou o estudo da Bíblia tem gerado qualquer diferença significativa na forma como eles vivem. Somente 37 dentre cem dirão que sim.

    Uma vez que nós, como cristãos, deveríamos ser o povo do Livro, algo está errado nessa situação. Conhecer bem a Bíblia é nosso dever, mas a verdade é que não a conhecemos tão bem. Todas as pesquisas mostram que aqueles que se dizem cristãos evangélicos se saem apenas um pouco melhor do que as pessoas não crentes quando perguntados sobre o conteúdo da Bíblia; além disso, uma visão bíblica do mundo não está fazendo com que tenhamos progresso na forma como vivemos a nossa vida e pensamos sobre ela. As palavras do compositor William Cowper vêm à mente: Enquanto milhares, descuidados do pecado condenável, Beijam a parte externa do livro cujo interior nunca observaram.

    Irmãos e irmãs, nós simplesmente devemos fazer algo melhor. Nosso analfabetismo bíblico nos prejudica de forma pessoal, fere as nossas igrejas, fere o nosso testemunho e, portanto, fere o avanço do evangelho no mundo.

    Por que isso Está Acontecendo?

    Pode ser que você esteja perguntando a si mesmo: Então, por que isso está acontecendo? Meu palpite é que muitos fatores estão fazendo com que a situação atual deslize a níveis cada vez mais profundos de analfabetismo bíblico. Permita-me mencionar quatro fatores.

    Primeiro, a leitura geral está em declínio, apesar da Amazon.com e muitos outros revendedores de livros estarem despejando milhões de volumes nas ruas a cada ano. Uma parte significativa da população simplesmente não lê nada além de pequenas notícias de jornal, breves artigos de revistas, ou blogs na Internet. Na verdade, de acordo com um estudo realizado em 2003 pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, um a cada sete adultos americanos tem níveis básicos de alfabetização e cultura ou estão abaixo desse nível.¹¹ Além disso, um estudo realizado em 2004 pelo National Endowment for the Arts, intitulado Leitura em Risco, constatou que apenas 56,6% dos adultos norte-americanos haviam lido um livro em 2002, uma queda de quatro pontos percentuais em relação à década anterior; e a leitura de obras literárias está em um ritmo de declínio ainda mais acentuado. Isso, é claro, afetará a nossa maneira de ler (ou de não ler) a Bíblia. Isso também diz algo para aqueles de nós que são pais. Se quisermos que os nossos filhos sejam leitores da Bíblia, devemos ensiná-los sobre a importância de amar e ler livros.

    Em segundo lugar (e isso provavelmente contribui para a primeira razão), a tecnologia pode estar prejudicando a nossa capacidade de ler. Muitos de nós conectaram uma rede de alfabetização e cultura dormente de tecnologia no cérebro, e isso parece estar afetando a nossa leitura bíblica de várias formas. Em um artigo da revista Atlantic Monthly, intitulado O Google está nos tornando estúpidos?, Nicholas Carr lamenta o efeito que a Internet está causando em nosso cérebro. Ele sugere que a nossa interface tecnológica, de clicar e ler às pressas, torna a leitura e o pensamento superficiais, corroendo a nossa capacidade de ler materiais mais substanciais, de forma contínua. Ele escreve:

    Mergulhar em um livro ou em um longo artigo costumava ser fácil. Minha mente se concentrava plenamente na narrativa ou nos argumentos, e eu passava horas caminhando por longos trechos de prosa. Isso raramente acontece agora. Agora, muitas vezes a minha concentração começa a ser desviada depois de duas ou três páginas. Eu fico nervoso, inquieto, perco o fio da meada, começo a procurar outra coisa para fazer. Sinto como se estivesse sempre arrastando o meu cérebro desobediente de volta ao texto. A leitura profunda que costumava vir naturalmente tornou-se uma labuta.¹²

    Agora, por favor, me entenda. Eu não sou um ludita* destruidor de iPhones que pensa que toda a tecnologia deve ser lançada fora pelos fiéis. Meu iPhone está bem aqui comigo enquanto escrevo, muito obrigado, e eu uso a internet constantemente para todos os tipos de pesquisas úteis, incluindo a escrita desta introdução. (O artigo de Carr estava a apenas um clique de distância!) Mas há uma linha tênue entre o uso da tecnologia como uma ferramenta construtiva e curvar-se a ela como um deus de ligação direta ao qual eu sacrifico uma grande parte do meu tempo, da minha mente e da minha energia espiritual. Considere um relatório feito pela Nielsen em 2009. Ele mostrou que o americano médio assiste 153 horas de televisão por mês (cerca de 5 horas por dia; um aumento de mais de 20% em relação à década anterior), e os aparelhos de televisão ficam ligados na casa mediana dos americanos durante 8 horas e 21 minutos por dia. Mais horas são gastas online. Não é de admirar que lutemos para encontrar tempo e espaço emocional/mental/espiritual para a leitura da Bíblia. Teremos que começar a nos desligar e a nos ajustar a fim de abrir espaço em nossa vida e em nosso coraçõe para a Palavra de Deus. Se reservarmos um décimo do tempo que o americano médio gasta assistindo à TV todos os dias, poderemos ler a Bíblia no período de um ano.

    Isso nos leva a uma terceira razão por que não lemos a Bíblia: Estamos distraídos e sobrecarregados por conta de nossas agendas. Certa vez, Jesus contou uma história sobre sementes e solos (Mc 4.3-20), usando figuras de linguagem para descrever os diferentes níveis de receptividade que as pessoas têm para com a Palavra de Deus, e a parábola é muito pertinente para nós hoje. Jesus retratou um agricultor semeando ao longo de um campo. Algumas sementes caíram no caminho de terra batida, na lateral do campo, de modo que a semente não pôde penetrar o solo; algumas caíram em terreno rochoso, que tem pouco solo arável, de modo que as plantas morreram de fome; algumas caíram em meio a ervas daninhas que sufocam a vida das plantas; e algumas caíram em solo fértil, que oferece um bom ambiente para o crescimento das sementes e das plantas. À medida que Jesus conta a história, você quase pode sentir a brisa em seu rosto, enquanto aquela brisa espalha algumas das sementes para as bordas do campo. Os locais em que as sementes caem são figuras de linguagem que representam o coração humano e a forma como ele interage com a Palavra de Deus.

    Note que em três das quatro figuras de linguagem o problema é o espaço. Não há espaço suficiente para que a semente, ou a planta que cresce a partir dela, possa prosperar. Sou um jardineiro, e posso lhe afirmar que o fator número um para o crescimento de um jardim bonito e produtivo tem a ver com a preparação do solo, e, dentre outras coisas, você deseja que o seu solo seja o que os jardineiros chamam de uma marga rica e friável — nem muito argiloso, nem muito arenoso. Esse tipo de solo fornece justamente a quantidade certa de espaço para todos os elementos de um bom solo: umidade, minerais, ar e calor, para que cada um faça a sua mágica ao interagir com a semente.

    Quero sugerir que à medida que interagimos com a Palavra de Deus, nós também precisamos de espaço em nossa vida — espaço de vida e espaço de coração. Em outras palavras, precisamos de espaço suficiente em nossos horários todos os dias para nos sentar, ler e pensar sobre a Bíblia; e precisamos de espaço em nosso coração para absorvê-la e responder a ela de forma adequada. Acredite ou não, reservando cerca de 20 a 30 minutos por dia, você pode ler toda a Bíblia em um ano. Esse é o espaço de vida. Mas também precisamos do que chamo de espaço do coração, em especial para aqueles que querem ler a Bíblia a fim de crescer espiritualmente. Na parábola de Jesus sobre as sementes e os solos, o solo de terra batida representa um coração duro que não ouve a Deus. O solo raso retrata a superficialidade do coração. O solo cheio de espinhos representa um coração congestionado, obstruído por preocupações ou desejos. Todas essas condições espirituais afetam a nossa leitura bíblica. Então precisamos criar mais espaço em nossa vida para aprender a ler melhor a Bíblia, espaço para ouvir a Bíblia diariamente, e espaço para responder a ela também. Na verdade, conhecimento bíblico é tanto aprender a responder à Bíblia quanto conhecer os detalhes das histórias bíblicas. Juntamente com Robert Hutchins, gostaria de sugerir que a verdadeira alfabetização e cultura — qualquer que seja o tipo — traz clareza

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