As aventuras de Nikko: A fuga
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As aventuras de Nikko - Josie Oliveira
desiste".
Essa é a história de um cachorro morador de uma casa tão grande quanto um palácio. O seu nome é Nikko, um shih-tzu preto e branco, com vastos pelos – o seu apelido é Peludo. Carrega todas as qualidades da sua raça – companheiro, divertido, alegre, esperto, adora passear, brincar e faz festa com todos que chegam à mansão. Nikko não é o único pet da casa, lá também vive Fiona, uma bonita gata persa, felpuda, branca. Muito vaidosa, o seu passatempo preferido é ir ao pet shop se embelezar e registrar suas fotos no Petgram – seus seguidores ultrapassam a marca de um milhão. E Platô, um cachorro comprado como se fosse um yorkshire, porém, no segundo dia com a família, começou a desbotar. Quando deram banho no cachorro, veio a constatação: Platô havia sido pintado. Na verdade, ele era vira-lata. O cachorro renegava a sua origem, vivia de mau humor.
Faltava uma semana para o aniversário de Nikko, no entanto, o Peludo não estava contente. Queria algo diferente, sempre teve tudo, mas faltava algo. Mariana, sua dona, estava preparando uma festança com tudo que o cachorro mais gostava: osso caramelizado, biscoitinhos, bolinhos de carne, tortinhas de frango e um lindo bolo. Fiona, vendo o seu amigo tristonho, foi saber o que se passava.
– Nikko, o que está acontecendo?
– Estou me sentindo preso nessa mansão, Fiona.
– Como assim? Miau, você sempre teve tudo. Sempre foi tão alegre.
– Eu sei, mas quero sair por aí. Quero conhecer o mundo.
– Au au… Não sei para que você quer sair – disse Platô, aproximando-se. – Existe muita violência lá fora.
– Dessa vez, Platô tem razão – completou a gata. – Não há nada nas ruas, só um monte de cachorros e gatos sujos. Eles ficam procurando o que comer. Você só vai ver tristeza.
– Au au… Eu não acredito nisso. Mariana me leva à pracinha, e às vezes ando pela cidade de carro. Vi alguns cachorros brincando, fazendo exercícios, pareciam felizes – comentou Nikko, empolgado.
Conversaram a tarde toda. Platô estava ressentido, parecia que o amigo estava cansado deles e queria fazer novas amizades. Fiona preocupou-se, estava com medo de Peludo fazer alguma loucura, temia por sua segurança fora do muro da mansão. Nikko tranquilizou seus companheiros, disse que gostaria de saber como era a vida fora da casa, queria interagir com outros cachorros, trocar novas ideias.
Pensativo, Nikko afastou-se dos amigos, deixou o quintal, entrou em casa e permaneceu quieto até a hora de dormir em sua cama acolchoada. Repousou a cabeça no travesseiro, mas não se aquietava. Ficou imaginando como faria para realizar o seu sonho, revirava-se de um lado para o outro. De repente, teve uma ideia: Assim que Mariana sair para ir à escola, passo pelo portão escondido. E vou conhecer o mundo. Naquela noite, o Peludo quase não dormiu de tanta ansiedade.
Na manhã seguinte, Nikko acordou cedinho e ficou escondido atrás da árvore, bem próximo ao portão. Avistou o carro de Afonso, pai da Mariana, e preparou-se para correr. O automóvel veio se aproximando devagar do portão automático, e assim que o veículo atravessou o grande portão de ferro, Nikko passou pelo cantinho.
Finalmente, estava livre, estava solto. Que grande conquista! Um misto de alegria e confusão logo brotou em seu coração. Olhou para um lado, depois olhou para o outro, não sabia o que fazer. Ficou parado um tempo decidindo qual direção seguir. Caminhou por um tempo e viu a pracinha a que costumava ir com Mariana. Passou rápido pelo local, escondendo-se, pois havia cachorros conhecidos, seus vizinhos.
Nikko começou a andar cada vez mais para longe do seu bairro. Ficou um pouco cansado, não estava acostumado a caminhar por um longo percurso. Era louco por bola, amava jogar futebol, esse era o único exercício físico mais pesado que praticava. Em dias alternados fazia caminhadas curtas pelo jardim da mansão. Avistou um campo pelado, tinha mais terra do que grama. Viu dois cachorros e foi ao encontro deles sorrindo, mas os animais não foram receptivos.
– Ih! Acho que o bacana está perdido – comentou um dos cães.
– Bom dia, galera! Meu nome é Nikko.
– Au au… Que cara engraçado! Ô, mané, onde pensa que está? Você é maluco de sair com essa coleira cravejada de diamantes por aí – disse Palito, um pinscher preto, franzino.
– Qual o problema? – perguntou Nikko inocentemente.
– Alô-ou, em que mundo você vive? Não vê no noticiário o número de assaltos? Você não está na Finlândia, playboy – disse Tufão, um rottweiler, daqueles que metiam medo, mas era mais tamanho e coração do que truculência. Porém, firme como uma rocha.
– Onde vocês moram? – Nikko estava empolgadíssimo.
– Moramos na favela do Vidigal. Mas alguns dos nossos amigos moram na rua.
– Au au. Sério? Caramba! – Nikko ficou surpreso, mas continuou animado. Finalmente estava interagindo com cachorros de origens diferentes da sua.
– É, grã-fino, a chapa é quente por aqui. Por isso, acho melhor você voltar para o seu mundo encantado. Temos que ir, tchau. – Tufão deu as costas.
– Ei! Espera, quero ir com vocês. Para onde estão indo? – Nikko estava disposto a seguir em frente.
– A gente vai jogar uma pelada… – Palito foi evasivo.
– Au au… Que legal! Quero ir também.
– Acho melhor não. Você não vai gostar – replicou Tufão. – Olha para você, teu pelo arrasta no chão, não tem nada a ver, não é, Palito?
– Tufão tem razão, você usa chuquinha. Hauhauhau. Volta pra casa, bro.
Nikko manteve-se firme na