Este livro é um poste engarrafando estrelas

De Leticia Marinho

"Me diz, por que foi que taparam o céu com fios? Isto não é lá muito esperto. Se ainda fosse porque precisavam de um lugar mais adequado aos equilibristas do que as ruas da cidade... Mas, ao que parece, não foi esta a ideia. Quem esconde os céus, não sabe dizer o que perde, e, daqui de cima, dá para entender o porquê de os pássaros voarem."
Este livro é um poste engarrafando estrelas é um objeto com inúmeras asas, que voam na imaginação de quem o vier a ler. É um convite para que você, leitor ou leitora, possa ver as coisas sob uma perspectiva diferente e enxergar uma constelação nova a cada lâmpada que iluminar seu caminho.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 1 de jun. de 2019
• ISBN: 9788530005382

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editor: Thiago Domingues

revisão: Luan Baileiro

projeto gráfico: Cachalote

diagramação: Rodrigo Rodrigues

ilustração: Leticia Marinho

capa: Elder Vinicius

e-ISBN 978-85-300-0537-5

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Aos meus pais, à minha família, amigos e amigas,

a cada pessoa que cruzou meu caminho e, de alguma forma, tocou-me o espírito,

e à minha menina, tia Ivanilde, um ser de luz que não teve tempo de ler estas poesias, mas que inspirou tantas delas e me ensinou muito sobre o amor:

todo o meu carinho e agradecimento.

Me diz, por que foi que taparam o céu com fios?

Isso não é lá muito esperto.

Se ainda fosse porque precisavam de um lugar mais adequado aos equilibristas do que as ruas da cidade...

Mas, ao que parece, não foi essa a ideia. Quem esconde os céus, não sabe dizer o que perde, e, daqui de cima, dá para entender o porquê de os pássaros voarem.

Não sei se penso assim porque ando sempre com a cabeça nas nuvens... Sei lá.

Talvez eu tenha nascido para ser poeta e carregar água na peneira, assim como Manoel de Barros, preenchendo os vazios com minhas peraltagens e tentando encontrar pessoas que me amem pelos meus despropósitos.

A verdade é que eu gosto de observar e registrar momentos de uma maneira que as pessoas, muitas vezes, não percebem.

Suassuna dizia que gostava de gente doida porque elas viam as coisas de uma maneira original e que isso é, também, uma característica do escritor, que procura o que tem de verdade por detrás da aparência, e que o doido é danado para revelar isso. Eu gosto desse ponto de vista

e, se eu não puder ser escritora, resta-me, então, ser um bocado doida.

Porque é preciso dizer que esta luz, da maneira como toca as folhas nos topos das árvores, lembra-me as tardes que passávamos na casa antiga e de como aquele tempo era bom.

Ou então, do modo como essa estante repleta de livros, com suas diferentes cores, lembra-me aquele dia em que caminhamos juntos à noite, na chuva.

As luzes da cidade cinza e dos faróis dos carros desenhando seus reflexos na água das calçadas e das ruas –