Nossa vida no Sutra de Lótus

De Massimo Claus

Este livro não trata do Sutra de Lótus do ponto de vista doutrinário. Em vez disso, fornece uma interpretação leiga mais próximas das pessoas ocupadas no dia a dia.
Qual é a relação do Sutra de Lótus com nosso ambiente de trabalho, com nossos amigos e as contas a pagar? O que no Sutra de Lótus pode melhorar nossa vida, além da interpretação doutrinária dos capítulos individuais? Quais são os ensinamentos que podem melhorar nosso relacionamento com as pessoas e conosco?
Estas são algumas perguntas que este livro tenta responder.
 

• Idioma: Português
• Editora: Myo Edizioni
• Data de lançamento: 13 de dez. de 2019
• ISBN: 9788835346562

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www.myoedizioni.it

1. Nossa Vida no Sutra de Lótus

Imagine um sonho maravilhoso que, quando você acorda, te deixa com um estranho sentimento de frescor. Pense como uma criança que, se encontrando sozinho, no meio da multidão, instintivamente procura sua mãe com os olhos estendendo sua mãozinha para encontrar com aquela força, que bravamente sentiu perder naquele momento. Para mim, o Sutra de Lótus têm sido e ainda é, a mão que sempre está procurando, por cada dia da minha vida, muitas vezes sem estar ciente de fazer isso.

Eu não sei quando tudo começou. Quer dizer, claro que me lembro do primeiro dia que conheci o Sutra de Lótus, mas não consigo me lembrar do dia que este Sutra penetrou fundo na minha alma, tanto que o mero pensamento de estar apto para tocá-lo, apenas com a força da memória, me deixa sem ar. Quem sabe quantas vezes você se encontra na mesma situação que a minha, quantas vezes você sentiu e está sentindo o que tento expressar com minhas palavras. Talvez agora um sorriso nos lábios tirou sua aparência do normal. Eu não sei disso, mas sei que sempre nos deixamos apanhar pelo que devemos deixar passar, enquanto repetidamente somos absorvidos e o que fica dentro de nós, é nada bom.

Frequentemente, o medo em todas as suas manifestações, ocupa a maior parte dos nossos corações, nos deixando sem energia para nos dedicar às outras coisas. Sim, o medo. Não estou falando sobre o tipo de medo que reconhecemos facilmente, mas aquele tipo de medo que nos exige um longo ponderamento para entender a causa profunda de nossas ações, e na maior parte do tempo, as pessoas não tentam compreender o por quê eles estão completamente inconscientes de sua existência. Eu senti cada tipo de medo muitas, muitas vezes na minha vida e mesmo agora, muitas vezes sinto mordendo minha garganta nos mais inesperados momentos, porque o medo realmente age assim.

Frequentemente, as pessoas consideram o Sutra de Lótus apenas pelo ponto de vista da doutrina. Isso é bom, mas devo me opor: se a doutrina não nos ajuda a viver nossas vidas ocupadas, por que incomoda ser absorvido por isso? O que quero realmente debater aqui não se liga muito com a doutrina que estamos habituados a entender, bastante ligado com algo que vai além das cerimônias, além do incenso que cheira mais que nós, além da experiência mística de nossas próprias vidas.

Certamente o projeto é sério e muito ambicioso. Provavelmente este projeto é bem presunçoso, mas desde que sou humano, estou totalmente e globalmente presunçoso, então por que incomoda limitar à mim mesmo?

Quem sabe, disse à mim mesmo, talvez isso pode ser algo útil para alguém. Essa é a minha esperança com certeza, mas além da única coisa que posso, é tentar fazer com que cada palavra que você vai ler, em cada experiência que vou dizer, porque apenas posso dizer e conversar sobre o que experimentei diretamente. Eu não sei o por quê disso, talvez minha memória não é tão boa quanto antes para falar sobre o que vivi e continuo vivendo na própria pele, é com certeza a melhor forma de não ser banal. No caso de ter sido, quem se importa, será um jeito de narrar a mim mesmo, uma tentativa de confessar para aqueles que vocês não conhecem, porque o medo do julgamento é sempre aquela verruga no dedo esperando cair.

2. À quem o Sutra de Lótus pertence?

O que nunca entendi é por que o Sutra de Lótus foi relegado para uma escola particular – muitas das vezes excluída de todas as outras. Atualmente, quanto mais envelheço, menos entendo as divisões. Talvez as ener-gias diminuam quando envelhecemos, mas acredito que ter a mente aberta para várias interpretações, é uma grande ajuda para entender qualquer tópico. O mesmo é para quem o Buda está ensinando, não devemos nos esquecer, é sobre muitos aspectos, muito longe do nosso jeito comum de pensar e ver as coisas. Eu não me sinto sempre desse jeito. Tenho que confessar que ao longo do meu caminho no Dharma por muitas vezes foi mui-to integralista: minha dureza ao expor o Dharma, eu en-tendi depois que apenas foi para agradar à escola que eu tive a sorte – ou azar – de representar. Havia pouco de mim quando disse que, quando a vida me mostrou

o que conta, percebi que não tinha entendido. Você reparou que dizemos num tópico em particular, que frequentemente não se origina no seu pensamento, mas o que ouvimos e aceitamos foi dito por aqueles que vieram antes de nós, ou que nos representam –