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Gôa e o livro místico
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E-book296 páginas4 horas

Gôa e o livro místico

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Sobre este e-book

Este é, dentre todos os demais livros, parte do primeiro trabalho esculpido pelas mãos do mago que o escreveu enquanto ouvia relatos ditados por outros magos que apareciam-lhe em sonhos. Enquanto os magos do mundo dos sonhos citavam, o mago do mundo físico escrevia. Muito do que neste livro há são apenas pensamentos do mago escritor, mas, as joias que nele estão são coisas que aconteceram durante muitos e muitos sonhos tidos pelo mago que os escreveu, portanto, para compreende-lo, o leitor deverá ter uma alma aventureira e buscadora de novos mundos. Eu, mago escritor, convido você leitor a me pôr a prova se as coisas que eu escrevi são, ou não são, dignas de créditos e de estudos uma vez que você, leitor, receberá a chave mágica que te permitirá adentrar o mesmo mundo místico dos magos que o relataram a mim.
Desejo a todos que a mesma chave que foi dada a mim, também, seja dada a vós pelo mérito de tê-lo lido e aprendido. Saúdo a todos vocês no idioma dos magos dos sonhos: IZÍ ÁX NÔDU!
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jan. de 2020
ISBN9788530012557
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    Gôa e o livro místico - Numa Pompílio

    NÔDU.

    CAPÍTULO 1

    Eis que numa órbita próxima da Terra existe um planeta pertencente a uma ordem energética, cuja ciência dos homens ainda não p ô de descobri-lo, e mesmo que os seres humanos quisessem enxerg á -lo, não poderiam por um simples motivo: Abísmus não é físico, mas sim energético! Esta condição existencial, que lhe é inerente, não permite que os raios solares sejam refletidos em seu globo planetário, possibilitando a sua estreia diante de nossos olhos. Contudo, é lá que se encontra o lindo território de Gôa, país dos dracunianos, darianos, bradorianos, raneanos, guerianos, entre muitos outros. Seu clima, em alguns aspectos, assemelha-se ao de nossa órbita terrestre, como o ano orbitando em torno de trezentos e sessenta e cinco dias, só que, em Abísmus, só há quatro meses e cada um deles tem a duração de três meses terráqueos. Portanto, cada mês em Gôa tem o período de uma estação completa e cada mês começa justamente no primeiro dia de cada estação, tendo o seu término no último dia da mesma estação.

    O seu primeiro mês do ano é chamado de Rogás, que dá o seu nome ao eclipse lunar de seu período e que também é o nome da capital de Valênia (país dos Ermitões). O segundo mês é chamado de Rânea, que dá o seu nome ao eclipse lunar de seu período e que também é o nome da capital de Gôa (país da Princesa Eucla). O terceiro é chamado de Ranôa, que dá seu nome ao eclipse lunar de seu período e que também é o nome da capital de Kozân. O último mês é chamado de Roân, que dá o seu nome ao eclipse de seu período e que é o nome da capital do gigantesco território de Vásta.

    Rogás é a estação do Outono, Rânea é a estação do Inverno, Ranôa é a estação da Primavera e Roân é a estação do Verão; em cada estação acontecia um eclipse lunar que se realizava justamente no primeiro dia de cada mês, com exceção de Ranôa (o mês místico), esta, de tempo em tempo, tinha inesperadamente um eclipse a mais, que podia acontecer do segundo dia ao último dia do terceiro mês, sem que deixasse de acontecer o eclipse do primeiro dia da sua mesma estação. Então geralmente havia quatro eclipses para cada ano, com as raras exceções de alguns anos, em que, neles, havia cinco possíveis eclipses. Assim eram os anos, os meses e as estações em Gôa no planeta Abísmus.

    Certo dia, durante o final da estação de Roân, faltando apenas três dias para que se iniciasse o mês de Rogás aconteceu que, em Gôa, o amanhecer estava surgindo quando, ainda, as densas neblinas caminhavam aos pés das montanhas. O vento corria sussurrante sobre as copas das árvores. O sol rasgava as nuvens com a empáfia de seus raios e o horizonte era demasiadamente indescritível.

    Ao olhar para o meu próprio corpo, eu pude ver que nele havia asas e que elas eram negras, porém eu não me atentei a isto, pelo motivo de que eu não queria tirar a minha atenção desviando-me de toda aquela estonteante paisagem que estava à minha frente. Mais adiante eu pude ver que, muito abaixo por onde eu voava, havia aves noturnas que estavam se refugiando nas matas enquanto que as aves diurnas estavam saindo de dentro delas e, adentrando os campos, sobrevoavam os rios.

    À minha frente estava uma montanha repleta de árvores com galhos retorcidos e sem folhas, vi que ali era um local inusitado, devido ser diferente das demais montanhas que estavam ao seu redor e, ao sobrevoá-la, eu ouvi uma voz feminina cantando uma música exótica que atraiu a minha atenção.

    De início eu não consegui identificar de onde vinha aquele canto, pois eu só via árvores retorcidas e rochedos íngremes, em seguida eu vi que havia algumas trilhas que circundavam os rochedos como se fossem labirintos e, muito curioso, eu me aproximei em um voo rasante sobrevoando por dentro deles, desviando-me dos galhos que estavam à minha frente; ao pousar sobre um grande carvalho eu pude ouvir aquele canto ainda mais alto. Fiquei quieto, em silêncio, para que eu pudesse identificar a figura humana que ali estava cantando e, finalmente, pude ver que ali estava uma mulher que andava de quatro sobre o chão. Ela estava trajada com um manto que cobria todo o seu corpo e, enquanto cantava, ela vasculhava entre as folhas secas à procura de algo. Na medida em que cantava, ela, vezes sim, vezes não, arremessava punhados de folhas para o alto enquanto surrava o chão, dando-lhe leves golpes com um cajado que estava em sua mão esquerda. Após alguns instantes daquela frenética loucura, ela ergueu a sua mão para o alto, na qual estava um amuleto negro com seu centro vermelho e, soltando uma gargalhada, ela gritou as seguintes palavras:

    — Depois eles dizem que eu estou ficando velha e louca demais para me lembrar das coisas. Que os diabos os mordam! Aqueles miseráveis! Eles também haverão de envelhecer e aí eu vou me vingar deles! Quando essa hora chegar, eu vou olhar nos olhos de cada um deles e vou dizer: seus velhos caducos e rabugentos! Vejam só o que eu encontrei! Agora me digam... quem é que está ficando velha e louca aqui!? Hahahahaha...

    Foi aí que eu senti uma necessidade muito grande de poder ver de perto aquele objeto, então resolvi voar até ela, mas quase tomei uma cajadada ao me aproximar muito da velha. Enquanto eu fiquei voando sobre a louca, ela tentava me acertar de todas as maneiras e assim ela gritava comigo:

    — Bruxaria maldita... saia já daqui! Ahhhhhh...

    Ao ouvir isto eu tentei tirar o objeto de sua mão e, neste momento, eu pude ver que os olhos dela se acenderam como tochas de fogo, então ela com um gesto repulsivo gritou:

    — Alorúm ragááááá!

    No momento em que ela gritou essas palavras, uma força muito grande me expulsou para longe e assim eu continuei a seguir o meu voo, lançando-me vales adentro. Mais adiante eu vi camponeses iniciando sua labuta em meio a um enorme vale de girassóis lindíssimos; após atravessá-lo eu cheguei a um rio cristalino que estava repleto de pedras coloridas em seu leito e nele cardumes de peixes que, ao me verem no céu, nadaram desesperados. Seguindo rio acima, eu pude avistar a alta torre de onde outrora eu havia saído e para lá me direcionei. Enquanto voava eu me senti como se estivesse num paraíso!

    Eu estava encantado com cada coisa que via durante meu voo, cada peixe, cada montanha, cada vale, cada árvore e tudo mais, e assim eu me deliciava com o cheiro das flores que de baixo subiam, com o cheiro da terra, do mel, do chorume que levantava de um pântano que estava próximo dali, cujo vento me trazia o teor de sua decomposição orgânica. Por fim, mirei a porta da sacada da torre e entrei voando pelo recinto de pedra e, ali, pousei sobre uma haste de madeira que enfeitava o local, em seguida sacudi as minhas penas para expulsar delas um pouco do gelo que coletei durante o orvalho daquela madrugada, nesse momento o meu senhor (Gálgo) que estava dormindo, despertou-se e veio até mim, eu biquei o seu anel e, como mágica, me esqueci de tudo o que eu tinha visto durante aquele meu voo, após isso ele retirou um agrado de sua algibeira e o deu para mim.

    Eu, Gálgo, despertei-me de meu sono no momento em que ouvi o piado e o sacudir de asas de minha coruja negra; ela havia acabado de chegar de mais um dentre seus misteriosos voos noturnos, vendo isto, levantei-me e fui até ela, ao tocá-la como de costume, ela bicou o meu anel que me foi dado por Horniôn (governante de Zancár), eu creio que aquele gesto que ela sempre repetia em meu anel, deva ser algum tipo de reverência. Suas penas estavam geladas! Com certeza ela tinha voado muito alto para estar tão fria daquele jeito! Em seguida eu fui até a minha algibeira e, de lá, retirei um naco de carne seca e ofereci-lhe em seu bico, ela o pôs debaixo de seu pé e me agradeceu com seu lindo canto enquanto saciava sua fome, arrancando pequenos pedaços de seu presente.

    Neste bendito instante, eu pude me lembrar de todo o sonho que tive naquela noite, pois eu havia sonhado, justamente, todas as coisas que a coruja negra tinha vivenciado durante todo o seu voo anterior. Foi aí que eu compreendi melhor aquela magia; pois cada vez que eu ia soltá-la para o seu voo noturno, eu a colocava sobre o meu pulso e ela ia logo bicando o meu anel, no momento em que ela o bicava eu sentia uma energia saindo de mim. Ao retornar, ela novamente bicava o meu anel e naquele momento eu podia sentir aquela mesma energia retornando para mim. Nitidamente eu conseguia compreender que ao voar ela levava parte de minha essência espiritual consigo e assim eu podia ver através de seus grandes olhos, mas eu só podia me lembrar do que ela havia visto no exato instante em que ela, ao retornar, transferia-me as suas memórias durante o ritual do toque de seu bico em meu anel. Era assim que ela me transferia suas lembranças.

    Eu, Gálgo, ainda estando de frente para a minha espiã alada, disse-lhe:

    — Bom, minha amiga. Não é justo que eu te tenha aos meus serviços sem que tenhas um nome, não é mesmo? Por isso, de agora em diante eu vou te chamar por Ávina.

    Neste tão particular momento, apareceu o Beija-lobo, como sempre, de forma impulsiva, falando mais do que a própria boca, e assim ele disse:

    — Senhor Gálgo, o senhor está falando sozinho!?

    — Não, meu caro Beija-lobo, eu só estava conversando com a Ávina.

    — Com a o quê?! — perguntou Dágo com uma expressão engraçada.

    — Ora... não sejas ridículo! Não vê que Ávina é a minha coruja?

    — Ihhhhh... então a coisa é pior do que eu imaginava!

    Ao ouvir isso, Gálgo lançou um olhar tão tenebroso sobre o Beija-lobo que o medroso se retirou como um raio, de tão rápida que foi a sua fuga.

    Estava Iúgo dormindo em cima da torre do forte da cidade e ao acordar ele levantou-se e, dirigindo-se aos dois sentinelas, disse:

    — Vocês podem dormir um pouco, pois eu ficarei de plantão.

    Os dois soldados logo deitaram sobre a esteira em que Iúgo havia dormido e, rapidamente caíram em profundo sono, nisto o guerreiro foi até o parapeito da torre, chegando ali sentiu que algo escorria de seu nariz e, ao conferir, ele notou que era sangue. Ele tinha sensibilidade no nariz e isto lhe aconteceu porque durante a noite havia ventado muito. Após ter esfregado a sua mão no parapeito de pedra para remover o sangue que nela estava, ele ali ficou admirando a escuridão que manava de Horrúr (o vulcão), enquanto cantava baixinho uma canção que ele havia aprendido em Gôa. Ele estava de costas para o norte e de lá veio um vento frio que soprou em suas costas chamando a sua atenção para aquela posição contrária; ao virar-se ele viu uma densa neblina levantando-se dos rochedos íngremes que estavam a uma boa distância dali, e então ele se dirigiu para o lado contrário da torre e ficou admirando a luz dos primeiros raios solares que estavam sendo refletidos sobre o lago que se formava na nascente do Entrerochas.

    Neste ínterim, ele se intrigou com a formação daquela densidade nebulosa que se formava nos rochedos e que estava vindo em sua direção com velocidade espantosa. Aquilo não poderia ser bom, pensou ele e, movido por seu instinto de defesa, gritou para que os dois soldados se despertassem, porém, isso foi inútil, em seguida ele correu até os dois e os sacudiu com vigor e isso também não surtiu efeito algum.

    Iúgo entrou em desespero e avançou sobre o sino acionando o seu toque de alerta, a densa neblina já estava na iminência de alcançá-los. O guerreiro rapidamente pegou a sua espada e correu para junto dos dois indefesos dorminhocos, na intenção de defendê-los com sua própria vida. Aquela nuvem o envolveu com certo impacto, desnorteando os seus sentidos, Iúgo manuseava a sua espada de um lado para o outro tentando acertar algo sem que nada surtisse, após isso ele foi tomado por uma tontura que o desequilibrou e, tropeçando, caiu sobre os dois soldados; sua única saída foi virar-se de bruços sobre os dois e, ainda com a espada em punho, projetar a defesa felina, assim como fazem todos os grandes e pequenos gatos quando estão lutando de bruços.

    Iúgo mal podia crer no que estava começando a enxergar com seus próprios olhos, pois eis que ele estava tendo uma fantástica visão, mas aquela neblina era tão densa que ele teve que fechar os olhos devido ao excesso de umidade que sobre eles se formava; mas isso não o impediu de continuar enxergando, pelo contrário, fez com que ele enxergasse mais nitidamente através do olho de seu pensamento!

    Em meio a toda aquela surpreendente visão, surge a imagem de Núblos, que o segurou pela mão, cuja espada estava em seu punho, e dando leves tapas no rosto do ruivo, Núblos disse:

    — Feche a boca mago vermelho! O que é que você está querendo fazer, engolir toda esta neblina!?

    Iúgo, despertando de seu transe, perguntou ao mago:

    — Como o senhor Núblos veio parar aqui? Que diabo de mágica foi essa?

    — Vejam só a serpente maldizendo o próprio veneno!. Tu fizeste com que esta magia viesse ao teu encontro, depois disso me acusas deste feito? Ora, meu rapaz... saiba que eu não ando por aí brincando com magia! — disse Núblos.

    — Me desculpe, eu não quis insinuar que tenha sido o senhor o motivador desta visão — respondeu-lhe Iúgo.

    Ao ouvir isso, Núblos animou-se e assim perguntou:

    — Diga-me... o que tu viste entre o véu da neblina?

    — Eu vi uma capa vermelha que, voando de longe, veio até mim, e ao pegá-la eu pude ver que nela havia o símbolo de um vulcão cuspindo fogo — disse Iúgo.

    — Hum! Então isso significa que o poder do anel, que tu portas, está começando a se mover — disse Núblos.

    — Como assim? Eu não entendi — perguntou Iúgo.

    Núblos, com um sorriso intrigante, respondeu-lhe, ao mesmo tempo em que se retirava:

    — Por que eu haveria de te roubar a chance que você terá de aprender por si só? Pois saiba que há coisas que não devemos saber, mas sim viver.

    Núblos foi até o sino e acionou o toque que desfazia o sinal de alerta e retirou-se dali, mas quando ele estava começando a descer a escadaria, Iúgo perguntou:

    — E os sentinelas? Eu não consigo acordá-los!

    — É porque eles estão sob encanto! — disse Núblos.

    — E o que eu posso fazer para despertá-los? — indagou Iúgo.

    — A única maneira de despertá-los será dando-lhes um beijo em seus lábios antes que a neblina vá embora, do contrário eles só acordarão após o luar de Rogás! — respondeu Núblos.

    Iúgo arregalou os olhos e insistiu:

    — Não há outra maneira de quebrar este encanto?!

    — Não! Sinto muito bravo guerreiro, isso agora é contigo — disse Núblos.

    — Aiaiai! Mas que diabo de encanto é este? Eu não acredito que estas duas donzelas adormecidas só vão acordar com beijos — disse Iúgo.

    Sacudindo um dos soldados com muita força, Iúgo gritou:

    — Vamos soldado, acorde logo, saiba que você não vai me fazer de bobo, vamos logo, anda!

    Isso de nada adiantou, pois quanto mais Iúgo o sacudia, visivelmente mais o sentinela ficava adormecido. Foi aí que ele percebeu que a névoa estava se dissipando, então Iúgo se desesperou, não encontrando outra saída, criou coragem e resolveu quebrar o encanto de uma vez por todas. Em seguida, ele segurou o rosto do soldado e ao aproximar o seu rosto, fechou os olhos e fez uma boquinha de beijo, mas antes que ele consumasse o ato, o soldado despertou e ao ver o perigo que ele estava correndo, bradou:

    — Mas que merda é essa!? Você está ficando louco?

    O outro soldado, que também despertou, ao abrir os olhos e ver aquela cena, afirmou convicto:

    — Sejam felizes rapazes, eu juro que não vou contar nada a ninguém!

    Iúgo, muito envergonhado, reagiu dizendo:

    — Eu estava apenas tentando despertá-los.

    — Me beijando na boca?! — insinuou o soldado.

    — Não! Vocês não vão entender. Um nevoeiro cobriu vocês, fazendo com que caíssem em sono profundo, aí o Núblos disse-me que só através de um beijo vocês retornariam do encanto — afirmou Iúgo.

    Um dos soldados olhou para o outro e disse com voz adocicada:

    — Será que ele está mesmo achando que nós vamos cair nessa? Primeiro uma nuvem nos faz dormir, depois o mago Núblos diz para ele que deveria nos beijar para que pudéssemos despertar. O que tu achas dessa história soldado?

    O outro soldado, olhando para Iúgo com uma expressão de bobo, respondeu:

    — Ahhh... vamos logo soldado, diga a verdade! Confesse que você estava querendo nos despertar para o amor!

    Iúgo retirou-se esbravejando:

    — Eu vou procurar o mago antes que eu faça vocês dois dormirem à base de pancadas.

    No entanto, os sentinelas, que eram muito brincalhões, ficaram tirando sarro:

    — Volte aqui seu molestador! Venha nos beijar acordados, se tiver coragem!

    — Não fuja coisa fofa! Deixe quando nós contarmos para todos o que o ruivo anda fazendo. Hahahaha...

    Enquanto isso, do outro lado da cidade, Barôn estava tentando montar uma engenhoca de amolar ferramentas, ela era feita de madeira com uma pedra em formato de disco apoiada sobre uma bancada e, por debaixo, havia um pedal que era usado para girá-la rapidamente. Após montá-la, Barôn ficou girando-a lentamente enquanto ia ajustando as correias de tração do pedal.

    Foi aí que apareceu Dágo e, parando diante do guardião, perguntou:

    — Senhor Barôn, posso ajudá-lo?

    — Sim, meu jovem Beija-lobo. Sua ajuda será muito bem-vinda. Você está vendo este pedal? — perguntou Barôn.

    — Sim. Devo pedalar para girar a pedra? — perguntou Dágo.

    — Isto! Só que você deve pedalar bem devagar para que eu ajuste as correias.

    O trabalho levou alguns minutos para que ficasse pronto, nisso Barôn foi buscar um machado para poder testar a eficácia da lima, ao sair dali, Dágo ficou pedalando cada vez mais rápido, só para ver a que velocidade poderia girá-la; aconteceu que o disco de pedra pesava mais de cem quilos e ao ser girada muito rápido causou um desequilíbrio nas colunas da mesa e ela tombou com o disco girando na posição vertical. A pedra caiu semelhante a uma roda em pleno giro. O pobre Beija-lobo ficou em desespero correndo atrás da pedra, gritando para que todos saíssem da frente; por sorte era muito cedo e havia poucas pessoas transitando por ali. O desespero de quem estava no meio do caminho foi enorme. A pedra rolou quase que parando e assim Dágo suspirou fundo, mas quando ele pensou que ela já havia parado, ela esbarrou num muro e desviou-se, tomando a rota de uma viela que descia para o lago. Vendo isso, Dágo pôs as mãos sobre a cabeça e, quase chorando, disse:

    — Ah não! O Barôn vai me matar.

    Desta vez o Beija-lobo gritou muito alto, mais parecia com uma sirene e a pedra foi bem de encontro com o lago. Havia três velhos dentro de uma canoa escolhendo os anzóis mais adequados para a pescaria, eles estavam muito indecisos quanto ao tamanho do anzol que eles deveriam usar, mas neste momento a pedra que vinha descendo a ladeira saltou do penhasco de quase dez metros e foi cair muito além dos velhotes. O barulho e o volume de água que foi arremessada para o alto causaram uma enorme emoção nos pescadores, dando-lhes a impressão de que aquilo havia sido o salto de um enorme peixe; nisso eles olharam uns para os outros e, de uma só vez, todos enfiaram suas mãos na caixa de anzóis tentando pegar o maior anzol que houvesse ali dentro. Apesar de tudo, Dágo estava aliviado pelo fato de não ter acontecido nenhum desastre envolvendo pessoas, animais ou construções. Quando Barôn retornou ao local do amolador, ele viu o tablado caído e sem o disco de pedra, mas o chão estava denunciando o que podia ter havido ali, então ele surtou em silêncio. Neste instante, Iúgo apareceu ali e perguntou:

    — Tio, o senhor viu o mago Núblos por aí?

    Barôn, muito preocupado, nada conseguiu responder e rapidamente saiu atrás do Beija-lobo para ver se tudo estava bem.

    Iúgo falou consigo mesmo:

    — Minha santa gralha-negra! Como o tio Barôn está azedo. Eu vou procurar a Rêna, quem sabe ela não viu o mago fujão.

    Assim, o ruivo se foi e logo que adentrou no estábulo, já foi se deparando com Rômos e perguntou-lhe:

    — Salve soldado! — disse Iúgo.

    — Salve!

    — Você sabe onde a Rêna está?

    — Não. Eu ainda não a vi hoje, aliás, você já é a segunda pessoa que procurou por ela —disse Rômos.

    — Ah... é mesmo, e quem é a outra pessoa que está procurando por ela?

    — O mago — disse Rômos.

    — O Séta?

    — Não, o Núblos! — respondeu Rômos.

    — O quê? Cadê ele?

    — Ele saiu à procura da Rêna. Por que você está com essa cara de preocupado? — perguntou Rômos.

    — Porque eu tenho um assunto muito sério para tratar com ele.

    Após ter dito isso para o domador de cavalos, Iúgo saiu dando passos muito largos, como se estivesse com muita pressa, mas antes que ele se distanciasse, Rômos replicou:

    — Você não era o soldado que estava sob o nevoeiro da torre, era?

    Iúgo retornou e com cara e voz de quem queria beber sangue, perguntou com voz baixa, porém ameaçadora:

    — O que diabos aquele mago te disse?

    Rômos, muito desconfiado, respondeu com jeito de arrependido:

    — Nada! Ele não disse nada.

    — Fala logo de uma vez soldado!

    Então Rômos preferiu aliviar a raiva do ruivo explicando o seguinte:

    — Eu perguntei pra ele o porquê de terem soado o toque de alerta e ele me

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