Poemas bem de detrás e antes

De Diana dos Santos Rech

Trata-se de uma coletânea de textos que abarcam um largo período de tempo, vivido entre a literatura e a psicanálise. Poemas bem de detrás e antes toma as várias paixões e abstrações humanas em sua densidade e propriedade metafórica, que vão muito além do que aquilo que expressam num primeiro instante. Temas como a finitude, o amor, o vazio, a poesia, o escrever, a melancolia, os sonhos, a felicidade e a nostalgia ganham outras formas de expressão. As temáticas se deslocam, tornam-se escorregadias entre a forma e o conteúdo, de modo que capturam um novo modo de falar dessas paixões quase metafísicas. Os poemas apresentados promovem uma abordagem que desmascara apresentações ideais, simplistas, diretas ou benevolentes. Ao longo do percurso textual apresentado, vai consolidando-se a ideia de uma impossibilidade quase inerente à condição humana, que é de tentar dizer sobre o inteiro das coisas. Podemos tecer aproximações, relançar ideias, sentidos, deslocar, aparar, contornar arestas, fronteiras, mas jamais chegamos ao ontológico das coisas e dos afetos. Estes estão sempre para além ou para trás, seja no tempo, seja em sua propriedade de ser no espaço. Por fim, os poemas tentam caracterizar essa disponibilidade sempre renovada do ser humano em tentar dizer cabalmente as coisas, mesmo as custas da compreensão ou do fechamento do sentido. Daí também, essa propensão a tentar dizer mesmo assim, de modo incompleto ou performático, dizer de novo e dizer de mil formas diferentes, sem jamais desistir ou recuar desse ato. Sim, porque falar, escrever, dizer são atos humanos e o dizer talvez seja um ato humano por excelência. A palavra tola, besta, às vezes até errada, mal colocada ou infeliz enseja uma paixão ou ainda um desejo humano legítimo e, portanto, passível de expressão na busca incessante do humano de dar sentido às coisas.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 27 de fev. de 2023
• ISBN: 9786525442471

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Conteúdo © Diana dos Santos Rech

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Editor: Thiago Domingues Regina

Projeto gráfico: BookPro

Coordenação Editorial: Giselle Rocha

Consultoria Editorial: Laura Galle

Copidesque: Eric Reginato

Revisão: Alicia Bezerra Magalhães

Capa: Sofia de Souza Moraes

Diagramação: Camilla Pestana

e-ISBN 978-65-254-4247-1

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Dedicatória

Ao meu pai, Dimário Guimarães dos Santos (in memoriam), sem o qual essas palavras jamais teriam sido possíveis. Por sua sabedoria e honestidade.

A Laura e Luiz Matheus, presenças constantes das alegrias e agruras do amor.

A Hildemar, em algum momento, pela travessia.

Agradecimentos

A minha mãe, Zeneida Barbosa dos Santos (in memoriam). Por seu gosto pela leitura, sua fé e sua grande coragem na vida.

Dez pensamentos para não pensar

Pensamentos são águas sem fronteiras. Caminhos indistintos que nos levam para longe. Além-mar, às margens do paraíso. Onde não sabemos. Mesmo quando pensamos. São sonhos também. Quando pensamos estar acordados. Ou brincamos de existir. Pensamentos são beligerâncias. Discordâncias parciais e ousadas. Não cansadas e evadidas. São mortes prematuras. Vidas envelhecidas. Um instante entre o ser e o tempo. Ou o murmúrio do Sol. São notas desafinadas. Articuladas por um canto. E todo o silêncio da alma que se confrange. Pensamentos vêm e vão. Atravessam-nos a alma… um contínuo processo. Devir. Movimento inócuo e ubíquo...

Pensamentos são eixos de contradições. Ideias acústicas e pré-formadas. Por outros caminhos. Outros fados luzidios. Ressonâncias. Tempestades e precipitações. Em toda parte. Em nenhum lugar. Contraponto entre sílabas e bemóis.

Pensamentos são multiplicidades. Miríades. Repetições ternas. Adstringentes. Folhagens cambaleantes que nos encantam por sua solidão. Ousadia ou timidez. Hálitos submersos. Matizes e tonalidades.

Pensamentos do que não sei, me fazem pensar… ir adiante ou recuar. Em passos lépidos e altaneiros. Entre tristezas e alegrias. Pensamentos, de palavras desérticas, noctívagas. Ou da palavra… que jamais consigo digitar. Falar, pronunciar, balbuciar, cantarolar, silenciar.

Pensamentos são restos, traços incertos entre burburinhos de percepções. E quando penso estar aqui… já não estar. Pensamento são mortes. Presenças dolorosas a uma fuga incerta. São luzes que abraçam vastidões.

Pensamentos são perspectivas. Incontinências. Linhas imaginárias regendo a orquestra indivisível do subterrâneo. Nascente da dor e da beleza. Fustigares incessantes, incansáveis. São fontes