Fábulas Para Adultos

De Adam Thomson

Fábulas pós modernas sobre genética, solidão, paixão, internet, clonagem, terrorismo...
Doze fábulas pós-modernas, histórias fantásticas imersas na realidade contemporânea e futura, cujos protagonistas, mulheres, homens e animais, estão submersos pela solidão, desejos e suas paixões.
A moralidade relativa tem vantagem sobre o sentido do Bem e do Mal, e cada história é independente e constitui um pequeno mundo.
Desde técnicas genéticas para se modificar e ser melhores atletas olímpicos, até clonagem para fins reprodutivos, os temas do passado, do presente e os problemas não solucionados para o futuro, são o contexto em que os personagens vivem, com angústia e força.
Algumas histórias usam imagens do mundo romano e grego e as distorcem, adaptando-as à era dos computadores e do bem-estar, mas a moral e os valores que o leitor perceberá são eternos, como as fábulas tradicionais.
A dor, o uso da internet como parceiro de vida, a vaidade das novas tecnologias, o casamento gay, o aluguel do útero e o terrorismo, são apenas alguns dos mundos que você vai descobrir...

• Idioma: Português
• Editora: Babelcube Inc.
• Data de lançamento: 8 de abr. de 2022
• ISBN: 9781071539804

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ÍNDICE

Filhotes para sempre

Pais e filhos

Com o coração e a cabeça

A lebre e a tartaruga

Casamento à cinco

Jack e seus clones

Polegar

Chapeuzinho Vermelho

O aplicativo Perfect Mirror

Desesperado por descendência

Amigos virtuais

O lobo e o cordeiro

Filhotes para sempre

Cresci com seu hálito em mim, desde que me lembro.

O seu calor acariciava a minha alma e agora, que se cansava até para andar, chorava todos os dias por ele.

Eu era apenas um menino quando o meu pai trouxe aquela caixa grande, furada e barulhenta, e com um largo sorriso, como ele raramente fazia, a entregou-me.

Eu a abri imediatamente e quando vi aquela bola de pelo agitando o rabo, abracei-o aos gritos e ele me beijou e lambeu todo. Depois coloquei-o no chão e abracei o meu pai, enquanto a minha mãe filmava tudo com o seu novo iPhone 21.

Papai explicou-me que era um filhote de labrador e confessou que ele sempre quis um, mas meu avô, o qual era médico, nunca permitiu que tivesse um amigo de quatro patas alegando, exageradamente, que prejudicaria a sua higiene.

Meu avô morreu, eu era apenas um menino, e aquele pequeno labrador entrou em nossos corações para sempre.

Fui eu quem lhe deu um nome, era eu que tinha o direito de decidir como chamá-lo, assim repetia meu pai, mas eu achava que devia ser ele a escolher o próprio nome. Tentei vários até que, ao pronunciar Buck, ele começou a abanar o rabo e a latir mais intensamente do que o normal.

Desde então, e por toda a minha vida, foi o meu fiel amigo Buck. Jamais me traiu por nenhuma razão e por ninguém!

Agora olho em seus olhos, ele já nem consegue levantar o focinho do chão, e eu choro, lágrimas amargas as minhas, porque estou prestes a perder a única coisa que nunca mudou na minha vida.

Abandonei a minha cidade, briguei com os meus pais e depois fizemos as pazes, vi os meus avós morrerem, rejeitarem a minha amizade, terem vergonha de mim ou me usarem para sentirem-se superiores, mas ele foi sempre o mesmo, o meu único e verdadeiro amigo.

Quando o jovem veterinário chegou com seu tablet capaz de analisar o sangue e todos os dados vitais do meu amigo, eu sabia que me faria a proposta, agora todos a faziam, no entanto, entendia que era errado.

Depois de uns quinze minutos, o médico obteve