Poesia: A Arte da Sedução da Palavra
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Sobre este e-book
Sublime manifestação da poesia, uma verdadeira dança que coloca o homem em movimento rompendo o efêmero e o comodismo. É essa dança e movimento que o leitor humanamente sensível extrairá e permitirá fazer a experiência da sedução da palavra, permitindo a si próprio ouvir a música gerada pelas palavras inspiradas da autora e colocar-se no grande salão de dança que é a vida.
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Poesia - Flávia Taveira de Ataide Mazzo
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
A João e Elisa: minha melhor tradução de Poesia.
AGRADECIMENTOS
Se estamos aqui reunidos, estou contente.
Penso com alegria que tudo quanto escrevi e vivi,
serviu para nos aproximar.
Bem vale haver lutado e cantado,
bem vale haver vivido se o amor me acompanha.
(Pablo Neruda)
A Deus... pela possibilidade de existir e, assim, poder descobrir minhas palavras. Essas minhas pequeninas palavras, ilusões daquilo que sou, a mais pura maneira de encontrar-Te. Santo Agostinho já nos dizia que Deus e o homem têm um mesmo e só desejo: encontrar-se. Acredito que o meu caminho seja o das palavras e se não há limites para o que sentimos há palavras, e são elas que agora lhe ofereço Senhor, como o que há de melhor em mim... a poesia!
Aos meus pais, Enzo e Maria Celina, pela dedicação para com tudo que sou e acredito.
À família, presente nas linhas e entrelinhas da edificação da minha humanidade.
Ao eterno Mestre Rubem Alves (in memoriam), pela ternura de sua presença e sabedoria.
Ao querido Prof. Dr. Augusto Novaski (in memoriam)... A sabedoria que mora em cada um de nós, poucos sabem ou ousam despertá-la. Você foi aquele que conseguiu tornar-nos belos ao ensinar, da mesma maneira que bela fica a tarde quando recebe o crepúsculo. Gratidão pelas palavras e pelos silêncios. Recorrendo a Neruda, você nasceu para ser mestre e levar a verdade a quem quer ultrapassar seus limites. É essa sua influência sobre o ser humano que torna mais digna a humanidade.
Ao Pe. Rodrigo Piola, minha eterna gratidão pela experiência poética-refundante repleta de ternura e vida.
Ao Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa, pelo silêncio encantador e profundamente poético. Em meio a esse silêncio ensinou-me a encontrar a verdadeira poesia presente em todas as coisas.
Ao Prof. Dr. Pe. José Nobre, pela generosidade em abrir às minhas palavras um caminho iluminado. Somente Deus, em Sua infinita bondade, para recompensá-lo.
À Editora Appris, por toda parceria e atenção na construção deste meu sonho. Nas pessoas da Sra. Ângela e Monalisa, que carinhosamente acolheram-me desde sempre.
ORAÇÃO À POESIA
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
(Fernando Pessoa)
Ainda que me escolhas como tua morada,
prometo não questioná-la sobre o alicerce que me ofereces.
Estarei a viver contigo e comigo
nesta infinita dualidade,
por todo o tempo que existir para o que sou e para o que não sou,
aqui neste lugar ou no desconhecido depois.
Tentarei sentir a plenitude de tuas delicadezas
e deixar-me ser tocada por elas.
Permitirei que tu me descubras, ainda que eu não perceba.
Não terei medo em reconhecer-te,
em ouvir-te ou cheirar tua presença quando estiveres a me envolver.
Contemplarei a vida como tu contemplas,
adormecendo e renascendo no tempo necessário.
Arriscarei ainda tantas outras palavras para ser feliz.
Ousarei escalar muitos outros horizontes.
Talvez conseguirei contigo caminhar
de mãos dadas e pés no chão.
Não importa que eu suba as montanhas e tu desças
que eu a atente alcançar e tu possas sempre parecer fugir.
Ainda que eu caminhe dois passos
e tu caminhes três.
Entenderei que não há como encontrar
aquilo que existe dentro de mim.
Entenderei que é preciso sim, somente descobrir.
Haverei compreendido então, o porquê de tua existência...
...para me fazer caminhar,
assim não estarei mais sozinha.
Tu que me conheces tão bem,
entenderás agora meu silêncio.
Porque não sei onde tu começas onde eu termino.
E é por isso que agora consigo te sentir tão perto
tão suave... como um sopro de Deus.
PREFÁCIO
Aproximei-me então do anjo e disse-lhe que me desse o livrinho.
E ele me disse: toma-o e come-o. Ele terá gosto amargo no seu estômago,
mas será doce mel na tua boca.
(Apocalipse, 10,9).
A arte da sedução da palavra de que trata a presente obra, ouso conceituar ser um tema instigante, fecundo, profundo, complexo, profético e de revelação. É um convite aberto ao leitor para percorrer um itinerário interpessoal, encontrando em cada frase, parágrafo e capítulo um instrumental valioso para uma autoavaliação e reflexão sobre sua própria vida, vocação e missão como pessoa. Aos olhos de um dedicado leitor, com uma sensibilidade humana e existencial, a obra oferece um horizonte de meditação pessoal que permite avaliar pensamentos, atitudes e posturas, tendo como norte a busca do sentido da vida, que se traduz essencialmente, ser livre e feliz.
Há uma extensa bibliografia atual que ajuda a caracterizar o homem e a mulher na sociedade hodierna. Percebe-se, no ser humano, uma miséria existencial, com seus medos, preconceitos e julgamentos. É o mundo experiencial da sociedade hodierna fortemente marcada por uma sociedade líquida entre seus valores e baseada por relações flexíveis, resultando num alto nível de insegurança pragmática, matizada enfaticamente pelo fazer. Há uma preocupação em conhecer o que a pessoa faz para então incluí-la no círculo de relacionamento, dentro de uma perspectiva de ser favorecido.
A ditadura do fazer rege o homem e a mulher da sociedade contemporânea na dimensão pessoal, familiar, profissional, econômica, social e até religiosa. A importância de cada pessoa está pautada no que ela faz. A percepção que se tem é que homem e mulher não têm nome, rosto, história, espírito, alma, corpo, fé, cultura, religião, sociedade. Desconhece-se o homem na sua integralidade de ser e existir, olha-se a dimensão material, desvinculando-a da esfera espiritual e eterna. A ambição do ser, do ter e do poder, suplanta a essência do ser em sua acepção humana e divina, temporal e espiritual. O homem e a mulher hodiernos esquecem-se do preceito divino escrito no Salmo 2,7, em que o Salmista diz: Tu és o meu filho, eu hoje te gerei
.
É nesse contexto que irrompe uma obra em que a autora, sendo seduzida pela palavra, lança o convite ao leitor a deixar-se seduzir pela palavra, convidando-o a sair do seu próprio mundo pragmático para ter um olhar sobre si mesmo, permitindo que a palavra instaure em uma dimensão divina, poética e criacional, cujo poder a palavra instiga e faz revelar, como dizem as palavras da própria autora: [...] ler implica em ver, enxergar, ouvir, escutar, sentir, imaginar, refletir pensar
. Faculdades humanas essenciais, uma vez potencializadas retamente, têm a força de libertação do próprio homem das amarras efêmeras que o prendem com vista à liberdade e à felicidade existencial desejada.
Daí a obra ser instigante! Cada linha, parágrafo e capítulo cumprem um itinerário pedagógico de educar o leitor para um romper com o próprio comodismo de uma vida pautada, muitas vezes, pela busca do ter e fazer em detrimento do ser. Nas palavras da autora [...] o ato de ler é a condução para o ato de evoluir. Analisamos a nós mesmos, realizamos uma leitura pessoal e intercalamos à leitura de mundo, analisando as coisas e pessoas
. É a decisão de romper com o formal, cotidiano e rotineiro do ato de pensar, falar e agir.
É uma obra fecunda quando, tendo instigado o leitor a romper o comodismo das ações e pensamentos, abre o espírito humano para aceitar as renúncias e exigências das decisões tomadas. Um leitor atento, sensível, buscando a experiência de uma humanidade livre das amarras temporais e materiais, deparar-se-á com conceitos-chaves de cunho pedagógico presentes na obra, entre eles ler, escrever, palavra e poesia, sendo os componentes de uma orquestra sinfônica, cuja música quer seduzir o leitor para o exercício das seguintes posturas: olhar para si, retirar-se por um momento do ativismo diário, avaliar, meditar, refletir a própria vida e, então, decidir pela renovação de si em vista da liberdade e felicidade na integralidade do seu ser, como expressa a própria autora [...] porque o homem, reduzido a si próprio, é muito menos que ele mesmo; enquanto que, na luz do acolhimento, se lhe oferece a possibilidade de uma expressão ilimitada
.
Por meio