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Perspectivas da Sociologia no Brasil
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Perspectivas da Sociologia no Brasil
E-book210 páginas2 horas

Perspectivas da Sociologia no Brasil

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Sobre este e-book

A Sociologia como disciplina científica possui uma história, uma trajetória, no Brasil, das primeiras incursões em fins do século XIX, passando pela sua introdução como área de conhecimento no ensino superior ainda na primeira metade do século XX, chegando à contemporaneidade com uma produção bastante bem sedimentada. Ao longo desse percurso existiram momentos mais favoráveis a Sociologia e períodos desfavoráveis, contudo a Sociologia se mantém. A Sociologia segue oferecendo várias possibilidades de pensar o Brasil, sua sociedade, contradições, aspirações e tradições. Os textos aqui reunidos, no primeiro volume da série Perspectivas da Sociologia Brasileira, apresentam reflexões sobre Francisco José de Oliveira Viana (1883-1951), Gilberto Freyre (1900-1987), Fernando Azevedo (1894-1974), Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017), Florestan Fernandes (1920-1995). Longe de cobrir a amplitude da produção da Sociologia Brasileira os autores trabalhados neste primeiro volume, todavia, são representativos de diferentes momentos, de diferentes posicionamentos no interior do campo sociológico. Ao se optar por tal caminho espera-se oferecer ao leitor, à leitora uma dimensão da pluralidade da produção sociológica brasileira, as múltiplas vertentes da Sociologia brasileira, sem nenhuma pretensão de esgotar o tema.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de set. de 2020
ISBN9786587517131
Perspectivas da Sociologia no Brasil

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    Pré-visualização do livro

    Perspectivas da Sociologia no Brasil - Hilton Costa

    capa Perspectivas da Sociologia Brasileira - Volume 2.

    Coordenação editorial | Victor Augustus Graciotto Silva

    Revisão textual | Regina Maria Schimmelpfeng de Souza e Elys Bittencourt.

    Projeto gráfico, diagramação e capa | Rafael Kloss

    ---

    Conselho editorial:

    Allan de Paula Oliveira (UNESPAR/FAP)

    André Luiz Moscaleski Cavazzani (UNINTER)

    Fátima Regina Fernandes (UFPR)

    Hilton Costa (UEM)

    Jonas Wilson Pegoraro (UEPG)

    Marcella Lopes Guimarães (UFPR)

    Maurício Noboru Ouyama (SEED/PR)

    Milton Stanczyk Filho (UNIOESTE)

    Rodrigo Turin (UNIRIO)

    ---

    A reprodução parcial ou total da obra, por qualquer meio, somente será permitida com autorização por escrito da editora (Lei n. 6896 de 17/12/1980).

    DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    C837 Costa, Hilton (org.)

    Perspectivas da Sociologia no Brasil / organizado por Hilton Costa.___ Curitiba: Máquina de Escrever, 2021.

    Livro Digital - Epub 3.0

    ISBN: 978-65-87517-13-1

    1. Sociologia - Brasil. 2. Sociólogos - Brasil. I. Arboleya, Arilda. II. Dourado, Simone. III. Fontana, Felipe. IV. Hening, Reinaldo. V. Kapp, Amanda Cieslak. VI. Meucci, Simone. VII. Thomaz, Daniara. VIII. Título.

    CDD 301.0981

    Filomena N. Hammerschmidt - CRB9/850

    Logo Editora Máquina de Escrever

    Máquina de Escrever

    Editora | Produção Cultural

    Curitiba - PR - Brasil

    (41)984061935

    contato@editoramaquinadeescrever.com.br

    maquinadeescrever.com.br

    folha de rosto

    Sumário

    Introdução

    1. Oliveira Vianna e suas contribuições ao Pensamento Social e Político Brasileiro

    2. Gilberto Freyre e a transição do Brasil rural ao Brasil urbano: as metamorfoses do patriarcado

    3. Educação e Sociologia em Fernando de Azevedo

    4. Antonio Candido e as novas gerações de cientistas sociais: a importância de Os Parceiros do Rio Bonito

    5. Transpondo espaços: um olhar oblíquo sobre Candido e o romance brasileiro

    6. A questão racial na obra de Florestan Fernandes: notas introdutórias

    7. Florestan Fernandes: uma sociologia da modernização nacional

    Autoras e Autores

    Introdução

    Perspectiva,

    [...] forma ou aparência sob a qual algo se apresenta [...]

    A palavra perspectiva, segundo dicionário Houaiss tem entre os seus significados, remeter a forma ou aparência pela qual algo se apresenta. Deste modo, a palavra perspectiva mostra-se das mais adequadas para figurar no título da presente publicação, pois o que se buscou aqui foi trazer, sobretudo, para as pessoas que estão a ingressar no mundo das Ciências Humanas, algumas das maneiras pelas quais a Sociologia se apresenta no Brasil.

    A Sociologia como disciplina científica possui uma história, uma trajetória no Brasil, das primeiras incursões em fins do século XIX, passando pela sua introdução como área de conhecimento no ensino superior ainda na primeira metade do século XX, chegando à contemporaneidade com uma produção bastante bem sedimentada. Ao longo desse percurso existiram momentos mais favoráveis à Sociologia e períodos desfavoráveis, contudo a Sociologia se mantém. A Sociologia segue oferecendo várias possibilidades de pensar o Brasil, sua sociedade, contradições, aspirações e tradições.

    Com efeito, os textos aqui reunidos, no primeiro volume da série Perspectivas da Sociologia Brasileira, apresentam reflexões sobre Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951), Gilberto Freyre (1900-1987), Fernando Azevedo (1894-1974), Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017), Florestan Fernandes (1920-1995). Longe de cobrir a amplitude da produção da Sociologia Brasileira, os autores trabalhados neste primeiro volume, todavia, são representativos de diferentes momentos, de diferentes posicionamentos no interior do campo sociológico. Ao se optar por tal caminho espera-se oferecer ao leitor, à leitora uma dimensão da pluralidade da produção sociológica brasileira, as múltiplas vertentes da Sociologia brasileira, sem nenhuma pretensão de esgotar o tema.

    A unidade dos textos reunidos aqui está no esforço de trazer elementos fundamentais da Sociologia dos diferentes autores, seja enfocando aspectos da obra sociológica por eles produzida, seja oferecendo um panorama de suas preocupações. Seja destacando a ordem temática, seja problematizando questões de ordem teórico-metodológica.

    Em assim sendo, Felipe Fontana ao abordar a obra de Oliveira Vianna visa evidenciar a leitura deste autor da formação brasileira, sua visão crítica acerca da herança e do legado colonial brasileiros e a posição do intelectual sobre os mecanismos necessários para se modernizar o Brasil se entrelaçam e formam um núcleo interpretativo, analítico e explicativo que, além de original à sua época, influenciou autores e teorias de nosso Pensamento Social e Político. Simone Meucci ao tratar de Gilberto Freyre busca destacar o conceito de patriarcado. Ao fazer este movimento Meucci enfatiza como Freyre pensou a trajetória do sistema patriarcal no Brasil de modo a afirmar que esse processo não foi linear e descontínuo, mas sinuoso. Não houve segundo Freyre, o desaparecimento do sistema patriarcal. O que ocorreu foi sua fragmentação e recomposição, transformado num patriarcalismo urbano ou num semi-patriarcalismo. Nesse sentido, Freyre entende que o processo de modernização no Brasil é distinto dos processos clássicos de modernização de países europeus.

    Amanda Cieslak Kapp ao trabalhar a produção de Fernando Azevedo analisa suas propostas de reformas educacionais, bem como sua contribuição para a institucionalização da Sociologia no Brasil. Nesta direção, o tema do Ensino de Sociologia ganha destaque. Logo, lança-se luz sobre as posições políticas e o caráter de intervenção social, pode se dizer, da Sociologia de Fernando de Azevedo.

    A obra de Antonio Candido foi trabalhada aqui em dois textos com perspectivas distintas, Simone Dourado busca enfatizar a importância da obra Os parceiros do Rio Bonito, por sua vez, Reinaldo Hening aborda a Sociologia da Cultura.

    Dourado organiza seu texto dentro de duas chaves. A primeira o impacto do livro Os parceiros do Rio Bonito sobre ela mesma e, em alguma medida, na sua geração, e os motivos desse impacto, a segunda versa sobre o conteúdo do livro em si, salientando, sobretudo os aspectos metodológicos da obra. Segundo Dourado, "o livro Os parceiros do Rio Bonito funciona como um exemplo bem-sucedido de pesquisa de campo e merece ser lido por jovens que ingressam na carreira de cientista social, a meu ver, sobretudo, porque ensina como recortamos nossos objetos de estudo, como planejamos nossas pesquisas e como precisamos estar dispostos a remodelar nossos interesses e objetivos diante do que encontramos em campo. Candido valida uma orientação básica da pesquisa nas ciências sociais: o campo não é momento para testes. Para ele deve-se seguir com segurança de conhecimentos teórico, metodológico e temático prévios. Mas, esse conhecimento não deve engessar a pesquisa."

    Hening ao tratar da crítica literária de Candido, possibilita entrever uma Sociologia da cultura do referido autor. Candido em A formação da Literatura brasileira teria ido além da análise do conteúdo dos romances, bem como do contexto social e histórico que os produziu, teria articulado essas duas dimensões.

    Florestan Fernandes certamente figura entre os nomes mais icônicos da Sociologia brasileira, seu nome, suas considerações transcendem em muito o campo da Sociologia. Sua obra bastante vasta é observada aqui segundo dois recortes: a questão racial no Brasil e a modernização nacional. Daniara Thomaz e Hilton Costa analisam o primeiro volume da Integração do negro na sociedade de classes e O negro no mundo dos brancos, em essência procura-se indicar como a análise do autor acerca das relações raciais se altera dos primeiros estudos nos anos 1950, onde se via o racismo brasileiro como um resíduo pré-capitalista, até as reflexões dos anos 1970, momento em que Fernandes percebe que o capitalismo e o racismo podem se combinar, sendo o segundo bastante útil ao primeiro. Arilda Arboleya salienta o tema da modernização em Fernandes, apresentando sua a obra como um expoente nacional da Sociologia histórica, pois produtora de uma análise peculiar da singularidade histórica do processo macroestrutural da modernização no Brasil.

    1.

    Oliveira Vianna e suas contribuições ao Pensamento Social e Político Brasileiro

    Felipe Fontana

    Francisco José de Oliveira Vianna nasceu em Rio Seco de Saquarema – RJ em 20 de junho de 1883 e faleceu em Niterói – RJ no dia 28 de março de 1951. Levando em consideração sua trajetória, verificamos que Oliveira Vianna se bacharelou em Direito em 1906 na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Após sua formação, o intelectual fluminense ingressou como catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (TÔRRES, 1956, p. 31). Como jurista, se especializou em Direito Trabalhista e trabalhou como consultor jurídico entre os anos de 1932 e 1940 no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio durante o primeiro governo Vargas (1930-1945) para a consolidação das nossas primeiras leis trabalhistas e para a edificação de uma gama significativa de direitos do trabalho no Brasil.

    Como podemos notar, Oliveira Vianna foi um importante representante da intelligentsia brasileira no período em que viveu; além das atribuições supracitadas, o pensador fluminense também integrou o corpo efetivo de membros e pesquisadores de distintas instituições: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e seus congêneres do Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará; a Academia Fluminense de Letras; a Société des Américanistes, Paris; o Instituto Internacional de Antropologia; a Academia de História de Portugal; a Academia Dominicana de História; e, por fim, a Sociedade de Antropologia e Etnologia do Porto (TÔRRES, 1956, p. 77). Em meio as suas obras destacam-se: Populações Meridionais do Brasil (1920), Pequenos Estudos de Psicologia Social (1921), O Idealismo na Evolução Política do Império e da República (1922), Evolução do Povo Brasileiro (1923), O Ocaso do Império (1925), O Idealismo da Constituição (1927), Problemas de Política Objetiva (1930), Raça e Assimilação (1932), Problemas do Direito Corporativo (1938), Instituições Políticas Brasileiras (1949) (TÔRRES, 1959, p. 141). Além de uma produção bibliográfica extremamente fecunda que ficou corporificada em inúmeros livros, Oliveira Vianna também publicou muitos artigos em revistas, periódicos e jornais (CASA DE OLIVEIRA VIANNA, 2014, p. 2-3). Soma-se a isso, o legado técnico jurídico deixado pelo fluminense – obra de grande fôlego que remonta à construção do trabalhismo no Brasil a partir de 1930 (FONTANA, 2017). Em termos pessoais, podemos destacar que Oliveira Vianna era um indivíduo tímido, com hábitos simples e avesso a grandes exibições e ostentações, hipostasiando assim, em sua vida, um profundo comprometimento com o conhecimento e com a tarefa de modernizar e desenvolver o Brasil (TÔRRES, 1956, p. 117).

    Observando os períodos históricos correspondentes aos anos vividos por Oliveira Vianna, notamos que ele foi antecedido e presenciou importantes acontecimentos vinculados: à Primeira República (1889-1930); ao primeiro governo Vargas (a Revolução de 1930 e o Governo Provisório, o Período Constitucional e o Estado Novo – 1930-1945)¹; e o início da República Nova (1945-1964). Em meio a esses momentos de nossa história ligados ao intelectual fluminense, devemos notar que ele considerava o primeiro governo Vargas como um período fundamental para se desenvolver e modernizar o país; ou seja, um momento propício para romper com as amarras coloniais que impediam nossa modernização através de uma ação interventora guiada por um Estado forte e centralizado (uma ação efetiva do Estado capaz de fraturar o grande poder exercido pelas oligarquias locais existentes no Brasil que, por sua vez, foram extremamente atuantes e empoderadas durante a Primeira República Brasileira). Todavia, em termos de diagnóstico acerca daquilo que somos como povo, o pensador fluminense considerou e analisou em suas obras a História do Brasil como um todo (até a sua época). Nesse sentido, entender o Brasil através dos olhos de Oliveira Vianna é apreender, antes de tudo, nossas especificidades sociais, políticas, culturais e econômicas determinadas pela experiência colonial, pelo legado monárquico e pelo recente período republicano que, entre outros aspectos, perpassaram e influíram na formação do povo brasileiro e na constituição de nossas instituições.

    Dessa forma, tendo como pano de fundo a trajetória de Oliveira Vianna e o momento social e político no qual ele cunhou suas principais ideias, versaremos sobre algumas contribuições do intelectual niteroiense ao Pensamento Social e Político Brasileiro. Com isso, não temos a intenção de esgotar todos os temas investigados por Oliveira Vianna, ou ainda, de estabelecer rígidas leituras e definições acerca do conjunto de sua obra. De modo geral, nós buscaremos expor determinadas interpretações almejando dimensionar o espaço, o papel e a relevância de suas posições e teorizações. Para isso, além da fortuna crítica ligada ao pensamento vianniano, pautaremos nossas análises primordialmente nas seguintes obras: Populações Meridionais do Brasil (1920), O Idealismo da Constituição (1927), Problemas de Política Objetiva (1930), Problemas de Organização e Problemas de Direção: O Povo e o Governo (1952) e, por fim, Instituições Políticas Brasileiras (1949). Os temas presentes no pensamento vianniano por nós selecionados vinculam-se com o seu diagnóstico sobre o Brasil que, primordialmente, liga-se a sua leitura acerca da formação da sociedade brasileira; com a interpretação do autor voltada para o entendimento de nossa herança colonial e a necessidade de extingui-la; com a leitura do pensador niteroiense sobre os meios pelos quais é mais adequado e viável modernizar e o Brasil (o corporativismo como uma saída política para se transformar a nação).

    O diagnóstico vianniano sobre a formação do Brasil

    Populações Meridionais do Brasil (1920) é o estudo de Oliveira Vianna que constrói uma interpretação acerca da formação da sociedade brasileira e, consequentemente, dos caracteres que nos marcaram indelevelmente como um povo sui generis. Nesta obra, o autor busca no Brasil Colônia as raízes e as razões pelas quais somos incapazes de atuar de maneira impessoal no espaço público. Além disso, vemos neste estudo uma das primeiras utilizações da noção de patriarcalismo no Brasil, concepção esta que perpassou e discretamente ainda transcorre por uma gama significativa de estudos brasileiros que buscam compreender a nossa formação. Um traço marcante do pensamento vianniano nessa obra é a necessidade de explicar o Brasil não só por dimensões culturais, sociais e políticas. Para o autor, é necessário compreender o povo brasileiro considerando a terra, a natureza, a morfologia e a geografia do espaço no qual ele primeiramente habitou. Segundo ele, notamos o quão coercitivas foram as determinações morfológicas e geográficas no desenvolvimento da sociedade brasileira e, principalmente, na formação de um tipo individual que carrega consigo marcas profundas.

    Expondo sua leitura acerca da construção da sociedade brasileira, Oliveira Vianna revela: De um modo geral, contemplando em conjunto a nossa vasta sociedade rural, o traço mais impressionante a fixar, e que nos fere mais de pronto a retina, é a desmedida amplitude territorial dos domínios agrícolas e pastoris (VIANNA, 1938, p. 147). A análise do Brasil Colônia feita pelo sociólogo brasileiro nos ajuda a perceber uma relação de continuidade existente entre as formas morfológicas brasileiras e o tipo de atividade econômica presente na colônia: "Essa excessiva latitude dos domínios rurais é, em parte, imposta pela

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