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Sobre Fogo E Gasolina: Gem City - Uma série
Sobre Fogo E Gasolina: Gem City - Uma série
Sobre Fogo E Gasolina: Gem City - Uma série
E-book357 páginas6 horas

Sobre Fogo E Gasolina: Gem City - Uma série

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Sobre este e-book

Existe um momento na vida de uma garota onde ela precisa encarar uma preocupante pergunta: o que eu fiz?

Aos dezesseis anos de idade, Vanessa Roberts está aprendendo rapidamente como lidar com o irritante – mas bonito – parceiro de laboratório, sua incrível melhor amiga com DDA, e a barreira cada vez maior entre ela e sua mãe.

Zack Roads deveria ser tudo que ela merece. Ele é mais do que apenas uma distração agradável; ele é, também, o motivo de todos os olhares invejosos lançados na direção de Vanessa enquanto ela começa seu segundo ano na Gem City High.

Mas o que acontece quando ela se vê em meio a um furacão de esperança, arrependimento e o perigo de se perder no meio do caminho?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de dez. de 2020
ISBN9781071578087
Sobre Fogo E Gasolina: Gem City - Uma série

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    Pré-visualização do livro

    Sobre Fogo E Gasolina - Nicole Campbell

    Prólogo: O verão antes da 8ª série

    Minnie Mouse de biquíni chamaria mais atenção. Olhando-se no espelho do quarto, Vanessa amarrou as alças do biquíni novo ao redor do pescoço, desejando que a mãe tivesse deixado-a comprar aquele que ela realmente queria. Suspirou ao olhar no reflexo a calcinha larga, mais parecida com uma cueca de bolinhas vermelhas, lembrando da conversa entre elas.

    — Vanessa Roberts, nenhuma garota de treze anos tem motivo para sair mostrando a bunda por aí. Eu não vou gastar dinheiro para você parecer uma prostituta.

    — Pelo amor de Deus, é só um biquíni! — os olhos de Vanessa reviraram para o topo da cabeça.

    — Revire esses olhos para mim de novo e há uma grande chance de você passar o verão inteiro no quarto, sem necessidade de um biquíni.

    O tom de voz não era de brincadeira e Vanessa corrigiu sua expressão.

    — Sim, mãe.

    Ela colocou o lindo biquíni roxo com lacinhos de volta na arara e marchou para dentro do provador.

    A porta do quarto se abriu, trazendo-a de volta para o presente, e ela viu sua melhor amiga pelo espelho. O cabelo cacheado e escuro de Courtney parecia mais selvagem que o normal devido à umidade, apesar dela ter tentado controlá-lo com grampos e um rabo de cavalo alto. A amiga analisou a situação.

    — Não sei do que você está reclamando. Eu achei bonitinho.

    — Não vem com essa. Eu pareço a Minnie Mouse e Brad James não vai olhar nem duas vezes para mim.

    — Eu achei que você queria encontrar o Luke-alguma-coisa?

    — É. Bem, parece que ele está com a Elena agora, então precisei mudar meu interesse. — Vanessa admitiu, relutante. A roupa de Courtney era bem parecida com a sua, apesar do corpo baixo e musculoso dela ter preenchido melhor o tecido comparado a estrutura magra de Vanessa. Courtney apenas levantou uma sobrancelha.

    — Tanto faz. Vamos.

    Elas desceram as escadas com as sacolas abarrotadas de coisas, avisando que estavam prontas para ir.

    ***

    A piscina estava lotada mas ela imaginou que esse era o objetivo. O ar tinha cheiro de cloro e grama – mais um verão comum em Gem City. Ela e Courtney encontraram um lugar com meia sombra e seus olhos percorreram o local em busca dos garotos.

    — Espero que a sua mãe me deixe voltar no próximo verão também. Aí posso fingir que vamos estudar juntas no ensino médio. — Courtney ponderou, franzindo a testa.

    — Minha mãe vai deixar você voltar sempre. Ela ama você. Você não responde de volta então ela provavelmente gosta mais de você do que de mim. — ela sorriu. — E não me deixe deprimida. Eu também queria que estudássemos juntas no ensino médio. Tem alguma chance de vocês voltarem a morar aqui?

    — Acho que não. Mas sinto saudade.

    Vanessa suspirou. Suas outras amigas eram legais mas ela e Courtney passaram por tudo juntas desde que tinham cinco anos. Os Ross terem se mudado a magoou bastante. Pensar que as duas não iam mais torcer para o mesmo time ou surtar por causa de garotos a deixava melancólica. Ela também não tinha muita certeza de quem colaria nas provas de matemática.

    — Bom, vamos nos encontrar no verão, amiga.

    — No verão. Então, cadê esse Brad?

    — Na quadra de basquete. Bermuda preta, camiseta azul. — ela jogou o longo rabo de cavalo loiro por cima do ombro como se ele pudesse vê-la.

    — Ele é bonitinho. Mas quem é o outro cara?

    Vanessa teve que sorrir.

    — Esse é o Luke Miller.

    — Agora tudo faz sentido.

    — Maldita Elena.

    — Eu não a conheço mas vou concordar.

    — Tanto faz. Mais dois anos e estaremos no ensino médio, provavelmente em um time ótimo de cheerleading, — ela acrescentou, dando um soquinho na mão de Courtney — e o mais importante, tirando nossas carteiras de motoristas. Eu queria que pudéssemos pular o primeiro ano. Eu quero um carro. Eu quero garotos me levando em encontros. Eu quero escutar música tão alto quanto quiser. E eu quero um namorado super gato que desperte inveja nas outras.

    — Eu acho que me contento com um nerd da matemática meio bonitinho por enquanto, mas gosto da sua ambição. — Courtney confessou, daquele jeito que sempre aparentava quando ficava com a autoestima baixa.

    — Para, você é adorável. Fala sério. Me dê a lista de como o seu namorado perfeito precisa ser. — Vanessa arrumou os óculos de sol no rosto e se preparou para corrigir mentalmente as escolhas da amiga.

    — A minha o quê?

    — Cala a boca, a sua lista. Não minta, eu sei que você tem uma. Por exemplo: alto, bonitinho, com um sorriso legal, jogador de futebol – de preferência, porque você sabe como eu me sinto a respeito de uniformes – inteligente o suficiente para manter uma conversa, ótimo senso de humor – não tipo ah, ele ri de piadas engraçadas, mas tipo meu Deus, ele é hilário e as minhas costelas doem de tanto rir. — Courtney a olhava com curiosidade mas ela não se importou. — E eu quero um garoto que consiga me deixar brava. Só um pouquinho.

    — Todo mundo deixa você brava. Menos eu. — Courtney replicou, com um sorriso pretensioso.

    — Até agora. — Vanessa respondeu. — Não, você sabe o que eu quero dizer. Um garoto que não tenha medo de discutir. Alguém forte. — Ela bebeu um gole de limonada. — Sua vez.

    — Eu acho que não tenho uma lista tão grande quanto você espera, amiga.

    — Mentira. Me conta mesmo assim.

    Courtney fez uma cara parecida com a do Caco, o sapo dos Muppets, mas Vanessa sabia que ela cederia.

    — Tudo bem. Alto também. Legal?

    — Legal?

    — Sim, legal, alguém fácil de conviver. E que goste de ler.

    — Então você quer namorar um leitor de livros legal.

    — Isso.

    — Você é inacreditável..

    — E eu sou a sua melhor amiga. O que isso diz sobre você?

    — Que eu preciso te salvar de si mesma e não permitir que namore um bibliotecário.

    Courtney rapidamente enfiou a mão dentro do copo de água e jogou uma pedra de gelo em Vanessa, mostrando a língua.

    Capítulo Um:

    Dois anos depois

    Do lado de fora da academia, Vanessa respirou o perfume do asfalto, quente pelo sol do verão naquele final de tarde. Era o último treino de cheerleading antes das aulas iniciarem e ela estava, oficialmente, há uma semana de ter sua habilitação. Sem mais caronas, pensou com alegria, enquanto observava o Durango da mãe dando ré. Apressada, ela entrou, pronta para iniciar o aquecimento.

    — Ai meu Deus, obrigada por ter chegado tão cedo — Jessi quase gritou, agarrando seu cotovelo com ferocidade, assim que ela passou pelo batente da porta.

    — Estou aqui, estou aqui. Qual o problema?

    Os olhos verdes da amiga brilhavam e o cabelo vermelho estava em um coque desarrumado no topo da cabeça. Ela vibrava em antecipação.

    — Preciso de um favor. Um grande favor. Favorzão. Zãozão. Favor. Por favor, diz que vai fazer.

    — Se você puder falar em português... E eu vou precisar de mais informações. Qualquer informação, na verdade.

    — Sabe aquele cara, o Josh, com quem eu quero sair a muito, muito, muito tempo?

    — De Ohio? — Vanessa levantou as sobrancelhas, desconfiada. Quando Jess disse muito, muito, muito tempo significava desde ontem. Ela não conseguia lembrar a primeira vez que a amiga havia falado dele.

    — Sim! Ele está na cidade para o final de semana e me chamou para sair, mas ele não pode, tipo, me buscar na minha casa. Meus pais ficariam tão chocados que transformariam as chaleiras em panelas. E o meu carro está fora de circulação no momento. Você entende por que isso é uma emergência, né?

    — Não muito, não. E da última vez que eu chequei, chaleiras não viram panelas. Pegue o carro da sua mãe emprestado.

    Jessi revirou os olhos.

    — A única razão do meu Jeep estar na oficina é eu ter batido no meio-fio com tanta força que o pneu rasgou e o alinhamento ficou todo errado. Meus pais falaram que eu nunca mais sento atrás do volante do carro deles.

    — Ainda não tenho certeza de qual favorzão zãozão você quer de mim. — Vanessa desabafou, começando a ficar incomodada. Sempre o mesmo drama.

    — Diga que você vai comigo.

    — Eu poderia dizer mas não vai ser verdade. Estou com algumas coisas faltando para poder fazer isso. Por exemplo: uma habilitação e um carro. Além do mais, por que eu iria no seu encontro?

    — Não seja estúpida, ele vai levar um amigo. Eu não disse isso?

    — Não.

    — Ah, mas ele vai. E os seus pais não saem nas sextas a noite para jogar Jenga ou algo assim? Minha mãe pode me deixar na sua casa hoje a tarde e nós pegamos o carro. Estaremos de volta antes deles. Eu posso dirigir para você não quebrar as regras. — Jessi bateu impacientemente o pé contra o chão, como se Vanessa estivesse, de alguma forma, a irritando. E ela usou a frase quebrar as regras como se significasse quebrar uma unha.

    — Eles jogam Bunco. E você está louca.

    — Eu falei que o amigo dele é uma graça? Tipo o Leo em Romeu e Julieta. Você não tem saído com ninguém desde o Michael, por favor. Vai ser divertido. Nós vamos jogar sinuca por um tempo e depois ir para casa, nada demais. Seus pais nunca vão saber que nós saímos.

    Foi um golpe baixo comparar ao Leo. Mas não foi o suficiente, ela argumentou mentalmente.

    — Você acabou de dizer que os seus pais não te deixam dirigir o carro deles porque você é uma péssima motorista, mas você quer que eu diga que tudo bem dirigir o carro dos meus pais? — Vanessa deu um passo para o lado do demônio de cabelos vermelhos para chegar até o colchonete e começar a se alongar. A conversa estava ficando cada vez mais ridícula e a menção à Michael a incomodou.

    — Eu faria isso por você, mas tanto faz. Tenha medo de se divertir.

    Jessi passou marchando por ela, fazendo biquinho enquanto iniciava a posição do escorpião. Vanessa suspirou, desejando que a amiga não tivesse ajudado-a a sair de algumas situações bem complicadas no ano passado. Ela provavelmente ainda estaria de castigo se não fosse pela habilidade de Jess em inventar histórias em um passe de mágicas. Não era mentira, ela faria isso por Vanessa.

    — Você jura por Deus que estaremos em casa antes das onze?

    A expressão de Jessi passou de brava para extremamente feliz, dando vida aos seus lábios cheios e grandes olhos esmeralda.

    — Eu juro! Êêê! Eu te amo! — Vanessa quase perdeu o equilíbrio com a força do abraço de Jess.

    ***

    Ainda havia suor escorrendo pela curva da coluna de Vanessa depois de um treino de condicionamento físico brutal. Ela saía pela porta do vestiário, revirando a bolsa a procura do celular, quando deu de cara com uma parede. Uma parede humana.

    — Jesus, olha para frente. — reclamou, irritada. Ela tentou conter a vermelhidão que se espalhava pelo rosto quando percebeu que a parede humana era muito bonita, com ombros largos e um sorriso no rosto.

    — Sinto muito por deixar você passar por cima de mim. Que falta de educação a minha. — ele replicou, achando graça. Pela aparência, ele estava indo para a sala de musculação. Ela percebeu, horrorizada, que ainda estava com a mão sobre o braço dele, onde havia agarrado para não cair. O horror aumentou quando ela reconheceu o dono daquele braço: o mais novo recebedor do time de futebol americano.

    — Eu... é... bom, talvez eu não estivesse prestando atenção. Desculpa pelo atropelamento — respondeu calmamente, retomando a compostura e tentando salvar a situação. Vanessa observou os cabelos escuros e ondulados dele, e os olhos azuis brilhantes. Ele ainda estava sorrindo e dificultando que ela mantivesse o foco.

    — Eu acho que não vejo problemas em ser atropelado por você. — O sorriso dele aumentou, e ela percebeu que ele estava flertando. Também percebeu que estava usando roupas de ginástica e que, literalmente, todas as partes do seu corpo estavam suadas. Ela mordeu o lábio sem saber como reagir. — Só para ter certeza que os outros estudantes estarão seguros, eu vou te acompanhar até o estacionamento. Não quero que mais alguém seja atropelado. — ele alterou o trajeto inicial e a acompanhou em direção ao estacionamento dos estudantes.

    — Que consciente do perigo.

    — Apenas preocupado com meus parceiros. — ele sorriu, olhando-a de relance. Ela tentou jogar o rabo de cavalo loiro por cima do ombro mas falhou. O cabelo apenas caiu pesadamente, suado e grudento. Sério. Isso não poderia ter acontecido em qualquer outro dia?

    — Então, posso te chamar de loirinha? Ou você tem um nome?

    — Vanessa. Roberts. — respondeu, incerta.

    — Bom saber, Vanessa Roberts. Eu sou o Zack. Roads. — ele afirmou, imitando a apresentação dela. — Me diz, por que eu nunca te vi por aqui?

    — Não sei. Você esteve procurando? — perguntou, pensando que o motivo era por ele ser mais velho que ela. Apenas um ano mais velho, mas ele parecia tão mais experiente. Todo mundo sabia quem era Zack Roads... futebol americano estudantil era quase uma religião em Gem City.

    — Estou procurando agora. — ele respondeu sem pestanejar. — Você vai estar na festa do Vader semana que vem?

    — Isso é um convite? — Era necessário muito esforço para impedi-la de pular para cima e para baixo batendo palmas. As festas de Vader eram lendárias mas ela nunca havia sido convidada.

    — É sim. Te vejo lá então.

    — Parece ótimo. Obrigada por manter as calçadas seguras. — ela mencionou, enquanto atravessavam o portão do estacionamento.

    — E tudo isso em um único dia. Te vejo semana que vem, Vanessa Roberts. — ele escancarou aquele sorriso de dentes brancos novamente e recomeçou o caminho de volta para a academia.

    Ai meu Deus. Ela não podia esperar para ver a cara das amigas quando contasse onde elas iriam no próximo sábado.

    ***

    — Nós realmente vamos fazer isso? — Vanessa perguntou, cética, enquanto Jessi soltava o cabelo pela décima vez. — E decide logo o que fazer com o cabelo, pode ser? Você está me estressando.

    O cabelo loiro e longo de Vanessa estava trançado em uma espinha de peixe frouxa e ela havia escolhido vestir uma camiseta branca simples e jeans, sem nenhuma expectativa de algo glamouroso acontecer durante a noite.

    — É claro que nós realmente vamos fazer isso. Só vamos jogar sinuca, não assaltar um banco, V.

    — Tudo bem, tudo bem. Eu vou me sentir melhor quando o SUV da minha mãe estiver de volta na garagem.

    — Relaxa, nós estaremos de volta em algumas horas. — ela suspirou, bagunçou o cabelo vermelho brilhante pela última vez e pressionou os lábios cheios de gloss. — Vamos.

    Vanessa respirou fundo e seguiu em frente com a transgressão. Não tem como voltar atrás agora. Apesar do histórico de péssima motorista da amiga, ela concluiu que seria melhor deixá-la dirigir do que ser parada por estar atrás do volante sem carteira.

    — Eu juro que se alguma coisa acontecer com o carro...

    — Para, nós vamos dirigir uns cinco centímetros.

    Vanessa balançou a cabeça.

    — Aliás, quem é esse amigo que eu devo distrair? Ele é bonito de verdade ou você só queria que eu acreditasse nisso?

    — Hum...

    — Hum? Fala sério, Jess.

    — Não, tipo, eu acho que ele é bonito porque o Josh é bonito, mas eu não cheguei a conhecê-lo. — ela respondeu, apertando o botão para fechar a porta da garagem.

    — Ótimo.

    — Vai ser divertido! Fala sério, pare de agir como a Kim. Se eu quisesse alguém pessimista teria convidado ela para vir. — Vanessa contraiu os lábios ao ouvir isso.

    — Tanto faz. A Kim é legal.

    — Não, não, eu amo ela. Mas você entendeu, ela age como uma mãe.

    — Tudo bem, vou tentar ser mais alegre. — Jessi simplesmente sorriu, vitoriosa.

    Elas chegaram no Bola Oito sem nenhum incidente, e Vanessa pregou no rosto seu sorriso mais charmoso enquanto elas atravessavam a entrada do salão, o cheiro de fumaça de cigarro entrando pelas narinas. Esquivando-se de um taco deixado no meio do caminho, ela seguiu em direção a uma mesa nos fundos, observando Jessi correr por trás de um homem de ombros largos e jogar os braços ao redor do pescoço dele, divertida.

    — Oi! — ele sorriu, virando-se.

    — Oi! — Jess respondeu, os olhos brilhando. Vanessa ficou parada, sentindo-se imediatamente entediada e desejando ser apresentada. Como era de se esperar, ela agora era invisível.

    — Oi. Suponho que você seja o Josh? — ela interrompeu o cumprimento do casal. Ele era mais ou menos atraente mas tinha um péssimo maxilar. Ela não conseguia ver nenhum motivo que justificasse o tempo perdido indo até lá.

    — Ah, sim, que idiota. Vanessa, Josh. Josh, essa é a Vanessa. Ou V, tanto faz. — Jess deu uma risadinha, balançando o cabelo.

    — Oi, bom te conhecer. — Josh respondeu, estendendo a mão. Ela a apertou mas não gostou da maneira como os olhos dele percorreram o seu corpo. — Meu amigo Matt está em algum lugar por aqui. Tenho certeza que vai voltar daqui a pouco. Vocês querem jogar?

    — Claro. Mas eu sou péssima na sinuca, você vai me ajudar? — Jessi perguntou. Ela consegue ser mais óbvia? Vanessa pensou, imaginando que seriam duas horas bastante longas se ela já estava irritada desse jeito.

    — Claro, bebê.

    Vanessa não costumava interpretar o papel de mulher indefesa com muita frequência. Ela tinha uma mesa de sinuca no porão e jogava bem – portanto, se ofereceu para começar, encaçapando duas bolas.

    — Boa jogada. — ela ouviu uma voz, junto ao ouvido direito. Retomando a postura, afastou-se da superfície de feltro verde da mesa, e seus olhos encontraram um estranho completamente comum. Ela mentalmente calculou: 1,78 de altura, provavelmente 80 quilos, cabelo sem graça, rosto sem graça.

    — Obrigada. — respondeu, preguiçosa. — Matt? — perguntou, esperando que ele dissesse que não.

    — O próprio. — Puro charme.

    — Vanessa, prazer. — disse, percebendo que Jess e Josh nem estavam fingindo jogar. — Quer jogar? — Falta uma hora e quarenta e cinco minutos.

    — Claro. — ele concordou, cheio de determinação e tirando facilmente o taco da mão de Josh. Eles jogaram uma tediosa partida de sinuca, ela ganhou e ele fingiu ter deixado que ela ganhasse.

    — Claro, cara. Foi isso mesmo. — ela retrucou, observando o relógio do outro lado do salão. Se assustou quando baixou o olhar e ele estava próximo dela. Muito próximo. Vanessa deu um passo para trás mas ele pegou sua mão e entrelaçou os dedos nos dela. Hum, não.

    — Já que te deixei ganhar, acho que me deve uma. — Matt sorriu, inclinando-se. Ele cheirava a amendoim velho e um pouco de odor corporal, e ela resistiu à vontade de vomitar.

    — Não, eu acho que... — começou, mas foi interrompida pelas mãos dele em suas costas e a boca percorrendo seu pescoço. Dessa vez ela deu um passo muito maior para trás, empurrando-o com as mãos. — Olha só, Mitt, eu entendo que você não me conhece mas eu não gosto de ficar com alguém em lugares como esse. Ou ficar com estranhos. Sinto muito. — Não sinto muito.

    — Não se faz de difícil. — ele respondeu, ignorando o erro proposital do seu nome, e puxando-a pelo pulso para mais perto.

    O coração dela acelerou e foi o suficiente. Ela saiu andando, soltando o pulso da mão dele e ignorando sua tentativa de puxá-la pelo cotovelo.

    — Oi, estamos indo embora. — Anunciou bem alto quando encontrou Jessi aos beijos em um canto escuro. Deus, essa foi uma péssima ideia. Nojento.

    — Hum, por que estaríamos indo? — A amiga perguntou, com um sorriso firme no rosto.

    — Hum, porque o maravilhoso amigo desse cara aqui me agarrou. Então estamos indo.

    — Ai meu Deus, tem como ser mais dramática? — Jess lançou olhares matadores na direção dela, mas ela não se importou. Ela puxou a amiga para longe, onde Josh não pudesse ouvir.

    — Nós estamos indo, Jess. Eu não vou deixar um estranho passar as mãos em mim para você poder ficar de amasso em uma parede de madeira saída dos anos 1970.

    — Sério... Você está insultando a decoração do salão? Tanto faz. Eu estou me divertindo. Pode ir se quiser.

    Fogos de artifício de pura raiva feminista saíam dos ouvidos de Vanessa.

    — Você sabe que eu não posso ir sem você. — ela sibilou.

    — Claro que pode. Aqui estão as chaves. — Jess debochou, largando-as na mão de Vanessa. — Vou pedir para o Josh me deixar na esquina de casa ou algo assim e vou andando.

    — Você só pode estar brincando. Inacreditável.

    — Fique só mais meia hora e eu juro que vamos embora. — Jess negociou.

    — De jeito nenhum. Até mais, amiga. — Vanessa deu meia volta no salto de couro preto e saiu do salão, a cabeça em um turbilhão de pensamentos. Foi agradável sentir a noite fria. Ela entrou no carro e considerou a possibilidade de apenas esperar até que a, talvez ex-amiga, saísse e fazê-la dirigir até em casa. Isso é o que você ganha por cair na conversa dela, xingou-se. Sua mente também levantou a suspeita de que Jess poderia permanecer por bem mais tempo no local, agora que Vanessa tinha ido embora. Que se dane. Ela colocou a chave na ignição e ajustou os espelhos, determinada a chegar em casa sem ser presa. Por todo o caminho, as juntas de suas mãos permaneceram brancas contra o volante.

    Os dedos relaxaram quando a casa se tornou visível. E então a vontade de vomitar veio, porque sua mãe estava sentada na cadeira de balanço na varanda com uma expressão que não era nada jovial. Uma série de palavrões surgiram na cabeça de Vanessa enquanto ela tentava encontrar uma razão plausível para ter pego o carro. Alguém precisou de ajuda... Eu tive que comprar um kit de primeiros socorros... Jessi estava doente e eu tive que levá-la para casa... droga! Ela estacionou o carro na garagem com cuidado e saiu, determinada a fazer com que a mãe a ouvisse dessa vez. É tão típico eu ser pega quando fiz o que era certo. Com medo nos olhos, subiu os degraus de pedra na ponta dos pés, como se isso fosse ajudar.

    — Eu não consigo imaginar uma história boa o suficiente para livrar você dessa vez. — A mãe falou, como tantas outras vezes, um sorriso sem humor no rosto. Ela era realmente bonita. Tinha cabelos loiros cor de mel e calorosos olhos castanhos que nunca pareciam doces ao olhar para a filha. Vanessa imediatamente iniciou a história mal planejada sobre Jessi não estar se sentindo bem e precisar levá-la para casa, mas a mãe a interrompeu após trinta segundos.

    — Tente a próxima história.

    Vanessa sabia que poderia apenas dizer a verdade, mas provavelmente nunca mais teria permissão de sair com Jess de novo. Apesar de brava, ela não deveria ter esperado nada diferente e não queria perder a amizade por causa disso.

    — Eu fui jogar sinuca.

    — E na sua cabeça você achou que infringir a lei era a melhor maneira de ir?

    — Não, eu...

    — Não importa, Vanessa. Eu achei que você estava levando as coisas a sério. Achei que esse ano seria diferente, você pareceu se importar. Mas agora vejo que estava errada. Você continua egoísta e impulsiva como sempre foi. Pode esquecer o carro de aniversário. Pode esquecer aniversário. E festas, dormir fora, televisão, celular. Você está de castigo até eu sentir vontade de tirá-la do castigo.

    Sua mãe raramente gritava quando estava brava. Era mais uma raiva controlada. Como se a cabeça dela pudesse explodir a qualquer momento por guardar tantos sentimentos. Vanessa sentiu as lágrimas começarem a escorrer.

    — Mãe, por favor, me escuta. Eu vou contar tudo que aconteceu, sinto muito por ter inventado uma história, não foi minha culpa.

    — Claro que não. Nada é culpa sua. Me faça um favor e pare de falar. Deixe o celular no balcão e vá para o quarto.

    Segurando um soluço raivoso, ela apertou os dentes e marchou para dentro de casa, praticamente jogando o celular na cozinha. É isso que eu ganho por fazer a coisa certa e ir embora, pensou, furiosa ao cogitar que seu segundo ano estava fadado a ser uma grande decepção. As lágrimas vieram como uma tempestade assim que a porta do quarto foi batida com força, a injustiça daquela noite caindo sobre ela. Tanto faz, ela só estava esperando uma oportunidade para me deixar de castigo. Eu não poderia ter feito nada para mudar isso, argumentou consigo mesma, as palavras da mãe vibrando em seus ouvidos. Sem tirar a maquiagem ou colocar o pijama, ela encarou fixamente a parede, com hostilidade, até o sono vir.

    Capítulo Dois:

    A semana passou quase que em completo silêncio. Sua casa agora era o túmulo onde estavam enterrados os restos de sua antiga vida social. O pai de Vanessa havia saído cedo na manhã de sábado para uma viagem de pesca, deixando-a completamente sozinha com a Sra. Roberts, como havia se acostumado a chamar a mãe quando ela ficava desse jeito.

    Atirando-se na mesa de jantar após a mãe tê-la chamado no domingo a noite, ela resmungou para si ao avistar a refeição extravagante e coberta de linhaça.

    — O cheiro está ótimo! — O pai

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