Lendo o Livro de Lamentações: Solidariedade e ternura em meio à tragédia
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Luiz Alexandre Solano Rossi
Nos passos de Moisés Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos Passos de São Luís e Santa Zélia: Os Pais de Santa Teresinha Nota: 5 de 5 estrelas5/5Nos passos de Santa Rita de Cássia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo o Livro de Joel Nota: 5 de 5 estrelas5/5Criação e evolução: Diálogo entre teologia e biologia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Nos passos de Santa Teresinha do Menino Jesus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Abraão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnjos e Demônios na Bíblia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Origem do Sofrimento do Pobre: Teologia e antiteologia no livro de Jó Nota: 5 de 5 estrelas5/5Nos passos de Santa Teresa de Calcutá Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Profetas: Vocação Para a Liberdade e Solidariedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de São Francisco de Assis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos do profeta Jeremias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Santo Antônio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Caminho da Palavra: Roteiros sobre a Liturgia da Palavra dos Domingo e Solenidades - Ano B Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de São José Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo o Livro de Naum: Soberania, poder e justiça de Javé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de São Vicente de Paulo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Pedro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCatequese e ecologia: Espiritualidade ecológica e catequese responsável Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo o Livro de Sofonias: A justiça e a pobreza como estilo de vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de São Marcos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Maria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReencantar a vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Jesus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSapienciais: Sabedoria a Favor da Libertação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de São Mateus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Santa Dulce dos pobres, o anjo bom da Bahia Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Lendo o Livro de Lamentações
Ebooks relacionados
Verdade na Prática: Textos Selecionados: Verdade na Prática, #1 Nota: 5 de 5 estrelas5/57 Mergulhos Para A Vitória Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApocalipse: A força da resistência dos pobres Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSenhor, não tenho ninguém: Superação do Isolamento afetivo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lendo o Livro de Sofonias: A justiça e a pobreza como estilo de vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo as Cartas de João: Quem ama permanece em Deus-Amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo as Cartas aos Coríntios: Unidade, diversidade e autoridade apostólica na comunidade cristã Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCompaixão, cruz e esperança: Teologia de Marcos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo a Carta aos Gálatas: Em defesa da liberdade cristã Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPaulo: Agente de pastoral e semeador de comunidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMilagres na Bíblia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo o Evangelho Segundo João Nota: 5 de 5 estrelas5/5Êxodo: Um projeto de liberdade nascido no coração de Deus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO alto preço da prosperidade: Monarquia unida em Israel Nota: 0 de 5 estrelas0 notasExplicando o Evangelho de João: E as Cartas de João, Hebreus, Tiago, Pedro e Judas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos passos de Abraão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO livro de Jonas: Uma história de desencontro entre um profeta zangado e um Deus brincalhão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA espiritualidade de Jesus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA face mais íntima de Deus Nota: 3 de 5 estrelas3/5Palavra viva e eficaz: roteiros homiléticos - Ano C Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo a Carta aos Efésios Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDeuteronômio: Escuta, Israel Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Salmos da Misericórdia: Jubileu da Misericórdia - 2015 | 2016 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMateus, o evangelho Nota: 5 de 5 estrelas5/5Vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFrutos Do Espírito Santo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVida E Morte Dos Apóstolos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAtos de Paulo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Filadélfia - Uma Igreja Forte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLendo o Evangelho segundo Mateus: O caminho do discipulado do reino Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Arte para você
Vanguarda europeia e modernismo brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMontagem De Terreiro De Candomblé Nota: 5 de 5 estrelas5/5História Da Arte Em 200 Obras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um jogo chamado música: Escuta, experiência, criação, educação Nota: 4 de 5 estrelas4/5Apostila De Harmonia E Improvisação - Nível 1 - Juninho Abrão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMagia Do Caos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pequena história da arte Nota: 4 de 5 estrelas4/5Orixás: Histórias dos nossos ancestrais Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Sete Deusas Gregas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNumerologia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Partituras Para Violino Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesenhe. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Zero Aos Acordes, Escalas E Campos Harmônicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSimetria nos estudos para violão de Villa-Lobos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos Pornôs, Poesias Eróticas E Pensamentos. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA história do cinema para quem tem pressa: Dos Irmãos Lumière ao Século 21 em 200 Páginas! Nota: 4 de 5 estrelas4/5História da Literatura Brasileira: Das Origens ao Romantismo Nota: 3 de 5 estrelas3/5Como Fazer Suas Próprias Músicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação Sonora E Musicalização Na Aprendizagem Infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnviesados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tatuagem consciente: O significado por trás da arte que você usa na pele Nota: 5 de 5 estrelas5/5A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica Nota: 5 de 5 estrelas5/5O livro do chá Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso De Violão Completo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória Da Música Nota: 5 de 5 estrelas5/5Leitura E Estruturação Musical Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mediunidade Na Umbanda Nota: 3 de 5 estrelas3/5O Dom da Mediunidade: Um sentido novo para a vida humana, um novo sentido para a humanidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notas9 Estudos Rítmicos Para Piano Nota: 5 de 5 estrelas5/5Michael Jackson - O Que Realmente Deveriam Saber Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Lendo o Livro de Lamentações
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Lendo o Livro de Lamentações - Luiz Alexandre Solano Rossi
Súmario
INTRODUÇÃO
Um pouco de história
Olhando os acontecimentos por dentro: uma dor em dois atos
Estilo literário e estrutura
Capítulo 1
O GEMIDO QUE VEM DA CIDADE : DOR
Capítulo 2
O GEMIDO QUE VEM DO TEMPLO: AUSÊNCIA
Capítulo 3
O GEMIDO QUE VEM DA PESSOA: SOCORRO
Capítulo 4
UMA DOR QUE PARECE INFINDÁVEL DIANTE DA JUSTIÇA DE JAVÉ
Capítulo 5
NÃO TENHO ESPERANÇAS, MESMO ASSIM VOU CONFIAR
Landmarks
Cover
Half Title Page
Table of Contents
Prologue
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Volume
Copyright Page
INTRODUÇÃO
O livro das Lamentações traz para o leitor um virulento conflito entre fé e realidade histórica. Até onde se possa olhar, o cotidiano parece desmoronar-se. Todos os fundamentos da fé foram reduzidos a cinza assim como a própria cidade de Jerusalém. Pensar em Lamentações leva necessariamente a refletir sobre reconstrução. Todavia, não simplesmente a reconstrução de muralhas, paredes, casas, templo etc. A mais necessária das reconstruções seria a reconstrução do ser humano, que experimentava o rebaixamento de sua vida à totalidade da miséria.
O mundo é feito também de dores. No léxico do povo de Deus que encontramos em Lamentações, a existência de homens, mulheres, idosos e crianças é marcada por conflitos psicológicos, religiosos, físicos, sociais e políticos. Para aqueles que conseguiram sobreviver, os sentimentos mais contraditórios deveriam povoar a vida: solidão, abandono, fome, separação, dores, lamentações. Restava apenas uma opção para cada um dos sobreviventes: cultivar a esperança, ou aceitar o desespero como projeto de vida.
A leitura de Lamentações leva o leitor a concluir que não existe sofrimento estranho. Por isso, em cada linha, encontramos uma combinação entre esperança e dor. São duas experiências da vida que não se autoexcluem. Não é possível viver sem os dois. A história de todas as pessoas é marcada por elas. Esperança e dor não são coisas contraditórias. Ajudam a perceber que, em meio à tragédia que pode nos atingir, a ternura de Deus é imperecível. A ternura de Deus superabunda em meio à tragédia.
O sofrimento e o clamor dele resultante jamais podem ser pensados como algo privatizado. Necessariamente, eles alcançam a todos, mesmo quando, e por isso mesmo, atingem alguém diferente de nós; são públicos, ou seja, todos podem escutar a voz dos que sofrem e agir. Porém, é excessivamente forte a tentação de evitarmos o sofrimento. Soa até mesmo natural fechar os olhos ao depararmos com outros olhos e olhares que demonstram sofrimento. Deus é maior do que nosso sofrimento; mas será que as pessoas que nos acompanham são pelo menos solidárias em meio à nossa dor?
Possivelmente, é dessa insensibilidade natural
que morrem as pessoas. Todavia, seria possível humanizar a dor? Talvez sim. Mas, para isso, deveríamos considerar seriamente o conselho de Simenon: Para entender a aflição de outras pessoas, provavelmente se faz necessário colocar-se, pelo menos durante alguns minutos, uma vez na vida, no lugar de cada uma delas
. Numa sociedade que estimula o individualismo e potencializa o narcisismo, não é de se estranhar que a dessensibilização do humano também se faça presente. Somos naturalmente insensíveis à dor, desde que não seja nossa própria dor.
Não existe sofrimento estranho. Nos lugares onde não se pode fazer nada, se faz necessário compartilhar o sofrimento. Assim, a prática da solidariedade torna-se tanto uma fonte de desejo quanto de esperança, abastecidos pela fraternidade, que presumidamente existe em todo ser humano. Assim, onde quer que exista o sofrimento, mesmo que distante, cada um de nós está relacionado com ele. Os que sofrem estão umbilicalmente relacionados com os que não sofrem. Um e outro são inseparáveis, pois a dor não escolhe entre amigos e inimigos.
Não existe sofrimento estranho porque ele afeta a todos. Somos copartícipes dele. E, por isso, somos continuamente interrogados sobre o que fazemos com nossa vida. Onde nos encontramos diante do sofrimento, que atinge com fortes ondas a muitos? Sofremos junto com as vítimas, ou nos posicionamos ao lado dos causadores de sofrimento? Um fato parece fora de dúvida: o sofrimento não admite neutralidade. Arriscaria dizer que vicariamente sofremos pelos outros. Quando isso ocorre, há um sofrimento que nos liberta, ao libertar nossos próximos das dores sofridas.
As condições sociais determinantes do sofrimento podem ser alteradas a partir das ações de cada um. Possuímos a capacidade de mudar e de aprender com o sofrimento, em vez de nos tornarmos piores. No entanto, algumas barreiras precisam ser ultrapassadas, haja vista que elas não são intransponíveis. Penso em duas barreiras predominantes: a primeira delas é o embrutecimento do ser humano; a segunda é a dessensibilização. Assim, a única maneira de vencer as barreiras que se apresentam seria a de compartilhar a dor dos que sofrem, não abandoná-los à própria sorte e, além disso, fazer com que o clamor de cada um deles encontre eco.
Ler o livro das Lamentações é um exercício de nos colocarmos no lugar do outro!
Um pouco de história
Assim lemos em 2Rs 25,8-12:
No dia sete do quinto mês, correspondendo ao ano dezenove de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Nabuzardã, chefe da guarda e oficial do rei da Babilônia, chegou a Jerusalém. Ele pôs fogo no templo de Javé, no palácio real e em todas as casas de Jerusalém, e incendiou todas as mansões. Ao mesmo tempo, o exército caldeu, que acompanhava Nabuzardã, chefe da guarda, destruiu as muralhas que rodeavam Jerusalém. Nabuzardã exilou o resto do povo que tinha ficado na cidade, os desertores que tinham passado para o lado do rei da Babilônia e o resto da população. O chefe da guarda deixou uma parte do povo pobre da terra para trabalhar nas vinhas e nos campos.
Dessa forma, o livro dos Reis descreve o começo do fim da queda de Jerusalém. É também o contexto para refletir a