Racional ou irracional?: 10 Ideias valiosas do pensamento antigo para o sucesso nos investimentos

De Mateus Boldrine Abrita, Christian Ingo Lenz Dunker e Paulo Sérgio de Oliveira Simões Gala

Média móvel, Day Trade, trava de alta, derivativos, Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization (Ebitda), dividendos, análise técnica, análise fundamentalista... Muitos são os termos e áreas de estudos dentro do mercado de investimentos. Contudo, uma coisa sempre me chamou a atenção desde 2005, quando eu realizei minha primeira operação na renda variável. Eu observava que as pessoas se hipnotizavam com o mercado e com as possibilidades de ganho "fácil" e negligenciavam um aspecto fundamental em investimentos, o lado emocional e psicológico. Quando eu comecei a cursar a graduação em Ciências Econômicas, fiquei ainda mais intrigado ao saber que toda uma corrente teórica, muito importante em economia, assumia que o ser humano era perfeitamente racional e sempre tomava a melhor decisão econômica. Isso foi uma surpresa para mim, pois não era o que eu observava na prática. Ainda bem que logo eu entrei em contato com diversas outras vertentes que questionavam esse posicionamento e me interessei muito pelo assunto. Nesses anos todos, desde 2005, eu errei muito, estudei muito e aprendi um pouco, mas uma coisa eu ainda continuo vendo nos investidores iniciantes e até em alguns experientes: o desprezo com o próprio autoconhecimento e inteligência emocional. Para ilustrar esse pensamento, conto aqui uma história. Certa vez, conheci um senhor aposentado que vendeu todas as suas posses (uma casa e uma chácara) para aplicar tudo em Day Trade, pois estava encantado com a análise técnica. Pouco tempo depois, fiquei sabendo que o senhor teve uma perda enorme do seu patrimônio. Esse exemplo demonstra que muitas vezes você pode fazer cursos de análise fundamentalista e análise técnica, mas se você não estiver atento para o processo decisório e para a inteligência emocional, seus investimentos correm sérios riscos. Provavelmente, o senhor até possuía um nível inicial de conhecimento. Contudo, ao aplicar 100% de seu patrimônio, de toda uma vida, construído com muito trabalho e esforço, ele ficou emocionalmente envolvido, retirando o caráter racional e frio da estratégia, que é tão necessário, sobretudo, na renda variável (que como o próprio nome diz, irá variar, para cima e para baixo, e não só subir, como muitos pensam). Assim, envolver-se emocionalmente nas decisões de investimento é uma tendência natural e vem sendo comprovado por estudos científicos. Caso você não fique atento para essa questão, irá se expor a sérios riscos, comprometendo o sucesso de seus investimentos no longo prazo. Nesse sentido, foi que me encantei pela filosofia estoica, que é apontada por muitos como uma filosofia de ordem prática, ou seja, propõe instrumentos que não somente gerarão reflexão abstrata, mas que têm o potencial de contribuir efetivamente no seu dia a dia por meio de técnicas de pensamento que podem ser adotadas. Logo, o propósito deste livro é levantar apenas alguns elementos dessa temática tão importante, cheia de nuances e particularidades. Caso consiga aguçar a curiosidade do meu querido leitor a estudar mais os aspectos emocionais na tomada de decisão, bem como aprofundar-se na filosofia estoica, esta obra terá cumprido seu papel. O livro está divido em duas partes: na primeira serão apresentadas as ideias do homem racional em contraponto com a psicologia econômica e as finanças comportamentais, cujo objetivo será demovê-lo da ideia natural de supor que somos super-racionais; já na segunda parte serão apresentadas algumas importantes reflexões dos filósofos estoicos, que podem auxiliá-lo de modo prático no seu processo de decisão em investimentos e na sua vida.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 8 de jan. de 2021
• ISBN: 9786586897579

Pré-visualização do livro

capaExpedienteRostoCréditos

Dedico este trabalho aos que buscam compreender o funcionamento da mente em relação aos investimentos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e a minha família pelo apoio contínuo. Agradeço aos estudiosos e pesquisadores que dedicaram suas vidas ao desenvolvimento do saber. Agradeço aos que lutam e lutaram pela Democracia, a qual permite o livre debate de ideias e o progresso da ciência e da humanidade.

Gostaria de agradecer, de modo especial, ao meu dileto Christian Ingo Lenz Dunker pela brilhante aula sobre a economia libidinal do investidor e ao grande economista Paulo Gala, pelo esclarecedor posfácio, assim, deixo aqui registrado minha profunda admiração.

Podemos estar cegos para o óbvio e cegos também para a nossa cegueira.

Daniel Kahneman

SUMÁRIO

Capa

Folha de Rosto

Créditos

PREFÁCIO

PRÓLOGO

PARTE I – A IDEIA DO HOMEM RACIONAL EM CONTRAPONTO COM A PSICOLOGIA ECONÔMICA E AS FINANÇAS COMPORTAMENTAIS

O SUPER-HOMEM RACIONAL OU HOMO ECONOMICUS

A NOVA E IMPORTANTE ÁREA DA PSICOLOGIA ECONÔMICA

A IMPORTÂNCIA DAS FINANÇAS COMPORTAMENTAIS

CONSIDERAÇÕES SOBRE RACIONALIDADE DO HOMEM

PARTE II - IDEIAS VALIOSAS DO PENSAMENTO ANTIGO ESTOICO PARA SUCESSO NOS INVESTIMENTOS

LIÇÕES ESTÓICAS PARA INVESTIMENTOS

1- EXISTEM EVENTOS QUE VOCÊ PODE CONTROLAR E EVENTOS QUE NÃO PODE. FOQUE NO QUE VOCÊ PODE CONTROLAR.

2- DESPERDIÇAMOS MUITO TEMPO COM BOBEIRAS E NÃO COM AS COISAS COM AS QUAIS PODEMOS LIDAR.

3- PARE DE CULPAR OS OUTROS E A SI MESMO, O SÁBIO NÃO CULPA NENHUM DOS DOIS.

4- REDUZA AS EXPECTATIVAS PARA A REALIDADE VOLÁTIL DO MERCADO E TENHA CUIDADO COM A IRA. O CASO DO COPO DE CRISTAL.

5- VALORIZE O ATUAL MOMENTO E NÃO SE ANCORE NOS RESULTADOS PASSADOS. NÃO É PORQUE SUBIU QUE VAI CONTINUAR SUBINDO.

6- NÃO SÃO AS COISAS EM SI QUE TE AFETAM, MAS SUA POSTURA PERANTE ELAS É QUE É DETERMINANTE. O CASO DOS JAVALIS SELVAGENS.

7- EXISTE HORA DE SEGUIR E HORA DE DAR UMA PAUSA.

8- SÊNECA EM SEUS ESCRITOS ARGUMENTOU QUE A MENTE DEVE RELAXAR, POIS ELA VOLTARÁ MELHOR E MAIS AFIADA APÓS UMA BOA PAUSA.

9- LIVRE-SE DOS MEDOS DA POBREZA E DA MORTE PARA POSSUIR UMA MENTE TRANQUILA E MAIS RACIONAL.

10- IMPORTÂNCIA DA FIBRA MORAL

POSFÁCIO POR PAULO SÉRGIO

REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURAS

Landmarks

Capa

Folha de Rosto

Página de Créditos

Sumário

Bibliografia

PREFÁCIO

Por Christian Ingo Lenz Dunker1

Economia Libidinal do Investidor

O simpático livro que de Mateus Abrita cumpre uma função didática e preparatória para aquele que quer entrar no mundo da renda variável, particularmente investir em ações. Ele consegue apresentar de forma sucinta os motivos pelos quais até aqui subestimamos o papel da psicologia no complexo processo decisório que compõe a vida do investidor, principalmente daquele que aspira a grandes realizações, portanto será tentado a correr grandes riscos. Encontramos aqui subsidiado pela história das ideias econômicas, algo que acompanhamos diariamente na prática clínica, onde as pessoas cada vez mais discutem e amaldiçoam-se pelas intempéries da economia, particularmente em um país que não é para iniciantes, como já se disse sobre o Brasil. De fato, com o desenvolvimento do mercado de ações brasileiro, que cada vez mais passa a integrar pequenos e médios investidores locais e a depender cada vez menos do fluxo migratório internacional, torna-se necessário o aprofundamento de uma cultura do investidor.

Abrita parte de uma constatação que não surpreenderá o psicanalista, a saber, que as pessoas em geral pensam que entendem mais de economia e de suas perspectivas adjuvantes como a política e as relações internacionais, do que de fato entendem. Mas além disso, elas imaginam que sabem mais sobre si mesmas, e sobre seus processos lógicos e racionais de decisão, do que a experiência real vem constantemente demonstrar.

Aqui vale a pena lembrar o enunciado freudiano de que as pessoas lidam com o dinheiro de modo análogo à maneira como tratam a sexualidade. Elas desenvolvem teorias bastante imaginativas para justificar a riqueza alheia, a pobreza familiar ou a maneira como os outros economizam ou gastam seus próprios recursos. Elas podem tratar o dinheiro como algo sujo, do qual não se deve falar aberta e francamente, ou do qual devemos proteger nossas crianças. Elas se constrangem e ficam narcisicamente abaladas quando descobrem ter feito um mau negócio. Em regra, nossas fantasias sexuais têm a mesma gramática que nossas ficções econômicas. Há os que se arriscam desmesuradamente, os que querem tudo