A Odisseia de Homero: As Aventuras de Ulisses, Herói da Grécia Antiga
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Sobre este e-book
Livro recomendado para o 7º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.
A Odisseia de Homero, a obra clássica que conta as façanhas de Ulisses, herói da Grécia Antiga, disponível para todos os públicos numa prosa acessível e divertida, adaptada por João de Barros.
A gloriosa história de Ulisses do homem de mil façanhas e ardis, do herói que, depois do cerco, da tomada e do incêndio de Tróia, cidade célebre da Ásia Menor visitou as cidades mais diversas, conheceu gentes estranhas e enfeitiçou a alma de povos distantes. Num frágil navio, errou sobre as ondas incertas, cheio de angústia, consumido pela aflição, perseguido por monstros cruéis, abandonado de socorros. Tudo venceu. Ulisses resistiu aos piores perigos e aos maiores sofrimentos. E as suas aventuras foram tão surpreendentes e a sua coragem tão excepcional que o tornaram imortal na memória de gerações.
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A Odisseia de Homero - João de Barros
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Tudo venceu, afinal, mercê da inteligência, do trabalho, da audácia e, sobretudo, da sua clara e serena razão. Companheiros que levou consigo na viagem arriscada morreram pelo caminho. Mas Ulisses resistiu aos piores perigos e aos maiores sofrimentos. E as suas aventuras foram tão surpreendentes e a sua coragem tão excecional se mostrou, que o tornaram imortal na memória das gerações..
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A presente edição segue a grafia do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título: A Odisseia de Homero — As Aventuras de Ulisses, Herói da Grécia Antiga
Autor: João de Barros
Paginação: Ana Gaspar Pinto
Revisão: Isabel Garcia Pereira
Capa e ilustrações de interior: Vera Braga
1.a edição em papel: fevereiro de 2020
Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo electrónico, mecânico, fotocópia, fotográfico, gravação ou outros, nem ser introduzida numa base de dados, difundida ou de qualquer forma copiada para uso público ou privado, sem prévia autorização por escrito do Editor.
Prefácio
A história que ides ler passou-se há alguns milhares de anos. Mas, século a século, os homens têm-na ouvido e repetido sem nunca se enfadarem. Veio até nós da Grécia Antiga, berço da nossa civilização. E se os heróis e a sua gente de quem nela se fala morreram nem se sabe quando, ou, mesmo, jamais existiram — os lugares, as praias, as montanhas, os portos, as ilhas e o mar de que se fala aqui, hoje podemo-los ainda visitar e percorrer, embora quase sempre outros nomes os indiquem à nossa atenção. E a todos ficaram para sempre ligadas a lembrança e a saudade dos acontecimentos prodigiosos contados n’ A Odisseia.
É esta a gloriosa história de Ulisses, do homem de mil façanhas e ardis, do herói que, depois do cerco, tomada e incêndio de Troia, cidade célebre da Ásia Menor, visitou as cidades mais diversas, conheceu gentes estranhas e enfeitiçou a alma de povos distantes. Num frágil navio, errou sobre as ondas incertas, cheio de angústia, transido de aflição, perseguido por monstros cruéis, abandonado de socorros. Tudo venceu, afinal, mercê da inteligência, do trabalho, da audácia e, sobretudo, da sua clara e serena razão. Companheiros que levou consigo na viagem arriscada morreram pelo caminho. Mas Ulisses resistiu aos piores perigos e aos maiores sofrimentos. E as suas aventuras foram tão surpreendentes e a sua coragem tão excecional se mostrou, que o tornaram imortal na memória das gerações.
I
Telemáco
e os pretendentes
Os Gregos eram ricos e gostavam de ser ricos. Mas estimavam, porém, a beleza. E por isso a Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, que era a mulher mais linda da Grécia, e cuja formosura deslumbrava o mundo inteiro, resguardavam-na como tesouro sem par. Assim, ficaram indignados e furiosos no dia em que os Troianos — povo do outro lado do mar que banha as costas ocidentais da Grécia —, ciosos de tal fortuna, roubaram Helena e, com ela, ouro e prata aos montões. Logo resolveram os Gregos reconquistar o que lhes pertencia, tanto mais que os seus reis e chefes tinham jurado ao pai de Helena nunca a deixarem sair de junto do marido, nem da terra natal.
Prepararam barcos, armaram soldados e navegaram em demanda de Troia. Ali chegados, puseram cerco à cidade.
Ulisses, rei de Ítaca, acompanhava-os.
Ítaca é uma ilha do mar Jónio, cujo povo amava e prezava o seu rei. Não era Ulisses muito amigo de batalhar. Diz-se que se fingira louco para não pegar em armas e que, na hora em que o chamaram para a guerra, como quem não entende o que lhe pedem, foi lavrar um campo das suas herdades com a charrua afiada. Mas os outros gregos puseram Telémaco, filho de Ulisses e ainda então pequenino, diante da charrua. Ulisses, com receio de o ferir, não se atreveu a continuar. E os companheiros disseram logo:
— Não é doido quem sabe poupar a vida aos filhos. E obrigaram-no a partir...
Não se vá julgar que Ulisses fosse cobarde.
Era apenas um homem pacífico, sensato, só gostando de lutar em último caso. Não teve remédio, porém, senão ir combater no cerco a Troia. E, durante o cerco, Ulisses praticou feitos notáveis e aconselhava e animava constantemente os companheiros, inventando estratagemas de subtil engenho, que deram todos ótimo resultado.
O cerco levou dez anos. Os Troianos ficaram vencidos. Troia, queimada e assolada pelos inimigos, arruinada para sempre. Helena, sempre formosa, à Grécia voltou com Menelau. E os outros príncipes gregos voltaram também aos seus reinos. Só Ulisses, ao regressar com eles, se perdeu da frota e andou longe de Ítaca dez anos seguidos — tantos como os passados defronte de Troia...
Enquanto não voltava, Penélope, sua esposa, e Telémaco, filho dedicado, esperavam-no cheios de ansiedade, muitas vezes desesperando de tornar a vê-lo...
Ora Penélope, julgada viúva por muita gente, era pretendida por numerosos príncipes, que desejavam casar com ela. Bem os tentava ela desiludir recusando-se ao casamento!...
Cansada da insistência dos pretendentes, chegou até a prometer-lhes que entre eles escolheria esposo no dia em que terminasse um grande lençol de linho que estava tecendo e que destinava — dizia ela — a amortalhar, como lhe cumpria, o velho pai de Ulisses, Laertes, no dia em que a morte o chamasse. Mas, de noite, desmanchava e inutilizava todo o trabalho feito durante o dia. Raivosos, os pretendentes não arredavam pé do palácio. E não só o enchiam com o ruído dos seus jogos e discussões — cada um julgando-se mais digno do que os outros da mão de Penélope —, como ainda comiam, bebiam e vestiam-se à custa dos forçados hospedeiros, dilapidando a fortuna de Telémaco, criança demais para os poder expulsar da sua casa.
O tempo arrastava-se tristemente para a mulher e para o filho de Ulisses. Mas Telémaco, ano após ano, ia-se fazendo homem, e de fraco e inocente que fora tornava-se um rapaz decidido e forte, e sempre com a saudade do pai a torturar-lhe o coração. Um dia apareceu-lhe a deusa Minerva — protetora de Ulisses — e incitou-o a que não continuasse ali sem tentar procurar o pai. Que fosse perguntar por ele a Nestor, um dos antigos combatentes do cerco de Troia, dizia.
Mentor, velho companheiro e amigo de Ulisses, que habitava Ítaca, instigou-o também a que partisse. Uma bela madrugada, lá vai Telémaco para a cidade de Pilos, cujo rei era o próprio Nestor; e, depois de ter ouvido as informações que este lhe forneceu, seguiu, acompanhado de um dos filhos de Nestor, Pisístrato,