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E-book376 páginas4 horas

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Sobre este e-book

Faz dois anos desde que Jeicy e suas amigas foram sequestradas pelo O Mão e conseguiram escapar. Jeicy fez o melhor que pôde para voltar a ter uma vida normal na escola e deixar essa terrível experiência para trás. Como uma atleta do time de cross-country e "quase" namorada do popular jogador de futebol da escola, parece que, finalmente, ela tem um futuro pela frente. 

Quando uma série de estranhos e inofensivos bilhetes começam a aparecer na casa dela e no armário da escola, Jeicy deduz que é o seu irmão fazendo brincadeiras. Mas os bilhetes ficam mais sinistros, e Jeicy começa a se questionar a origem deles. 

Quando ela suspeita que um de seus sequestradores anterior pode estar envolvido, há muita coisa em jogo para ela resolver esse mistério sozinha. 

De alguma forma Jeicy precisa evitar de ser capturada, sem colocar em perigo a sua família e os seus amigos. 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de mai. de 2021
ISBN9781667401270
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    Sem Preço - Tamara Heiner

    Sem Preço

    Por Tamara Hart Heiner

    CAPÍTULO UM

    Jacinta chegou ao seu Toyota prata no estacionamento de pedra atrás do ginásio, onde ela acessou rapidamente após o seu treino de cross-country. Ela checou o carro rapidamente, se certificando de que ninguém havia invadido ou estava esperando a espreita. Apesar de já ter se passado dois anos desde o sequestro, ela ainda andava numa linha fina e tênue entre precaução e paranoia.

    O ônibus escolar acabara de sair assim que ela chegou em casa. Ela encostou o carro ao lado de seu irmão de onze anos, assim que ele começou a sua longa caminhada da entrada de veículos até a sua casa.

    Ei, Cesar. Quer uma carona? ela perguntou.

    Ele protegeu os olhos contra a luz do sol e olhou para a motorista. "Mas que claro."

    Ela destravou a porta do carro e ele entrou, jogando a mochila no chão e colocando os pés no painel do carro. Como foi a escola? ela perguntou. Você viu a Abby hoje?

    A pele morena dele corou. O ponto mais alto do dia dele era quando ele avistava Abby na fila do refeitório, ou algo assim, romântico. ". Ela usava os cabelos assim." Ele fez cachos com os dedos.

    Ela disse oi? Jeicy jogou o carro no chão de pedra e parou em frente a um sobrado. O balanço na varanda balançava com a brisa, chamando-a para se sentar ao invés de ir se aquecer para a corrida.

    Não. Ele balançou a cabeça. Jeicy duvidava que Cesar responderia se a garota do sexto ano, que havia roubado o seu coração, tinha dito algo a ele. 

    Bem, quem sabe amanhã. Eu tenho que correr um pouco, tudo bem? Você ficará bem sozinho por uns dez minutos?

    Ele revirou os olhos e saiu do carro. Eu tenho onze, e não seis.

    Céus, eu continuo esquecendo. Ela o seguiu até as escadas da varanda e então até a casa de tijolos desnivelados. Eles se separaram na entrada, Cesar se dirigindo para baixo e Jeicy para o seu quarto no andar de cima.

    Ela se trocou rapidamente. Provavelmente eram quase quatro.

    Normalmente o treino de Jeicy depois da escola incluía uma corrida severa de quarenta e cinco minutos, mas ela precisa de energia para a competição. Então ela se preparou para uma corrida rápida de dez. Ela pegou um atalho pelos jardins e por trás das casas, percorrendo pelo bairro rural onde todos tinham um acre ou dois pelo menos.

    Depois de dez minutos correndo, ela parou no final da entrada ao lado da caixa de correios, correndo no lugar enquanto checava o seu pulso. Permanecendo firme, ela pegou a correspondência e foi em direção a casa. Na varanda ela se alongou, deixando o batimento cardíaco voltar ao normal.

    Já voltei, ela gritou, a porta da frente se fechou atrás dela assim que ela entrou. Cesar?

    A única resposta era de seu piano lá embaixo. Se servindo de um pouco de água, Jeicy colocou a correspondência no balcão. Ela foi até a geladeira, os dedos agarrando as enchiladas que sobraram da noite passada.

    Sim! ela murmurou, pegando o pirex. Ela colocou um pouco em um prato e o enfiou dentro do micro-ondas, e então começou a ver a correspondência. 

    Seu irmão mais velho havia enviado um cartão postal de palmeiras em uma praia ensolarada. Ela virou o cartão. É, nós não estamos na praia. Na verdade, o tempo em Missoula é um saco, mas a escola está indo bem.  Estamos ansiosos para encontrar vocês mês que vem na Ação de Graças!

    Jeicy sorriu. Apesar de Missoula ficar somente a algumas horas ao norte, o frio parecia chegar lá mais rápido do que em Shelley, Idaho. Seth havia conseguido seus sócios em uma faculdade local, e então ele conheceu Megan Reynolds. Ele disse que estava se mudando para Montana para terminar os seus estudos, mas de alguma forma terminou noivo primeiro.

    O micro-ondas apitou. Jeicy retirou o jantar e o soprou um pouco. Algo vermelho no meio dos envelopes chamou a sua atenção, e ela vasculhou as contas e cartões até puxar um envelope pequeno. Estava endereçado a ela, e nada escrito no remetente além do número dez circulado.

    Ela virou o envelope procurando por algo mais. O endereço tinha sido digitado e a falta de identidade parecia ameaçadora. Ela apertou a carta entre os seus dedos. Nem parecia que havia algo dentro. Será que poderia ser...?

    Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. Não, não poderia ser de seu pai. Ninguém ouvira falar dele há mais de dois anos. Ela enviava e-mails para ele quase toda semana, mas ele nunca respondeu.

    Seus olhos se abriram. Acaba logo com isso.

    Um único cartão 3x5 caiu. Letras cortadas de revistas e coladas no cartão soletravam uma mensagem. É melhor você prestar atenção. É melhor você não chorar. É melhor você não fazer beicinho, e eu vou te dizer o porquê.

    Seu garfo escorregou de seus dedos e caiu no chão, assustando-a. O medo que havia tomado conta dela tão rápido, se dissipou. Nada além de uma canção boba de Natal, só isso. Seth, ela resmungou. Sem graça! Ela franziu a testa e jogou o cartão no lixo. Sempre brincalhão, mas às vezes ele ia longe demais.

    Jeicy? Agora era Cesar que surgia vindo do porão, com um olhar sério. Sua voz falhou levemente, o único indício de que o menino esbelto estava prestar a entrar na puberdade. Caiu alguma coisa?

    Eu deixei meu garfo cair. Ela lhe deu um sorriso e empurrou a comida de lado. Quando a mamãe chegar em casa, lembre ela de que eu tenho uma competição de cross-country, tá bom?

    Claro. Ele olhou o prato dela de enchiladas. Você vai comer isto?

    Não. Ela olhou para o relógio. Hora de ir. Fique à vontade. Tranque as portas e fique em casa. A mamãe chegará em meia hora.

    Eu sei, eu sei, ele disse, balançando a cabeça para evitar que ela tocasse no seu cabelo e o bagunçasse. 

    *~*

    Jeicy ficou em segundo lugar contra a Colégio Skyline durante a competição de cross-country. Tomara que ninguém tenha notado que não foi a melhor corrida dela. Ela se ajoelhou após a corrida e, como de costume, amarrou os sapatos.

    Boa corrida, Jeicy. Natasha, a capitã do time jogou uma toalha para ela.

    Obrigada.

    Rivera.

    Dois pés pesados pararam sob seu nariz. Jeicy não precisava levantar a cabeça para ver quem era. Treinadora?

    Fique depois da competição, sua voz grave ordenou. Eu quero falar com você.

    Jeicy piscou contra a o sol poente. Sim, Treinadora. A ansiedade apertou a sua garganta. Ela duvidava que isto seria uma conversa de comemoração.

    Ela olhou para a arquibancada onde sua melhor amiga, Amanda, estava sentada. Jeicy olhou para ela, e Amanda acenou, torcendo por ela, mostrando os dedões levantados.

    Os últimos corredores se amontoaram e ela se juntou aos seus colegas de time em volta da jarra d’água. Os meninos se alinharam para a corrida. As garotas torceram com entusiasmo, e então, se afastaram para se sentar com seus amigos e familiares nas arquibancadas.

    Jeicy permaneceu na mesa. Seus olhos estavam na corrida dos meninos, mas a sua mente não registrava nada daquilo. Sua pele úmida estava coberta por suor. Ela pegou uma mecha de cabelo, puxando-a para frente e passando os dedos nela. 

    Quinze minutos depois, os meninos se dispersaram, juntando-se ao redor da água. Eles a cumprimentaram alegremente, mas Jeicy só lhes deu um simpático sorriso e eles a deixaram sozinha.

    Os pontos finais foram anunciados e seu ânimo diminuiu. O Colégio Shelley tinha ficado em segundo e terceiro em ambas as corridas.

    Jeicy estava sozinha na mesa de água. A Treinadora Stock tirou um tempo para conversar com os outros corredores que a abordaram com perguntas. Uma brisa fresca da noite soprou os minúsculos cabelos na nuca de Jeicy, e ela mexeu os pés impacientemente. Ela olhou para Amanda na arquibancada. Ela ainda não tinha ido embora. Na verdade, ela tinha um grupo de garotos em volta dela, ela jogava a cabeça para trás, balançando os cachos ruivos e rindo. Pelo menos Jeicy não tinha que se preocupar com ela de se sentir sozinha.

    Finalmente a treinadora se virou para Jeicy, e Jeicy seguiu a dica para se aproximar.

    Você queria falar comigo?

    O que aconteceu lá, Rivera? Isso é moleza para você. Os três quilômetros é onde você brilha. Ela ergueu os punhos como se esmagasse uma laranja. Você deveria ter ganhado essa corrida. Parecia que você não estava nem tentando.

    Jeicy se esforçou para não fazer uma careta. Ela teria ficado em primeiro na corrida antes de Harvest Break há duas semanas, mas não fazia sentido trazer aquela história à tona agora. Só tornaria o fracasso de hoje ainda pior. Você está certa. Me desculpe. Eu tive um dia difícil.

    Separe os problemas, Rivera. Vida pessoal de um lado, corrida de outro. Eles não são bons parceiros de cama.

    Jeicy assentiu com a cabeça. Certo. Me desculpe.

    A treinadora acenou com a mão, dispensando-a. Então vá. Eu te vejo amanhã.

    Jeicy subiu na arquibancada para encontrar Amanda antes que a treinadora mudasse de ideia. Os admiradores de Amanda olharam para Jeicy e foram embora. 

    O que houve? Amanda sinalizou para o lugar vazio ao seu lado, seus brincos compridos brilhando à luz do sol. Amanda parecia mais velha do que dezessete, com delineador preto nos seus olhos verdes e gloss rosa nos lábios.

    Nada demais. Jeicy estava na ponta dos pés, alongando suas panturrilhas. Eu preciso comer. Como um sinal, seu estômago roncou ameaçadoramente. Ela ansiava por aquelas intocadas enchiladas agora.

    Claro. Amanda colocou a mochila nos ombros. De qualquer jeito, eu preciso de ajuda com o meu trabalho de química."

    Um grupo de garotos começou a descer do outro lado da arquibancada. Amanda respirou fundo, seus olhos voltados para eles. Ora, ora.  Joey McGinnis e seus amigos estão aqui.

    CAPÍTULO DOIS

    Jeicy reconheceu o garoto alto com cabelo preto. Ela conhecia Joey e o seu fiel companheiro Clyde das aulas de educação física – arrogantes idiotas que deram má fama aos esportes. O que eles estavam fazendo aqui?

    Desde quando eles se importam com cross-country? Amanda disse, refletindo os sentimentos de Jeicy.

    Jeicy sempre os viu fazendo seus exercícios na mesma hora que ela. Mas ela e seus colegas de time sempre terminavam muito antes deles. Ela nunca viu nenhum deles ficarem para assistir a nenhum evento. Dia longo para eles, ela disse.

    Joey levantou uma mão e acenou. Ei!

    Ei, Amanda respondeu.

    Jeicy olhou para frente e continuou descendo.

    Amanda correu atrás dela. Jeicy. Você não pode ignorar garotos para sempre.

    Por que não? Ela deu de ombros. Ela pegou sua mochila e foi em direção ao ginásio.

    Pior do que chegar em segundo, a sua corrida foi abaixo da média. Ela limpou as mãos nas coxas, querendo se livrar da falta do desânimo. Eu vou tomar banho.

    Nos encontramos no Subway? Amanda pegou a chave da bolsa.

    Jeicy colocou a mão na maçaneta da porta do ginásio e perou. Você se importa de esperar? Serei rápida.

    Normalmente ela não perguntaria. A maioria de seus colegas estariam lá dentro tomando banho. Ela poderia se virar sozinha se fosse necessário; ela frequentou aulas de defesa pessoal religiosamente por um ano.

    Era difícil ver o rosto de Amanda na luz fraca, mas ela tinha a impressão de que ela estava analisando-a. Você está bem, Jeicy

    Jeicy respirou fundo e segurou. Sim. Eu só não quero ficar sozinha agora.

    Claro, Amanda disse. Eu te espero lá dentro.

    *~*

    O Subway estava lotado, como se todo mundo que estava na competição de cross-country tivesse ido para lá. Jeicy pediu um lance de trinta centímetros de carne e queijo. Ela precisava de carboidratos e proteínas. Amanda tinha maçãs fatiadas e batatas assadas.

    Isto nem é bom para você, você sabe né, Jeicy disse com a boca cheia de comida.

    "Muito melhor do que isso que você está comendo. Eu não caberia neste jeans depois de duas mordidas neste lanche.

    Arrume jeans maiores, Jeicy disse.

    Que grossa, Jeicy. Coma a sua comida.

    Ela obedeceu, sorrindo para Amanda o tempo todo.

    Amanda resmungou alto. Como somos amigas?

    Jeicy só riu. Ela deu uma boa golada na limonada. Três anos atrás, se alguém tivesse dito a Jeicy que ela e Amanda seriam melhores amigas, ela teria dito que estariam loucos. Mas quando Jeicy foi sequestrada junto com Amanda, Callie, e Sara, ela não teve escolha a não ser trabalhar com as outras meninas se elas quisessem sobreviver. Embora elas fossem totalmente diferentes, o laço ente Amanda e Jeicy era tão forte como irmãs.

    Não olhe agora, Amanda disse, mas Joey acabou de entrar, e ele está olhando para você. Ela baixou os olhos para as suas maçãs fatiadas, mexendo nelas, mas sem realmente comê-las.

    Joey quem?

    Não seja tão difícil, Jeicy! McGinnis. O garoto com que acabamos de conversar?

    Ah certo. Ele provavelmente está olhando para você.

    Eu conheço o Joey faz três anos. Esta noite foi a primeira vez que ele disse oi.

    Amanda se inclinou para frente, baixando a sua voz. Nós não somos mais crianças, Jeicy. E você nunca nem beijou um garoto.

    Jeicy sentiu seu rosto esquentar, nem tanto pela insinuação de Amanda mas muito mais pelo fato de não ser verdade – e Amanda não sabia. Estou guardando os beijos para alguém especial. Não era exatamente uma mentira. Se ela tivesse conhecido um garoto que valesse a pena beijar, ela o teria beijado. E sendo assim, ela não tinha nem conhecido alguém que valia a pena conversar.

    Você está guardando o sexo para alguém especial. Você ainda pode namorar algum garoto agora.

    Hora de mudar de assunto. Está acontecendo alguma coisa entre você e Gavin? Ele já deveria ter aparecido a essa hora. Normalmente o motoqueiro alto acompanhava Amanda em todos os lugares, um braço possessivo coberto de couro pendurado em seus ombros.

    Amanda parou. Ela foi poupada da necessidade de responder quando um garoto robusto com olhos castanhos claros se acomodou em um local no estande de vinil perto dela.

    Joey McGinnis.

    Olá. Ele acenou para Amanda. Se importa se eu me sentar aqui?

    Se você quer. Ela deu de ombros e olhou para Jeicy com os olhos arregalados.

    Eu esperava te ver aqui. Um sorriso autoconfiante apareceu no rosto de Joey enquanto ele recostava no estande, os olhos dele em Jeicy.

    Ela tomou um pouco de sua limonada, considerando sua resposta. Eu te conheço? ela perguntou diretamente.

    Claro. Eu estou na sua turma de física avançada.

    Jeicy levantou uma sobrancelha surpresa por ele ter notado ela.

    Ei Joey! Clyde se inclinou sobre a estande em sua jaqueta vermelha, olhando curiosamente para Amanda e Jeicy antes de focar em seu amigo. Você se perdeu? Vamos cara!" Ele acenou com a cabeça na direção de vários garotos com roupas parecidas na saída.

    Certo. Joey ficou, passou a mão pelo cabelo curto preto. Eu te vejo por ai, Jeicy.

    Jeicy! Amanda disse, tomando um pouco de água. Você não tem que ser tão grossa!

    Ele provavelmente só precisava de ajuda com os exercícios de física. Ainda. Ela se endireitou o suficiente para espiar por cima do assento de Amanda os garotos se amontoarem em uma enorme caminhonete.

    Falando em lição de casa. Podemos? Amanda colocou a mochila na mesa e retirou um livro grosso.

    Sim. Uma sensação de alívio tomou conta de Jeicy assim que a mente dela mudou o foco para ciências. Isto ela poderia aguentar.

    *~*

    Sexta.

    A semana da salvação na escola, o oásis no deserto depois de quilômetros de sensação de ressecamento.

    Jeicy conseguiu correr hoje, sua lição de casa estava feita, e com alguma sorte, a treinadora não iria atacá-las depois do treino. O fim de semana estava praticamente na sua cara, a linha de chegada à vista.

    Ela trocou seus livros e fechou o armário, e então seguiu para a sala de ciências. Vários alunos circulavam à sua frente, mas ela os ignorava, e eles a ignoravam também.

    No primeiro ano após o sequestro, sussurros e olhadas a seguiam em todos os lugares. Ela sabia que eles estavam falando sobre ela, se perguntando o que teria acontecido a ela. Ninguém realmente conversava com ela, embora...

    Jeicy tinha dado o melhor de si para ser invisível, e eles eventualmente teriam esquecido dela. A sua escola tinha programação em blocos, então os dias B começavam com a quinta aula e terminavam com a oitava aula, com cada aula tendo mais de uma hora de duração. A quinta aula se arrastou. Finalmente, a sexta aula chegou.

    A Srta. Montgomery estava do lado de fora da sala conversando com outro professor. Jeicy passou de fininho por ela. Os outros alunos estavam sentados uns nas mesas dos outros rindo e fofocando ou mandando rápidas mensagens antes que o sino tocasse.

    Joey correu para dentro da sala segundos antes do sinal terminar, merecendo bus e torcidas de seus colegas de sala. Ele sorriu para ninguém em particular e se jogou em uma cadeira na frente de Jeicy. Suas longas e esguias pernas esticadas sob a mesa.

    A Srta. Montgomery entrou, fechando a porta. Por favor, passem as suas tarefas, ela disse, rabiscando algo no quadro branco. E juntem-se com os seus parceiros. Eu quero ver o que vocês fizeram até agora para a feira de ciências.

    Cadeiras eram arrastadas pelo chão e conversas se iniciavam, mas Jeicy não se mexeu. Ela tirou a hipótese de que ela começaria a escrever um esboço do projeto dela.

    ’Jeicy. Srta. Montgomery parou ao lado de sua mesa.  Quem é o seu parceiro?

    Jeicy levantou um dos ombros. Eu não escolhi ninguém. E ninguém também havia escolhido ela. Eu consigo fazer sozinha.

    Claro que sim, Jeicy. Metade da sala consegue. Mas às vezes você tem que aprender como trabalhar com outras pessoas.

    Jeicy fez uma careta. Pelo menos se ela trabalhasse sozinha, ela não teria que depender de ninguém.

    Srta. Montgomery. Joey se levantou e juntou-se a elas, seu sorriso confiante substituído por uma expressão acanhada. Ele passou a mão pelos cabelos. Eu também não tenho nenhum parceiro. Eu serei o parceiro dela.

    Jaci franziu a testa. Onde está Clyde? Clyde era um chato, e os dois sempre estavam juntos.

    Joey apontou com a cabeça para trás. Fazendo par com a Jessica.

    Ela seguiu a direção dos olhos dele e viu Clyde de pé atrás de Jessica, as mãos grandes dele segurando os ombros da pequena loira. "Ah? E qual é o projeto deles?

    Ótimo, isso ajeita tudo, Srta. Montgomery disse, já se movendo na direção de Clyde e Jessica. Vão em frente e podem começar.

    Joey se sentou na mesa de Jeicy. Ela puxou o papel para perto dela, não querendo compartilhar seu trabalho e suas ideias com ele.

    Ele sorriu para ela, dentes brancos brilhando.  Tão brancos para serem naturais. Você tem alguma ideia? O que nós devemos fazer?

    Jeicy cuidadosamente dobrou o seu papel e colocou-o dentro da sua pasta. Não sei. O que você acha? Seu projeto em padrões do sono e luz do sol teria que esperar.

    Ele apertou os olhos e cutucou os dentes com um palito de dente. Bem, ele começou, nós poderíamos fazer... ou talvez...

    É por isso que você quis ser meu parceiro? Jeicy perguntou. Você achou que eu tinha alguma ideia brilhante?

    Os olhos dele se arregalaram. Não! Bem, tenho certeza de que você tem ideias brilhantes. Mas, de qualquer modo, você precisava de um parceiro. E eu também, certo?

    Certo. Jeicy olhava para ele desconfiada.

    Já sei. Aquele sorriso iluminou o rosto dele de novo. Por que não fazemos isso, quantas lambidas são necessárias para acabar com um pirulito?

    Ele estava falando sério? Já foi feito.

    Ah. Você sabe a resposta?

    Jeicy resistiu ao impulso de tirar o telefone do bolso e dar um Google. Péssimo hábito. É fácil de descobrir.

    É. Verdade. Tudo bem. Joey se encostou na cadeira e batucava com as mãos na mesa. Que tal isso, quantas mordidas para comer um Twizzler?

    Desta vez Jeicy não conseguiu controlar a risada. Estes não são exatamente experimentos reais.

    Claro que são. Está bem. Que tal isso? Que tipo de queijo – não, sorvete! Que tipo de sorvete você é?

    Jaci levantou uma sobrancelha. Por ter dois irmãos, ela sabia que a maioria dos pensamentos se resumiam em comida, mas isso era ridículo. Como?

    Joey chegou mais perto, seu palito de dente subindo e descendo no canto da boca. Eu consegui. Sim! Qual é o seu sorvete favorito?

    Chocolate com avelã, Jeicy respondeu sem hesitar.

    Viu? Ele apontou o palito de dente para ela. Nunca ouvi falar. Complicado. Múltiplos sabores. Seus olhos castanhos se enrugaram com o seu sorriso. Todo sorvete é uma personalidade. Nós o deciframos.

    Jeicy percebeu aonde ele estava indo com isso. Qual é o seu sabor favorito?

    Eu não vou te contar. Eu serei um dos objetos de estudo.

    Ela o estudou. Carismático, fútil, animado. Ele seria um daqueles sabores extravagantes, como sorvete de laranja. Barulhento, colorido, excessivo.

    Ele tinha uma folha de papel agora e estava escrevendo os sabores dos sorvetes nela. Então, vamos fazer o seguinte. Nós imaginamos o que os sabores são, certo? E então, nós montamos um grupo de teste, e adivinhamos quais sabores combinam com eles. E então, testamos todos eles e checamos se estávamos certos!

    Jeicy se moveu mais para perto, uma ponta de animação em seu peito. Isto pode realmente dar certo, ela admitiu.

    É isso ai! Joey abriu um sorriso contagiante. Este é o espírito!

    Certo. Jeicy escreveu a teoria deles no papel. Não era só uma boa ideia, mas também seria muito mais divertido do que as ideias dela.

    Ótimo pessoal, vamos guardar o projeto e voltar às suas cadeiras, Srta. Montgomery falou, conduzindo a sala de volta à ordem. Ela começou a aula, sua voz tirando a atenção de Jeicy do projeto de ciências.

    O sino tocou, e os alunos saltaram de suas cadeiras.

    Bom, o que você acha? Joey se inclinou para perto. Tudo bem por você de eu ser o seu parceiro?

    Acho que sim. Ela enrolou uma mecha de cabelo em seu dedo.

    Legal. Ele se levantou e colocou a mochila no ombro. Pegando o seu telefone, ele correu com os olhos nas notificações na tela. Qual é o seu número? Eu te ligo, e nos encontramos.

    Ela passou o número, e Joey anotou-o no celular dele.

    Ótimo. Eu te ligo. Ele lhe deu outro sorriso e deu uma corrida de leve para fora da sala.

    Jeicy ficou sentada por um momento, um pouco atônita. Ela não estava interessada em Joey. Ela não estava interessada em ninguém.

    Então por que o coração dela estava acelerado?

    Não é nada, ela disse para si mesma, não se mexendo do lugar. É só um garoto querendo uma nota boa na tarefa dele.

    O resto da sala passou por ela e Jeicy se levantou. Estranho, ela murmurou.

    Ela passou por entre os alunos no corredor e parou em frente ao armário dela, jogando a mochila nele antes de ir ao banheiro.

    Amanda já estava lá, com um laque na mão que ela espirrava nos longos cabelos ruivos, forçando os cachos a se refazerem com o seu toque.

    Ei. Jeicy parou em frente ao espelho e soltou o cabelo liso preto. Agarrado a sua cabeça como um capacete, marcado por ter sido preso em um rabo-de-cavalo depois que ela tomou banho. Ela escovou os cabelos com os dedos na tentativa de lhes dar algum volume.

    Ei. Amanda reaplicou pó no rosto, mesmo não sendo necessário. Você não vai acreditar no que a vaca velha fez. Ela nos fez fazer vinte flexões cada na ginástica. Quem tem que fazer educação física no colegial?

    "Qualquer um que não faz nenhum esporte. Flexão faz bem para você.

    Claro que você pensa que sim. Amanda guardou os seus objetos e colocou a mochila nos ombros. Então. Podemos ir comer? Ela analisou Jeicy e estreitou os olhos. Cara. Por que o seu cabelo está solto?

    Amanda havia passado metade do verão com a mãe dela na Califórnia, e ela trouxe essa nova palavra. Cara. E ela aplicava o máximo que ela conseguia. Ah. Jeicy prendeu o cabelo de novo. Eu só não tinha prendido de volta ainda.

    Amanda levantou uma sobrancelha. Você está tentando impressionar alguém?

    Ah sim claro, Jeicy gargalhou. E quem eu estaria tentando impressionar? Gavin? Ela seguiu Amanda para fora do banheiro.

    Seja gentil.

    Elas entraram na lanchonete, imediatamente foram tomadas pelo cheiro de comida processada e o barulho de milhares de alunos preenchendo as suas necessidades sociais. Jeicy conhecia Amanda e sabia que ela traria a sua maçã e água aromatizada de costume. Qualquer coisa para ajudá-la a manter forma palito.

    Jeicy jamais seria capaz de fazer uma dieta dessas, e além do que, ela já

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