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Geração Perdida: Por que os jovens estão abandonando a igreja e repensando a fé.
Geração Perdida: Por que os jovens estão abandonando a igreja e repensando a fé.
Geração Perdida: Por que os jovens estão abandonando a igreja e repensando a fé.
E-book359 páginas6 horas

Geração Perdida: Por que os jovens estão abandonando a igreja e repensando a fé.

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Sobre este e-book

Milhões de jovens cristãos se desligam da igreja quando entram na idade adulta. E isso não é uma simples estatística. Estes jovens são pessoas de verdade, que têm uma história para contar.
"Aprendi com a igreja que eu não podia acreditar ao mesmo tempo na ciência e em Deus, então não tive saída. Não acredito mais em Deus." - Mike
"Quando escrevo uma música que não é usada do jeito que os cristãos aceitam, sou massacrado por causa disso. Para que, então, devo usar meus talentos?" - Sam
"Me senti como se tivesse levado uma facada nas costas. [...] Eu lembro que voltei para casa pensando: Meus amigos de fora da igreja nunca fariam isso comigo." Sara
"Meu sentimento é de que a forma como a igreja lida com a sexualidade está muito ultrapassada." - Dennis
O autor do best-seller Descrentes revela os resultados há muito esperados de um novo estudo com jovens de 18 a 29 anos, vindos de lares cristãos, mas que abandonaram a igreja e até mesmo a fé. Descubra porque tantos deles estão se desligando da fé e o que você pode fazer para influenciar essa "Geração Perdida", com a convicção de que Deus está agindo nesta nova geração.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jun. de 2021
ISBN9786599482816
Geração Perdida: Por que os jovens estão abandonando a igreja e repensando a fé.

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    Geração Perdida - David Kinnaman

    Capa do livro 'Geração perdida: Por que os jovens cristãos estão abandonando a Igreja e repensando a fé', de David Kinnaman e Aly HawkinsFolha de rosto. Título: Geração perdida - Por que os jovens cristãos estão abandonando a Igreja e repensando a fé. Autores: David Kinnaman e Aly Hawkins. 1ª edição. Tradução: Aline de Paula Lima Monteiro. Revisão: Marcelo Brandão Cipolla. Editora: Universidade da Família. Pompeia, São Paulo. 2014.

    © 2011 by David Kinnaman

    Título Original: You Lost Me: why young christians are leaving church, and rethinking faith

    Originalmente publicado nos EUA por: B

    AKER

    B

    OOKS

    P.O. Box 6287, Grand Rapids, MI 49516-6287, USA

    As citações bíblicas foram retiradas das versões Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) e Nova Versão Internacional (NVI).

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer modo ou por quaisquer meios sem prévia permissão por escrito da Associação Nova Shalom – Universidade da Família.

    Direção e edição: Stefan Dyo Nishimura

    Tradução: Aline de Paula Lima Monteiro

    Revisão: Marcelo Brandão Cipolla

    Revisão de texto e leitura de prova: Izabel Bueno

    Capa: Adaptada do original pelo Depto Comunicação UDF

    Design: Kingdom Industry (capa original)

    Fotografia: Breanne Vaughn Thompson

    Diagramação: Adaptada do original por Waldemar Suguihara

    Produção de e-book: André Caniato

    Impressão: Bless Gráfica e Editora Ltda.

    CIP – Brasil. Catalogação na Fonte

    Bibliotecária: Karina Harumi Iwashita. CRB 8/6.539

    K63g

    Kinnaman, David

    Geração perdida: Por que os jovens cristãos estão abandonando a Igreja e repensando a fé / David Kinnaman e Aly Hawkins. Tradução de Aline de Paula Lima Monteiro. – 1ª ed. – Pompeia: Universidade da Família, 2014.

    258 p.; 14x21cm

    Título original: You lost me: why young christians are leaving church, and rethinking faith

    ISBN 978-65-994828-1-6

    1. Homem – Relacionamento com Deus. I. Título

    CDD 233

    Índices para catálogo sistemático

    1. Homem – Relacionamento com Deus – 233

    ASSOCIAÇÃO NOVA SHALOM

    Rua José Cândido Prizão, 543

    17580-000 – Pompeia, SP

    telefone: (14) 3405-8500

    SUMÁRIO

    Explicando a geração perdida

    Parte 1: Afastamentos

    1. A fé interrompida

    2. Acesso, alienação, autoridade

    3. Nômades e pródigos

    4. Exilados

    Parte 2: Desligamentos

    Explicando o desligamento

    5. Superprotetora

    6. Superficial

    7. Anticientífica

    8. Repressora

    9. Exclusivista

    10. Dogmática

    Parte 3: Religamentos

    11. O que é velho se renova

    12. Cinquenta ideias para reencontrar uma geração

    Agradecimentos

    A pesquisa

    Notas

    Índice de colaboradores

    Dedicado à geração anterior

    Donald Kinnaman (1921-1997)

    Esther Kinnaman (1925-2008)

    Walter Rope (1917-1999)

    Irene Rope (1921-1991)

    e à próxima

    Emily Kinnaman (1999)

    Annika Kinnaman (2001)

    Zachary Kinnaman (2004)

    Grant Culver (2003)

    Lauren Culver (2005)

    Kaitlyn Culver (2007)

    Luke Culver (2009)

    Oliver Kinnaman (2011)

    Grace Kinnaman (2009)

    Isaac Kinnaman (2011)

    Ellie Kinnaman (2010)

    Sydnee Michael (2010)

    Josh Rope (1995)

    Abi Rope (1997)

    Sarah Rope (1999)

    Salmo 100.5

    Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno; a sua fidelidade permanece por todas as gerações.

    EXPLICANDO A GERAÇÃO PERDIDA

    Parece que eles estão lendo um roteiro.

    Os jovens adultos descrevem sua jornada individual de fé com uma linguagem tão parecida que chega a assustar. A maioria de suas histórias narram um distanciamento significativo em relação à igreja – e, às vezes, em relação ao próprio cristianismo. Mas não é apenas esse abandono que eles têm em comum. Muitos jovens que cresceram na igreja e posteriormente a abandonaram não hesitam em acusá-la. Com ou sem razão, eles apontam o dedo para a instituição e dizem: nossa geração foi perdida.

    Anna e Chris são dois desses jovens. Eu os conheci em uma viagem recente a Minneapolis. Anna é ex-luterana, agora agnóstica. Depois de passar anos se sentindo distante, ela se afastou de vez por causa do sermão apocalíptico que o pastor fez em sua cerimônia de casamento. Chris é um ex-católico que se tornou ateu há muitos anos, em parte por causa da maneira como a igreja tratou o divórcio de seus pais.

    Conheci Graham em outra viagem de negócios. Líder nato, ele frequentava um programa de estudos para jovens cristãos. Contudo, confessou: Não sei muito bem se realmente ainda creio em todas essas coisas. Quando oro, sinto que só estou jogando palavras ao vento.

    Quando eu estava terminando a edição final deste livro, encontrei-me por acaso com Liz, uma moça de vinte e poucos anos que frequenta minha igreja local em Ventura, Califórnia. Quando ela estava no ensino médio, eu era um dos adultos voluntários no seu grupo de jovens. Ela disse que, apesar de ter sido criada na igreja e frequentado uma faculdade cristã, vinha lutando contra uma sensação de isolamento e sentia-se julgada por seus colegas cristãos. Então conheceu uma família de outra religião e ficou impressionada com eles. Algumas semanas antes do nosso encontro, ela decidiu se converter e juntar-se a eles.

    ***

    Cada história é única, embora tenha muito em comum com as histórias únicas de milhares de outros jovens adultos. Os detalhes são diferentes, mas o tema do afastamento aparece vez após outra, muitas vezes acompanhado pela sensação de que a decisão de se desligar não estava nas mãos deles. Um de meus colegas me encaminhou um artigo sobre a perda de tantos fiéis jovens sofrida pela Igreja Católica. Entre os comentários publicados on-line, estes dois se sobressaíram:

    Me pergunto qual porcentagem de […] católicos perdidos se sente como eu: não fomos nós que deixamos a igreja, mas, de certa forma, foi a igreja que nos deixou.

    Persisti por muito tempo, achando que era necessário travar aquela luta interior para continuar; mas, por fim, entendi que eu estava prejudicando meu relacionamento com Deus e comigo mesmo e senti que não tinha outra escolha senão sair [1].

    Os temas já familiares que se extraem de histórias como essas não facilitam em nada para os pais e líderes de igreja, que têm investido muito esforço e oração na vida dos jovens, a tarefa de ouvi-los. Na verdade, as descrições que os pais fazem do fenômeno da Geração Perdida também são espantosamente parecidas. Pam, uma mãe muito sincera, fez questão de falar comigo após uma conferência. Sua pergunta era o que deveria fazer a respeito de seu filho, um estudante de engenharia que, tendo sido cristão devoto por muitos anos, tinha agora fortes dúvidas sobre a fundamentação lógica do cristianismo e sua aplicabilidade à vida concreta.

    Almocei com outro pai cristão que estava à beira das lágrimas porque seu filho de 19 anos lhe havia comunicado que não tinha mais nada a ver com a religião dos pais.

    – David, não consigo explicar nosso sentimento de perda em relação a ele. Tenho esperança de que ele recupere a fé, porque vejo o quanto ele é bom e generoso. Mas é tão difícil para a mãe dele e para mim! E mal consigo suportar o modo como as escolhas negativas dele estão afetando nossos filhos mais novos. Tenho de me segurar para não pedir que ele saia de casa.

    OS CONFLITOS DOS JOVENS CRISTÃOS

    Se você leu meu livro anterior, Descrentes, escrito em parceria com Gabe Lyons, talvez se pergunte qual é a relação entre este novo projeto e aquela pesquisa. Descrentes busca as razões pelas quais os jovens não cristãos rejeitam a fé cristã e explora a reputação em constante transformação dos cristãos, principalmente evangélicos, em nossa sociedade. O enfoque do livro está nas opiniões e prioridades de jovens não cristãos, ou observadores externos (outsiders), como os chamamos.

    Geração Perdida, por outro lado, fala sobre os jovens da casa (insiders). Em seu cerne estão as histórias irreverentes, sinceras e, muitas vezes, dolorosas de jovens cristãos – ou de jovens adultos que já se intitularam cristãos – que abandonaram a igreja e, às vezes, a fé. O título do livro é inspirado na fala e na mentalidade deles e reflete o desprezo que eles têm pela comunicação unilateral, o seu desligamento em relação à fé formalista e o desconforto que sentem diante de uma apologética que parece nada ter a ver com o mundo real. Geração Perdida trata da opinião deles a respeito das igrejas, do cristianismo e da cultura. Dá voz a suas preocupações, esperanças, desilusões, frustrações e decepções.

    Toda uma geração de jovens cristãos acredita que as igrejas onde foram criados não são lugares seguros e hospitaleiros onde podem expressar suas dúvidas. Muitos sentem que ouviram respostas dúbias e deficientes para seus questionamentos sinceros e complexos e estão rejeitando os pregadores profissionais e os tópicos de discussão que fazem sucesso entre as gerações mais velhas. Geração Perdida reflete a conclusão deles de que a igreja institucional os deixou na mão.

    Quer essa conclusão seja justa ou não, é verdade, sim, que a comunidade cristã não compreende bem as preocupações, dificuldades e mentalidades novas e nem tão novas desses jovens afastados, e espero que Geração Perdida ajude a preencher essa lacuna. Por causa da minha idade (37 anos) e do meu cargo de pesquisador, volta e meia me pedem que explique às gerações mais velhas como são os jovens e quais são as suas preocupações. Aceito a tarefa de bom grado porque, apesar de suas deficiências, acredito na próxima geração. Acho que eles são importantes, e não apenas por causa do clichê os jovens de hoje são os líderes de amanhã.

    A história – a grande luta – dessa geração emergente consiste em aprender a viver com fé em um novo contexto, a estar no mundo, mas não ser do mundo. A expressão estar no mundo, mas não ser do mundo vem da oração de Jesus por seus discípulos, registrada no capítulo 17 do Evangelho de João. Para a próxima geração, as distinções entre o certo e o errado, entre a verdade e o erro, entre a influência cristã e a acomodação cultural estão cada vez menos claras. É certo que esses desafios são enfrentados por todas as gerações, mas este momento cultural é, ao mesmo tempo, uma oportunidade singular e uma ameaça sem igual à formação espiritual da igreja de amanhã. Muitos jovens adultos estão vivendo a tensão de estar no mundo, mas não ser do mundo de maneiras que precisam ser aperfeiçoadas ou aplaudidas, mas que em vez disso geralmente são criticadas ou rejeitadas.

    Na história vibrante e volátil da próxima geração, um novo discurso espiritual está começando a aparecer. Através das lentes deste projeto, comecei a compreender certas reclamações deles e a concordar com algumas delas — nem todas, porém. Devemos nos preocupar, no entanto, com algumas atitudes e comportamentos com os quais nos deparamos na próxima geração de cristãos; por outro lado, também vejo razão para depositarmos nossa esperança no melhor que eles têm a oferecer. Ao que tudo indica, eles estão preparados para ser não só meros ouvintes da doutrina, mas também praticantes da fé; querem pôr sua fé em ação, não apenas falar dela. É fato que muitos jovens que abandonam a fé encontram-se em um impasse na sua busca espiritual, mas um número significativo deles está revigorando sua fé com novas ideias e nova força.

    Acredito que a igreja estabelecida pode aprender novos modelos de fidelidade com essa geração tão empenhada em repensar a fé e a prática. Geração Perdida busca explicar o contexto cultural da próxima geração e analisar a seguinte questão: como podemos seguir Jesus – e ajudar os jovens a seguir Jesus fielmente – em uma cultura em drástica e constante transformação?

    UMA NOVA MENTALIDADE

    Esta é uma pergunta a que toda geração moderna de crentes deve responder. Creio que a igreja como um todo pode encontrar respostas novas e revigorantes no âmago dessas histórias de jovens em conflito com a fé. Vamos dar a esse processo o nome de mentoreamento reverso, porque nós, a geração cristã estabelecida, temos muito a aprender com a geração emergente [2].

    Estamos em um ponto crítico na vida da igreja norte-americana; a comunidade cristã deve repensar seus esforços de discipulado. Muitas das concepções sobre as quais construímos nosso trabalho com jovens estão arraigadas nos paradigmas mecanicistas e na produção industrial em massa da era moderna. Alguns ministérios (embora nem todos) têm seguido o exemplo das linhas de montagem, fazendo tudo o que podem para agilizar a produção de novos e brilhantes seguidores de Jesus, direto da fábrica. Mas discípulos não podem ser produzidos em massa [3]. Os discípulos são feitos à mão, um por um: um relacionamento de cada vez.

    Precisamos de novos arquitetos para projetar abordagens interligadas para a transferência de fé. Precisamos de novos ecossistemas de aprendizagem espiritual e vocacional que apoiem relacionamentos mais profundos e uma formação mais vibrante da fé. Precisamos reconhecer nessas gerações a transição das habilidades do lado esquerdo do cérebro, como a lógica, a análise e a estrutura, para as aptidões do lado direito do cérebro, isto é, a criatividade, a síntese e a empatia. Precisamos renovar nosso catecismo e nossas confirmações – não porque necessitamos de uma nova teologia, mas porque suas formas atuais raramente produzem uma fé profunda e sólida nos jovens. Necessitamos repensar nossas concepções, e precisamos da criatividade, da honestidade e da vitalidade da próxima geração para nos ajudar.

    Antes de mais nada, reconheça que precisamos tanto da responsabilidade individual quanto da oportunidade institucional. Nossos relacionamentos interpessoais são importantes. Precisamos deixar que o Espírito Santo nos oriente na educação de nossos filhos, em nosso mentoreamento e em nossas amizades. Contudo, não podemos garantir a fé da próxima geração simplesmente por meio de relacionamentos melhores. Instituições como os meios de comunicação, as escolas, a igreja e o governo, entre outras, influenciam significativamente a jornada de fé da próxima geração. Conclusão: temos que reexaminar o conteúdo de nossos relacionamentos e a forma de nossas instituições.

    Acaso você, como eu, sente que nos encontramos em um ponto crítico para o conteúdo e a forma da comunidade cristã no Ocidente? Na biografia de Dietrich Bonhoeffer [*], Eric Metaxas descreve nitidamente a liderança e a clareza que o pastor alemão demonstrou ao compreender os males do espírito de sua época (o nazismo) e a trágica capitulação da igreja diante da cultura. Metaxas escreve o seguinte a respeito da atmosfera cultural tóxica da Alemanha naquele tempo: "A Primeira Guerra e a subsequente depressão e desordem geraram uma crise na qual principalmente a geração mais jovem perdeu toda a confiança na autoridade tradicional e na igreja. A ideia alemã do Führer nasceu dessa geração e de sua busca por significado e orientação para sair de seus problemas" [4].

    Nossas pesquisas no Grupo Barna me levam a crer que a próxima geração de cristãos sofre uma crise semelhante de confiança nas instituições – não só na igreja, mas também no governo, nas empresas, no sistema educacional e no casamento. Não estou dizendo que nossos tempos são propícios para o surgimento de um novo Führer – Deus nos livre! –, mas quero, sim, lembrar que nosso momento cultural exige de nós clareza e liderança semelhantes às de Bonhoeffer. Onde as instituições haviam fracassado com a nova geração, ele interveio como mentor, confidente e amigo. Onde a cultura exigia a obediência automática em troca da sensação de pertencer ao grupo, ele criou uma comunidade alternativa profundamente centrada no Reino. Onde a igreja abonava as crenças e práticas profanas do nazismo, ele se dirigia profeticamente e com severidade a seus líderes e partidários, desafiando-os a arrepender-se e a corrigir-se.

    Nos capítulos seguintes, exploraremos os deslocamentos tectônicos da nossa cultura. Ouviremos diretamente os jovens afastados e colocaremos suas histórias pessoais contra o pano de fundo de uma mudança cultural intensa, para que possamos compreender melhor as transformações de sua visão de mundo. Se começarmos a captar quais são seus valores, seus pressupostos e seus objetos de lealdade, creio que obteremos, como Bonhoeffer obteve, uma nova visão de como os cristãos podem obedecer à ordem de Jesus de fazer discípulos nesta e nas futuras gerações.

    Quero agradecer aos milhares de jovens da Geração Mosaico que compartilharam suas experiências para este projeto. (Veja, na página 246, as definições de termos como Geração Mosaico, Geração da Queda e Geração da Explosão, entre outros.) Se você for um jovem adulto, talvez veja nestas páginas um reflexo de sua própria história. Espero que este livro lhe dê a certeza de que você não está sozinho, de que há muitos cristãos ávidos por ouvi-lo e por envolver-se novamente, em sua companhia, no caminho grande e desafiador do seguimento de Jesus. Quero crer que Deus talvez possa usar este livro para ajudá-lo a encontrar o caminho de volta para Cristo e sua igreja.

    Se você for pai ou mãe, avô ou avó, educador(a), pastor(a) ou um(a) jovem líder cristão(ã), meu objetivo para este livro é que ele sirva como um recurso para ajudá-lo a pensar sobre como a fé é transmitida entre as gerações. Além do ponto de vista dos jovens, Geração Perdida traz contribuições de especialistas e formadores de opinião das gerações anteriores. Dada essa multiplicidade de pontos de vista, quase posso garantir que alguns deles, que descobriremos juntos, farão com que você se sinta ameaçado, impressionado e talvez até um pouco culpado. Meu objetivo é provocar uma nova maneira de pensar e agir no processo crítico de desenvolvimento espiritual da próxima geração. A comunidade dos crentes precisa de uma mentalidade totalmente nova a fim de perceber que a maneira como desenvolvemos a fé dos jovens – a maneira como os temos ensinado a se envolver no mundo como discípulos de Cristo – está em descompasso com suas dúvidas, preocupações e sensibilidades em relação ao mundo que lhes pedimos para mudar por amor a Deus. Quer estejamos inseridos em uma tradição católica, evangélica ou ortodoxa, precisamos ajudar a próxima geração de seguidores de Cristo a lidar bem com a adaptação cultural; precisamos ajudá-los a viver no mundo sem ser do mundo. E, nesse processo, todos nós estaremos mais bem preparados para servir a Cristo em um cenário cultural em constante transformação.

    Mas, primeiro, precisamos compreender o problema do afastamento.

    Para ver um resumo das pesquisas do Grupo Barna apresentadas neste livro e questões para discussão sobre cada capítulo, entre no site www.youlostmebook.com.


    * Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) foi teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã antinazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista. (N. do E.)

    Parte 1: Afastamentos

    1. A FÉ INTERROMPIDA

    Milhões de jovens adultos deixam de envolver-se ativamente na igreja quando saem da adolescência. Alguns nunca retornam, enquanto outros vivem indefinidamente à margem da comunidade dos crentes, tentando definir sua própria espiritualidade. Alguns voltam a se comprometer firmemente com uma igreja estabelecida, enquanto outros permanecem fiéis durante toda a transição da adolescência para a idade adulta e a maturidade.

    Neste capítulo, quero atingir dois objetivos: definir o problema do afastamento e explicar sua urgência. Uma compreensão clara do fenômeno do afastamento preparará o terreno para nossa exploração da jornada de fé dos jovens adultos. Existe mesmo um problema de afastamento? Caso exista, por que tantos adolescentes espiritualmente ativos colocam sua fé – ou ao menos sua ligação com uma igreja – na prateleira quando chegam à idade adulta? Por que jovens criados em bons lares cristãos se desviam quando estão chegando à idade adulta?

    No capítulo 2, trataremos do segundo conjunto de grandes perguntas: O problema do afastamento desta geração é o mesmo das gerações anteriores? O que há de tão diferente no afastamento da Geração Mosaico (que alguns chamam de Geração do Milênio)? A cultura realmente está mudando tanto nessa geração emergente?

    Começo descrevendo meu trabalho.

    EM BUSCA DE PISTAS

    Ser um pesquisador significa ser em parte ouvinte, em parte detetive. As quase 30 mil entrevistas que conduzimos todos os anos no Grupo Barna dão à nossa equipe a ampla oportunidade de ouvir o que está acontecendo na vida das pessoas. Quando acabamos de ouvir, colocamos nossos chapéus de detetive e juntamos as peças das tendências que moldam nossa vida coletiva e nossas comunidades de fé.

    Uma grande peça do quebra-cabeça do afastamento se encaixou para mim no ano de 2003. Num dia tempestuoso de outono, durante uma visita à cidade de Grand Rapids, Michigan, escrevi um artigo baseado em nossa descoberta de que os jovens de vinte e poucos anos estavam tendo dificuldade para encontrar seu lugar nas igrejas cristãs. Quando publicamos o texto na internet, em poucos dias ele foi acessado por uma quantidade considerável de leitores. O artigo até apareceu em um programa da ABC News, que apresentou nossa pesquisa e também uma entrevista com Tim Keller, pastor da Redeemer Presbyterian Church, destacando seus esforços para transmitir o cristianismo aos jovens em Manhattan.

    Alguns anos depois, em 2007, Gabe Lyons e eu lançamos um livro chamado Descrentes, que estuda como os jovens não cristãos interpretam o cristianismo. Além de me familiarizar com a visão extraordinariamente negativa da fé cristã que os jovens observadores externos tinham, fiquei chocado com o fato de os dados também revelarem as frustrações dos jovens cristãos. Milhões de jovens cristãos também estavam descrevendo o cristianismo como hipócrita, intolerante, político demais e desligado da realidade.

    Esses testemunhos pediam mais atenção. Então, nossa equipe se concentrou em conhecer melhor a próxima geração de cristãos. Queríamos compreender por que eles abandonam a igreja. Queríamos ouvir sobre suas dificuldades para deixar que o cristianismo fincasse raízes duradouras. Queríamos, ainda, descobrir como e por que eles estão repensando a fé e se esse processo é semelhante ao vivido pelas gerações anteriores ou diferente dele. Também queríamos, por fim, identificar áreas de esperança, crescimento e vitalidade espiritual no trabalho da igreja com jovens adultos.

    Ao longo dos últimos quatro anos, fizemos tudo isso. Nossa equipe no Grupo Barna examinou centenas de estudos e livros sobre a questão das gerações, consultou especialistas e professores e sondou as opiniões de pais e pastores. Compilamos e analisamos o banco de dados do Grupo Barna, com centenas de milhares de entrevistas realizadas num intervalo de mais de 27 anos, para compreender a dinâmica geracional da formação da fé. Somente para este projeto fizemos oito novos estudos científicos completos, em âmbito nacional, incluindo aproximadamente 5 mil novas entrevistas. Nossa pesquisa foi feita sob medida para compreender os jovens entre 18 e 29 anos, pedindo-lhes que descrevessem suas experiências com a igreja e a fé, o que os afastou e que ligação ainda resta entre eles e o cristianismo.

    Baseado em tudo isso, convido você a conhecer a próxima geração. Enquanto os conhecemos juntos, precisamos ter em mente três realidades:

    O envolvimento de adolescentes na igreja continua forte, mas muitos adolescentes motivados, tão comuns nas igrejas norte-americanas, não estão se tornando discípulos fiéis de Cristo quando chegam à idade adulta.

    Há diferentes tipos de afastamentos, e também jovens adultos fiéis que jamais abandonam a igreja. Precisamos tomar cuidado para não colocar toda a geração em um pacote só, pois cada história de desligamento exige uma resposta pessoal sob medida.

    O problema do afastamento é, em essência, um problema de desenvolvimento da fé; para usar uma linguagem religiosa, é um problemade formação de discípulos. A igreja não está preparando adequadamente a próxima geração para seguir fielmente a Cristo em uma cultura em rápida transformação.

    Vamos explorar essas realidades de modo mais profundo.

    De adolescentes apaixonados a jovens soldados desaparecidos em ação

    Em uma conferência de estudantes realizada recentemente na Flórida, eu estava falando a um grande grupo de cristãos com idades entre 18 e 25 anos. Comecei minha conversa com uma pergunta simples: Quantos de vocês conhecem pessoalmente alguém que se afastou da comunidade cristã?. Todas as pessoas no auditório levantaram a mão.

    O problema do afastamento atinge inúmeros estudantes, pais e líderes religiosos, mas muitos deles têm apenas uma vaga ideia de o que é exatamente esse fenômeno. O primeiro passo no processo de descoberta é entender dois fatos simples:

    Os adolescentes estão entre os norte-americanos mais religiosamente ativos.

    Os jovens norte-americanos de vinte e poucos anos são os menos religiosamente ativos.

    A faixa etária dos 18 aos 29 anos é o buraco negro da frequência às igrejas; é a idade dos desaparecidos em ação na maioria das congregações. Como mostra o gráfico, a porcentagem de frequentadores de igreja atinge o fundo do poço durante o início da idade adulta. No total, há uma queda de 43% entre a adolescência e o início da fase adulta em termos de compromisso com a igreja. Esses números representam cerca de 8 milhões de jovens de vinte e poucos anos que eram frequentadores ativos quando adolescentes, mas que não estarão mais especialmente comprometidos com uma igreja quando completarem 30 anos.

    Não é que essa geração esteja menos habituada a ir à igreja do que os adolescentes da geração passada; o problema é que boa parte de sua energia espiritual se esvai durante uma década crucial da vida – dos 20 aos 30 anos. Pense no seguinte: mais de quatro em cada cinco norte-americanos com menos de 18 anos passa pelo menos uma parte de sua infância e adolescência frequentando uma congregação ou paróquia cristã. Mais de oito em cada dez adultos se lembram de ter frequentado regularmente uma escola dominical ou algum outro esquema de ensino religioso antes dos 12 anos de idade, embora sua participação durante a adolescência fosse menos frequente. Cerca de sete em cada dez norte-americanos se lembram de ter ido à escola dominical ou a outras programações religiosas para adolescentes ao menos uma vez por mês [1].

    A cada pesquisa, a maioria dos norte-americanos se descreve como cristão. Onde – e quando – você acha que esse vínculo começa? Nos primeiros anos de vida, antes da idade adulta. Normalmente, os adultos identificam-se como cristãos porque, quando crianças ou adolescentes, passaram por experiências em

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