Dimensões de um segredo: Volume 1
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Dimensões de um segredo - Lis Violeta Larama
DIMENSÕES DE UM SEGREDO
VOLUME 1
Lis Violeta Larama
Todos os direitos autorais reservados a Lis Violeta Larama Vieira. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia autorização por escrito da autora, exceto no caso de breves citações incluídas em revisões críticas. A violação dos direitos autorais é punível como crime.
copyright © 2019 por Lis Violeta Larama Vieira.
E-mail para contato:
lisvioletalarama@gmail.com
CEP: 35460-000, Brumadinho – MG – Brasil.
Capa:
Lis Violeta Larama Vieira
Revisão:
Albertina Vieira
Hércules Alves da Silva
Íris Larama Vieira Dourado
Esta é uma obra de ficção.
Edição digital.
Criado no Brasil.
Agradeço minhas rainhas que tanto amo, mãe e irmã, que sempre me apoiaram na construção desse sonho.
Ao meu companheiro, que amo e esteve ao meu lado, com amor e carinho para tudo.
Agradeço pelos pensamentos específicos e imagens que vieram em minha mente, para que eu pudesse passar para escrita e compartilhar com quem fizer parte desse sonho. Agradeço ao Universo, por ter possibilitado essa realização. Agradeço pela vida.
Dedico esse livro a todos aqueles que gostam de se prender em meio a acontecimentos surreais. Que sentem a necessidade de viajar entre tudo o que foge do normal e sensato. Aos que amam ler. A todos que atraíram essa leitura para suas vidas.
Nada é por acaso.
ÍNDICE
Prólogo
Introdução
Capítulo 1: Luz em meio ao caos
Capítulo 2: Era uma vez...
Capítulo 3: O dia do espetáculo
Capítulo 4: Visita ao parque
Capítulo 5: Mãos à obra
Capítulo 6: Um passo rumo ao maior desafio
Capítulo 7: Rock’n roll, bebidas e arrependimentos
Capítulo 8: Será que ela vem?
Capítulo 9: Explorando o mundo que há em mim
Capítulo 10: Êxtase de um alienígena apaixonado
Capítulo 11: Dezembro de dois mil e doze
Capítulo 12: Tristeza e tentativas em vão
Capítulo 13: Caos e privacidade invadida
Capítulo 14: Banho de sangue
Capítulo 15: A escuridão que devora
Capítulo 16: Notícia esperançosa
Capítulo 17: Plano B
Capítulo 18: Sem saber lidar com as emoções
Capítulo 19: Adeus, Gadriel
Capítulo 20: Sem reagir, sem respirar
Capítulo 21: A nova peça de teatro
Capítulo 22: Abençoados pelo Universo
A autora
Prévia do segundo volume: O noticiário
PRÓLOGO
Sentado aqui na areia, ouço o som do mar. A brisa me toca, trazendo lembranças de seu último grito. Sinto as lágrimas escorrendo sobre meu rosto, e junto com elas se vão pedaços de minha alma que desesperadamente voam esperando ir ao seu encontro. Sinto um vazio dentro de mim, o eco da sua ausência, da sua voz e do seu sorriso. As vezes sinto que teria sido melhor eu em vez de você, mesmo desconhecendo o que aconteceu. Insuportável conviver com essa dor, essa ferida que não se fecha e essa solidão que não acaba.
Silencio o meu olhar, e na escuridão da infelicidade, o brilho dos seus olhos místicos de uma luz violeta radiante, ainda tomam conta do que resta de minha alma. Imagino seus longos cabelos vermelhos caindo sobre meu rosto em forma de ondas quentes e agitadas.
Volte, Liandra. Traga de volta meu encanto com sua magia serena. Permita que eu volte a sorrir, venha me abraçar.
Nos dias em que você ainda não podia me perceber ao seu lado, eu me mantive hipnotizado diante de cada detalhe de sua presença. Ouvi e guardei cada palavra que disse enquanto você pensava que estivessem se perdendo no vazio.
Sou suas memórias, suas angústias, seus segredos. Sou seu refúgio, sua loucura, seu amor. Nada vai me fazer pensar que não há mais esperanças. Vou descobrir o que te arrancou de minha vida e trazê-la de volta.
Esse mundo ainda não está preparado para a sua verdade, eu preciso protegê-la.
INTRODUÇÃO
Às vezes sentimos a impressão de ter alguém nos observando quando estamos a sós. Até agimos como se isso acontecesse, mas sem admitir que pudesse ser possível. Há algum tempo atrás eu diria ser uma bobagem, como se isso fosse um defeito psicológico ou algo parecido. Hoje admito que experimentei, de uma maneira extrema, a forma de fazer com que eu conseguisse dissolver meu orgulho e cada instante de revolta, quanto a ausência de minha fé.
O que contarei para você, será sobre cada degrau das minhas descobertas. Cada segredo que desvendei e escondi em minha caminhada até aqui e o que ainda vou vivenciar nessa fase mística em que o mundo está passando. Onde há caos e guerras, triunfos e vitórias, no silêncio de uma vida aparentemente normal. Você estará por dentro de tudo, observando todos os lados da realidade ao decorrer do tempo.
A situação em que estou hoje é completamente contrária a que me encontrava há um ano atrás. Eu não conseguia acreditar que anjos pudessem existir. Isso para mim eram crenças vazias, onde não havia retorno de um chamado, por medo. Onde não havia um sinal sequer de que alguém pudesse ouvir.
Nesse momento, não tenho nenhum instante sem que um deles esteja dentro de minha mente. Divido cada pensamento, cada detalhe de tudo. Posso senti-lo vibrar em meu ser. Ainda é estranho ter alguém além de mim aqui dentro.
E o chamo de Gadriel, mas ele disse que onde os anjos vivem a comunicação não é parecida com a dos humanos, que eu não entenderia o nome dele.
Voltando no tempo, eu fui uma pessoa ressentida com minhas perdas. A cada dia que passava tornava-se mais difícil continuar... até descobrir minhas origens e o que estava por vir. Isso me motivou a seguir em frente e continuar a arte de meu pai.
Você tinha um ponto de vista muito pessimista.
Peço desculpas, cara leitora ou caro leitor, por interromper o que eu estava dizendo, mas não consigo controlar o que ele diz.
A propósito Liandra, eu gostei desse apelido que me deu.
Estava mesmo demorando para você dar o ar de sua graça. Será que ao menos de tempos em tempos você poderia me deixar fazer de conta que tenho alguma privacidade em mim?
Seria ótimo se você desligasse um pouco, estamos na repetitiva atividade de não precisar fazer nada mesmo.
Você diz isso como se fosse possível, Liandra. Sabe que não nos separamos nesse estado, e se tudo ficasse em suas mãos garanto que quando eu voltasse teríamos problemas.
Continuando a minha descrição, o que fez com que eu me sentisse mais viva foi o trabalho que meu pai deixou para eu dar continuidade. A arte do teatro. Algo que depois me surpreendeu muito e mudou minha vida.
Não eram apenas peças de teatro. Parecia mágico! Todos que presenciavam os espetáculos no teatro concluíam ser ilusionismo. Era muito admirado, mas nada do que acontecia no palco tinha uma explicação racional. Literalmente. Para quem questionava, eram efeitos especiais. Nosso maior objetivo era encantar a plateia de uma forma que induzisse a cada um dos presentes, a experiência mais surreal que já pensaram existir.
Durante muito tempo vivi de uma maneira revoltada. Eu não aceitava o desaparecimento de meu pai, foi uma perda irreparável. Minha mãe me confortava, mas o vazio que a ausência dele deixou não permitia eu me sentir em paz.
Fora da realidade foi você ter pensado que conseguiria viver sem sentir de verdade o porquê de estar na Terra. Amar é essencial, acordar todos os dias sem amor não é viver, é apenas uma existência passageira não realizada. A cada retorno uma nova lição que a alma escolhe antes de acordar para mais uma vida. Essa foi a sua lição. Antes de eu te trazer aqui, você assumiu algo que nunca tinha sentido antes por alguém muito especial.
Você quer que eu acredite que fui eu mesma quem escolheu passar por tudo o que passei, por vontade própria? Que ironia, Gadriel. Eu sofri muito, tive perdas de pessoas que amei, e não há sentimento pior que tristeza.
Seu aprendizado ainda não acabou. Poucas coisas fazem sentido para você sobre sua vivência, você ainda não acessou sua mente superior e apesar de tudo que consegue fazer, você nem ao menos consegue imaginar o que ainda está por vir.
Como se eu conseguisse entrar em choque por mais algum motivo. Já basta o que eu tive que passar para chegar até essa dimensão insana. Bem que eu gostaria de saber o porquê de estarmos aqui, venerando esta garota como se ela corresse algum perigo. Estamos assistindo a vida dela como se fosse um filme há tempos e até hoje não notei nada de ruim. Ela nem fala palavrões!
Você ainda vai entender tudo o que está para acontecer. Assim como o mar pode ser calmo e atraente, a qualquer momento ele pode se tornar uma fúria devastadora. Estamos em dois mil e doze, um ano de mudanças, e uma pequena parte da humanidade abriu os olhos para isso. Em pouco tempo coisas intensas, que poucos imaginam, começarão a acontecer e temos que estar preparados.
E onde é que você esconde a espada e o escudo, Gadriel?
Você não passou muito longe, não deixará de ser uma guerra. Uma luta em que algumas pessoas sofrerão com elas mesmas. Um confronto interno do qual não há para onde fugir. Onde as armas serão a mente, a ação, a intenção e nesse caso você. Outros semelhantes a mim estão nesse momento na mesma posição, aguardando o momento em que tudo irá acontecer. Os perigos que essas pessoas passarão serão causados pela própria consciência mal utilizada de cada um, e na missão que estamos você logo terá conhecimento do que vai acontecer. Peço para que não sinta medo, essa emoção afetaria minha frequência por estarmos em apenas uma consciência. Precisamos ser cautelosos. Um momento de descuido e seríamos descobertos. Hoje é o aniversário de dezoito anos de Analía Bittencourt, nosso desafio começará assim que ela acordar e pentear seus cabelos em frente ao espelho. Diante de outros desafios esse será um dos mais perigosos, se não o pior. Por isso você está aqui. Devemos impedir o máximo possível que qualquer coisa machuque outras pessoas.
CAPÍTULO 1: LUZ EM MEIO AO CAOS
Aos olhos de Liandra.
Florianópolis – SC – Brasil, 12/12/2011 (Um ano antes).
Meus olhos ainda pesam. Sinto como se ainda estivesse em um sono profundo, mas consciente. Nada como a escuridão para esconder de vista os inúmeros problemas que enfrento. São eles os que insistem em devastar tudo o que resta de bom dentro de mim, não consigo sentir esperança de me levantar da tristeza em que me perdi.
Cinco minutos para meu refúgio ter fim. Cinco minutos para o despertador tocar e começar tudo outra vez. A mesma rotina, as mesmas expressões de pessoas que tentam convencer a plateia, reclamações, mau humor, críticas sobre meus costumes e ideias. Acabei me acostumando e penso que será assim sempre.
Todas as coisas que temos costume de fazer, vistas pelo lado de fora, podem até serem diferentes ou fazerem algum sentido, mas para mim tudo não passa de uma das maneiras idiotas em que somos limitados a passar pela vida.
A maioria das pessoas já não demonstra mais o que são de verdade, medem palavras, dizem apenas o que agrada a quem ouve. O caráter está cada vez mais extinto, mentiras estão se tornando algo comum. E a confiança onde está indo parar?
Queria saber como conseguir contar com alguma pessoa sem ter dúvidas do que se passa por trás de seus olhos. A verdadeira opinião está escondida por trás da ética, trancada em palavras que se mostram apenas em pensamentos. Nem tudo o que gostaríamos de dizer é aquilo que outra pessoa aceitaria ouvir sem nos julgar de maneira errada ou pior.
Hora de levantar, apesar de eu estar sem ânimo algum para sair daqui. Que frio!
— Nessa moleza você atrasará, Liandra.
Típico dela. Mal abro os olhos e já me deparo com a dona Luna arrancando minhas cobertas.
— Mãe! Eu já cresci, sabia?
— Infelizmente já cresceu. Bom dia. Seja menos impaciente em seu trabalho. Ninguém gosta de conviver com pessoas que levam problemas da vida pessoal para o trabalho.
Desde pouca idade acompanho a arte de peças teatrais por estar sempre com meu pai enquanto ele ainda estava com a gente.
Trabalho seriamente no sonho que se tornou nosso há dois anos. Tive muitos obstáculos para conseguir me tornar escritora e diretora de um teatro de audiência, e ainda tenho que aturar os desaforos dos atores que só sabem reclamar.
— Se eu der moleza eles montam em cima de mim mãe, não vou fazer esforço algum para agradar ninguém.
— Você tem essa conversinha como resposta, mas ama aquilo que faz? — pergunta enquanto arruma minha cama.
— É a única ligação que ainda tenho com meu pai, a única parte da vida dele que ainda pulsa aqui dentro em cada manhã que levanto para continuar a seguir esse caminho. Eu sinto a falta que ele me faz até hoje e será assim até que eu não exista mais. — Ao terminar de falar sento na cadeira da escrivaninha e apoio meu queixo na mão.
— Não se sinta assim minha filha, essa dor que você está sentindo é ilusão. O sentimento não nos faz sofrer, o ego que faz com que isso machuque por dentro. O apego é uma característica do ego e se você o deixar te dominar continuará sofrendo. O amor que você sentiu e ainda sente pelo seu pai, continuará com você e é essa a ligação entre vocês. Não importa o tempo ou o espaço, por dentro somos apenas um. — senta-se na beirada da cama e passa uma de suas mãos em meu rosto.
— Não é fácil me acostumar com esse jeito de pensar, mãe.
— Não é uma opinião, é o sentido da vida. Não estamos aqui para sofrer.
— Vou guardar isso.
Sinto-me um pouco melhor com os conselhos dela. Se eu não a tivesse aqui comigo teria desistido de continuar respirando há muito tempo. Mesmo ela criticando minha visão de vida, todos os meus costumes e características, ela é a única que me conforta, a única que ouço. Ela é minha mãe e independente de qualquer tristeza, devo minha vida a ela. Uma vida de amor, respeito e companheirismo.
Estamos numa época em que consideram o ateu como uma pessoa sem amor a vida e sem conhecimento da essência de tudo. Mas não é assim. Somos os que querem ver para crer. Não seguimos coletivo algum, não nos convencemos com historinhas ou mitos. Não consigo acreditar que alguma divindade tenha influência na vida das pessoas. Somos nós mesmos quem criamos o futuro que teremos. Intenção e ato de agir são maiores do que esperar e clamar por ajuda de algo que não se consegue confiar. Muitas pessoas mesmo sendo fiéis a crenças, tem seus receios bem no fundo e o medo estraga possibilidades. É a mente que atrai o que buscamos e se negarmos para nós mesmos, não atrairemos coisas boas, muito menos os objetivos desejados.
Por muito tempo minha mente só se abria para coisas ruins e obscuras. Tenho um lado diferente que poucos conhecem, e a maioria dos que tiveram conhecimento disso escolheram se afastar de mim. Mas isso não me importa mais. As pessoas se trancam em um mundo pequeno onde nada que fuja ao que elas acreditam pode sequer passar por perto. Encaram tudo o que não entendem como uma ofensa à lucidez. Há pessoas que não querem alcançar o conhecimento. Não querem se conhecer de verdade.
Hora de ir trabalhar. O teatro preenche um vazio enorme que existe dentro de mim. A emoção do público ocupa o lugar da emoção que eu não gosto de sentir. Cada história que crio carrega um pouco de minhas vivências. Sinto como se isso fosse um desabafo de minha alma. Hora de encarar meus bonequinhos, minha bagunça, minha vida.
— Vou comer alguma coisa no caminho mãe. Fui! — digo ao pegar a chave do carro em cima da mesa central da sala e ando em direção a porta.
— Só por que você atrasou outra vez? Você não aprende mesmo, Liandra.
Pensando bem, vou dar uma passada na minha praça predileta. Nesse horário não há quase ninguém e o ambiente está mais tranquilo para renovar as energias. Preciso de um pouco de tranquilidade para enfrentar a dor de cabeça que me espera.
Ao chegar, escolho um banco que era o mais distante do chafariz ao centro da praça. Por toda a área se encontrava grama de um verde vivo e belas árvores. Se ouvia canto de pássaros, e viam-se muitas, muitas flores. O chafariz ao centro tinha a forma de um dragão majestoso e a água saía de