O Mar Gelado do Amor que não está mais lá

De Paula Preuss

Como um processo terapêutico de cura, a autora resolve narrar o drama vivido e o fim de uma relação abusiva. Descreve os traumas de uma infância conturbada, a sensação de abandono. Usa frequentemente a expressão "nadando num mar gelado" para definir seu esforço de superação dos traumas que tiveram sua origem na infância, "o mar gelado da infância" e que repercutiram na idade adulta e em seus relacionamentos. O processo de cura se delineia com o autoconhecimento, a descoberta de valores antes não percebidos, a reconquista da autoestima. A luta por reconstruir a própria vida, de vencer a sensação de abandono e viver com plenitude.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 9 de mai. de 2022
• ISBN: 9786525414010

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Prefácio

O Mar Gelado do Amor que Não está Mais lá fala sobre o narcisismo e a indisponibilidade emocional parental, o abandono, a negligência emocional e as suas consequências.

Dedicatória

Dedico este livro ao meu pai e a minha avó, pelo amor incondicional.

A minha irmã, pela parceria e a proteção durante as fortes tempestades que passamos juntas.

A minha amiga Roseane, pelo resgate e reabilitação de todos os animais machucados, inclusive eu.

A minha terapeuta Luíza Feijó, que sempre me ajudou a dar significado aos meus sentimentos e subsídios para uma ancoragem segura no amor-próprio.

Por fim, dedico a todos que, em algum momento de suas vidas, tiveram que nadar no mar gelado da negligência e do abandono.

O mar gelado do amor que não está mais lá

Parecia que os dias não iam acabar, a cabeça em pensamentos descoordenados, alternando momentos de fé e desespero, sem nenhuma ideia do que fazer, de quem contatar.

Dia de chuva, acordei mal e dormi pior ainda.

Amanhã será diferente, chá de camomila no amanhã, fé no hoje, pela manhã, sim a fé, ela tem que existir.

Deve haver alguma razão para tudo isso, a lição não aprendida retornando.

Como está sendo difícil retomar minha vida, quanta energia, tempo e pensamento, e dinheiro desperdiçados. Quanta coisa deixei passar dentro da minha ilusão de amor.

Aprendi.

Estou pagando caro pela minha distração, me distraí da minha própria vida, me distraí de mim, me deixei levar na correnteza, do jeito que só peixe morto deixa, me deixei morrer...

E renascer dói...

Mas enquanto respirar, vou nadar...

O tempo parado no tempo, a vida no limbo, entre os mundos, ressuscitando, voltando do mundo dos mortos, com mais sabedoria agora.

O conhecimento que vem do outro lado do portal dos mundos, do entre mundos.

Tudo diferente, uma visão nova de cada detalhe da vida, um novo olhar, depois que cada moedinha conta, e tem um valor enorme, passamos a ter outra ótica da vida.

Entrar no supermercado sem medo de ser feliz, sem ter que contar com cuidado, passa a ter outro valor.

A independência financeira. A fé.

A fé permanece, não pode ser abandonada, não se pode parar de nadar, mesmo em águas geladas.

Tonteiras estranhas, abri os olhos sozinha no escuro e tudo rodava, e eu sozinha no escuro… mar gelado de desamparo, à noite… quase desespero, vamos nadar...

Um floral, sim, vou mandar fazer um floral, é só o que posso pagar agora.

Abençoadas sejam as flores desse tal de Bach!!!

Amanheceu, vou de bike, o tanque do carro só tem ¼ de combustível, só para emergências, entrevistas de emprego, e dias de chuva.

Problemas mecânicos estão proibidos nesse período.

Plano de saúde e seguro de carro são coisas abstratas de outra dimensão.

Ficam proibidos também os problemas de saúde.

Mexendo na bolsa, tirando as coisas, nervosa, deixei o celular cair exatamente na bacia de água dos cachorros.

Pronto, lá se vai a última reserva de dinheiro para comprar outro celular.

Não posso ficar incomunicável agora.

Posso ter que pedir socorro.

De repente, a súbita consciência de que vivi muitos, imensos anos em uma ilusão.

O discurso da minha mãe e