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Você vai saber por quê: Nada é realmente o que parece ser
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Você vai saber por quê: Nada é realmente o que parece ser
E-book592 páginas7 horas

Você vai saber por quê: Nada é realmente o que parece ser

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Sobre este e-book

Alberto e Teixeira, dois experientes investigadores, são chamados para a ocorrência mais perturbadora de suas vidas. Apesar da cena do crime ser um tanto macabra, a primeira vista parecia obvia demais.A bela Laura Soares fora brutalmente assassinada em sua casa, e inesperadamente, o até então, único suspeito, após cometer atrocidades com a garota, por algum motivo, desmaiou sobre ela e lá ficou desacordado.Na parede, mostrando requintes de crueldade, uma frase escrita com sangue da vítima desafia: 'Você vai saber por quê', e passa assim, a ser a primeira pista para montar esse complicado quebra cabeças.Fausto, o suposto assassino, nega sua participação no crime, apesar de todos os fatos apontarem para ele. Se apoiando em uma história surreal, mas suficientemente eficaz para convencer os investigadores a procurarem por algo a mais, o suspeito passa a ter esperança de ser inocentado.Grandes reviravoltas, suspeitos e culpados que aparecem e desaparecem, atentados, conexões perigosas e personagens secundários interessantes, ajudam a complicar ainda mais o andamento da investigação. Idas e vindas no tempo e espaço, aos poucos vão moldando os fatos e prendendo os olhos dos leitores, que apenas num fôlego, devorarão as páginas dessa história policial, tragicômica e de suspense hipnotizante.Prepare-se para uma viagem por um enredo que vai desafiar seu instinto investigativo e sua inteligência. Durante todo livro pistas estarão soltas no texto, e se você for capaz, talvez descubra quem matou Laura Soares antes dos investigadores. Mas cuidado, pois nessa investigação, nada é realmente o que parece ser!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526034632
Você vai saber por quê: Nada é realmente o que parece ser
Autor

André Mansim

André Luis Menezes Mansim, que assina seus trabalhos apenas como André Mansim, é autor do romance policial: “Você vai saber por quê.” – Publicado pela extinta Editora Haberman.Participou das seguintes coletâneas de contos: “Memórias de uma noite fria – Antologia de inverno de 2013.” “Letras dispersas em textos soltos, escritas por autores desconexos – Antologia de verão de 2016.”“Mosaicos – Antologia de outono de 2014.” – Todos pela Editora Big Time.Dono do blog: Verdades e Bobagens, um blog de literatura, contos, charges, cartuns e crônicas de sua autoria, blogando desde 2010.Já escreveu crônicas e desenhou cartuns em diversos jornais e revistas da região de Barretos.Formado em História e Geografia pela faculdade São Luís de Jaboticabal. Além de escrever, trabalha no comércio de Barretos, na mesma empresa desde 1988.

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    Você vai saber por quê - André Mansim

    - Infelizmente o TOC prega essas peças com a gente: ele te aprisiona e entra na sua cabeça de tal maneira que você não consegue se desvencilhar. Algumas pessoas voltam dez, vinte, trinta vezes até a porta à noite pra verificar se a trancaram direito; outras pessoas arrumam um quadro na parede a vida toda sempre achando que ele está torto; outras pessoas não andam sobre rachaduras no cimento e nem pisam no rejunte entre os pisos. Existem mil maneiras diferentes de TOC, e como você pode ver o próprio nome já diz tudo: Transtorno obsessivo-compulsivo. Eu tenho o distúrbio do detetivismo. Não posso encasquetar com algum mistério que acabo indo até o final pra descobrir. Se eu perceber que alguém está escondendo alguma coisa de mim, algum segredo ou se eu notar alguma atitude suspeita, não vou sossegar até que consiga descobrir. Infelizmente sou assim. Tenho certeza de que alguém armou pra mim. Alguém que me conhece bem. Alguém que sabe da minha doença e quer me ferrar.

                Enquanto Fausto falava, Teixeira e Alberto, dois investigadores experientes em casos complicados, continuavam mudos, apenas esperando a conclusão da história. Apesar de ela parecer muito convincente, era preciso muita cautela, pois nos vários anos investigando e interrogando criminosos, os dois viram muitos bandidos com atuações dignas de Oscar.

    Fausto dava sinais de nervosismo, tremendo e gaguejando em algumas palavras, dava a impressão que sua alma estava realmente indignada com a situação em que se meteu.

    Olhando para os investigadores como se procurasse um olhar de aprovação, Fausto continuou:

    -Faz mais de um mês que tenho recebidos e-mails. A pessoa que manda se identificar apenas como justiceiro.ama@. Nesses e-mails, não vem escrito nada, a não ser a frase: você vai saber por quê.  Semana passada, eu já estava na cama quando, de madrugada, o telefone tocou. Eu sempre me assusto quando o telefone toca de madrugada, porque nunca é um bom sinal. Então, atendi aflitamente e uma voz metalizada e sussurrante falou: Você vai saber por quê! O safado falou isso e desligou. E na noite seguinte, ligou de novo falando a mesma coisa e desligando. Na outra e na outra e na seguinte noite, o fato se repetiu igualzinho, até que parou quinta-feira passada. Na noite de quinta-feira, alguém tocou a campainha de casa às quatro da manhã. Levantei da cama e fui atender. Quando cheguei ao portão, não tinha mais ninguém, mas tinha uma carta dessas escritas com palavras recortadas de revistas e jornais. A pessoa deixou-a sobre um vaso que tenho bem na entrada da casa. Na carta, estava escrito de novo: Você vai saber por quê e um endereço: Rua João Alcides Bartolomeu nr. 1130. - Fausto coçou a cabeça, respirou profundamente e após um silêncio que pareceu durar minutos continuou: - Vocês sabem o que isso significa pra alguém que tem a minha doença? Desde o primeiro telefonema, que eu não dormia mais. Ficava todas as noites esperando o telefone tocar. Quando a campainha tocou na madrugada de quinta, eu sabia do perigo que corria saindo pra atender, mas fui desesperadamente. A compulsão é muito forte!

    Os dois investigadores se entreolharam e atentamente voltaram a encarar Fausto que continuou:

    - Eu fiquei com essa carta o dia inteiro debaixo do braço. Não conseguia fazer nada: não conseguia me concentrar, não conseguia desviar o pensamento; briguei demais comigo mesmo. Até que não me contive, peguei meu carro e fui ao tal endereço. Coloquei o destinatário no GPS e pra minha surpresa, ele era no mesmo bairro onde eu fui criado. Cheguei até a porta da casa e voltei para a calçada. A casa não tem muros e nem portão, ela é do estilo que vemos em filmes americanos, com um jardim na frente e um caminho que leva até a porta principal. Eu rodeei a casa por fora até que encontrei um vitrô entreaberto. Dei uma forçadinha e coloquei a cabeça pra dentro. Quando ia entrar, escutei o barulho de um carro parando e de portas abrindo. Então, eu voltei abaixado, quase rastejando, até a frente da casa pra ver quem morava ali, mas, quando cheguei até a calçada novamente, a pessoa já tinha entrado. Eu estava aflito. Essa doença que tenho me corrói por dentro, eu luto muito contra ela. Na hora, pensei em bater palmas e chamar o dono da casa, porém, o que diria a ele? Como explicaria a minha ida até ali? Então, entrei no meu carro saí vagarosamente.

    Durante o depoimento de Fausto, Teixeira escrevia palavras e fazia rabiscos em uma caderneta, enquanto Alberto, munido de um gravador, registrava tudo. Fausto levantou-se da cadeira, deu uma meia volta pela sala e, num suspiro, continuou, agora com os olhos marejados de lágrimas.

    - Eu sei que pra vocês é difícil de entender esse estado de desequilíbrio em que eu estava, mas procurem no Google por transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome do detetivismo. Vocês vão ver que é uma coisa insuportável e que realmente a gente sai do controle. 

    Teixeira, que anotava tudo na caderneta escreveu: "procurar no Google" e circundou várias vezes. 

    Fausto deu mais uma andada pela sala e demonstrando um nervosismo excessivo, continuou mais uma vez:

    - Eu entrei no carro para ir embora e quando já estava virando a esquina, vi pelo retrovisor uma pessoa sair correndo da casa em questão. Então parei o carro fiquei olhando. Eu reparei quando essa pessoa jogou um objeto na rua e continuou correndo desesperadamente. Encostei o carro e voltei correndo a pé pra ver o que tinha acontecido, vi que o objeto que a pessoa havia jogado era uma peça de roupa íntima de mulher cheia de sangue. Eu, estupidamente, peguei a peça e entrei pela casa que estava com a porta apenas encostada. Foi quando eu me deparei com a cena.

    O investigador Alberto fez um sinal com a mão para que Fausto desse um tempo e perguntou:

    - O senhor quer me dizer que voltou correndo, pegou uma roupa que estava cheia de sangue no chão e que entrou na casa? E nem pensou que poderia estar se metendo em alguma enrascada?

    - Não, na hora nem pensei e nem fiquei com medo de me meter em nada!  Respondeu Fausto esbravejando e batendo na mesa.

    - Opa! Calma, aí, senhor Fausto! Replicou Teixeira. - O senhor não está na sua casa, não, aqui tem que ficar pianinho, senão a borracha come no lombo.

    O suspeito levantou os braços se desculpando e tentando se conter, continuou:

    - Realmente eu sei que cometi erros infantis, mas como disse, eu estava fora de controle. Minha doença não me deixa pensar às vezes.

    - Tá bom, então - falou Teixeira. - Continue a sua história!

    - Eu entrei pela casa - falou Fausto arregalando os olhos e olhando para o chão como se visse um fantasma -, ela estava cheia de sangue nas paredes e nos corredores. O sangue fazia uma trilha que eu segui até o quarto da vítima. Quando olhei, eu me deparei com uma mulher em cima da cama, tremendo como se estivesse tendo convulsões. Foi, então, que percebi que ela estava perdendo muito sangue e que estava com a temperatura corporal caindo bruscamente; tentei enrolá-la num cobertor e estancar o sangue. Tentei ligar para os bombeiros ou para a ambulância, mas meu celular não funcionou, pois devia estar com a bateria fraca ou sem carga.  Foi aí que acabei entrando em pânico. Eu vi um telefone no criado-mudo, mas estava tão nervoso que não consegui ligar. O cheiro forte de sangue entrava em minhas narinas e enjoava meu estômago, minha cabeça começou a rodar!   Não sei quem chamou vocês e nem sei como vocês chegaram até lá, contudo, na hora em que dei por mim e voltei do estado de pânico, vocês já estavam me algemando e me trazendo pra cá. Eu sei que essa história é difícil de engolir e que eu sou o suspeito número um de ter matado essa moça... Laura? Sei também que vocês consideraram um flagrante, porém eu peço que chequem as informações que lhes dei e que acreditem em mim. Eu sou inocente! Não conhecia essa Laura. Nunca a tinha visto antes. Armaram essa pra mim.

    - Quero saber só mais uma coisa – perguntou Alberto insistindo no assunto para tentar confundir Fausto – você tem idéia de quem chamou a televisão e os repórteres de jornal que chegaram ao local do crime juntos com a gente?

    Fausto abaixou a cabeça e deixou correr uma lágrima pelo rosto. Era como a lágrima de uma criança quando toma bronca do pai.

    - Vocês ouviram tudo o que eu disse? Eu não sei de nada! Não sei como vocês foram chamados, não sei quem matou a moça, não sei de imprensa, de rádio, de televisão... Por favor, me ajudem porque eu não tenho mais ninguém a quem possa pedir ajuda. Descubram quem fez isso comigo e me salvem. Meu futuro depende de vocês. Inclusive eu acho que vocês devam me transferir daqui. Essa imprensa vai ficar em cima e não vai deixar vocês investigarem. Mandem-me pra um centro de detenção provisória. Aqui perto tem o CDP João Gusmão, me mandem pra lá! Mas, se eu ficar aqui, na delegacia, acho que corro risco de vida. Ajudem-me, por favor! Eu até abro mão de ter um advogado porque confio que vocês vão me ajudar e irão esclarecer toda essa história.

    Teixeira e Alberto anotaram e gravaram tudo o que Fausto havia dito e saíram da sala de interrogatório, deixando-o ali sentado com uma das mãos algemadas numa argola de ferro soldada no canto da mesa.

    Os dois foram até ao refeitório e se serviram de um cafezinho preto. O silêncio dos amigos até incomodava. Suas cabeças estavam confusas num turbilhão de ideias malucas que afligiam suas almas naquele momento. 

    Nunca eles se viram tão tocados por um interrogatório como agora. O suspeito havia discorrido sobre uma trama digna de roteiro de novela. Agora restava aos investigadores pensar um pouco sobre os prós e os contras de encarar mais essa investigação que prometia ser complicada.

    Alberto adoçou seu café, tomou-o de uma golada só, depois, como sempre fazia, pegou um cigarro do maço em seu bolso, bateu com o dedo indicador do lado do filtro e acendeu-o, para, em seguida, soltar um cone de fumaça em forma de espiral. Apreciando o gosto da nicotina, olhou para seu parceiro e teve toda a certeza do mundo de que, mesmo que o amigo não acreditasse em nada que ouviu, toparia tudo o que ele resolvesse fazer.

    Teixeira era um investigador considerado pelos amigos como casca grossa, nunca fugia das adversidades, por isso, em duas vezes foi baleado na troca de tiros com bandidos. Uma bala na coxa e outra que se alojou do lado de seu pulmão esquerdo rendendo-lhe uma semana de coma induzido e quatro meses de férias forçadas. Todos no departamento de polícia amavam ou odiavam esse cidadão filho de nordestinos, que à custa de muito trabalho braçal de seu Zé Teixeira nos canteiros de obras da cidade de São Paulo, acabou criando seus onze filhos muito bem. Nenhum deles virou dotô como falava seu Zé, mas todos conseguiram estudar a ponto de alguns fazerem cursos técnicos e especializações em várias áreas. Teixeira foi o único filho que seguiu pelo caminho de ser um agente policial. Alto, magro, forte feito um touro, moreno cor de bugre, cabelo liso como se tivesse feito escova; ele era facilmente confundido com um índio. Esses traços, ele herdara de sua bisavó, que dizem, foi pega a laço, mas como ele mesmo dizia, referindo-se a essa história familiar: quem não tem nesse país um parente que não tenha sido apanhado a laço. Teixeira era sempre o centro das atenções: onde quer que estivesse, um pouco disso se dava pelo seu bom humor contagiante e ácido; sempre com uma piadinha irônica ou até uma chateaçãozinha para cutucar o ego de alguém. Outra coisa que chamava atenção em Teixeira eram suas roupas superextravagantes. Sempre com camisas coloridas dessas com estampas havaianas e calças de cores diferentes; raramente ele usava um jeans normal igual a todo mundo e se usava alguma calça jeans, era daquelas cheias de bolsos e zíperes. Seu vocabulário era pobre e cheio de palavrões, por isso era notado em todo momento, inclusive por seu chefe, o delegado Abdala, que vivia lhe dando broncas. Mas era disso que ele gostava. Era do perigo de seu serviço e da alegria de poder ajudar alguém, por essa razão, ele havia escolhido ser policial.

    Para sua sorte, desde que entrou para a polícia há mais de uma década, Teixeira foi escalado pra trabalhar com Alberto que era o contrário dele em tudo. Branco feito leite, alto, grande e forte, Alberto tinha a educação de um príncipe inglês. Suas roupas eram impecavelmente passadas por dona Carminha sua mãe, que, às vezes, fazia-lhe ir trabalhar de terno ou de blazer, logicamente tudo combinando com a camisa, que, geralmente era de algodão e a gravata que ajustada à gola da camisa davam a Alberto a aparência de um personagem saído de um filme de mafiosos italianos. Realmente eles casaram tão bem como café com leite ou feijão com arroz e, apesar dessas diferenças brutais, foi justamente nelas que os dois encontraram forças para serem os investigadores mais bem sucedidos de todo departamento policial da cidade. Isso, às vezes, dava orgulho aos amigos, mas também causava uma pitada de inveja em ver como esses dois conseguiam ser tão bons no que faziam.

    - Cacete! E agora, Alberto? Indagou Teixeira quebrando o silêncio.

    - Teixeira, eu nem sei o que penso. Parece que esse cara aí tá falando a verdade, mas essa história dele é maluca demais.

    - E que bosta nós vamos dar de relatório agora pro delegado? Vamos falar que acreditamos no papai Noel e no coelhinho da Páscoa?

    - E vamos fazer o que, então? Mandar o cara pra cadeia sem a chance de uma investigação? Acho que, pelo menos, temos que checar as coisas que o cara falou.

    - Ai,ai,ai,ai,ai, lá vem a Madre Tereza de novo querendo me ferrar! Toda vez é a mesma coisa! Você fica com dó das pessoas e a gente só arruma sarna pra se coçar. Pra ajudar, não aparece um, mas pra botar no meu butão, tá cheio!

    Alberto conhecia bem Teixeira. Os dois eram parceiros há mais de dez anos e Alberto sabia que, por debaixo dessa boca suja e dessa casca grossa, havia um coração de manteiga. Sempre era assim, Alberto, que sempre funcionava movido à razão: na maioria das vezes, jogava no ar o que deveria ser feito enquanto Teixeira, depois de esbravejar e falar uns palavrões, acabava aceitando o desafio.  

    *****

    - Dá licença doutor - falou Teixeira batendo à porta.

    - Podem entrar! - Respondeu Dr. Abdala estendendo as mãos e apontando para as cadeiras à sua frente convidando-os para sentar.

                - Dr., a história do rapaz ali é muito louca - falou Alberto resignado - ou ele é mais um daqueles grandes atores ou ele caiu numa cilada digna de um roteiro de suspense de Hollywood. Tá difícil de engolir o que ele falou.

                - Hum... Mais um daqueles casos malucos que só a dupla dinâmica aí é que vai poder resolver? - Falou o delegado com um sorriso sarcástico no canto dos lábios.

                - Eu não sei não, doutor, o senhor sabe que eu e o Alberto não corremos da briga e que já botamos muitos safados pra ver o sol nascer quadrado, mas, dessa vez, o caso vai merecer uma investigação mais detalhada. Nós achamos que o cara pode não ser o culpado e que realmente armaram pra ele.

                - Ah, tá! - Grunhiu o delegado esbravejando. - E como eu vou falar pra imprensa que já noticiou esse caso como sendo o caso do monstro do Butantã, que o principal suspeito é inocente? A imprensa já mostrou a cara do sujeito saindo de dentro da casa da vítima coberto de sangue, já soltou na internet fotos da moça ensanguentada e cheia de facadas pelo corpo. O que vocês querem que eu faça? Como vou explicar que alguém que é encontrado desmaiado em cima do cadáver na cena do crime, e que além dessa pessoa, não existe indício nenhum de que outrem estivera ali, que, na casa da vítima, existem impressões digitais dele por todo lado, é inocente? Vocês querem me ferrar? O que eu vou falar pra imprensa? Minha cara vai sair no jornal da Globo, da Record, do SBT e todo mundo vai me chamar de maluco!

                - Nós entendemos a sua posição, Dr. - Falou Alberto fazendo cara de piedade. - Mas nós queremos que o réu espere um pouco para ser julgado até que a gente investigue umas informações.

                - Investigar informações? Mas qual é essa informação que vai salvar a pele desse cara?

                - Por favor, doutor Abdala! – Falou Teixeira engolindo um palavrão. - É que ele tem uma história convincente e a gente, como policial, tem a obrigação de investigar. O senhor não acha? E aquela coisa de que todo mundo é inocente até que se prove o contrário, será que não vale pra ele?

                - Tudo bem, seus porras! - Gritou Dr. Abdala. – Mas ele vai esperar o julgamento dentro de uma grade de penitenciária, aqui, na minha cadeia, eu não o quero nem mais um minuto.

    - Mas não seria melhor mandá-lo para um CDP?

    - Centro de detenção provisória? Pra que alguém da imprensa descubra e queira levantar o porquê dele estar ali e não numa jaula de verdade?

    - Mas todos os detentos que esperam julgamento vão para algum CDP. Tentou argumentar Teixeira.

    - Eu sei, Teixeira, mas nesse caso específico, em que alguém chamou a imprensa antes da polícia e eles caíram feito urubus na carniça, não sei se esse é o melhor caminho. Apesar de quê... – Falou o delegado coçando o cavanhaque e repensando a situação - Se a gente for ver o lado do cara e os direitos que ele tem, até que vocês têm razão. É melhor mandá-lo mesmo para um centro de detenção provisória.

    - Então, - falou Teixeira – manda ele pro João Gusmão!

    - Boa ideia! – Falou o delegado pensativo - vou mandá-lo aos cuidados do Dr. Seixas, que é o diretor da penitenciária João Gusmão, que tem a ala da penitenciária pesada e a ala do CDP. Ele me deve uns favorzinhos e eu vou falar com ele pessoalmente pra que tome conta desse suspeito com muito carinho.

    Os investigadores se entreolharam satisfeitos e voltaram-se para o delegado que esperava pra ver se tinha mais alguma bomba.

    - Obrigado doutor! Falou Alberto. – A gente se sente muito honrado pelo senhor confiar assim na gente. Ficamos devendo esse favorzinho pro senhor também.

                - Tudo bem, seus malucos, então, antes que eu me arrependa dessa burrice que fiz, vocês sumam da minha sala e não me encham mais o saco pô!

              Alberto e Teixeira voltaram até a sala de interrogatório. Ao entrar, Teixeira parou bem de frente a Fausto, colocou as mãos na cintura e depois de um suspiro falou:

    - Olha aqui, seu filho da puta, esse maluco do meu parceiro me convenceu a investigar o seu caso! A gente acabou de levar uma bronca do delegado que já queria te mandar pra julgamento. Então, meu amigo, eu quero que você olhe dentro dos meus olhos e me diga se essa história sua é verdadeira mesmo, porque se não for, eu vou te moer no pau antes de te mandar pra gaiola!

                - Eu juro que a história é verdadeira. Falou Fausto, olhando para Teixeira com os olhos cheios de lágrimas. - Comecem procurando pela minha doença no Google e depois mandem um especialista em computador examinar os e-mails que recebi. Um hacker chegaria rapidamente a quem me enviou esses e-mails. Ele poderia checar a conta de onde esses e-mails saíram e assim chegar ao endereço do remetente.

    - Porque um hacker? A gente tem especialistas nessas coisas que trabalham na polícia. – Falou Teixeira fazendo cara feia para o suspeito.

    - Eu sei... Mas vocês sabem que devido a intromissão da imprensa, todo mundo já me julgou! – Falou Fausto olhando profunda e tristemente para os investigadores. – Por isso eu sei que se vocês forem investigar esses e-mails da forma legal, seus próprios companheiros vão questioná-los e dizer que vocês querem é aparecer...

               - Pérai meu amigo! – Falou Teixeira mais uma vez grosseiramente. - Não precisa querer ensinar a gente trabalhar também, né? A gente vai começar por onde a gente achar que deve começar, e vai colocar na investigação quem a gente achar que deve colocar! – Depois, virando-se para seu parceiro, Teixeira disse sem paciência. – Alberto, explica aí pra esse cara o que vai acontecer com ele de agora até acabar a investigação, que só de olhar pra cara dele, já me dá vontade de mudar de ideia. 

    - Você vai pra uma penitenciária esperar o julgamento. - Começou a explicar Alberto olhando fixamente para a cara assustada de Fausto. - O delegado já queria mandar o seu processo pra promotoria abrir seu caso, mas nós conseguimos que ele esperasse um pouco até a gente apurar essas coisas que você nos falou. Ele concordou em esperar pra tocar a coisas adiante, mas não quer você preso aqui na cadeia, então, você vai ser transferido.

                Às três da tarde, uma viatura estacionou na porta da delegacia para levar Fausto para a penitenciária João Gusmão.

    A forma animalesca e doentia que Laura Soares foi assassinada ganhou espaço na mídia. As TVs, jornais e revistas não se sabe por que, estavam no local no momento em que os investigadores prendiam em flagrante o único suspeito do assassinato. Esses meios de comunicação tiveram acesso ao interior da casa da vítima, mostrando imagens da cena macabra, em reportagens e programas sensacionalistas que vivem de mostrar a desgraça das pessoas, dizendo que isso é a realidade da vida.

    O assassino além de estuprar e matar Laura Soares com pelo menos nove facadas, friamente usou o sangue da vítima como tinta para escrever nas quatro paredes de seu quarto a frase: Você vai saber por quê.

    A imprensa chamou Fausto de o monstro do Butantã e pintou-lhe na mídia como um demônio dos tempos modernos.

    Por esse motivo, várias pessoas e alguns órgãos da imprensa estavam na porta da delegacia esperando a saída de Fausto para sua transferência. Algumas pessoas xingavam, outras cuspiam, outras tinham que ser controladas pela polícia, pois queriam linchá-lo. A imprensa noticiava tudo com suas câmeras e flashes disparando a todo momento.

    Depois de algum sufoco e empurra-empurra, os policiais conseguiram passar pelos jornalistas e populares para colocar Fausto dentro da viatura e sair com a sirene ligada em direção à penitenciária.

                Teixeira e Alberto olhavam todo o tumulto da porta da delegacia. A investigação seguia em sigilo total e a imprensa tinha apenas a informação de que Fausto estava preso e sendo conduzido a uma cela. Se eles soubessem que os investigadores suspeitavam que o réu fosse inocente, a casa poderia cair para o lado deles e a imprensa poderia chamá-los de loucos ou acusá-los de cumplicidade com o crime.

                - Tá vendo que merda você arrumou pra gente? Falou Teixeira olhando Alberto de cima abaixo.

    - Estou, meu amigo, mas você sabe bem que a gente não iria conseguir dormir direito se a gente não checasse tudo.

                - Eu não iria dormir direito? Cê tá maluco mesmo, né? Acho que você tá ficando velho e frouxo!

                - Velho, eu tô mesmo, mas frouxo, não, é que meu coração é bonzinho! Sorriu Alberto soltando fumaça de um cigarro que acabara de acender depois de cumprir seu ritual de fumante. – Olha, acho melhor a gente começar a trabalhar, porque o delegado não vai dar tanto tempo assim pra gente se eu conheço bem a paciência dele, não vai mais do que uns quinze dias.

                - Tá bom! Falou Teixeira abanando a fumaça que saía do cigarro do amigo e fazendo cara de nojo. - E por onde a gente começa a procurar?

    Alberto coçou a cabeça, deu mais tragada no cigarro, e falou com olhar pensativo. - Acho que a parte que o Fausto nos falou de colocar um hacker na investigação faz sentido, você não acha?

    - Sabe que eu também estava pensando nisso? Acho que o povo aqui vai cair de pau na gente se souber que a gente vai investigar esse caso...

                - Então vamos fazer assim: Eu vou dar uma pesquisada na Internet sobre a doença que o Fausto falou que tem, porque eu nunca ouvi falar nisso antes, e você vai até a casa dele pegar seu computador e levar para o Maicon, aquele hacker que a gente indiciou ano passado, pra ele dar uma checada nos e-mails e ver se descobre de onde eles foram enviados.

                - Beleza, mas você sabe que encontrar endereços de verdade por e-mails é quase impossível, né? Mesmo pro Maicon, que e um puta dum hacker do cacete que, vive dando trabalho pra gente.

                - Nossa, Teixeira, para de reclamar e falar palavrão e vê se anda logo, pô! Vai, vai, vai, vai! Falou Alberto fazendo um gesto de mandar Teixeira embora. - E, por favor, faça as coisas direito!

    *****

                Depois de duas horas e quarenta minutos, a viatura chegou ao complexo penitenciário João Gusmão. Logo na chegada, um policial pediu para que Fausto tirasse suas roupas e colocasse todos os seus pertences numa sacola de papel. Depois, deu a Fausto uma camiseta branca e uma calça amarela de tecido grosseiro, ambas escritas em azul com letras feitas à mão onde se lia: Penitenciária JG.

                Uniformizado, Fausto foi levado até a sala do diretor da penitenciária, Dr. Seixas. Dentro da sala, dois policiais pareciam fazer a segurança do diretor, que assim que avistou Fausto começou a falar em tom de ironia.

                - Olha só quem está aqui, o Monstro do Butantã! Como eu fico feliz e triste ao mesmo tempo por você ter caído aqui na minha arapuca. Fico feliz porque daqui você não sai a não ser dentro de um caixão e triste porque o delegado Abdala me pediu pra não colocar você no meio dos urubus, que estão louquinhos esperando você lá no pátio pra comer a sua carne macia. Você sabe o que fazem com um estuprador na cadeia, não sabe?

                Fausto olhava atentamente com os olhos bem arregalados para a fala do diretor Dr. Seixas. Ele sabia que aquilo ali pra ele seria o inferno e que seria caçado até a morte se fosse colocado junto com os outros presos.

                - A princípio - continuou o diretor arrumando a camisa pra dentro da calça -, eu vou colocá-lo numa ala mais calminha, onde existem mais estupradores iguais a você esperando julgamento, mas não se iluda porque, nessa ala, também existem outros caras legais, como assassinos, formadores de quadrilha, ladrões, raptores, assaltantes e todo tipo de gente da sua laia. Se você marcar bobeira, pode virar mulherzinha ou, quem sabe, um presuntinho, porque você está muito famoso aqui dentro.

                - Mas doutor - falou Fausto gaguejando –, ... eu so... sou i... Inocente!

                - Ah, aqui todos são inocentes, meu filho - falou o diretor abrindo os braços simulando um abraço - e eu sou o príncipe da bela adormecida.

               - Ma... mas eu sô... sou inocente e a polícia nem apurou o estupro nesse ca... Caso.

                - Mas a imprensa falou que houve estupro, meu filho - falou o diretor fazendo uma irônica cara de dor - e tudo o que a imprensa fala nesse país vira verdade absoluta. Então, se eu fosse você, eu cuidaria muito bem do meu bumbum.

                - Isso não é justo doutor, eu sou inocente!           

                - Escrivão! - Falou o diretor virando-se pra um policial que estava sentado ao computador - toma nota aí. E virando-se novamente para Fausto, o diretor perguntou: - Me dê aí algum nome de contato da sua família pra gente poder ligar e falar as horas de visitas e as coisas formais, tipo horas em que o seu advogado pode vir falar com você.

                - Eu não tenho família, doutor!

                - Mãe, pai, irmãos, namorada... namorado.

                - Não tenho nada. Minha família era eu minha mãe e meu pai, mas eles já faleceram.

                - Mulher, não tem nenhuma? E tios?

                - Não tenho mulher e nem tios aqui no Brasil, meus pais eram ingleses e vieram pra cá sozinhos há mais de quarenta anos.

                - Amigos. Amigos você tem, né?

                - Depois que eu saí na TV, meus amigos nem quiseram atender meus telefonemas. Estou sozinho e nas mãos dos investigadores Alberto e Teixeira.

                - Dois malucos de acreditar em você, diga-se de passagem. Soldado Mello! - Gritou o diretor chamando o policial que estava na porta da sala. - Leva logo esse detento pra cela dele, que só de olhar pra essa carinha de santo, eu já tô ficando enjoado.

    Alberto voltou pra dentro da delegacia, indo direto pra sua sala. No caminho, alguns companheiros de serviço olhavam pra ele tão incrédulos com a situação que ele sentiu os olhares e pensamentos atingirem sua pessoa. Dava pra ler em seus rostos, que eles estavam achando que Alberto e Teixeira estavam ficando malucos. Alguns pensavam que os dois queriam status, por abraçarem uma causa tão difícil de desenrolar. Mas isso não o abatia. Ele tinha um princípio e agora que comprara a briga: só sairia dela no final.

    A mesa estava lotada de papéis velhos e anotações ultrapassadas. Raramente Alberto sentava-se ali. Ele e Teixeira preferiam o trabalho em campo, ir atrás das investigações. Geralmente quem fazia o trabalho burocrático era Elizabeth, a secretária da delegacia que sempre mexia nas papeladas para os dois. Mas dessa vez, ele não poderia confiar a ela uma tarefa tão desacreditada quanto aquela a essa amiga. Alberto e Elizabeth eram ex-namorados. Entre idas e vindas desse relacionamento, já se passaram mais de dez anos, e, por mais que eles tivessem amizade e cumplicidade, dessa vez ele preferiu fazer as coisas sozinho.    

    Alberto ligou seu velho PC empoeirado e enquanto esperava ele funcionar, deu uma limpada nos papéis jogando-os no lixo. Pegou uma caneta na primeira gaveta, testou-a e jogou-a no lixo também; pegou outra caneta, testou-a e jogou no lixo junto com a outra até que, finalmente, encontrou um lápis. Pegou uma caderneta que estava no fundo da gaveta e voltou ao PC que já estava funcionando.

    *****

    Teixeira chegou à casa de fausto. Era uma casa de muro alto e portão fechado. Da rua, não se via nada, parecia uma fortaleza.

    - Que merda, viu! - Pensou Teixeira se preparando pra pular o muro. - Esses caras ficam fazendo essas casas escondidas e nem sabem que é isso que os ladrões adoram. Depois que pulam o muro, ficam á vontade sem que ninguém veja nada da rua.

    Teixeira escalou o portão colocando a mão entre ele e o vão do muro. Subiu e pulou pra dentro, como um menino pula num quintal atrás de uma bola. Dentro do quintal, ele viu o tal vaso onde supostamente deixaram a carta no dia em que tocaram a campainha.

    - Puxa vida! - Pensou ele olhando do vaso ao muro repetidas vezes. - Se alguém tocou a campainha, pulou aqui, deixou a carta e pulou pra fora; esse cara deve ser um gato!

    *****

    Na delegacia, Alberto acendeu um cigarro e depois de alguns minutos, finalmente conseguiu acessar a Internet e digitar o endereço do Google. Então, no campo de busca, digitou: transtorno obsessivo-compulsivo, doença do detetivismo.  Pronto, em fração de segundos, a pesquisa buscou mais de vinte mil resultados para aquelas palavras.

    Depois de examinar a lista de resultados, Alberto rolou a página do Google pra cima e pra baixo e se embaralhou diante de tanta informação. Deu uma tragada no cigarro, bateu a cinza no canto da mesa, e resolveu seguir as suas intuições de investigador.  Foi escolhendo sites e entrando em qualquer um aleatoriamente pra ver o que se falava sobre a tal doença do detetivismo.

      Na caderneta, o lápis foi trabalhando arduamente, anotando depoimentos de pessoas que tinham essa doença, médicos do Brasil e do exterior que falavam sobre a gravidade dessa compulsão e dos meios de tratamento. Depois de algumas horas navegando nessa pesquisa, Alberto chegou à conclusão de que realmente essa síndrome compulsiva do detetivismo era uma coisa muito séria e dificílima de controlar. Dos vários depoimentos que leu Alberto, não conseguiu encontrar nenhum doente sequer, que tenha se controlado quando se viu diante de alguma situação que despertasse a dúvida em relação a algum segredo ou mistério. Era terrivelmente incontrolável.

                Quando a pesquisa estava ficando quente, o telefone em sua mesa tocou:

                - Alô!

                - Alberto?

                - Sim, investigador Alberto, pois não?

                - Aqui é o Cláudio do IML. Preciso falar com você e com Teixeira agora!

    *****

    Teixeira pegou uma toalha que estava no varal da casa de Fausto e foi até a porta da cozinha, que era de grades, mas com vidros. Enrolou a toalha na mão para que o vidro não o cortasse e, numa pancada seca, quebrou o vidro perto da fechadura.  A chave estava no tambor pelo lado interno e foi só girá-la e entrar.

    A casa de Fausto era muito bem arrumada e limpa. Tudo estava no seu devido lugar. O fogão de inox escovado combinava com a geladeira e o armário debaixo da pia. O revestimento da parede da cozinha tinha uma faixa decorativa também com apliques em inox.  Assim como na cozinha, todo o resto da casa era de muito bom gosto: a sala era ladrilhada com piso tipo porcelanato, que brilhava tanto quanto um espelho; os quartos eram de um assoalho tão bem cuidado, que parecia ter sido encerado naquele instante. De cada lado da cabeceira da cama de casal, havia uma cômoda, em cima de uma delas, estava o notebook que Teixeira havia ido buscar e, do outro lado, havia um grande porta- retrato que mostrava três meninos e uma menina loirinha. Teixeira pegou a foto e reparou que, pelas roupas, deveria ser uma foto de uns vinte anos atrás.  Os meninos estavam abraçados como bons amigos. Um magrelão alto, outro com traços orientais, um bem gordinho e rechonchudo e a menina loirinha que estava no meio deles fazendo pose de modelo. Certamente era uma foto tirada na escola, porque, ao fundo, via-se uma quadra de basquete com um símbolo pintado na parede que mais parecia um brasão. No meio desse brasão, dava pra ler o nome: Escola estadual Prof. Adolfo Martins de Araújo.  Teixeira reparou bem na foto porque se lembrou de seus tempos de aluno do colegial. Quando já estava viajando no tempo, seu celular tocou tirando-lhe do transe tão repentinamente que ele deixou a foto cair no chão e acabou quebrando o porta-retratos.

    Teixeira olhou no visor do celular e viu que era Alberto.

                - Puxa, Alberto, eu estava aqui olhando pra uma foto na casa do Fausto e viajando na maionese e você quase me mata de susto com o barulho do celular, pô!

                - Teixeira, você encontrou o computador dele? Disse Alberto apressadamente.

                - Encontrei, cacete! E não foi pra isso que eu vim até aqui?

                - É que o Cláudio, lá do IML, me ligou dizendo que já fizeram a perícia no corpo da vítima.

                - Legal! E daí? Tem alguma novidade?

                - Ele falou pra gente estar lá. Daqui a meia hora, que tem umas coisas interessantes pra contar pra gente.

                - Tudo bem chefinho! – Respondeu Teixeira sarcasticamente virando-se pra pegar o notebook de Fausto. – Eu já estou

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