Bidate de Koroturna
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Sobre este e-book
Dilson Vargas-Peixoto
Natural de Santa Maria, RS, é escritor de fantasia e criador do mundo Kndarin, sendo o livro BANDO SEM MARCA (Méritos editora, 2015) sua primeira obra publicada. É licenciado em História pela Universidade Franciscana, bacharel em Ciências Biológicas e mestre em Biodiversidade Animal pela Universidade Federal de Santa Maria. Além disso, é Mochileiro de tempos em tempos.
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Bidate de Koroturna - Dilson Vargas-Peixoto
APRESENTAÇÃO
O medo é a base de quase todos os sentimentos ruins e, consequentemente, de todas as atitudes ruins. O temor de perder algo ou alguém, bem como o medo de estar em abandono
, gera a possessividade e o ciúme; o medo de ser agredido gera agressividade; o medo de ser discriminado ou de gostar do que é pouco aceito socialmente, gera preconceitos; o medo de ser considerado inferior ou fraco, gera atitudes arrogantes e mandos ou ordens; o medo de estar vulnerável gera a insegurança; o medo de ser alienígena
em alguns locais gera a sensação de lugar perigoso
.
Não que lugares perigosos inexistam. Entretanto, muitas vezes nós supervalorizamos o perigo e desvalorizamos os lugares. Isso nos induz ao desconhecimento, pois temos o pré-julgamento de lá não ser seguro
e, portanto, deve ser evitado. Assim, criamos um lugar irreal em nossas mentes e não vamos ao real para tirarmos nossas próprias conclusões.
De maneira semelhante, criamos lugares ideais por não os conhecermos tão bem ou não enxergarmos suas mazelas. Isso é tão comum em lugares turísticos, onde se faz a propaganda do tudo de bom
ou de um paraíso
, ignorando problemas que só conhece quem mora no local (ou o estuda).
Além disso, às vezes criamos o
lugar ideal em nossas mentes como uma fuga do estresse gerado pelo ambiente em que vivemos, nos identificando com uma realidade que não é a nossa. Conhecendo
ou sabendo que existe um lugar ideal
, a pessoa toma para si a propriedade de julgar quaisquer outros lugares não enquadrados como o ideal
, ressaltando as mazelas destes em detrimento daquele, ou salientando as coisas boas do lugar ideal
e, voluntariamente (às vezes inconscientemente), ignorando as partes ruins.
O presente livro não é apenas uma literatura fantástica
. Ele é também sobre o medo e a idealização (boa ou ruim) de lugares. Embora viva no mundo Kndarin, Bidate, personagem principal da trama, vive em um ambiente violento, como muitas pessoas do planeta Terra. O medo que possui por perder sua moradia, a desolação pela privação e o temor por sofrer agressões traspassam a fantasia literária para baterem à porta da realidade de muitas leitoras e leitores, se não diretamente, ao menos indiretamente através de familiares, pessoas conhecidas e amigas. Com isso, a idealização de um lugar paradisíaco existe como um modo de manter as esperanças de que tudo melhore.
O desejo de alcançar esse paraíso
não é apenas de Bidate, mas também de muitos animais humanos. Com isso em mente, juntam dinheiro para irem a um país melhor
ou se refugiam em um Estado onde, no imaginário, há plena democracia e boa vida; idealizam uma forma de governo aparentemente mais justa, procurando alcançá-la através de atos violentos, votos ou manifestações; se dedicam a alguma divindade e praticam boas, mas interesseiras, ações com o intuito de merecerem o paraíso; ou apenas reclamam esperando que alguém (ou uma força imaginária) melhore a situação e o lugar. Mas, será que Bidate, como muitos humanos, não enxerga outras possibilidades de mudança para melhor além daquelas já apresentadas e consideradas as únicas vias
através de um discurso cômodo de as coisas são assim
? Será que realmente existe um lugar ideal
sem o protagonismo do indivíduo na história local e, portanto, em sua própria história? Será que a maior parte do perigo é real ou é reflexo de nossa insegurança interior?
Com isso tudo em mente, peço a você, independente a qual gênero se identifique, que se coloque no lugar de Bidate. Peço que conecte os medos do personagem aos seus; que ligue as esperanças às suas. Por fim, peço que, como Bidate, rompa as barreiras da idealização para vivenciar o lugar e o tempo em que você está, aproveitando cada momento e encontrando possibilidades de melhora onde aparentemente não existem.
Espero que esse livro proporcione inspiração para você ser um agente ativo em sua comunidade. Afinal, todos somos agentes históricos, responsáveis por fazer nossa história e de nosso povo. Transite, transicione, transforme, transmita, transcenda.
Boa leitura!
Sumário
Apresentação
Explicativas
Capitulo 1 - Contexto
Capitulo 2 - A invasão
Capitulo 3 - No Pinheiral
Capitulo 4 - Achando o rumo
Capitulo 5 - Rutornaturna
Capitulo 6 - Pequenos estrangeiros
Capitulo 7 - Festa e treino
Capitulo 8 - O julgamento
Capitulo 9 - A batalha
Capitulo 10 - Vencidos
Capitulo 11 - Escravos
Capitulo 12 - Revolta
Capitulo 13 - Katarube
Capitulo 14 - Tiul
Capitulo 15 - Procurando um bom lugar
Capitulo 16 - Três deuses
Capitulo 17 - Embates
Capitulo 18 - Rumos
Capitulo 19 - Na Tundra Alta
Capitulo 20 - O Caminho Branco
Capitulo 21 - Falsa solidão
Capitulo 22 - Companhia que muda
Capitulo 23 - Koroturna
Capitulo 24 - Pessoas
Capitulo 25 - Tempo que passa
Alguns contos de Tiul
Glossário............................................................................................214
Explicativas
Por se tratar de outro planeta, Kndarin possui fauna e flora bastante distintas das existentes na Terra. Sendo assim, seres descritos como pinheiros, ervas, lagartos, aves, cervos e peixes não são espécies existentes e nem mesmo evolutivamente (filogeneticamente) aparentadas com as da Terra. Apenas utilizo tais termos para que a mente de quem lê visualize formas semelhantes a essas e possa imaginar mais facilmente a biodiversidade de Kndarin.
Por exemplo, o passarinho-amarelo, uma espécie que aparece na obra, pode lembrar o pássaro pula-pula (Basileuterus culicivorus) e seu nome, bem como seu comportamento, remete a esse animalzinho. Mas, a principal diferença está na morfologia das aves
do mundo Kndarin, onde o bico
é uma projeção craniana e as asas são, na realidade, as pernas. Logo, isso confere osteologia e musculatura muito distintas das aves da Terra.
Outro exemplo é a palavra nariz, que procuro deixar entre aspas. Por ser uma projeção
no rosto, no lugar onde está o nariz humano, mantive essa denominação para melhor visualização. Entretanto, os narizes
dos seres de Kndarin são apenas receptores de odor, compostos por microvilosidades
ou microtentáculos
que se movem-contraem-expandem voluntariamente, sem ter função respiratória. Sendo assim, os seres sentem cheiro sem precisar respirar.
Ao longo do livro aparecem outros idiomas criados por mim. Os katrun, espécie protagonista, não falam português ou qualquer idioma conhecido na Terra. Todos os diálogos seriam uma tradução livre de seu idioma, do qual mantive algumas características. Por exemplo, o idioma katrun não possui o fonema /m/ e quando alguém dessa espécie fala um nome próprio, como rumna, automaticamente omite o m e fala apenas runa.
Todas as vogais são pouco abertas e não nasais, com exceção do "ã" que é nasal. O "e jamais se converte em
i. Sendo assim,
Bidate é pronunciado como
bidate e não
bidati. Além disso,
e e
o nunca assumem som de
é nem de
ó, exceto se aparecerem com acento. O
ë (/ø/) possui som fechado, com a língua em posição de
e, enquanto os lábios fazem
bico como
u".
As consoantes possuem o mesmo som do português-brasileiro, com algumas particularidades. O "r" tem sempre o som como em arado e arara, independente de sua posição. Já o "ŗ tem o som do
rr" de arrastar ou do r
em rato. O "l nunca tem som de
u; o
s" nunca tem som de z
; e o "t nunca tem som de
tch. O
h" é semelhante ao das palavras inglesas house e horse. O "ñ corresponde ao
nh do português e ao
ñ do espanhol. O
x sempre tem o som de
sh do inglês ou
ch" do português.
Todos os nomes originários do idioma katrun são paroxítonas, sendo "bidáte e
korotúrna". Já as palavras no idioma tulrukolis são sempre oxítonas; a sílaba mais forte no idioma rumna é a primeira e no idioma katarube não há sílaba tônica.
Por fim, os desenhos acima dos capítulo
correspondem ao estilo artístico da etnia katrun do Pinheiral. Alguns deles estariam presentes nas paredes de Koroturna.
Capitulo 1
CONTEXTO
Em um mundo conhecido como Kndarin, em um continente denominado Grin, um quente e ensolarado dia parecia perfeito, embalado por cantos melodiosos e pelo voo suave dos invertebrados. As plantas brotavam e filhotes de animais nasciam. As águas cristalinas dos córregos se agitavam com o acasalamento dos peixes, enquanto, nas poças, se multiplicava uma profusão de seres unicelulares. Mas, toda essa maviosidade se acabou em um instante.
Uma poeira se ergueu no horizonte indicando as intenções ambiciosas de criaturas medonhas chamadas tulrukolis. Seres de diversas espécies se calaram e se esconderam quando ouviram seus passos pesados. Afinal, os tulrukolis tinham pressa e gana em utilizar suas clavas.
Seus grandes tímpanos expostos estavam atentos a qualquer coisa grande o bastante para ameaçá-los. Sua boca, direcionada para baixo, estampava um discreto sorriso por entre dentes pontiagudos, uns sobre os outros. Seu nariz
, sem função respiratória, juntava partículas de ar através de tentáculos extremamente minúsculos e decifrava os mais variados odores. Seus olhos verdes se mexiam debaixo de sobrancelhas triangulares de cor acastanhada como os pelos que cobriam da mandíbula ao meio de suas costas.
De longe era possível ver o tamanho avantajado dos tulrukolis, com cerca de cinco metros de altura, de pernas colunares providas de três garras curtas. Suas clavas, tangas, linguajar e costumes denunciavam que eram criaturas com cultura própria, que pensavam diferentemente da maioria dos seres do distinto mundo. Em seus passos apressados, os tulrukolis sussurravam orações aos seus Deuses da Morte, os adoradores do sofrimento alheio.
Naquele tempo, os tulrukolis possuíam um vasto território, quase constantemente em expansão. Apenas os povos da altíssima Cordilheira Griniz estavam a salvo de sua dominação. As populações conquistadas eram subjugadas ao trabalho escravo, tendo como tarefa sustentar a ambição do líder dos tulrukolis, o Supremo Sacerdote a Serviço dos Mais Poderosos Deuses da Morte
. Alguns poucos indivíduos corajosos ainda conseguiam resistir à dominação, se rebelando e formando alianças, ou se refugiando e resistindo, como fez a espécie katrun.
De pele cor de ocre e com cerca de três metros de altura, os katrun eram seres resilientes que moravam em turna, cidades-estado fortificadas com barro muito endurecido e de consistência rochosa. Mas nesse dia, Koroturna, uma das nove fortalezas, estava prestes a cair sob o golpe das clavas dos adoradores da morte.
Os pequenos pelos espalhados pelo queixo, ombros, lombo e virilha dos vigias katrun se arrepiaram quando a vegetação arbustiva foi esmagada pelas patas dos tulrukolis. Suas pupilas se dilataram em meio à íris alaranjada logo que avistaram a multidão de inimigos se aproximando. Então, os vigias vociferaram a seus conterrâneos com gritos que reverberaram pelo espaço interno de seus narizes
, que se erguiam como uma crista.
O alvoroço tomou conta de Koroturna. As ruelas ficaram ainda mais apertadas com a multidão que corria, ora para suas residências, que mais pareciam salas grudadas umas às outras e com um único acesso a algum corredor; ora para outro lugar. Muitas fêmeas foram direto à Sala de Orações, onde suplicavam a Keatru, o deus que havia protegido seus ancestrais entre pedras e barro seco, material semelhante ao que dava forma à Koroturna.
Aquele era o dia dez da primavera do ano 1043 do tempo denominado por muitos habitantes de Kndarin como Terceiro Período. A data marcou violentamente a gente de Koroturna, pois a cidade ficou em perigo crítico após duzentos e vinte e quatro anos resistindo às investidas dos tulrukolis. Como nenhum dos povos em conflito conhecia a arte da forja, seus embates eram travados com a força bruta aliada a armas de pedras, madeira e ossos, além da fé.
Não demorou aos grandalhões adoradores dos Deuses da Morte atacarem violentamente, com suas clavas, uma parede de Koroturna. Como evitavam os principais acessos ao interior, por serem mais protegidos e, apesar disso, mais fácies de entrar, se dedicaram a ferir algum muro para demonstrarem sua força. Nem mesmo as pedras jogadas lá do alto pelos habitantes da cidade-fortaleza espantavam os tulrukolis.
Koroturna tremia a cada golpe de clava. Repentinamente, uma parede cedeu e os tulrukolis começaram a entrar, colocando folhas-azuladas na boca para adquirirem maior animação para a matança. Nisso, os katrun novamente correram de um lado a outro, uns tentando se esconder, outros tentando atacar os inimigos com suas lanças ou tacapes. Apesar de estarem um tanto agachados dentro da cidade, devido ao seu tamanho, os tulrukolis intimidavam os nativos de Koroturna ao quebrarem ferozmente seus próprios dedos mínimos e rasgarem suas próprias peles.
A informação da invasão passou de boca em boca. Assim que escutou sobre o perigo, Bidate, jovem katrun que estava em um corredor com um tacape em mãos, correu o mais rápido possível à Sala de Orações, lugar onde deveria estar com sua mãe. Ali, se assomou à porta, adquirindo coragem para avisar sobre a gravidade da situação.
Capitulo 2
A INVASÃO
– Ó Keatru, dê forças às nossas muralhas para que elas resistam aos invasores. – Disse Terbi, mãe de Bidate, acocorada diante de uma imagem talhada na parede.
– Expulse nossos inimigos e nos livre do sofrimento. – Rezou outra fêmea acocorada diante de um amontoado de ossos, implorando ajuda dos ancestrais.
A sala coberta pela penumbra estava barulhenta de tantas orações. Quase todas as fêmeas da cidade estavam ali, algumas com seus mais jovens filhotes, desejando auxílio e proteção.
– FUJAM! OS TULRUKOLIS CONSEGUIRAM ENTRAR NA TURNA! – Bidate gritou, aparecendo de repente. Todas que oravam imediatamente se calaram, dirigindo seus olhares à figura na porta. Mas, não demorou a um murmúrio tomar conta do local outra vez:
– Ao invés de rezar fica gritando.
– Ela atrapalha nossas orações!
– Terbi não a ensinou bem...
– Bidate acha que é um macho para usar um tacape.
Incomodada com aqueles comentários, Terbi se levantou e se dirigiu à porta.
– Bidate, se agache ali e reze conosco.
– Os tulrukolis entraram na turna! – Bidate elevou o tom de voz para as demais fêmeas ouvirem. – Vocês precisam fugir!
Uma filhote se levantou e quis sair, puxando o braço de sua mãe. Mas esta a repreendeu:
– Fique acocorada, Bikna. Reze para Keatru!
Presenciando aquilo, uma velha bufou e disse:
– Aqui Keatru nos dará proteção. Confiamos nele!
As outras fêmeas concordaram.
– Se Keatru não protegeu a turna, não protegerá essa sala, gente! – Bidate vociferou. – Você ficará aqui, mãe?!
Ao ver o desespero nos olhos de Bidate e sentindo um aperto no peito, Terbi segurou firme na sua tanga de couro e virou o rosto às demais, dizendo:
– Eu vou! Fiquem com Keatru sob as paredes!
Essas palavras foram impactantes, pois significavam mau agouro ao saírem da boca de uma fêmea que havia deixado de se acocorar diante das imagens do deus e dos ancestrais. Entretanto, para Terbi elas foram a expressão de sua raiva contida pelo destrato que Bidate vinha sofrendo apenas por ser diferente
.
Assim que Terbi saiu da sala, estrondos e as risadas graves dos tulrukolis ecoaram pelo corredor. Algumas mães se levantaram com seus filhotes e se alvoroçaram, cuspindo na imagem talhada de Keatru. Afinal, o deus das paredes não havia cumprido com sua função de protetor da cidade.
O corredor em que Terbi e Bidate percorriam estava vazio, mas por pouco tempo. Logo, à frente, veio uma multidão assustada de katrun, onde estava o jovem Kabeka, que vestia um saiote mais largo e comprido que o de Bidate.
Bidate e sua mãe pararam, procurando entender o que acontecia, já que os sons dos tulrukolis vinham da direção oposta à da multidão.
– Pare de nos olhar e corra! – Disse Kabeka, empurrando como faziam muitos katrun. Bidate segurou firme na mão de sua mãe para ela não ser arrastada por aquela turba.
– Vocês estão indo para onde os tulrukolis estão, Kabeka! – Disse Bidate.
– Eu vou morrer! – Kabeka lançou um olhar rápido para as duas extremidades do corredor, tentando se manter no mesmo lugar, apesar do empurra-empurra que acabou separando Bidate de seu tacape. – Tem mais atrás de nós! Estamos cercados!
– Para onde vamos agora? – Perguntou Terbi.
– Temos que subir às partes altas da turna, talvez... – Bidate se calou ao sentir o empurrão violento das pessoas que gritavam em desespero. Afinal, o fluxo da multidão mudou de direção por conta de cinco tulrukolis que apareceram bem na sua frente. Então, entre tapas e empurrões, a mão de Terbi se soltou.
– Deixem minha mãe, bando de desesperados! – Bidate vociferou ao ver Terbi ser carregada pela turba.
Pronunciando seu idioma de palavras intensas, os invasores começaram a desferir golpes nos katrun, que procuravam uma maneira de fugir. Porém, essa gente assustada era impedida por outras pessoas que fugiam da matança feita por outros quatro tulrukolis vindos da extremidade oposta do corredor.
Em seus dezenove anos, Bidate nunca sentiu um pavor tão grande. Sendo assim, vociferou em uma tentativa de se salvar:
– EMPURREM! ATAQUEM OS TULRUKOLIS!
Percebendo que era a única alternativa, além de se entregar à morte, a multidão começou a bater nos invasores de maneira desesperadora. Intimidados e com desvantagem numérica, os tulrukolis começaram a recuar.
Entretanto, um grandalhão de cada grupo tirou folhas-azuladas de dentro de uma bolsinha de couro amarrada na cintura. Essas folhas foram distribuídas e logo mastigadas.
Em pouco tempo os invasores se sentiram incitados à violência e ficaram imunes às dores. Eles riam e lambiam o próprio sangue assim que se machucavam, iniciando a carnificina.
Erguidas, as pesadas clavas dos tulrukolis ganhavam velocidade a cada golpe, esmagando as faces desesperadas dos katrun. Quem conseguia passar pelos inimigos era perseguido e, quando pego, espancado. Além disso, algumas fêmeas eram poupadas