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Arco-íris linguístico
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E-book215 páginas3 horas

Arco-íris linguístico

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Sobre este e-book

O que professores fazem no seu tempo livre? Alguns dormem, mas há aqueles que tenham uma vida bem ativa fora da universidade ou até mesmo dentro da universidade quando não estão com alunos. E os mesmos professores que gostam de fazer algo nas suas vidas, adoram dominar, serem submissos, serem sádicos, serem masoquistas, gostam também de disciplinar e de restringir movimentos, além de serem disciplinados e terem seus movimentos restringidos. Mas cuidado, ninguém pode se machucar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de set. de 2022
ISBN9781526047939
Arco-íris linguístico

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    Arco-íris linguístico - Bruna Roje Sanches

    Conto 1

    Palavra de segurança: Vermelho

    Narrador: Felipe

    Pensei que hoje seria um dia como qualquer outro, em que eu pegaria carona para a minha cidade, infelizmente ainda fora do meu estado natal, a bela Bahia. No entanto, recebi um convite inusitado, com as seguintes palavras:

    Felipe, poderia me esperar em frente ao Departamento? Quero tirar o atraso com você, querido servo.

    Apesar de ter a opção de recusar, eu resolvi aceitar, pois além de ele ter colocado um coração no final, com a minha cor favorita, eu necessito desse momento relaxante e prazeroso ou terei sérios problemas de estresse ao longo desse semestre, principalmente por eu ainda não ter voltado ao ritmo.

    Enfim, cá estou à espera e nada de ele chegar. Se bem que mesmo sem ele, não estou sozinho, pois uma das suas servas apareceu aqui ¬— aquela linda de pele negra bem escura, com cabelos volumosos cheios de cachos rosados, além dos seus belos olhos castanhos. E o que tem de beleza, tem de inteligência, é uma das melhores professoras desse Departamento em que nós trabalhamos na faculdade.

    Bem, como eu descreveria o Departamento de Letras? É um espaço aconchegante, um prédio com várias salas de professores para que tenhamos um bom local para descansarmos e até mesmo para elaborarmos mais nossas aulas e apresentações.

    Nós começamos a falar sobre o quanto era bom tê-lo como top e que, mesmo acontecendo erros, sabemos que ele não vai deixar a gente na mão, afinal, quer sempre melhorar e entende como é necessário todas essas práticas para ser o melhor sádico. Se bem que ele já é, tanto que até os mais velhos daqui concordam quanto ao seu jeito maravilhoso.

    — É tão bom ter esses momentos, não é? Ele tem mãos de ouro, tudo que toca melhora, deve ser por isso que é tão amado entre nós nesse imenso relacionamento. Eu posso ter chegado aqui ontem, em relação a vocês, mas consegui aproveitar tanto quanto.

    — Não cheguei há tanto tempo assim, não se iluda. Mesmo assim, eu queria que você aproveitasse muito, muito mesmo. Sério, assim que ele chegar, já vai direto e se deixe levar ao máximo. — Falam que é só citar a pessoa que ela aparece, e parece que é bem certeiro. Mal terminamos essa conversa e ouvimos seus passos velozes de quem se atrasou, bem eu quando me atraso para a aula.

    — Nossa, desculpa pela demora, tive uns probleminhas e acabei me atrasando. Se me permite, posso compensar com uma noite bem íntima. — Seu olhar ficou ainda mais intenso, com seus olhos um pouco fechados e um sorriso — E vejo que o assunto era eu na roda, se não for algo positivo, terei que punir ambos.  Vou deixar Leticia para depois, amanhã tem mais. — Ela ficou corada de maneira instantânea, deve ter tido inúmeros pensamentos pervertidos com esse final.

    — Aceito, e, ao que parece, terá que nos punir de maneira apropriada mais tarde. Não sinto que este era seu plano hoje.  No mais, vamos? Não é só eu que estou com esse fogo. — falei em meio ao clima moldado para uma fala de cunho sexual

    Ele me levou ao seu carro e, antes mesmo de abrir a porta para mim, encostou meu corpo na superfície do carro e beijou meus lábios. Corei, ofegante com aquele beijo maravilhoso. Ao terminarmos o beijo, entrei no veículo. Era difícil deixar meus pensamentos em ordem, parecia que tudo vinha ao mesmo tempo, vontade de beijar mais, vontade de ter meu corpo tocado por aquelas mãos incríveis, vontade de ser amarrado de inúmeras formas. Era tudo que eu queria, mas não teremos tanto tempo quanto eu gostaria e, provavelmente, quanto ele gostaria.

    — Já está com seus pensamentos pervertidos? De fato, você precisava de hoje. E me parece que não é só isso, será que estou indo longe demais?

    — Feliz ou infelizmente já estou sim, e não é só isso mesmo, mas tudo bem. — Deixava-me triste pensar que não poderíamos passar muito mais tempo em conjunto, vivendo como um belo casal. Só que eu não era o único do namoro, não era o único que tem momentos sensacionais com o Patrick, então tudo bem. Se eu quisesse exclusividade, viraria monogâmico.

    Pouco tempo se passou até o veículo parar, causando-me batimentos acelerados no coração.

    Para manter a pose, ele abriu de novo a porta para mim, carregando-me em seus braços. Antes que eu pudesse entender que já estávamos próximos da nossa sessão, senti algo sendo posto no meu pescoço, nada mais, nada menos que uma das coleiras mais bonitas do seu conjunto. Para combinar com tudo o que aconteceria, deixou-me com um acessório vermelho, afinal, se algo acontecer de ruim ou que ultrapasse os limites, é só fazer uso dessa palavra.

    Estava esperando por este momento entre nós, de uma forma que era impossível negar, ainda mais com a nossa impossibilidade de manter uma relação física, por conta da distância e das aulas. Muitos acham que é simples ser professor, que por eu dar aula na universidade não terei problemas em montar conteúdos, sendo que ser docente, em qualquer ano de ensino, é uma tarefa muito difícil.

    — Por onde começamos? Hoje eu queria focar mais em bondage, não sei se será a sua preferência também. E pare de ficar na sua mente, aproveite o momento — A voz dele  fazia minha libido aumentar e assim que ele percebeu, colocou a corrente em minha coleira vermelha, puxando-me e aproximando-me  de seu rosto.

    — Beije-me, top Patrick, faça seu servo feliz. E eu quero sim tudo isso, tudo que envolve a restrição dos meus movimentos e dos meus sentidos — Terminada a frase, sua mão esquerda segurou meu rosto e iniciou o selar dos nossos lábios.

    A intensidade do ato estava cada vez maior, a ponto do meu corpo começar a demonstrar ainda mais os meus sentimentos em relação a tudo isso.

    Enquanto os movimentos ocorriam, apertava meu peitoral por baixo da camisa e usava as unhas na região dos mamilos. Conforme as áreas eram apertadas com cada vez mais profundidade e força, sentia como se fosse ter um orgasmo. Porém, antes que isso ocorresse, paramos tudo.

    —- Quero que você esteja bem consciente para o shibari ou podemos ter problemas. A não ser que queira começar com outros objetos. —- Entendo o motivo, por mais que eu quisesse chegar ao final com ele.

    —- Por favor, dê-me a chance de gozar.

    —- Não foi o suficiente, sabe bem disso. Agora volte ao normal aos poucos, vou pegar as cordas. Logo mais, eu fico de novo na cama com você, esperando ficar tão consciente a ponto de brigar comigo mais tarde por eu ter impedido seu orgasmo. — Não consegui rir da piada, mas foi uma boa tentativa de humor, pena que a minha mente não estava boa o suficiente para isso.

    Com isso, foi pegar as cordas de tom neon, uma parte azulada e outra parte rosada, pois queríamos imitar uma foto que me fez querer shibari desde o começo do ano. Eu pedi para ele essa imitação, considerando todas as nossas dificuldades por não ser a especialidade dele, que faz bem pouco de shibari por ser algo nem tão amado pelos seus outros masoquistas. Eu particularmente adoro e faria só isso se me deixassem, mas é sempre bom variar também com outros itens no meu corpo, até para eu ter inúmeras fotos das recordações com quem eu amo.

    — Pronto? — O modo de falar, separando as sílabas, era perfeito. Então respondi de forma positiva para que isso começasse de uma vez por todas.

    No mesmo instante em que eu terminava a minha fala, fui aos poucos sendo amarrado com os itens azuis e rosa. Ao mesmo tempo em que ele me dava água, de maneira que eu pudesse falar caso estivesse forte ou fraco demais e também para não ficar desidratado. Além disso, eu perguntava se estava mesmo parecido com a foto em questão.

    Quando terminou, fiquei com meu corpo mais na diagonal e com as pernas abertas. A cor azul dominava a cena, visto que o rosa existia apenas em algumas partes do meu corpo

    Meu prazer estava alto, eu sequer conseguia pensar em outra coisa, senão na sensação de estar amarrado e nos olhares recebidos que eu recebia do mestre.

    Cada olhar era um jeito diferente de me excitar, como se ele me tocasse em cada parte observada. Ao observar minhas pernas, meus braços, meu peitoral, tudo era tocado de modo não físico, mas me causava um prazer imenso. Parecia que eu ia ter um orgasmo de tão bom que estava.

    Os nós em meu corpo eram incríveis, tudo me fazia ter uma sensação de que não tinha mais nada naquele espaço, apenas eu e ele, além claro das cordas que me impediam de mover.

    As cordas aos poucos começavam a me causar uma sensação estranha em mim, mas eu continuava a me sentir bem, não querendo parar a sessão ainda.

    — Está tudo bem?

    — Sim — Quando terminei a minha frase, senti um formigamento estranho, além de um desconforto, porém não entendi o que estava acontecendo — Vermelho…

    Apenas ouvia seus movimentos tentando me libertar das cordas, porém acordei e notei como estava tudo esquisito, não era comum vê-lo desse jeito. Por qual motivo meu mestre estava assim?

    — Felipe! Por favor fale comigo! — Alguma coisa quente e úmida caia no meu corpo, parecia até lágrimas.

    — Eu desmaiei?! — De fato eram lágrimas, mas logo elas pararam ao me ver acordado de novo.

    — Ainda bem que acordou, desculpe-me por não perceber desde o começo. Deseja ficar só do meu lado?

    — Sim, tudo o que eu quero é seu carinho. E por favor, se puder, deixar a coleira de novo no meu corpo por ser uma coisa muito boa, é uma sensação deliciosa.

    — Certo. E prometo nunca mais deixar isso acontecer com você, nem mesmo com qualquer outro que esteja aos meus cuidados.

    Sentir seu corpo me abraçando era a melhor coisa do mundo, mais do que sexo e shibari, ainda mais por ser com mestre, aquele que roubou meu coração. Não só o meu, como o de várias outras pessoas daquela faculdade.

    Mesmo a gente não estando mais na cena, a coleira me dava um alívio, como se meu amor me segurasse o tempo todo, prezando por mim em todos os momentos. Se bem que não só isso, amo seus lábios quando estão junto aos meus em um beijo.

    Nenhuma palavra era dita, mas meus desejos foram entendidos da melhor forma, deve ser mesmo a perfeição da maneira de dominar, saindo do binário que esse mundo impõe desde que nascemos.

    Começamos a ir mais fundo, ou seja, assistir um filme e depois ouvir um podcast. Tem coisa melhor? Com certeza não. É extremamente superior a qualquer tipo de interação dita mais íntima, pois não causa em mim a mesma coisa que causaria se estivéssemos em um momento sexual.

    Pouco demorou para eu ser abraçado de novo, junto a um cobertor compartilhado, sem contar no meu top, Patrick, puxando a coleira após o abraço, como eu amo, pois eu o amo. Assim como eu amo uma das características mais marcantes nele, fora do BDSM, que é a maneira com que cuida bem da sua falta de cabelo, tornando sua cabeça brilhante e macia mesmo sem pelos naquela região.

    — Gostou de hoje? Mesmo com os meus erros?

    — Sim. Você é a própria perfeição, um barril tanto no shibari, quanto no carinho, então como eu não iria gostar? — Nós sorrimos e deitamos de uma vez na cama, seu corpo lindo trazendo-me para junto de seu dorso macio igual a um travesseiro.

    Sem nem perceber, disse palavras fora de contexto de tão feliz que estou pela presença dele.

    Queria não ter aula amanhã apenas para aproveitar ao máximo o tempo com essa pessoa. Pelo menos terei de novo um tempo com meu amor na faculdade e poderei falar os meus momentos com os outros.

    — Eu te amo

    — Eu também te amo, querido.

    As horas se passaram após o nosso último eu te amo e era o momento de ver a pessoa que eu amo mais uma vez, de sorrir bobo, de acelerar meu coração, de falar nada com nada, de ficar corado.

    Por mim eu ficaria aqui para sempre, pena que os nossos horários nem sempre sincronizam. Se bem que, às quintas, eu faço questão de passar por onde ele dá aula, por conta do nosso momento de ministrar aulas no mesmo prédio.

    — Aproveite bem, Letícia, porque não tem erro. Amanhã vai ser seu dia, hoje já foi o meu.

    — Qual é. Para de zoar comigo — Fofo demais, mas eu nem falava disso, parece que causei um efeito contrário, acontece, é normal do comportamento do Patrick — Falando nisso, quero tentar de novo um dia, topa?

    — Sim! — Nisso, ele me beijou na frente da Leticia e na frente de Caio, o submisso de Leticia, deixando-os com vontade de serem beijados também.

    — Vamos aos poucos — O tom de voz brincalhão era perfeito para os momentos no qual todos, menos Caio, empurramos seu corpo e o lotamos de beijos e carinho — Vocês são perfeitos, são namorados e servos perfeitos, obrigado por me aceitarem nas suas vidas.

    Conto 2

    Palavra de segurança: Azul

    Narrador: Leticia

    Após a sessão de Felipe com Patrick, sabia que a minha vez estava próxima, o que me deixava excitada só de pensar no uso do meu corpo para o prazer de ambas as partes.

    Não conseguia entender seus medos enquanto sádico, pois todo mundo faz algo sem sentido em algum instante e está tudo bem. Ninguém que está no BDSM sobreviveu sem errar, é como pedir para um aluno tirar nota máxima em todas as matérias.

    Falando de estudantes, muitos me acham uma professora exigente demais, contudo não quero que saiam da minha matéria sem saber o conteúdo essencial para o resto do curso. É claro que é chato ouvir sempre as mesmas coisas, mas se eles não mudam o que eu peço, não é minha culpa.

    Enfim, acabei tendo uma sensação de que algo bom ia acontecer naquela hora.

    — E aí, gata, vem sempre aqui? — Aquela voz mais masculina me fazia arrepiar, além de acelerar meu coração sem precisar de muito esforço. Sem contar o olhar maravilhoso com seu belo olho castanho-escuro quase preto, o jeito de me fazer sentir inferior era perfeito.

    — Venho sim e você? E espera aí, qual seu pronome de hoje?

    — Mas é claro, ou eu não te veria aqui. Ah, meu pronome? Use qualquer um, sabe bem disso, eu já falei inúmeras vezes sobre o fato de que eu não me importo, mas entendo que é comum esquecer.  — Se eu não estava com o coração acelerado o suficiente, agora parece que ele vai sair pela minha boca de tanto que está acelerado. E eu me sinto aliviada por saber disso. A cada palavra eu ficava cada vez mais quente pela minha libido acima do normal.

    Não sabia se eu deveria levar para o lado malicioso, mas só de vê-lo eu sentia meu corpo cheio de arrepios, tanto que nem precisei me esforçar para imaginar inúmeras cenas entre nós dois.

    De certa maneira, eu o vejo me punindo por eu ser pervertida demais. Mas, honestamente, pouco me importo, ainda mais pela minha necessidade de ver seu lado mais sádico, um lado que os alunos conhecem de um jeito escasso. Ele é fofo demais dando aula, por pegar mais matérias do primeiro semestre do curso, senão seria bem mais cruel, assim como é com todos seus masoquistas. Tentei beijar seus lábios, além de tocar por baixo da sua camiseta, afinal, não havia ninguém perto de nós, bem diferente da hora que estamos com os nossos namorados após o nosso trabalho.

    — Calma, não quero ir tão longe agora, meus alunos precisam de mim. Apenas aproveitei um momento de um documentário para sair e respirar entre as aulas, mas preciso voltar ou eles vão achar que eu fui embora. Se não fosse por isso, com certeza eu ficaria mais com você.

    As mãos passeavam pelos meus cabelos enquanto seus lábios selavam os meus, fazendo-me corar somente com um ato simples, todavia ótimo. Sentir o calor humano me dava vontade de arrancar as minhas roupas e as dele ali mesmo, ou na sua sala do Departamento.

    — Me desculpa, eu não sei mais me controlar depois de tanto tempo sem termos um momento a sós. — Ele sorriu e acariciou meus cabelos antes de me responder, deixando-me sem jeito.

    — Tudo

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