Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Das entranhas
Das entranhas
Das entranhas
E-book198 páginas52 minutos

Das entranhas

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Das entranhas é o livro-grito da poeta paraense Elis Carvalho. Seus versos, quase sempre, chegam como um soco no estômago. Não é poesia para relaxar num fim de tarde. Talvez se assemelhe mais a um turbilhão de obsessões que nos pegam no meio da madrugada insone. São poemas sobre dores intensas que precisam ser mastigadas, deglutidas, decompostas em fel e, finalmente, expulsas das entranhas da alma. É uma escrita de caráter confessional, que também expõe as náuseas da sociedade. O eu lírico é um retrato visceral de quem, ainda na infância, enfrentou um abusador, e agora enfrenta a bipolaridade. Das entranhas revela a constante urgência por mais empatia, informação, justiça e cuidados com a saúde mental. Este é um livro sobre alguém que tem sobrevivido apesar de tudo. E, definitivamente, temos muito a aprender.
  
SOBRE A AUTORA
"Poeta paraense, sou formada em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará, bacharel em Direito pela Universidade Federal do Pará e Técnica Administrativa em Educação no Instituto Federal de Educação e Ciência e Tecnologia do Pará. Sou portadora de Transtorno Afetivo Bipolar e escrevo desde criança. Escrever para mim é algo libertário, é a maneira como me organizo em meio às dores e traumas, expulsando de mim tudo que me maltratou, mas que consegui (ou estou conseguindo) ressignificar e isso se aprofundou após o meu diagnóstico. Escrever é uma forma de alívio do que me consome, em todos os sentidos possíveis".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de dez. de 2021
ISBN9786586410280
Das entranhas

Relacionado a Das entranhas

Ebooks relacionados

Poesia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Das entranhas

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Das entranhas - Elis Carvalho

    VERSOS REVISITADOS

    Submersa em versos,

    por todas as partes,

    revisito cadáveres,

    raízes.

    Peço proteção ao Sagrado

    para entrar e conseguir sair.

    São tantos cenários,

    relatos do sentir,

    arrancados de dentro de mim.

    Quem diria,

    os versos que me libertam,

    também podem me engolir.

    27.07.2020

    VERSOS DE DENÚNCIA

    Abusadores andam soltos por aí

    conquistando espaço

    crianças e seus pais

    iludindo seus filhos, esposa, amigos

    visitando nossa família

    em frente à nossa casa

    recebendo curtidas de quem a gente admira

    cumprimentando, apertando mãos nos shoppings e nas esquinas

    Mães que não aguentam saber a verdade sobre a realidade de crianças vulneráveis

    porque elas também são

    adultos que vivem para superar

    os traumas, os trastes, a autoestima baixa

    a violência

    a vida, uma cilada

    a vida, mais firme, intensa, respira, as rédeas, o vento e o adeus ao cais, porque no caos vou me encontrar

    na terceira saída da rota

    vou me jogar

    e um grito de morte arrebentará o passado em um corte

    os abusadores estão presentes nos olhos que gritam silenciosos da criança que se foi um dia

    e ninguém olhou nos olhos

    para quê?

    quero rasgar o pesadelo

    os contos e os desabafos sussurrados, quase mudos

    no leito da cama, pós-surto

    ou em frente ao mar, numa ilha

    quero versos de denúncia

    para arrancar o mal das entranhas

    e cuspir no chão de nojo, vomitar a ressaca do abuso

    abandonar as peles que insistem em não se soltar

    mesmo já em putrefação

    Hipócritas, nossos abusadores vivem nos quintais e sobrevivem nas nossas rotas, traços e revoltas

    sem saber o mal que, absorvido, agora sai como suor por versos e poros

    Como o primeiro vômito desse abuso por escrito

    vou mais fundo

    na garganta

    até doer

    desengasgar

    vamos colocar tudo para fora

    e terapeuticamente olhar

    para o que fizeram de nós

    que não é o que somos

    porque essa parte começa agora

    com um foda-se qualificado

    ao passado guardado na gaveta e nos porões de si

    que precisa ser escancarado para ser cremado e superado

    pisoteado, esmagado

    punido, pelo simbólico e pela realidade

    Para cada um o pecado e o crime que lhe cabe

    11.02.2019

    COLUNA VERTEBRAL

    A coluna

    vertebral

    quase

    rompe

    Por pouco

    não

    me quebra

    Foge do centro

    de gravidade

    Afiada

    Aponta

    contra

    mim

    Sabotagem!

    Espanca

    a vontade

    de ir além

    Há limitantes…

    Trec trec

    TREC!

    PÁ!

    Sobre   s a ú d e :

    Sobra

    s a u d a d e !

    Alto lá…

    24.06.2015

    PUPILAS DILATADAS

    A pupila

    O sol

    O peito

    Dilata

    A dor

    O ardor

    A lembrança

    O caos

    Pessoal

    Social

    A falta de leito

    O trânsito

    Infernal

    E o Oswaldo

    Canta uma canção

    Daquelas

    A garganta fecha

    Eu me ajeito

    De olhos fechados

    Para lembrar melhor

    E o mundo fora de mim

    Segue

    Disforme

    Passos e rostos

    Sou quase nada

    Enquanto tudo me agride

    Pelas pupilas dilatadas

    16.09.2014

    REFÉM

    Arcabouço literário

    No meu quarto

    Desentope

    Calabouço

    De feras

    Famintas

    Desgarradas

    De pele

    Despedaçam

    Desatinos

    Grandiosos

    Amordaçados

    Um comprimido

    Um sedativo

    Para a cefaleia

    Para todos os pedaços

    Um relaxante

    Um sonífero

    Confuso

    Sonambulismo

    Diário

    Notívago

    Adeus

    Sem apego

    Entre laços e nós

    Dispo

    Pelos

    Passado

    Diálogo

    Feriado

    Dispo

    Orgasmos

    Comportamentos

    Arcaicos

    Traumas segredados

    Em momentos inadequados

    Ressaca

    Do convívio

    Da iniciativa

    Inativa

    Qual o nível

    Da justificativa

    Frustrada

    Deprimida

    De cara

    Alterada

    Implosiva

    Esparramada

    Na cama

    Entre livros

    E lençóis amarrotados

    Eu fico

    Louca

    Reorganizo

    Reivindico

    Refém

    De todos os quartos

    Cadernos

    Armários

    Descansos

    Adiados

    Refém

    Cato

    Os cacos

    Caídos

    Pedaços inúteis

    Que não me livro

    Pesados

    Putrefatos

    A hora do recomeço

    Mais que um acaso

    Primeiro rasga

    Arranca e dói

    Arrebenta

    Destrói

    Vai dar tempo

    Retoma o fôlego

    Para espremer de si

    Tudo que ainda dá tempo de ser

    09.12.2014

    ANESTESIADA

    A depressão suga, busquemos ajuda!

    Tentar ficar bem é um esforço tremendo

    Ao redor e dentro, conflitos, cortes e comprimidos

    Pensamentos intrusivos

    No desgaste para um resgate de si

    Na conjuntura, não importam livros, frases, ajuda de outros ou autoajuda

    Afazeres, prazeres ou obrigações iminentes

    Escrevo…

    Para me conectar

    Para não dispersar mais

    Para não me enjaular

    No trânsito, no espelho, no profundo dos olhos e pensamentos

    Abstinência

    Ou sei lá

    São doses apartadas das drogas lícitas que me anestesiam de mim

    Tentar ficar bem é cansativo

    Numa hora cansa e você olha ao redor o esforço

    Mas dentro o que há são faíscas de vida

    Agitadas

    Brotos querendo vingar

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1