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Alma Despida
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E-book303 páginas1 hora

Alma Despida

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Sobre este e-book

Alma despida foi desenvolvido a partir de várias confissões feitas de pessoas que sofriam dores de amor, que padeciam de paixão, consumidos pela ilusão de encontrar em alguém a felicidade. Alimentados pela ânsia de viver um grande amor, seres que transcenderam quando tiveram de romper com uma realidade na procura de uma nova situação, sendo delas extirpadas seus mais nobres sentimentos. Assim nasceu esta cativante antologia poética, uma reunião dos mais nobres e contraditórios sentimentos extraídos dessas experiências.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de set. de 2014
ISBN9788542803754
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    Alma Despida - Cláudia Ferreira

    www.novoseculo.com.br

    Agradecimentos

    Obrigada a cada alma que até mim chegou com sua dor e seu riso sem economizar palavra e qualquer sentimento; obrigada a todos que entregaram a mim suas histórias, como Luciene Balbino, Andréia Desiró, Kelly Zucateli, que me ajudaram a concatenar as ideias e os ideais; por derradeiro, meu agradecimento ao Dr. Eduardo Cesar de Oliveira Fernandes, meu mestre.

    Obrigada Caio e Clara de Ferreira de Castro, meus filhos, pela paciência e compreensão, por serem seres tão singelos e companheiros; pelos extensos momentos que estive envolvida com textos e guardei a maternidade na caixinha; por todos os momentos que deles exigi uma caneta e um papel, na insana vontade de aproveitar o momento de inspiração que me capturava cada dia mais.

    Despir-se

    Ao estampar no papel a alma que grita aqui dentro, coloco um tanto de minha vida e meus sentimentos pra aliviar o peso da bagagem, a escuridão do fosso, a quentura do sol, a decoração das flores em pleno outono, como se a primavera fosse previsível.

    Nesta obra, falo da minha vida e da sua, caro leitor. Tudo sem ao menos parar em seus olhos e identificar o rubor de sua retina; sem ao menos participar de sua dor ou ouvir sua voz rouca do outro lado da linha. Não participei, ao vivo, de sua vida, mas estou ali atrás da cortina participando de cada momento seu. Estou presente e fotografo pra lhe mostrar como está indo bem.

    Falo das nossas questões mais doídas, aquelas menos suportáveis. Há dores que a gente acostuma com elas, tornando-se parte vital de nossos dias. Talvez, uma vaidade aguçada, trancada aqui a sete chaves, aflora num momento de rejeição que não é rejeição; numa situação de abandono que não é abandono e sim, um simples parênteses. Descrevo aqui nossas fantasias e a ardência de nossa pele que, ao toque, se mostra aceita e viva sem pestanejar. Sem assombrar o desejo incesto que nas entrelinhas faz morada.

    Não posso lhe dizer que faço poesia, poemas ou qualquer outro gênero literário. Falo de nós num mesclar de poesia, filosofia, fotografia, pornografia, ritmia. Descrevo situações minhas e suas. Tão corriqueiras e tão triviais quanto a separação, o divórcio, a conclusão, o reinício. Mas que quando estão em atividade, vem de forma devastadora romper com sentidos tão esquecidos encalacrados nos recônditos de nossa alma. Rochas descobertas agora, aos quarenta, cinquenta anos.

    E, quando são descobertas, necessitam ser retiradas, exterminadas, liquidadas. Daí a cirurgia. Esse processo não é fácil, ao contrário disso, mesmo quando descobrimos que precisamos nos livrar daquele peso, daquelas bordas pontiagudas, sofremos porque nos apegamos ao que faz parte de nós. São partes integrantes do nosso ser.

    Essa cirurgia demanda de muitas etapas e nos caem muitas lágrimas. É um processo que terá o tempo que dermos a ele. Mas depois da restauração, logo no seu início, o sorriso começa a dar força à continuidade do tratamento e a cada dia a evolução é melhor e mais rápida. Parece que toda força daquela rocha localizada, é expandida! Explode e alimenta as células, nossos órgãos vitais.

    Renasce ali um novo ser! Cheio de vida.

    Falo de senhoras que a vida inteira entregaram suas vidas aos maridos e filhos e que, aos setenta anos, se separaram; falo de pessoas com setenta anos, mas que têm a vivacidade e animação de vinte, e vice-versa; de outras que não tiveram a oportunidade ou a coragem de decidir seu caminho e depois tentaram retomá-

    -lo com louvor. Falo das coisas que nos acontecem, do amor, da família, amigos, e dos nossos momentos. E de tudo um pouco, conferindo sempre aos nossos momentos a luz que aparece na fresta da janela e que, de repente, toma conta do quarto inteiro.

    Por isso, exponho tudo na primeira pessoa. Assumo a cena e sentimentos. Falo de todos como se fosse eu aquela mãe sofrida, cujo amor insano tomou conta e de tão irracional a deixou sem chão.

    Observo o quarto ao lado e através dele crio um roteiro. Este livro serve de manual pra nossos momentos mais esplêndidos, seja no riso ou no choro, estaremos sempre a postos pra viver um grande e inusitado amor! Estamos aqui pra isso.

    Vem viajar comigo e daqui extrair o que a vida nos dá.

    Revelando as sombras das palavras

    A poesia

    O poeta inventa paixões e as dores por elas trazidas.

    Da dor vem uma poesia, um drama, uma música sertaneja...

    E todo o mundo curte aquele sofrimento infinito...

    Se joga no copo de uísque e finge ser Maysa...

    De Maysa eu só quero os olhos e o delineador.

    Visita

    Nessa noite alguém de alma,

    Corpo e ritmo veio me visitar.

    Foi trazido pela ventania fria

    Uma magia de dá gosto

    Vestida de rosa com o corpo solto e sedento

    Morangos maduros ao tempo, eu esperei.

    Eu no relento e você dentro de mim

    Seu corpo nas minhas mãos.

    Nessa noite, tempestades fortes o trouxeram a mim

    E de mim, partiu, horas depois

    E solenemente se foi!

    Lembranças

    Ela é tão bonita quanto sua dona

    Tem jeito de menina

    Se veste de lilás como bailarina

    Nas pontas dos pés delira!

    Ela é tão bonita!

    Quanto ao seu dono

    Seu santo protetor

    É pequena e espera o cobertor

    É suave e espera as mãos dele

    Leves, intensas

    Que vira às avessas

    Como um olhar que passeia discreto,

    Vai e volta de um canto pro meio

    Circula, incendeia, gira

    Como líquido inflamável

    Jogado no corpo inteiro.

    Ele é tão bonito!

    Como seu dono é lindo!

    E eu busco seu rosto na foto

    No porta-retratos em branco e preto.

    Don Juan

    Ele tinha 41 anos e hoje bem mais que isso

    Mas sua longevidade é aparente

    Aparentemente farta e sua! Só sua

    E antes disso (quem sabe), um antigo homem!

    Um novo nome, sobrenome!

    Um rosto de implícito mistério

    Mulheres, suas mulheres e todas elas!

    A história é a mesma e só uma

    O que muda é a personagem

    A dois, a três, a quatro feito procissão

    Segue o trecho caminhando...

    Em segundos, outra mulher se ajeitando

    Todas se ajudando...

    São gueixas de cabelos presos, batons fortes, brilhos e flores

    Madonas, Monalisas

    Marias, Sofias, cinta-liga!

    Perfume e um cheiro só seu

    Seu toque cerra os olhos

    É só sedução, desejo, paixão, desassossego

    Um homem e tudo isso

    Uma taça solitária no fundo

    Que queria champagne pra banhar o mundo

    E aqui fico em ar fecundo

    Esperando o dia nascer

    Me aguarde. Vou voltar.

    Meus passos

    O mundo me abre mil portas, mas

    Por apenas uma quero passar.

    Me coloca um vasto mundo de oportunidades

    Mas é pelo caminho mais simples e belo

    Que quero trilhar... o mais difícil e complicado talvez

    Seja esse...

    Será esse o motivo do meu sentir atônito? Será?

    Seleciona, amedronta, traz e volta

    Uma anedota

    Me chama e me mostra

    Sinaliza novos horizontes

    Mas somente de um lado quero enxergar

    Esse amor grita alto demais

    Sufoca minhas tardes

    Me faz suspirar minhas noites

    E cintila meus olhos de sombra verde

    Me faz outra menina de uma forma diferente

    Aí eu respiro fundo com ar de inocente

    A tranquilidade toma conta de mim

    É você... só você me faz bem assim.

    Minha alma

    Eu não sou esse corpo que você olha

    Ataca e quer brincar

    Esse corpo tem vida, além dos seus olhos

    Não venha querer me espreitar

    Esse corpo gerou sementes em caule suspenso

    Delírios da sua alma sem apreço

    Compaixão diria ou pura hipocrisia

    Esse espírito vencedor

    Não se esbarrou em você e nem conhece sua dor

    Ela é tragada pelo gole amargo de rum

    Em você ilusões

    Seu esconderijo noturno

    Revelações

    E não obstante, o susto

    Há o gosto nobre do recomeço

    E a eterna vontade de vencer.

    A constante tarefa do viver!

    Cheiro de pera (Leninha)

    Naquele tempo, assim rezava o evangelho: seja feliz, sorria, grite!

    Eu subia em árvores

    Fazia da Jurupis um parque e sonhava em ser professora

    Naquele tempo, Ibirapuera não era shopping,

    Rouxinol era apenas pássaro e cantava alto perto da minha casa

    Eu corria e tentava pegar a ave!

    Ela sumia rapidamente... assim eu queria ser também

    Um pássaro livre

    Ou guardado dentro do meu quarto

    Ia ser o meu melhor amigo

    Naquele tempo, havia magia e Nhambiquaras era coisa de índio

    Música, batuque, fogueira,

    Lua, rio, fumaça, estrela!

    Naquele tempo, eu pulava e corria de vestido florido

    Eu tinha medo da mulher do saco

    Mas gostava de olhar pra cara do macaco

    Sem pestanejar, eu o via meio acabrunhado

    Depois de muito cansaço

    De muito pular e adorar o Santo

    Eu me acomodava no colo de minha mãe

    Sentia o cheiro de pera das suas mãos e adormecia...

    Rio Jequitinhonha

    Meu corpo é abrigo

    Alimento

    Meu peito pulsa em calafrio aqui dentro

    Meus olhos nem ousam a lacrimejar

    São tristes e isso é o bastante

    Brilham como duas estrelas

    Decorando meu rosto bonito.

    Sou uma mulher que vive em silêncio sua dor

    Feito o sofrimento estampado na face sofrida da lavadeira

    Às margens do Jequitinhonha,

    Onde a erosão encolheu o rio

    A água que era verde, ficou marrom

    E perdeu seu trilho

    E hoje segue sem rumo

    Na condução dos garimpeiros

    As mãos mudando o destino

    Da natureza indefesa

    São Senhores de Engenho

    Coronéis do Sertão que de arma em punho

    Atiram na natureza

    E atingem o próprio filho, neto e descendentes

    Essa é a voz da ignorância

    Que pela força se mantém

    Que chega aos nossos ouvidos

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