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O Dom de ser Avós: Construindo Relacionamentos
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E-book310 páginas6 horas

O Dom de ser Avós: Construindo Relacionamentos

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Sobre este e-book

À medida que os pais e as mães se tornam mais ocupados, com a agenda cada dia mais cheia, o papel dos avós tem ganhado um novo patamar de importância e influência na vida de seus netos. O Dom de Ser Avós retrata o espaço único na vida das crianças que somente um avô pode preencer. Passar o legado da história da família aos netos, incutir-lhes sabedoria espiritual, compartilhar de tempo de qualidade e tradições familiares. Este livro está repleto de instruções e dicas dirigidas aos avós, para ajudá-los a assumir um papel ativo no fortalecimento espiritual e emocional de sua família.
Não importa se os netos morem longe ou próximos de sua casa, todos os avós poderão encontrar novas formas de desfrutar do maravilhoso dom de ser avós!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de jan. de 2022
ISBN9786599482854
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    O Dom de ser Avós - Eric Wiggin

    CAPÍTULO UM

    SER AVÔ É COMPLETAMENTE MARAVILHOSO

    Todos nós achamos que você é completamente maravilhoso nos dois tipos mais importantes de paternidade: a que exerce como pai e a que desempenha como avô. Este foi o conteúdo de um cartão que recebi, no Dia dos Pais, da minha filha Debbie, de seu marido, Lew, e da minha neta, Katy. Desde que Katy nasceu, quase todo Dia dos Pais sou premiado com a chegada de mais um netinho que acha que sou completamente maravilhoso. Três dos nossos quatro filhos são casados, e a vovó Wiggin e eu observamos, com prazer e alegria, que os nossos netos continuam a brotar como rebentos da oliveira ao redor da nossa mesa (Salmo 128.3).

    Surpresos por se tornarem avós? Eu fiquei!

    Eu tenho de admitir que me sentia preparado para tudo, menos para ser avô, quando recebi a notícia literalmente no meio de uma tempestade. Naquela ocasião, uma manhã de segunda-feira do mês de setembro, eu estava na sala de estar do apartamento de meu filho em Charleston, Carolina do Norte. Minha esposa, Dot, e eu havíamos chegado a Charleston um dia depois que o furacão Hugo, um dos piores do século XX, havia atingido a cidade. As linhas de comunicação estavam inoperantes, e era inconcebível pensar em fazer chamadas de longa distância – a não ser depois da meia-noite ou de manhã bem cedo.

    Contudo, o telefone tocou antes do amanhecer. Era minha mãe, em Indiana. Nossa filha, Debbie, de Michigan, acabara de dar à luz. Ela e Lew não haviam conseguido falar conosco em função das linhas congestionadas. Dot e eu éramos avós! Então, eu me vesti e fui ao banheiro. Lavei o rosto e penteei o cabelo à luz de uma vela. Usar um barbeador elétrico? Nem pensar. Foi ali que decidi deixar a barba crescer!

    Algum tempo depois, o vovô e a vovó receberam outra bênção: nosso filho Mark contou-nos que Andrea, sua esposa, estava esperando o primeiro filho do casal. Meses mais tarde, chegou o pequenino Timothy, nosso segundo neto.

    Alguns avós têm barba grisalha. Outros são calvos. Alguns, como eu, têm cabelo suficiente para pentear. Algumas avós têm cabelos brancos, sentam-se em cadeiras de balanço e fazem tricô. Outras têm cabelos castanhos, pretos, vermelhos ou louros; elas correm, nadam e andam de bicicleta. Alguns avós têm 90 anos de idade e moram em casas de repouso. Outros têm pouco mais de 30 e andam ocupados com os afazeres da vida diária. Muitos têm mais de 40 e até mesmo mais de 80.

    Ser avô ou avó é uma tarefa atribuída pelo Senhor. Use-a para glorificá-Lo.

    Todos os avós têm algo em comum: encaram a sua importância na continuidade da vida de forma mais serena e profunda do que quando se tornaram pais. Alguns se esquivam, tentando fugir à responsabilidade. Outros dão de ombros, olham com desdém e fazem-se de bobos ao buscar a juventude perdida nas fontes sujas deste mundo. Alguns – aqueles para os quais foi escrito este livro – aceitam a nova responsabilidade e começam a cumpri-la pela graça de Deus.

    Deus tem bênçãos especiais guardadas para os avós cristãos. Sua misericórdia e justiça estendem-se de uma geração para outra, até aos netos dos piedosos que se lembram dos seus preceitos e os cumprem, escreveu Davi em Salmos 103.17,18. Por exemplo: meus avós foram cristãos que honraram o Senhor. Como resultado, todos os seus netos foram abençoados – inclusive eu. Com o passar dos anos como pastor e professor, tenho tido a oportunidade de observar múltiplas gerações de pais cristãos que, com muito mais frequência do que antes, vieram de lares onde Cristo foi honrado pelos próprios pais e avós.

    Os novos pais são cativados pela alegria daquele ser pequenino e precioso que o Senhor lhes confiou. Porém, os novos avós, usando o ponto de vista adquirido com o passar das gerações, conseguem enxergar que são um elo fundamental entre o Éden e a eternidade de uma maneira que não conseguimos compreender quando somos apenas pais.

    Ser avô ou avó é uma atividade que mudará a forma como você encara o envelhecimento.

    Muitas pessoas concebem a noção do que é ser avô logo no começo da vida. Para mim (e tenho certeza de que essa ideia é compartilhada por muitos), os avós eram pessoas idosas, com cabelos brancos, que usavam roupas antiquadas e, se não tivessem músculos fracos, tinham pelo menos juntas enrijecidas. Na minha infância, todos os avós pareciam ter pelo menos 70 anos; outros pareciam ter passado dos 90. E os que eu conhecia tinham um quê de bolorento e vitoriano.

    Eu tive quatro avós e uma bisavó, todos nascidos no século XIX. Quando eu era pequeno, estes avós ainda tinham alguns parentes vivos – tias, tios, primos, irmãs e irmãos. A mãe da minha avó materna ainda vivia, e eu não conseguia compreender por que eu chamava de vovó duas senhoras idosas e de cabelos cinza-azulados, enquanto aquela que fazia a tarefa doméstica chamava a outra de mãe. De alguma forma, aquilo não parecia estar certo. Na verdade, a minha avó materna ficou grisalha prematuramente, aos 40 anos mais ou menos, mas ambas pareciam ter a mesma idade – e eram quase eternas.

    No verão, meus avós paternos promoviam uma reunião alegre no Dia da Independência, para a qual a família da minha mãe também era convidada. As famílias reuniam-se no gramado em frente ao grande celeiro do tio-avô Willie. Os adultos espalhavam mesas feitas com cavaletes e tábuas. Irmãos, irmãs e primos revezavam-se para fazer manobras radicais na rede de lona do tio Willie, estendida entre duas grandes árvores na rua de pedregulhos. A celebração terminava com o sorvete caseiro da sorveteria do papai. Como não havia eletricidade na zona rural de Maine naqueles dias, o sorvete era resfriado em congeladores que funcionavam com uma manivela girada manualmente! Depois da sobremesa, nossa família voltava para casa a fim de ordenhar as vacas e soltar fogos de artifício na noite estrelada.

    A roda da vida experimentou um giro total desde aquelas celebrações felizes coordenadas pelos meus parentes idosos. Num período de 20 anos, minha bisavó e quatro avós faleceram. A última folha caiu há um terço de século, com a idade de 95 anos, e hoje eu sou avô de dez netos.

    Pequenas lições de vida: passe-as adiante!

    Eu gostaria de passar as coisas boas que aprendi como neto tanto para os meus próprios netos quanto para os avós que talvez as considerem úteis em sua tarefa. Além da nostalgia, a vida tem lições práticas, importantes e valiosas.

    Este livro inclui conversas pessoais com outros avós como Jack Wyrtzen, fundador e diretor da Organização Palavra da Vida, cuja influência como líder de jovens alcançou milhões. Apesar de já estar com o Senhor, a força de Jack, como pai e avô, continua a tocar gerações de líderes cristãos. Prova disso são conversas com Jim Franks, fundador do ministério Concern International [Preocupação Internacional] que, junto à esposa, Shirley, criou cinco filhos biológicos e quatro adotivos – um menino e três meninas coreanas. Jim Rickard, um cristão especialista em finanças e diretor do Stewardship Services Foundation [Fundação Serviços de Mordomia], fala sobre os avós e o dinheiro. O Dr. Kevin Leman, psicólogo e autor cristão, aborda o efeito da crise da meia-idade sobre a vida dos avós. Nós também conversamos com avós menos conhecidos.

    No entanto, as próximas páginas serão dedicadas às lições do passado, da minha infância, quando meus avós ainda eram vivos. Estas narrativas ajudarão a apresentar-me e servirão de base para o que virá nos próximos capítulos.

    O propósito dos avós é inclinar-se ao nível de uma criança.

    Esta é uma das primeiras sensações que uma criança deveria ter nos primeiros anos de vida. Eu cresci numa fazenda e lembro que meu pai havia arrendado a trilhadeira de feijão e o trator do tio da minha avó. Papai e mamãe trabalhavam juntos na trilhadeira, e o tio-bisavô Lewellyn e sua equipe transportavam as sementes secas de feijão.

    Um dia, meu irmãozinho, George, e eu fomos levados num carrinho de bebê até à lavoura de feijão. A vovó Fuller foi quem nos levou. Depois, sacolejamos por uma estrada rural de pedregulhos até uma ponte feita de tábuas, onde ela nos tirou do carrinho. Eu me ajoelhei à beira da ponte para observar um sapo-boi todo manchado pular de uma pedra coberta de musgo e nadar riacho abaixo. Voltamos para casa: a vovó empurrando o carrinho vazio, eu, todo feliz, segurando a mão dela, e George andando devagar ao lado dela, agarrado à saia comprida.

    Aquela velha ponte de madeira há muito foi substituída por um aqueduto de aço, mas a diversão que se encontra nos prazeres mais simples ainda edifica pontes entre os mais velhos e os muito jovens. Avós atenciosos sabem como tirar o maior proveito dessas pontes. Os avós que influenciam a vida dos netos são aqueles que estão dispostos a inclinar-se até o nível da criança, rir com o que a faz rir e chorar com o que a faz chorar. Quando pequeno, eu sabia que a vovó Fuller conseguia sentir o que eu sentia.

    Em uma noite de inverno, eu estava observando o vovô Wiggin ordenhar uma vaca à luz de uma lanterna de querosene. Do meio da escuridão, apareceu um gatinho. Vovô fez pontaria com a teta da vaca que estava apertando em direção ao rosto do gato e lançou um jato de leite em seu focinho. Depois, outro jato de leite, dessa vez sobre a cabeça do animal. A criatura faminta apoiou-se nas patas traseiras, com a boca aberta, para alcançar os jatos de leite. Depois de três ou quatro esguichadas, o gatinho já estava treinado para tomar leite sempre que vovô o chamasse.

    Gatos aprendem rapidamente. Vovôs demoram para esquecer. Um truque engraçado que ele havia aprendido três quartos de século atrás, na infância, ainda conseguia entreter uma criança. Todavia, ao fazer uma retrospectiva, vejo que o meu avô não estava sendo bobo ou ignorante. Ele havia aprendido que a ação-reação de um jato de leite e um gato esticado poderia construir uma ponte rumo ao coração de um neto.

    Aos olhos de uma criança, os avós podem ser fortes, sábios e muito inteligentes.

    A vovó Wiggin era uma mulher alta com quadris largos, braços fortes e compridos. Ela se movia com a dignidade de uma rainha, mas não hesitava em carregar um recipiente cheio de conservas do fogão à lenha até a pia da cozinha. Minha mãe, uma mulher pequena, não poderia fazer o mesmo, embora conseguisse lançar hastes de feijão em uma máquina de debulhar grãos. Uma criança que nunca tem contato com pessoas idosas pode dar proporções maiores do que as reais às fragilidades dos avós, interpretando os cabelos grisalhos ou o andar pesado decorrente da artrite como sérias imperfeições. Por outro lado, a criança que cresce perto dos avós pode ficar admirada com suas habilidades e até achá-las sobre-humanas.

    Meus avós sabiam tudo e haviam feito tudo – ou, pelo menos, tudo o que alguém poderia desejar saber ou fazer. O vovô Fuller foi motorista de bonde elétrico em Boston. Uma vez, ele assistiu a um espetáculo de Jimmy Durante [*] e viu Harry Houdini [**] ser acorrentado e trancado em uma caixa de ferro e, em seguida, mergulhado no fundo do rio Charles congelado. Depois da Guerra Civil, vovô Wiggin ajudou o pai dele a limpar pastos cheios de troncos para fazer os campos que, mais tarde, formariam a fazenda de papai. Naquela época, não havia máquinas de cortar grama: ele cortava a relva com uma foice manual e carregava o feno para o celeiro com seus bois.

    Assim, quando meus dois avós – estes dois homens de insondável sabedoria – discutiam sobre política durante a eleição presidencial de 1952, eu ficava sentado na beira da cadeira e, emocionado, absorvia tudo. Um avô era republicano, partidário do 27º presidente dos Estados Unidos, William Howard Taft. O outro, de Eisenhower.

    Uma das maiores emoções da minha vida (eu tinha 13 anos, em 1952) foi a de ficar acordado até tarde com o vovô Wiggin e ouvir os resultados das eleições pelo rádio. As crianças admiram a sabedoria e o conhecimento dos avós que elas tanto amam. Mais tarde, essas influências exercerão um impacto profundo sobre as decisões e os atos que fizerem parte de sua vida adulta.

    Avós são para sempre.

    Para uma criança pequena, os avós são como Melquisedeque: sem princípio de dias, nem fim de existência (Hebreus 7.3). Embora eu tivesse 8 anos quando minha bisavó morreu, sua morte não me afetou seriamente. Não havíamos convivido de perto, pois ela viveu sentada à sombra da cozinha de minha avó, raras vezes aventurando-se a sair de sua cadeira de balanço quando as crianças estavam por perto.

    No entanto, minha convivência com meus quatro avós sempre foi muito próxima e parecia que jamais acabaria. Eles eram constantes, previsíveis. O vovô Fuller sempre foi lojista e trabalhava meio período como xerife (e, algumas vezes, contava histórias fantásticas sobre sua juventude em Boston). O vovô Wiggin viveu a maior parte de seus 80 e poucos anos como agricultor na mesma fazenda onde cresceu. Somente mais tarde eu soube que ele também havia trabalhado no correio, em um moinho, como supervisor de escola durante um tempo e, por muitos anos, tinha sido mediador dos encontros de negócios anuais da nossa cidade.

    Eu tinha 14 anos quando vovô Wiggin morreu; ele tinha 85. Eu me lembro muito bem daquela manhã dolorosa de janeiro em que ele adoeceu com pneumonia. Ele estava cortando lenha, e eu a estava jogando no galpão. O vovô começou a cuspir sangue, e aquilo me assustou.

    Ele morreu três semanas depois. Chocado, eu aprendi algo novo: os avós não vivem para sempre. Eles são um presente de Deus para que os estimemos enquanto podemos.

    Os avós dão às crianças perspectivas de vida tão necessárias na cultura do século XXI.

    A presença de um ou mais avós na vida de uma criança é capaz de ajudá-la a dar importância ao ponto de vista do adulto e à brevidade de sua própria existência. Este processo de amadurecimento requer que o indivíduo compreenda e respeite os relacionamentos entre as três fases da vida: infância, fase adulta e idade avançada. Infelizmente, a cultura atual, centralizada nos jovens, perdeu até mesmo a habilidade de amadurecer.

    O autor Neil Postman, em seu estudo clássico, O Desaparecimento da Infância, comenta que a nossa cultura alcançou o nível em que os adultos americanos querem ser… crianças [1]. Entretanto, as próprias crianças são submetidas diariamente a indiretas experiências adultas impostas pela televisão, pelo cinema e, depois que a pesquisa de Postman foi publicada, pela internet. Depois da Segunda Guerra Mundial, o autor observa que a infância perdeu o ambiente social que desperta e nutre [2]. E retrocedeu rapidamente à brutalidade desenfreada da Idade Média, que precedeu Gutenberg, Lutero e a grande era da tradução da Bíblia. Meus netos – e os seus – têm contato diário com crianças de famílias desestruturadas como as que Postman descreve. Esses garotos alimentam-se de violência e linguagem grosseira e são expostos precocemente ao sexo, tanto por meio da mídia quanto pelo próprio ambiente familiar.

    Segundo Postman, os avós de hoje fazem parte da última geração que teve o privilégio de nascer entre 1850 e 1950, a única era da civilização ocidental que reconheceu a infância como um estágio distinto da vida que deve ser nutrido e protegido [3]. Ao longo da nossa vida (eu nasci em 1939), temos visto uma volta ao tratamento brutal e cruel de crianças. Somente aqueles jovens afortunados, cujos pais conseguem intervir e protegê-los, escapam desse retorno à barbárie.

    Considere o contraste que Postman demonstra entre a imagem de dois ídolos de filmes infantis: Shirley Temple, nos anos 1930, e Brooke Shields, 40 anos mais tarde. Temple interagia com adultos no palco enquanto mantinha a inocência – pelo menos, diante do espectador. Por outro lado, dos 12 aos 17 anos mais ou menos, Shields apareceu nua e envolvida em cenas de sexo em filmes feitos para… adolescentes! De que forma os milhões de jovens americanos que assistiram a Menina Bonita ou Amor sem Fim poderiam sair do cinema com a inocência intacta?

    Nosso papel, como avós, é contribuir para o desenvolvimento e o amadurecimento dos nossos queridos netos durante o tempo que ainda nos resta. Alguns verão o primeiro dos netos alcançar a idade adulta, ter filhos e recomeçar o ciclo. Alguns, como o meu pai, que o Senhor levou aos 51 anos, podem não ter esse privilégio. Alguns têm netos que moram perto. Outros, nessa cultura em que as famílias mudam a cada seis anos – e as famílias jovens mudam com frequência ainda maior – [4], relacionam-se com os netos por telefone, cartas, e-mails, pelo website da família, por CDs ou vídeos. Ou pode ser que nos tornemos os avós substitutos dos netos de outras pessoas.

    Qualquer que seja o caso, nossa tarefa é a mesma: buscar a glória de Deus na vida dos nossos netos, deixando Cristo transparecer através de nós, e vê-los crescer para serem conformes à imagem de seu Filho – o Mestre (Romanos 8.29).


    * Um dos mais populares artistas norte-americanos, atuou como cantor, pianista, comediante e ator entre 1920 e 1970. (N. da R.)

    ** Nascido em 24 de março de 1874, em Budapeste, capital da Hungria, Houdini foi um dos mais famosos escapistas e ilusionistas da História. (N. da R.)

    CAPÍTULO DOIS

    A CASA DA VOVÓ, VIRANDO A ESQUINA

    A cozinha da vovó sempre cheirava a pão assado, feijão e bolachas de melaço fresquinhas e recém-saídas do forno. E a vovó não reclamava quando eu pegava uma bolacha sem pedir – mesmo que fosse mais de uma!

    Tem leite na geladeira para beber com as bolachas, dizia ela enquanto se curvava para mexer o feijão. Se eu derramasse leite na toalha da mesa, a vovó não me censurava; ela murmurava baixinho: Não faz mal, eu vou dar um jeitinho – e, em seguida, limpava a sujeira sem brigar. Ela nunca gritou comigo, nem uma única vez. Ela me tratava como um ser humano. E nunca estava com pressa; assim, tinha tempo para dedicar-se a mim e a me compreender como um indivíduo.

    A casa da vovó era um refúgio dos gritos estridentes de competição entre os irmãos, das broncas severas dos pais, das preocupações que incomodam até mesmo uma criança. A casa da vovó – da sua avó ou da minha – talvez estivesse situada além do rio e por entre os bosques, como era costume nos dias de antigamente, ou logo depois da esquina, para onde podíamos ir de bicicleta.

    Na minha infância, a casa da vovó não tinha o cheiro esterilizado de perfumadores de ar e carpete novo, que encontramos nas casas de hoje. A vovó tinha um fogão à lenha ou a carvão, comum em muitas casas rurais e vilas nos anos 1950, e, por isso, a cozinha cheirava a carvalho ou a pinho; de vez em quando, nos dias de inverno, havia cheiro de fumaça. No verão, havia uma panela fervendo com a polpa das maçãs adocicadas que a vovó colhia da árvore retorcida próxima à porta da cozinha, a qual ela deixava aberta para que a brisa fresca soprasse pela tela.

    No inverno, primavera ou outono, a cozinha da vovó era o lugar mais aconchegante da Terra. No verão, porém, era quente; com exceção do período da manhã bem cedo. Mas isso não importava; comíamos numa mesa antiga preparada na varanda dos fundos.

    A vovó tinha uma caixa de brinquedos debaixo da escada, e eu podia brincar com todos sem precisar dividi-los com ninguém. Havia carros de ferro fundido laqueados para empurrar pelo chão, uma caixa com peças para montar e uma velha boneca de porcelana quebrada. Há pouco tempo, vi uma dessas bonecas em uma loja de antiguidades e não sei se fiquei mais emocionado com as lembranças da casa da vovó ou com o preço: cerca de R$ 1.500,00!

    Quando a louça do jantar já havia sido lavada e guardada, vovó trazia uma caixa de jogos de tabuleiro. Havia tabuleiros de gamão, xadrez e ludo. Aquela velha caixa de madeira guardava jogos de xadrez chineses e até mesmo o Banco Imobiliário sem faltar nenhuma peça. E, na casa da vovó, eu sempre ficava mais tempo acordado para terminar o jogo, independentemente do horário. Lá, a hora de dormir era quando eu já não conseguia mais manter os olhos abertos.

    O café da manhã sempre era mais tarde do que em casa, pois a vovó nunca tinha pressa de ir a lugar algum. Eu levantava por causa do cheiro de biscoitos quentes e, quando descia as escadas, descobria que ela já havia colhido framboesas frescas do quintal para o café.

    O que descrevi nos parágrafos anteriores é a combinação das lembranças que guardo da casa da minha avó e de muitas outras. Você pode acrescentar suas próprias lembranças da casa da sua avó às mencionadas aqui. Como eu, agora você tem netos. E essas recordações constituem um ponto de partida para prepararmos a nossa própria casa a fim de recebê-los.

    As crianças precisam do conforto da casa da vovó ou do monte do vovô para se tornarem adultos completamente equilibrados (veja capítulo cinco). Os avós podem fazer muitas coisas para que a casa deles seja especial para os netos. Como avós, novos ou experientes, honramos a Cristo quando buscamos maneiras de fazer da nossa casa um lugar que os nossos netos vão lembrar pelo resto da vida.

    Prepare o ambiente para estes hóspedes especiais: os seus netos.

    Isso pode significar uma cadeira alta, um berço no quarto de hóspedes e, talvez, itens como um penico, um carrinho de bebê e uma cadeirinha para o carro. Mais cedo ou mais tarde, você provavelmente necessitará de um cercadinho para o bebê – ou de uma mesa de pingue-pongue no porão ou na garagem. Mas, no ano passado, você deu aquele berço, uma relíquia familiar que estava guardada no sótão, para a sua sobrinha? E gastou suas economias com enxoval, chá de bebê e, talvez, uma passagem aérea para ver sua filha ou nora e levar um precioso presentinho? Você tem condições de mobiliar um quarto de criança em sua casa?

    É tempo de descobrir onde comprar produtos usados! Para quem está começando, ninguém espera que você tenha equipamentos novos para uso ocasional dos novos hóspedes. Nos classificados de jornais, você pode descobrir meia dúzia de móveis para bebês ou brinquedos para crianças mais velhas. Pais de crianças já crescidas muitas vezes vendem esses itens por um preço bem menor. Desfaça-se de suas coisas velhas e quebradas e procure adquirir outras em bom estado. Pode ser insensato comprar itens usados para uma mãe de primeira viagem, mas, na casa da vovó, o equipamento já utilizado pode ser muito útil.

    Crianças pequenas precisam estar sempre ocupadas.

    Procure brinquedos e livros apropriados para as necessidades de seus netos. Essa escolha deve levar em conta o objetivo de manter a criança ocupada com um mínimo de

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