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As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954): perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora
As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954): perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora
As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954): perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora
E-book254 páginas3 horas

As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954): perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora

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Sobre este e-book

O presente trabalho tem por objetivo analisar o período do governo de Getúlio Vargas. Dentro desse recorte, trago como objeto de minha pesquisa as relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954). No primeiro capítulo, apresentamos um balanço historiográfico sobre esse governo e também abordamos algumas características dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora, no qual investigamos sua formação e atuação, apresentando sua importância para o estudo da pesquisa em questão. No capítulo dois, abordamos alguns aspectos concernentes à atuação das Forças Armadas. Primeiramente, trazemos um levantamento teórico e também historiográfico sobre as Forças Armadas. Também apresentamos o acordo militar firmado entre o Brasil e os Estados Unidos em 1952, a possível participação dos militares brasileiros na Guerra da Coreia e as eleições no Clube Militar para o biênio de 1952-1954. No terceiro e último capítulo, a intenção é poder investigar o quadro mais intenso dessas relações, abordando o posicionamento dos militares através do Manifesto dos Coronéis e da morte do major da aeronáutica, Rubens Vaz. Por fim, e de forma progressiva, a situação de crise do governo de Vargas, em plena relação com as Forças Armadas e o suicídio do presidente. As análises desses aspectos foram desenvolvidas através das perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora, que não foram apenas fontes, mas objetos dessa pesquisa de mestrado.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de fev. de 2022
ISBN9786525222219
As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954): perspectivas dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora

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    As relações das Forças Armadas com o governo de Getúlio Vargas (1951-1954) - Wagner Soares Pereira

    CAPÍTULO I O GOVERNO VARGAS E AS FONTES DE PESQUISA

    1.1. BALANÇO HISTORIOGRÁFICO SOBRE O GOVERNO VARGAS (1951-1954)

    Analisaremos neste breve balanço historiográfico e em forma de síntese, sobre como alguns autores trabalharam determinados assuntos concernentes ao período do Governo Democrático de Getúlio Vargas (1951-1954). Neste sentido, iremos tratar das questões relacionadas por certos fatores que ocorreram durante essa gestão do presidente, sendo elas: a política econômica de governo, a política externa brasileira e a questão do petróleo. Também iremos abordar os assuntos concernentes a classe trabalhadora, a reforma ministerial de 1953 e a política partidária desse período. Por fim, investigaremos as questões relacionadas as forças armadas, no qual será esse o fator de ênfase, por ser o mesmo, objeto de análise nesta pesquisa.

    Sobre a questão econômica, Maria Celina Soares D’Araújo nos mostra que muitas das propostas de Vargas para essa política em seu governo vem justamente das críticas que ele fez ao governo anterior, no qual a situação econômica do Brasil se tornou para o início do Segundo Governo Vargas à beira de um caos, o que mostrava a incompetência do governo Dutra. Dentro dessa perspectiva de política econômica, Vargas precisaria inaugurar uma nova fase em seu governo⁴². Nesse sentido, D’Araújo nos aponta que o incentivo à produção industrial e à produção agrícola, assim como uma política relacionada a recursos minerais e ao capital estrangeiro, seriam quatro fatores principais na execução de uma política econômica objetivada por Vargas, em que a exploração de recursos, deveria ser feito por capitais nacionais, mas desde que houvesse critérios seletivos, o capital estrangeiro também poderia participar na economia brasileira⁴³. Nesse aspecto, Boris Fausto nos direciona a perceber que um dos planos econômicos propostos nesse período foi o Plano Lafer, de 1951, que foi uma estratégia de desenvolvimento, que objetivou contar com apoio financeiro dos Estados Unidos, e buscava direcionar os investimentos em setores que eram prioritários⁴⁴.

    D’Araújo nos mostra que um olhar do Brasil para a agricultura seria fundamental, pois o seu desenvolvimento contribuiria para a sua emancipação. Todo o processo de modernização no campo, estaria, segundo ela, relacionado ao fortalecimento do capital nacional. A industrialização, por exemplo, era uma questão que se refletia na defesa nacional, o que de certa maneira livraria o Brasil de uma dependência externa, nos quais, em sentido de recursos naturais, o petróleo era um exemplo⁴⁵. Mas, segundo Fausto, esse destaque desenvolvimentista almejado pelo governo Vargas, acabou apresentando problemas, em que se pode destacar a inflação, que chegou a quase 21% em 1953. Em 1951 e 1952, a inflação já havia produzido forte aumento de preços de gêneros de consumo de alimentos popular⁴⁶.

    Logo, Skidmore nos mostra que no ano de 1953, o presidente Vargas lançou um programa anti-inflacionário, pois desde o início da década de 1950, a inflação tinha atingido níveis consideráveis. A partir de 1953, através do novo ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha e do novo presidente do Banco do Brasil, Souza Dantas, foi lançado um programa de combate à inflação, chamado de Plano Aranha, que trouxe um severo controle de créditos e um novo controle sobre as transações cambiais, e a partir daí o Brasil teve que conter até mesmo o processo de industrialização. Entretanto, a inflação persistiu⁴⁷. Sendo assim, Bourne nos apresenta que desde o início de seu governo, Vargas buscou reduzir a taxa de inflação e estimular investimentos em quatros setores, nos quais: a indústria de base, em energia, em portos e ferrovias⁴⁸. Nesse sentido, Skidmore nos aponta que Vargas optou por uma política econômica mista, preocupando-se com a balança de pagamentos no lado externo e enfrentando a inflação no lado interno⁴⁹.

    Dessa forma, Fausto nos mostra que Vargas buscou um desenvolvimento nacionalista, onde a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), criado em 1952, tinha esse objetivo de desenvolvimento industrial e de infraestrutura para o Brasil⁵⁰. Para Skidmore, a Comissão Mista para o Desenvolvimento Econômico entre o Brasil e os Estados Unidos e a formação do BNDE, foram reflexos da presença norte-americana nas questões econômicas brasileiras⁵¹. Entretanto, D’Araújo nos afirma que apesar do fortalecimento da economia nacional ter sido algo que Vargas sempre procurou defender, ainda assim, teve que ceder aos interesses norte-americanos, o que se pode mostrar que no plano econômico, o Brasil também foi marcado por contradições⁵². De 1953 a 1954 houve uma queda considerada de investimentos externos e a inflação e a taxa de crescimento econômico acabaram por estimular uma insegurança nacional⁵³.

    Sobre as relações de política externa, através das ações entre o Brasil e os Estados Unidos, Mônica Hirst nos mostra que Vargas procurou um novo padrão no relacionamento do Brasil com os Estados Unidos, isso desde o momento da sua vitória em 1950, o que de certa forma já estava nítido em seus discursos durante a campanha eleitoral⁵⁴. Durante o ano de 1951, os Estados Unidos eram destaque na América e o Brasil passou a ser mais atraído para as influências norte-americanas, o que acabaria favorecendo essa relação de política externa entre os dois países⁵⁵. Essas relações bilaterais tiveram destaque nos preparativos para a IV Reunião de Consulta que ocorreu em Washington em 1951, onde os Estados Unidos também tinham expectativas com a cooperação brasileira, pois desde o período pós Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos construíram uma visão de dependência estruturada por parte da América Latina, sendo nesse caso específico o Brasil, em que os norte-americanos priorizavam por um livre fluxo dos seus interesses privados em sua política externa. O Brasil, por sua vez, vislumbrava variados interesses, dentre os quais: a suspensão das restrições norte-americanas ao preço do café. Dentro dessa relação de política externa, a busca pela formação de uma Comissão Mista do Brasil com os Estados Unidos, serviria de certa forma como um meio de o Brasil criar um comprometimento dos norte-americanos para o apoio das questões de industrialização no Brasil⁵⁶.

    Podemos observar que dois pontos importantes devem ser considerados nessa análise de política externa. As questões relacionadas à Guerra da Coreia e o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Dessa forma, Bourne nos mostra que quando foi sugerido em Washington que o Brasil participasse da Guerra da Coreia, o presidente Vargas se posicionou, rejeitando a proposta. Entretanto, em 1952 seria assinado um acordo de ajuda militar entre o Brasil e os Estados Unidos, com o objetivo de defesa mútua no continente americano⁵⁷. Nesse aspecto, Fausto nos apresenta que desde a Reunião de Chanceleres havia a proposta de que o Brasil enviasse tropas para lutar nessa Guerra, no entanto, Vargas levou o assunto com cautela e só daria à resposta contrária a ida dos militares, em dezembro. Mas é desse processo que Fausto aponta o lado contraditório da postura de Vargas, pois nos apresenta que apesar de Vargas ter sido contrário ao envio de tropas para a Guerra, ele conseguiu compensar a relação de outra maneira, ao facilitar a exportação de nossos minerais para os Estados Unidos, através de monazita, que era um mineral de suma importância para a energia nuclear e armas atômicas, algo que agradava aos EUA e estava justamente relacionado ao acordo

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