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A diplomacia mediatizada: Em busca do refrão de um brasil megalonanico
A diplomacia mediatizada: Em busca do refrão de um brasil megalonanico
A diplomacia mediatizada: Em busca do refrão de um brasil megalonanico
E-book220 páginas2 horas

A diplomacia mediatizada: Em busca do refrão de um brasil megalonanico

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Sobre este e-book

Na reiterada alternância de verdades provisórias acalentadas pela imprensa, diante de um cenário que mostra indícios de mobilidade na conformação do poder global, o Brasil passa a atrair a atenção internacional de maneira inédita, não mais (ou não apenas) sob os estereótipos recorrentes do samba, da mulata e do futebol, mas como importante agente. Não obstante, determinadas coberturas nacionais insistem em não se deslocar da imagem atrelada à antiga estereotipia.
Na presente obra, o autor propõe-se a demonstrar, por meio da exposição e análise de episódios envolvendo a diplomacia brasileira recente, que parte da imprensa nacional opera dentro de um fechamento discursivo, na construção de um país fadado ao eterno complexo de vira-lata.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2015
ISBN9788547317966
A diplomacia mediatizada: Em busca do refrão de um brasil megalonanico

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    A diplomacia mediatizada - Antônio Donizeti de Carvalho

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2015 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Anacronismo

    O português ficou comovido de achar

    Um mundo inesperado nas águas

    E disse: Estados Unidos do Brasil

    Oswald de Andrade

    Agradecimentos

    Meu agradecimento à CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) pela bolsa de estudos, fundamental para a conclusão do percurso acadêmico que originou o texto deste livro.

    Agradeço aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP: Helena Katz, Jerusa Pires Ferreira, Lúcia Santaella, Aidar Prado e Eugênio Trivinho, que, afinal, são parte desse percurso; e à sempre pontual ajuda de Cida Bueno.

    Agradeço especialmente ao meu orientador, Rogério da Costa, pela liberdade nas escolhas em busca do refrão; e ao meu antigo professor dos tempos de Cásper Líbero, Sidney Ferreira Leite, que, gentilmente, se dispôs a compor o prefácio desta obra.

    PREFÁCIO

    Ao longo desses mais de vinte anos de trabalho, nas franjas entre os campos, especialmente complexos da Comunicação e das Relações Internacionais, ouvi de colegas, em reiteradas ocasiões, as seguintes sentenças: isso não faz parte da comunicação ou, isso não é Relações Internacionais. No início, tentava argumentar e iniciar um debate que, em geral, resvalava em questões do campo da epistemologia e/ou da Filosofia das Ciências; em outras palavras, tentava, sem muito sucesso, questionar o conteúdo positivista contido nas sentenças acima sublinhadas. Com o passar do tempo, a opção foi simplesmente não polemizar e aguardar o desenvolvimento de pesquisas que acabariam por indicar que as afirmações dos colegas eram insustentáveis.

    De fato, não apenas as pesquisas, mas a própria realidade, deixam cada vez mais nítida a falência da crença na suposta autonomização e objetividade dos diferentes campos de saber como, por exemplo, os da Comunicação e o das Relações Internacionais. A rigor, a necessidade de compreender e explicar os fenômenos da realidade contemporânea vem prevalecendo, e a inter e a transdisciplinaridade deixaram de ser uma retórica para se tornar a prática cotidiana de pesquisadores e de analistas desses, e de outros saberes, notadamente na área das chamadas Ciências Humanas e Sociais.

    Dessa forma, é muito bem vinda a proposta de investigação elaborada por Antônio Carvalho, agora materializada no livro, A Diplomacia Mediatizada: Em busca do Refrão de um Brasil megalonanico¹; obra que, entre outros aspectos, apresenta contribuições relevantes tanto para os estudos da Comunicação, como para a ampliação dos horizontes de pesquisa das Relações Internacionais do Brasil.

    Para a Comunicação, o livro demonstra, de forma sistemática, as diferentes concepções construídas pelos periódicos nacionais, notadamente a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, e de outros países, como: El País, Le Monde, The Economist e Financial Times. O estudo proposto oferece diversas janelas de oportunidades para a investigação acadêmica; como uma imersão na cultura e na psiquê nacional, cujo discurso é, em geral, corroborado pelos jornais em questão, isto é, o Brasil megalonanico. Aliás, narrativa que foi repetida, como uma espécie de eterno retorno, quando o país estava se preparando para a realização da Copa do Mundo de 2014, consubstanciada no mantra, propagado pela sociedade e pela mídia: imagina na Copa? Expressão que começou a ser desconstruída ao longo do evento, com a forte contribuição dos jornalistas de outros países que faziam a cobertura da Copa do Mundo para os periódicos internacionais e constatavam que o mantra não expressava a realidade. Mas essa é outra e instigante História a ser investigada.

    O livro contribui para dessacralizar um argumento que muitas vezes ouvimos até de jornalistas experientes, os quais procuram legitimar o seu ofício, argumentando que a tarefa do jornalismo é apresentar os dois lados de uma História ou de um fato. O referencial teórico levado a cabo em A Diplomacia Mediatizada: Em busca do Refrão de um Brasil megalonanico, notadamente com as contribuições de Eugênio Trivinho, Paul Virilio e Érik Neveu, reforçam a perspectiva de uma realidade multifacetada e, de certa forma, incognoscível quando a pretensão é captá-la, segundo os pressupostos da objetividade positivista. Reflexão que é levada ao paroxismo, quando o autor se esforça na desconstrução dos paradigmas do jornalismo quando assume o papel de um suposto quarto poder que postula ser o agente defensor, por excelência, da democracia. Em outras palavras, o livro cumpre a tarefa relevante de auxiliar na desmistificação do poder onipotente dos próprios jornalistas.

    Todavia, a mídia desempenha papel importantíssimo na construção, consolidação e agendamento da imagem internacional dos Estados e das nações. Nesse aspecto, o autor é muito feliz quando utiliza a palavra refrão, no título de sua obra, pois, tal qual na música, registramos especialmente em nossa memória, o refrão das nossas canções preferidas. De fato, o refrão é a imagem que vem à nossa mente quando começamos a cantarolar. No caso das representações discursivas sobre o Brasil, propagadas pelos jornais, oscilamos do refrão que nos define a partir do complexo de vira-latas, para os mais megalomaníacos, novamente recorro à Copa de 2014 para reforçar os meus argumentos, representado na argumentação segundo a qual o país realizou A Copa das Copas, utilizada sem maiores fundamentos ou justificativas.

    No campo de estudo das Relações Internacionais, a obra em questão apresenta valiosa contribuição para o estudo do soft power; conceito/categoria desenvolvido principalmente por Joseph S. Nye e que levei a cabo, de forma um tanto quanto intuitiva, em minha tese de doutorado: O filme que não passou - Estados Unidos e Brasil na Política da Boa Vizinhança, a diplomacia por intermédio do cinema. Nesse tópico de pesquisa acadêmica, há a seguinte preocupação fulcral: como o poder, no âmbito internacional, pode ser exercido, valendo-se da influência cultural, diplomática, musical, esportiva? Trata-se de uma área de estudos relativamente nova e que carece de pesquisas sistemáticas, como a apresentada em A Diplomacia Mediatizada: Em busca do Refrão de um Brasil megalonanico.

    Os fatos escolhidos pelo autor para estudar as construções discursivas sobre o país, isto é, a crise política de Honduras e a questão nuclear iraniana são emblemáticos, pois, ambos revelam um momento muito peculiar da política externa brasileira. A rigor, o segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o qual tentou retomar iniciativas que guardam semelhanças com a Política Externa Independente, colocadas em prática pelos governos Jânio Quadros e João Goulart e o Pragmatismo Responsável do presidente Ernesto Geisel. Nos momentos em questão, o país tentou, por intermédio da sua política externa, aumentar a projeção internacional do Brasil, valendo-se de um susposto protagonismo, em tópicos relevantes da agenda internacional. Urge destacar que em tais circunstâncias houve um nítido antagonismo com os Estados Unidos, aspecto que não escapou ao olhar atento de Antônio Carvalho. 

    Entretanto, o mais importante é acompanhar, ao longo do livro, a forma como os periódicos nacionais e estrangeiros fizeram o relato da atuação do governo Lula na audaciosa empreitada de fazer do Brasil um ator relevante em questões expressivas da agenda internacional. É exatamente nesse contexto que é possível detectar o principal esforço do autor e de sua obra, isto é, analisar como o Brasil é retratado na imprensa nacional, cotejando a mesma construção levada a cabo por publicações internacionais. Ao detectar o resultado de tal esforço, o leitor chegará, sem grandes dificuldades, às respostas para as duas perguntas principais da obra: 1 - o por quê do Brasil ser apresentado na imprensa nacional de forma diferente, com reiterado desmerecimento, e a maneira como é apresentado, com clamoroso merecimento, pela imprensa internacional; e, 2 - os liames entre o projeto de política externa do governo brasileiro e a figura do ex-presidente estrelar Lula. Essas são apenas duas, das muitas oportunidades que A Diplomacia Mediatizada: Em busca do Refrão de um Brasil megalonanico oferece para o leitor compreender, com mais profundidade, aspectos contemporâneos e fulcrais da interseção entre os campos de saber da Comunicação e das Relações Internacionais.

    Sidney Ferreira Leite

    Prof. dos Cursos de Relações Internacionais da Belas Artes e ESPM

    APRESENTAÇÃO

    O volume que o leitor tem em mãos é fruto de pesquisa de dissertação de mestrado na PUC-SP, brotado de inquietação que levou o autor à tarefa de investigar em incontáveis páginas de revistas, sites e periódicos a construção da imagem (contrastante) de um Brasil veiculada pela imprensa nacional, contrapondo à visão oferecida por publicações internacionais. Em tais edificações discursivas, pôde-se constatar que, diferente do olhar que o estrangeiro lança sobre o país, retratado como um ator relevante, a ótica interna o apresenta como postulante nanico no cenário mundial. Para o cumprimento desse propósito, considerou-se a atuação da diplomacia brasileira em acontecimentos que repercutiram nessas duas esferas como fonte de notícia: a crise política de Honduras, as movimentações das forças de ajuda pós-terremoto no Haiti e o impasse do programa nuclear iraniano. Episódios que, de certa forma, explicitam o antagonismo entre Brasil e Estados Unidos no campo das Relações Internacionais e tornam públicas (publicáveis, ao menos) as novas atribuições (ou pretensões) brasileiras no rearranjo do poder em escala planetária.

    No percurso destas páginas, o leitor poderá partilhar dos seguintes questionamentos: por que o Brasil é apresentado na imprensa internacional (sob certa celebração) de maneira diferente da que se constata em parte da imprensa nacional (com reiterado desmerecimento)? E até que ponto esses enfoques se vinculam à figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

    O quadro teórico-epistemológico conta com teorias que sustentam a análise do discurso jornalístico, sob as restrições estabelecidas por um contrato de comunicação, e do contexto em que este se insere – arena de constante ingerência dos meios, cujo ponto de vista tende a se impor sobre os demais em uma disfarçável condição de quarto poder. Recorre-se também à sociologia do jornalismo de forma a desmistificar a figura desse profissional como agente defensor da democracia e relativizar o poder dos jornalistas. Os acontecimentos aqui abordados contam ainda com um histórico da atuação do Itamaraty (seus paradigmas e interesses), com destaque para as relações mantidas com os norte-americanos.

    Foram selecionadas publicações dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, devido à abrangência e representatividade desses periódicos, sem, contudo, ignorar materiais de outros veículos em eventos que tenham ganhado visibilidade, pois reforçam o cotejo necessário. Na cobertura internacional, privilegiaram-se artigos e notícias sobre esse novo Brasil (The Economist, Financial Times, Le Monde, El País, entre outros), bem como sua reverberação na cobertura nacional – incluindo-se aí o espaço aberto

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