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Passado Perpétuo: Os Penitentes Peregrinos Públicos e o catolicismo penitencial em Juazeiro do Norte, CE
Passado Perpétuo: Os Penitentes Peregrinos Públicos e o catolicismo penitencial em Juazeiro do Norte, CE
Passado Perpétuo: Os Penitentes Peregrinos Públicos e o catolicismo penitencial em Juazeiro do Norte, CE
E-book290 páginas3 horas

Passado Perpétuo: Os Penitentes Peregrinos Públicos e o catolicismo penitencial em Juazeiro do Norte, CE

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Sobre este e-book

Quem podia imaginar que em pleno século XXI, era da modernidade e da vida a crédito, ainda sobreviveria, em Juazeiro do Norte, um grupo de penitentes que insiste em segurar o passado com as mesmas mãos que seguram os rosários? Essa questão é o fio condutor do trabalho de Roberto Viana, jovem historiador que já demonstra um olhar aguçado sobre o cotidiano e sobre as artes de fazer dos sujeitos que o inventam.

Atraído pela alegórica figura de um penitente vestido de azul que bradava em inflexão de pregação durante as romarias de Juazeiro do Norte, Roberto inquietou-se com o tom dos sermões proferidos pelo penitente João José Aves de Jesus. Ali estavam presentes diversos elementos religiosos – artes de bem morrer, castigos divinos, pragas e pestes, fim do mundo –, que coadunavam com o sentimento de medo que a Igreja Católica propagou durante séculos enquanto estratégia de controle das almas e corpos de seus fiéis.

Ao escolher investigar as tramas existentes na fala do penitente, Roberto abriu as portas de um universo religioso único e até então, inescrutável. A narrativa cuidadosa apresentada aqui traz à tona a história dos Penitentes Peregrinos Públicos, único título aceito e ratificado por eles, e se preocupa em desconstruir estigmas e reconstruir trajetórias de santidade, ressignificadas pelos homens e mulheres penitentes do Cariri.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de abr. de 2022
ISBN9786525229997
Passado Perpétuo: Os Penitentes Peregrinos Públicos e o catolicismo penitencial em Juazeiro do Norte, CE

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    Passado Perpétuo - Roberto Viana de Oliveira Filho

    capaExpedienteRostoCréditos

    - Chapeleiro, nunca mais o verei novamente.

    - Minha querida Alice, nos jardins da memória, no palácio dos sonhos, é lá onde nos veremos.

    - Mas sonho não é realidade.

    - E quem distingue entre eles?

    (Do filme Alice através do espelho)

    Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia, capazes de causar grandes sofrimentos e também de remediá-los.

    (Harry Potter e as Relíquias da Morte)

    À minha família, minha força, estrutura e razão de viver: Maria Cléa (mainha), Roberto Viana (painho), Priscila Pereira, Paloma Pereira e Ana Lis (a flor mais linda que veio coroar nossas vidas);

    À minha avó Idelzuite Lopes de Oliveira (in memoriam) que foi quem primeiro me ensinou que errando é que se aprende;

    À Brennon Bernardo que fez meu coração bater no compasso do mais certo e nunca deixar de sentir o que existe de melhor em mim, que boa parte é ele.

    Aos narradores e narradoras penitentes da Irmandade de Penitentes Peregrinos Públicos: João José Aves de Jesus, Israel Aves de Jesus, Sr. Francisco, Dona Maria, Dona Marinete (in memoriam), Dona Virgínia (in memoriam), Dona Lia e Dona Zefinha.

    PREFÁCIO: O TEMPO, A CRENÇA E A HISTÓRIA

    Quem podia imaginar que em pleno século XXI, era da modernidade e da vida à crédito, ainda sobreviveria em Juazeiro do Norte, um grupo de penitentes que insiste em segurar o passado com as mesmas mãos que seguram os rosários? Essa questão é o fio condutor do trabalho de Roberto Viana, jovem historiador que já demonstra um olhar aguçado sobre o cotidiano e sobre as artes de fazer dos sujeitos que o inventam.

    Atraído pela alegórica figura de um penitente vestido de azul que bradava em inflexão de pregação durante as romarias de Juazeiro do Norte, Roberto inquietou-se com o tom dos sermões proferidos pelo penitente João José Aves de Jesus. Ali estavam presentes diversos elementos religiosos – artes de bem morrer, castigos divinos, pragas e pestes, fim do mundo –, que coadunavam com o sentimento de medo que a Igreja Católica propagou durante séculos enquanto estratégia de controle das almas e corpos de seus fiéis.

    Ao escolher investigar as tramas existentes na fala do penitente, Roberto abriu as portas de um universo religioso único e até então, inescrutável. A narrativa cuidadosa apresentada aqui, traz à tona a história dos Penitentes Peregrinos Públicos, único título aceito e ratificado por eles, e se preocupa em desconstruir estigmas e reconstruir trajetórias de santidade, ressignificadas pelos homens e mulheres penitentes do Cariri.

    Mais do que narrador, Roberto se coloca também como sujeito de sua própria investigação, mostrando que o processo de escrita é sempre um processo de autoconhecimento. Como dizia Marc Bloch, o historiador é motivado por questões do presente e na construção da narrativa histórica tudo depende das escolhas que fazemos ao longo do nosso percurso. A narrativa tecida aqui traz uma revisão cuidadosa do estado da arte, bem como uma base teórica e conceitual importante que denota a preocupação em compreender a história do ponto de vista da pluralidade dos modos de crer na sociedade.

    A história do grupo parte de um evento gerador: o chamado do penitente José Aves de Jesus e sua formação espiritual guiado pela enigmática Madrinha Ângela do Horto. A narrativa mítica elaborada como leitmotiv da criação de um modo particular de se fazer penitência, traz ainda a presença de um livro base: a Missão Abreviada do padre José Manoel Couto.

    Publicado em 1859, o livro chegou ao Brasil através das Missões Populares do século XIX e daí às mãos dos penitentes caririenses. O primeiro líder, Mestre José, o adotou como uma relíquia. Com a morte deste, o livro perdeu seu caráter intocável e passou a ser comercializado. De objeto de crença a veículo de evangelização, a Missão Abreviada se apresenta como um manual de conduta e um guia para uma vida de santidade.

    Reunidos em torno desse livro e da crença em uma dimensão sagrada, paralela à existência moderna, os Penitentes Peregrinos Públicos recriaram a noção de tempo, na qual a Missão é considerada o livro mais antigo do mundo e, portanto, mais importante do que a Bíblia. O lugar da crença é ratificado pela autoridade do tempo e age em confronto com o poder institucional da própria Igreja Católica.

    Os penitentes desenham contornos que dão luz à uma lógica própria de ver e viver o mundo, marcada pelo domínio do tempo: um tempo mítico, perpétuo, um passado que não quer passar. Como se deixar escapulir o tempo e se entregar às seduções da modernidade fosse condenação pior que a do inferno. Mas o tempo, como a areia presa na ampulheta da História, aos poucos se esvai e traz novas representações e significados, agrega novas práticas, cria novas táticas de sobrevivência.

    Como bom narrador, Roberto nos transporta para esse universo religioso e sua primeira contribuição é mostrar como o grupo também constrói uma escrita de si, baseada em um tempo sagrado, ativa na memória destes narradores. Roberto identifica um conflito interno do grupo que envolve não só questões de autoridade e hierarquia, mas um embate profundo entre o oral e o escrito, entre a memória que se tem e a história que eles pretendem contar.

    Ao considerar o aspecto comunitário do grupo e o que eles apresentam de semelhanças e diferenças em relação aos outros grupos que convivem no Cariri, a saber, romeiros, beatos, leigos consagrados, etc., Roberto chama a atenção para uma forma própria de entender o mundo que estes homens e mulheres manifestam.

    Eles outorgam outros significados aos ritos católicos e transformam espaços geográficos em espaços encantados, uma espécie de dimensão paralela visível somente aos olhos daqueles que creem. Esses elementos, estranhos aos nossos olhos, dizem muito da organização do grupo não só em termos de estrutura, mas no que diz respeito ao uso de uma linguagem própria que dá sentido à história dos penitentes.

    Essa compreensão só foi possível devido à dedicação empreendida pelo pesquisador, em suas inúmeras visitas ao campo, ao longo de quase quatro anos; no estabelecimento de uma relação de confiança com as lideranças do grupo; e, principalmente, pela sensibilidade na elaboração de questões, bem como, uma percepção aguçada para perceber os não ditos e as entrelinhas nas falas dos entrevistados.

    Destaco, neste sentido, a grande contribuição do trabalho de Roberto no que diz respeito à história das mulheres no Cariri. Em virtude da própria forma como o grupo se organizava hierarquicamente, a impressão que temos ao revisarmos a historiografia sobre o assunto é que o grupo era eminentemente masculino. No entanto, Roberto chama a atenção para o papel importante assumido pelas figuras femininas, presentes na própria cosmologia do grupo, na imagem da Madrinha Ângela do Horto ou Mamãe Anja, guia espiritual do primeiro líder e que se mescla à imagem do Padre Cícero de forma andrógina e quase mitológica; na liderança de Dona Regina, esposa do primeiro mestre; na presença de Dona Josefa, antiga seguidora do grupo e conhecedora dos caminhos percorridos por eles; na atuação silenciosa mas fundamental das esposas dos penitentes, no esforço de manutenção da crença, dos ritos e artes de fazer do grupo. Dar voz à essas mulheres, silenciadas por tanto tempo, é a meu ver, um dos principais méritos deste trabalho.

    Mas a História não acaba por aí e entre essas disputas simbólicas, conhecemos Israel, com suas longas roupas azuis, com cruzes e símbolos desenhados de branco, usava uma longa barba e trazia na mão um volumoso livro de capa preta, o jovem penitente que tomou para si a Missão: o livro, e, a incumbência de dar continuidade ao grupo. O rapaz de 22 anos, crente, leitor, atento às transformações do tempo, entende que a história do grupo também é feita de estórias, palavra em desuso, mas ainda com significado.

    Em suas palavras, esse imaginário fértil dos penitentes é terra sacra de onde nascem os discursos que mantem o grupo vivo e atuante. Preocupado em manter a tradição, os ritos, a hierarquia e a ordem na comunidade, o jovem penitente, sabe também da imperiosa necessidade de dialogar com esse extraordinário mundo novo que o século XXI trouxe.

    De uma tradição forjada na penitência à uma penitência que recria a tradição, eis o que Passado Perpétuo nos dá a conhecer. Com uma narrativa leve e cativante apoiada em uma vasta documentação, composta de testemunhos inéditos e uma análise cuidadosa, o texto de Roberto é o resultado de um trabalho árduo, dedicado e maduro que traz novas perspectivas interpretativas no campo da história das religiões no Cariri cearense.

    Dia Nobre

    Professora Adjunta da Universidade de Pernambuco

    Petrolina, 10 de setembro de 2017

    AGRADECIMENTOS

    O texto que está nas páginas desse livro é uma versão da minha dissertação de mestrado defendida no ano de 2017 no programa de pós-graduação em História da Universidade Federal de Campina Grande. Os agradecimentos que fiz naquele momento fazem ainda mais sentido de serem reiterados hoje, cinco anos após a defesa da pesquisa:

    Ao pegar em minhas mãos para me ensinar a cobrir as letras que formavam o meu nome, minha avó, Idelzuite Lopes, percebendo minha agitação em não acertar os contornos, me disse é errando que se aprende. A importante lição de minha avó foi complementada por meus pais, Maria Cléa e Roberto Viana, que me disseram meu filho, quando não souber, peça ajuda. Essas pessoas, joias preciosas da minha formação, me ensinaram que não é possível fazer algo bom sem uma boa dose de erros, e que é preciso procurar ajuda e agradecer.

    Agradeço, portanto, primeiramente a essas pessoas, minha avó, meu pai e minha mãe, sem a constante presença deles em todos os momentos da minha vida eu não teria forças para chegar até aqui. Não existem palavras que possam expressar minha gratidão. Amo vocês, painho e mainha.

    A minhas irmãs, Priscila e Paloma que sempre me ofereceram boas doses de conversas, risos, abraços, lágrimas de alegria ou tristeza nesse percurso. Agradeço ao universo por ter colocado minha sobrinha, Ana Lis, em nossas vidas. A sua alegria foi a energia que muitas vezes me impulsionou a escrever.

    Há muito tempo, Brennon Bernardo faz parte da minha vida. Ele e eu somos quase um só. Para lhe agradecer me faltam as palavras, mas me pulsa um desejo: que nós possamos sempre tecer as manhãs.

    A minha coorientadora, amiga e constante fonte de inspiração, Edianne Nobre. Obrigado por ter acreditado em mim e nessa pesquisa, por ter participado de uma forma tão bonita desse percurso, por ter me colocado de volta aos trilhos, por ter sido amiga e orientadora. Você é minha historiadora preferida.

    A meu orientador, Matheus da Cruz e Zica, que, assim como os grandes mestres orientais, me ensinou que a virtude da paciência e da perseverança são a chave para conseguir. Obrigado por acreditar nesse projeto e me fazer acreditar nele quando eu mesmo já não acreditava.

    Quero dedicar um agradecimento especial a Marinalva Vilar de Lima, que me acolheu como um filho em sua casa e me protegeu, no momento que mais precisei, dos fantasmas que assombravam minha mente. Sou grato ao universo por ter colocado você em meu caminho e ter me mostrado que, além de uma incrível pesquisadora e professora, você é também um dos seres humanos mais lindos que já conheci.

    Agradeço também a professora Fernanda Lemos (UFPB) que contribuiu de forma tão cuidadosa para a concretização desse trabalho com suas observações valiosas e seu olhar certeiro.

    A Tereza Diniz que compartilhou comigo, além das viagens Cariri-Campina Grande, o grande amor que existe em seu coração. Muito obrigado por sua amizade e seus conselhos que talharam em minha personalidade lições que nem o vaivém da memória apagará, quero só lhe dizer.

    A Neusa Victor, o furacão de alegria, que levou uma parte do meu coração para a as suas longas saias e sorriso inconfundível.

    A Talita Oliveira que, com sua doçura interminável, transformou minha estadia em Campina Grande mais feliz e que agora tem estadia vitalícia no meu coração.

    A Aline Fernandes por, desde muito tempo, ser minha amiga-irmã e ter me ajudado em vários momentos a viver e escrever, a pensar e me reinventar.

    A Wallysson Araruna, meu amigo-irmão, por sua atemporal amizade, que me faz ser mais feliz e não perder a esperança na humanidade.

    A Edceu Barboza, que, caminhando comigo, tem me ensinado que a existência é tão complexa e fascinante quanto os personagens que ele representa no teatro da vida.

    A Faeina Jorge, minha irmã-amiga, que com a força de Xangô e Iemanjá nunca me deixou desamparado.

    A Lucia Sampaio, minha mãe de Santo, que me encaminhou pelas trilhas da espiritualidade e fez com que eu percebesse que as forças da natureza nunca me deixariam só, mesmo no quarto pouco iluminado, onde muitas linhas dessa dissertação foram escritas.

    A Emerson Cardoso pelo constante incentivo e brilhantes considerações sobre esse trabalho.

    Aos amigos e professores do PPGH UFCG;

    Aos amigos-professores da URCA que primeiro me apresentaram as possibilidades que existem nos caminhos da História: Cícero Joaquim dos Santos, Jucieldo Alexandre, Arleilma Sousa, Jane Semeão, Fábio José, Fatiana Araújo, Sônia Meneses e Amanda Teixeira.

    Às minhas alunas e alunos que me permitem ser aquilo que nasci para ser: professor.

    Quero agradecer, com todas as minhas forças, às mulheres e homens que emprestaram a sua voz, vida e memórias para serem debatidas, analisadas e poetizadas nessa dissertação: João José Aves de Jesus, Dona Josefa, Dona Marinete, Dona Lia, Dona Virgínia, Sr. Francisco, Dona Maria, Isabel e Isaac. Agradeço especialmente ao penitente Israel Aves de Jesus, que, no percurso de suas narrativas e peregrinações tornou-se meu amigo e tem me apresentado um mundo novo e fascinante a cada dia.

    A CAPES pelo financiamento da pesquisa, sem o qual teria sido impossível ser realizada.

    Cinco anos após esse primeiro momento da pesquisa, novas pessoas me ajudaram a tornar possível a publicação desse texto em livro. Agradeço aos meus amigos e amigas da Secretaria de Cultura de Juazeiro do Norte (Junú Freire, Vandinho Pereira, Roberto Júnior e Olga Sousa), aos meus alunos e ex-alunos da Universidade Regional do Cariri, em especial José Soares e ao meu orientador da minha atual de pesquisa de doutorado Francisco Regis Lopes Ramos que tem contribuído de forma imensurável para a minha formação.

    Por fim, e não menos importante, agradeço a todas as forças espirituais que me ajudaram a ter firmeza e não cair: Maria Padilha (Laroyê Exú), Maria Gina, Caboclo Sete Flechas, Pai Joaquim de Aruanda, Chiquinho do Maranhão, Mestre Sibamba e Oxalufã, meu pai, fonte inesgotável de paz e sabedoria.

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    INTRODUÇÃO: O SAGRADO E OS MURMÚRIOS DA MEMÓRIA

    JOSÉS E MARIAS AVES DE JESUS: OS PENITENTES PEREGRINOS PÚBLICOS

    PENITENTES, BEATOS E ROMEIROS: VIVER EM COMUNIDADE (?)

    HISTÓRIA ORAL: O CAMINHO DE INVESTIGAÇÃO NO CASO DOS PENITENTES PEREGRINOS PÚBLICOS:

    CAPÍTULO 1: ENTRE MORTOS E VIVOS, A HISTÓRIA.

    1.1: MAMÃE ANJA DO HORTO: UM RETRATO EVANESCENTE.

    1.2: O ESPAÇO ENCANTADO DE JUAZEIRO DO NORTE

    1.3: MESTRE JOSÉ E AS LEIS DE MEU PADRINHO CÍCERO

    1.4: MESTRE JOSÉ HISTORIADOR: A TRADUÇÃO DO PASSADO A PARTIR DO SAGRADO

    1.5: O FIM DE UM MUNDO: RUPTURAS INTERNAS E A MORTE DO MESTRE JOSÉ.

    CAPÍTULO 2: DESPERTAR OS DESCUIDADOS, CONVERTER OS PECADORES.

    2.1: O MELHOR ALUNO DE MESTRE JOSÉ

    2.1.1: A RENOVAÇÃO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

    2.1.2: O HASTEAMENTO DAS BANDEIRAS MARIANAS EM MAIO

    2.2: JOÃO JOSÉ: A RELÍQUIA TRANSFORMADA EM MISSÃO

    2.2.1: A MISSÃO RENOVADA

    CAPÍTULO 3: UMA RAPA DO MODERNO NO ANTIGO OU UMA RAPA DO ANTIGO NO MODERNO?

    3.1: UM NOVO MESTRE? ENTRA EM CENA O PRODÍGIO

    3.1.1: ISRAEL AVES DE JESUS E AS NOVAS LEIS DE MEU PADRINHO CÍCERO:

    3.2: JOÃO JOSÉ E A SUA CAMINHADA QUASE SOLITÁRIA

    3.3: OS P.P.P. ATRAVÉS DAS LENTES FEMININAS.

    3.3.1: AS MARIAS AVES DE JESUS:

    REFERÊNCIAS

    POSFÁCIO: AGORA EU VOU SEGUIR, LEVANDO A MINHA CRUZ.

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    INTRODUÇÃO: O SAGRADO E OS MURMÚRIOS DA MEMÓRIA

    O mundo mudou:

    Posso senti-lo na água,

    Posso senti-lo na terra,

    Posso farejá-lo no ar.

    Muito do que havia está perdido,

    Pois não há mais ninguém vivo

    Que se lembre...

    (O senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel)

    Era Dia de Finados¹. Ao caminhar por entre as lápides disformes do Cemitério do Socorro em Juazeiro do Norte, me deparei com a figura emblemática de um senhor que trajava longas roupas azuis nas quais desenhos e símbolos foram pintados de branco, misturando-se com os fios de sua barba. A voz de João José Aves de Jesus² ecoava como um trovão por entre os jazigos e penetrava com força as paredes da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro atraindo olhares de espanto e admiração. Fui imediatamente arrebatado por um sermão em que diversos elementos religiosos, imagens bíblicas e uma forte

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