1821: O Diário
De Mylle
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1821 - Mylle
12|04|1821 diário
Meus versos, minhas palavras que não foram criadas por mim, as palavras que me permitem realizar cada letra, descrever o que os meus sentimentos transbordam sem fim.
Eu tenho um caderno. Dizer que escrever é perda de tempo é uma tolice a se pensar.
Ouvir tais coisas me faz amargar dentro de mim.
Eu amo escrever, e isso me faz sentir que tenho o poder de fazer certas palavras criarem vidas. O meu maior desejo é saber que meus sonhos ganharão a oportunidade de entrar nesse mundo tão caótico. Ver o meu caderno na mão de outros e escutar que até as vírgulas o comoveram é como ouvir uma música feita por um amor em segredo.
Viver em uma época cheia de covardices é aprender a se camuflar todos os dias.
Nascer e crescer sabendo que nem tudo que é bom ao nosso ego é o certo, e que pode acabar no momento em que mais queremos. Nesse momento, percebemos que o que achávamos bom não era o que precisávamos. É mais fácil tirar da criança a mania de ser teimosa do que esperá-la tornar-se um ancião, para enfim dizer-lhe que atirar pedras na cabeça de quem o estava corrigindo é de extrema grosseria.
Parir uma criança pode parecer fácil para quem a assiste saindo de sua mãe, porém é árduo pensar que até mesmo nascer é mais difícil do que saber que precisamos trabalhar para viver. Tudo tem fases, assim como as borboletas escritas em pequenas fábulas.
Asas ao nascer
Nascer já é difícil, mas imaginar que nascemos com asas iguais às das borboletas é irreal.
Precisamos cuidar das nossas asas,
Em todo lugar se encontra um predador que vem às nossas vidas tirar o que tanto