Vamos falar de esperança?: A Metafísica da Esperança de Gabriel Marcel
De Diego Borges
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Vamos falar de esperança? - Diego Borges
AGRADECIMENTOS
A Deus, meu grande e fiel amigo.
Aos meus pais, Juvenil (in memoriam) e Zenaide, por todo conhecimento recebido através de exemplos concretos, que sempre me motivaram a prosseguir.
Aos meus irmãos Ronaldo, Silvana e Eder.
Ao Prof. Dr. Osmar Schaefer (in memoriam) pela orientação neste trabalho.
À banca examinadora: Prof. (a) Ms. Ângela Miguelis Caruso e Prof. (a) Esp. Luiza Helena M. da Silveira
A todo o Instituto Superior de Filosofia da UCPEL e a todos os que, de alguma forma, incentivaram-me a concluir com êxito o processo dessa graduação.
Prefácio
O presente trabalho de conclusão de curso buscará abordar o pensamento de Gabriel Marcel, filósofo francês, no que se refere à relação entre as categorias de liberdade e de esperança. O objetivo principal da pesquisa é entender aspectos significativos desta relação. Nesse processo será analisada a temática da relação intersubjetiva e sua vinculação às categorias citadas. A intersubjetividade é a relação eu-tu que possibilitará o surgimento de um nós fecundo e irrenunciável. Como veremos, a liberdade é para Marcel o sair de si mesmo e ir ao encontro do outro. Quanto mais conseguimos sair de nós mesmos, mais livres nos tornamos. Nesse viés da relação temos como consequência a esperança, que é o oposto do desespero. Este é fruto da solidão, enquanto aquela é fruto da relação interpessoal. Segundo Marcel, na liberdade ocorre a ruptura necessária com o solipsismo cartesiano, do fechamento do eu em si mesmo. A esta altura o filósofo nos introduz no universo do outro que será para o eu um mistério. O mistério surge como uma abertura fecunda que possibilitará a construção da esperança, fruto de uma autêntica relação intersubjetiva.
Esta monografia é resultado da pesquisa bibliográfica, de aspectos relevantes da obra de Gabriel Marcel e de artigos, livros e publicações de comentadores para ajudar no esclarecimento do tema proposto. Buscaremos estabelecer um diálogo entre o autor e o nosso tempo, tentando elucidar possibilidades de atualização de sua temática. Também será necessário compreender como a esperança necessita da liberdade para concretizar-se de forma efetiva. Em alguns momentos o trabalho estabelecerá um diálogo entre Marcel e outros filósofos, tais como Heidegger, Luc Ferry e Sartre.
O texto está dividido em três capítulos. No primeiro falaremos brevemente sobre a vida de Gabriel Marcel, que será retomada durante todo o corpo do trabalho. No segundo abordaremos a categoria de liberdade e alguns desdobramentos que o tema fomentará, tendo sempre como base o pensamento do autor. Temas relevantes sobre a liberdade serão também analisados, como por exemplo a intersubjetividade, a questão de Deus como um Tu Absoluto, o cerceamento da liberdade, a ditadura da opinião pública e a crítica à técnica. Já no terceiro capítulo buscaremos refletir sobre a esperança e, precisamente, as categorias de problema e ter e mistério e ser. Com efeito, perceberemos que é imprescindível, segundo Marcel, a não confusão entre estas categorias, pois nas relações humanas não pode haver espaço para a objetivação total, que é própria do problema, do universo do ter. O ser humano e suas relações são mistério.
Alguns questionamentos surgirão desta leitura e da problemática posta nesta monografia. Entre elas podemos citar o problema que surge sobre a liberdade: o de como será possível, em um mundo sempre mais objetivado e pautado no universo do ter, possibilitar essa abertura fecunda que poderá gerar a esperança. É um desafio e queremos deixar como fruto principal do estudo a necessidade de resgatar estas questões para que o universo humano ganhe cada vez mais espaço e sentido.
No princípio é a relação
Martin Buber
RESUMO
O pensamento do filósofo francês Gabriel Marcel é extremamente atual e nos ajudará a fomentar uma discussão fecunda com relação à necessidade de uma postura de esperança frente ao período histórico em que estamos inseridos. Nesse viés, a liberdade como saída de si e encontro do outro poderá possibilitar a ruptura com o isolamento do humano nas coisas, no ter, e, consequentemente, permitir o surgimento da esperança. No entanto, este processo é longo e visa de nós a decisão de não permitir com que a relação entre sujeitos seja degenerada e objetivada. Ela é mistério e como tal precisa ser acolhida. Historicamente, e não raramente, ocorreu esta degeneração em que o mistério foi reduzido a problema e com isso tudo o que pertencia a esta categoria também acabou por ser destituído de seu valor próprio, sendo por vezes subjugado. Percebemos isso nas grandes guerras mundiais, por exemplo, nas quais o humano foi aniquilado. Sem ter esta clareza não é possível uma autêntica relação intersubjetiva. Também hoje a liberdade sofre ataques que acabam fechando o homem em si, mergulhando-o em um vazio existencial. Será apenas na relação de ser para ser que o humano encontrará as respostas que tem buscado e a esperança. Não estão nas coisas, no universo do ter, a âncora e o fundamento que sustenta o homem, mas no mistério mesmo de sua existência.
Resumen
El pensamiento del filósofo francés Gabriel Marcel es muy actual y nos ayudará a fomentar un debate fructífero sobre la necesidad de una actitud de esperanza en el período histórico en el que vivimos. En esta realidad, la libertad como salida de sí y yendo al encuentro del otro podrá posibilitar la ruptura con el aislamiento del hombre, en sus cosas, en el poseer, y, así, permitir el surgimiento de la esperanza. Sin embargo, este proceso es largo y necesita de nosotros la decisión de no permitir que la relación entre los sujetos sea tergiversada y sólo busque un objetivo personal. Es un misterio y, por lo tanto, la debemos acoger. Históricamente, y no pocas veces, ocurrió el equívoco en el que el misterio fue reducido a problema y todo lo