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A vida de Alice
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E-book150 páginas1 hora

A vida de Alice

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Sobre este e-book

Alice Duarte é o tipo de pessoa que encara cada dia como mais um, num incontável período de tempo, no qual ela apenas existe. Ainda sob a dor da perda pela morte, misteriosa e não desvendada, de sua mãe, ela vivencia os conflitos internos, aflorados por uma família recém-desestruturada.
Tendo como pequena e limitada fonte de felicidade sua melhor amiga Paula, lutará para descobrir seu lugar no mundo, mesmo após uma notícia que poderia fazê-la desistir de tudo. Em meio a dramas e memórias que insistem em acorrentá-la, um brilho novo e inesperado entrará em sua vida, fazendo com que, de fato, ela seja vivida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de ago. de 2018
ISBN9788579175091
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    A vida de Alice - Mariana Akemi Yamaguti

    vivem.

    Prefácio

    As crianças, ao descobrirem as primeiras letras, encantam-se e começam a escrever com significado, decodificando o mundo. Nesse contexto, a escola tem um papel fundamental: incentivar, procurando caminhos, métodos e estratégias, construindo , com a criança, um significativo processo de leitura e interpretação e, assim, formar leitores, escritores, pessoas críticas, criativas em suas visões e argumentações. Isso só acontece se o aluno adquirir bases sólidas em seu processo de alfabetização, bem como propostas desafiadoras e humanistas.

    Nessa realidade, foi criado o livro da Mariana Yamaguti, que, desde pequena, teve esse sonho... o de escrever e publicar um livro!

    A partir do 6º ano, o seu projeto começou a ganhar forma. Ela escrevia em folhas soltas para a professora de Língua Portuguesa ler, fazer as pontuações e correções, e, aos poucos, aquelas folhas foram criando forma. Sim, de livro.

    No final do 7º ano, esse sonho começou a se tornar realidade, pela busca, pela luta, pela vontade, pela garra, pela automonia e, principalmente, pela qualidade na produção do livro escrito pela autora.

    Nós, Colégio São José, sempre incentivamos esse processo. Ler e poder publicar uma produção com tanto significado nos alegra e incentiva a continuar trabalhando para que outros livros também possam ser criados, desenvolvidos e tomar forma no Ensino Fundamental.

    Pássaros têm asas... pessoas têm livros... Tomara que este livro dê asas a muitas pessoas, que ele contagie todos por meio do prazer da leitura.

    Ir. Grazielle Rigotti da Silva

    Apóstola do Sagrado Coração de Jesus

    Capítulo 1

    Estava em mais uma das minhas segundas-feiras monótonas, presa em um engarrafamento em São Paulo, dentro de um táxi que tocava Canon in D major de Johann Pacheelbel, um som um tanto quanto peculiar para os dias atuais, porém, uma das minhas músicas preferidas.

    Após quase uma hora e meia no trânsito, consegui chegar até a clínica São Lucas para encontrar Paula.

    – Bom dia, Alice! Vamos?

    – Oi, Paula, acho que o dia não está muito bom para mim hoje, fiquei presa em um intenso engarrafamento e depois do almoço vou até uma das bases da polícia para ver se eles descobriram algo. Vamos.

    – Poxa, Alice, se anima. Se quiser podemos sair à noite, ir para o shopping, balada, sei lá.

    – Você acha mesmo que estou em condições de ir para algum lugar? Só faz dois meses que ela se foi.

    Ela ficou totalmente sem graça.

    – Desculpa, não quis parecer grossa, é que é mais difícil do que parece.

    – A culpa foi minha. Mas eu ainda acho que ela não iria gostar que você parasse a sua vida por ela.

    Não respondi, apenas entrei no carro e a esperei dar a partida até o restaurante. Chegando lá, não sei o que houve. Fiquei totalmente sem fôlego, e uma dor de cabeça me atingiu intensamente. Apaguei.

    Despertei em uma maca, com aparelhos ligados a mim. Olhei para o lado e vi Paula, chorando.

    – O que aconteceu? – falei com certa dificuldade em um sussurro.

    – Alice, você acordou. Espere, vou chamar os médicos!

    – Não, não precisa, já estou bem!

    – Alice, pare de querer ser sempre independente.

    – Eu sou independente, tenho 24 anos.

    – Mas isso não significa que não precisa de ajuda de vez em quando.

    Então, ela saiu. E voltou com um jaleco e um batalhão de médicos e outros enfermeiros. Claro, ela tinha que trabalhar, e fez questão que fosse comigo. Paula é enfermeira e trabalha nesse hospital quase 24 horas por dia e ainda tinha que cuidar de mim, apesar de não ser nada minha, além de melhor amiga.

    Após ter feito um milhão de exames, tive alta, porém, não poderia ficar sozinha. Paula se ofereceu para ficar comigo, eu disse que não, e após muita insistência acabei cedendo.

    A noite passou, amanheceu. Paula não foi trabalhar para poder me vigiar, e isto gerou uma pequena discussão.

    – Você não pode deixar de fazer as suas coisas para ficar comigo.

    – Não só posso como vou!

    – Eu posso me virar sozinha, não sou mais um bebê.

    – Bebê ou não, é minha amiga, e amigas cuidam umas das outras. Até porque, se fosse a situação contrária, você faria o mesmo por mim.

    – Faria?

    Ela ficou calada, surpresa com a pergunta, então respondi:

    – É claro que eu faria.

    Ela sorriu.

    – Então eu fico!

    – Você venceu! Já que vai ficar aqui, vamos comigo até a delegacia?

    – Apesar de eu achar desnecessário você querer se machucar mais com essa história, eu vou.

    Fomos até lá, fique meia hora esperando e o que obtive como resposta foi:

    – Alice, você precisa ter paciência, não temos apenas o caso da sua mãe para investigar.

    Paciência. Ultimamente é a única coisa que eu tenho escutado. Mas será que as pessoas não entendem que às vezes não dá para ter a santa paciência, principalmente quando você acabou de virar órfã.

    Paula me deixou em casa e seguiu rumo ao hospital, precisava repor as horas que perdeu comigo. Agora vinha a parte mais difícil do meu dia, entrar dentro de casa. Sair dela de manhã era como se eu conseguisse, pelo menos por um segundo, voar. Agora retornar era como se alguém cortasse as minhas asas. Estar naquele lugar é como se eu criasse uma falsa esperança de que eles ainda estão aqui. Meu pai morreu de um câncer de pulmão, devido tanto à genética quanto ao cigarro, quando eu tinha 7 anos, e minha mãe, há dois meses. Ela foi assassinada, por veneno. Lembro-me perfeitamente: ela chegou em casa totalmente zonza, foi para cama, e eu fui atrás para ver o que estava acontecendo. Ela apenas me disse:

    – Filha, a mamãe vai para junto do seu pai. Aconteça o que acontecer, nunca deixe de lutar por aquilo que acredita e nem de sonhar. Sonhe alto e voe, como uma borboleta. Você é capaz. Já fiz muita coisa errada nessa vida e me arrependo. Ache a pessoa que fez isso comigo e junto a ela você descobrirá uma benção. Eu te amo. Adeus.

    Depois ela fechou os olhos e partiu. Desde então faço de tudo para descobrir quem foi o desgraçado que fez isso.

    Semanas se passaram, durante as quais passei mal algumas vezes, mas agora com uma forte dor no pulmão. Neste exato momento, sigo a caminho da clínica São Lucas ao lado de Paula, é claro, para ver o resultado da avalição dos meus exames.

    – Então, doutora, o que eu tenho?

    – Me chame de Júlia. Eu preciso que você seja forte, ok?

    Apenas assenti com a cabeça.

    – Você está com câncer pulmonar avançado.

    Não consegui escutar o resto. Eu iria morrer. Eu estava morrendo. Um turbilhão de sentimentos veio ao mesmo tempo. Tinha cura? Um tratamento? Como eu iria pagar? Estou desempregada desde que minha mãe se foi. Como contaria para a Paula? Um grande nó se formou no meu corpo inteiro. Foi como se o tempo congelasse, e as asas que eu tinha, mesmo que por momentos, fossem cortadas permanentemente, como se o mundo tivesse acabado. Todos os meus sonhos arruinados. Como se o meu sapato de cristal tivesse quebrado. Estava sentindo algo nunca sentido, uma mistura de tristeza, preocupação, não sei... Mas lágrimas escorriam descontroladamente de meus olhos. Quando olhei para trás, vi Paula, que chorava tanto quanto eu. Mas quando ela me abraçou, foi como se tudo fosse dar certo, senti uma pontinha de esperança, a MINHA esperança. Depois de ficarmos abraçadas em meio às lágrimas por algum tempo, me lembrei da presença da Dra. Júlia.

    – É terminal, não é?

    Ela não precisou responder, só pelo seu olhar já deduzi que a resposta era positiva. Foi como uma facada bem no meio do meu peito, mas não podia desistir sem antes tentar.

    – Não há nenhum jeito de reverter a situação? – Paula perguntou entre soluços.

    – Infelizmente, reverter a situação é quase impossível. O máximo que podemos fazer é prolongar o tempo.

    – Seja sincera, com o tratamento, quanto tempo eu tenho?

    – Sinto muito, mas no máximo um ano e meio.

    – Como isso aconteceu? Quer dizer, como o tumor pode ter crescido tanto em tão pouco tempo? – Paula perguntou.

    – Isso é uma pergunta que você deveria fazer para a Alice, não para mim.

    Saímos de lá e fomos até a casa de Paula. Chegando lá, sem delongas, ela fez a pergunta:

    – Há quanto tempo você está passando mal?

    – Não sei, talvez a uns seis ou oito meses – disse em um quase sussurro.

    – O quê? Você devia ter me falado!

    – Para você largar a sua vida para cuidar da minha? Jamais.

    – Já falei, somos amigas, você faria isso por mim.

    – Paula, não percebe que eu vou estragar a sua vida? A qualquer momento posso simplesmente morrer, e quem vai sofrer as consequências são as pessoas que me cercam, no caso você. Te amo demais para ser a causa do seu sofrimento. Acho melhor agora nos afastarmos.

    Cada palavra que eu disse doeu, doeu profundamente. Mas não queria que ela sofresse por mim. Ela vai ser tornar alguém na vida, eu não.

    – Alice, eu não acredito

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