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Calafrio Na Califórnia
Calafrio Na Califórnia
Calafrio Na Califórnia
E-book278 páginas3 horas

Calafrio Na Califórnia

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Sobre este e-book

Procurando se abrigar durante uma tempestade de verão, os jovens Cahal e Alanis chegam ao Rancho Arcoblanco onde encontram no porão da residência doze corpos em estado de coma letárgico mórbido. Que moléstia grave seria aquela? Seria aquilo obra de algum criminoso? Depois daquele dia um terror apavorante pôs em sobressalto a população dos condados de Ventura e Los Angeles. Predisposto em derrotar aquela gangue sobre-humana, o corajoso Cahal teve que se valer da sua aprimorada técnica de Wrestling...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de mai. de 2015
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    Calafrio Na Califórnia - C. R. Martins De Lemos

    CAPÍTULO I - A TEMPESTADE

    A tarde caia, tragada pela grande massa de nuvens cúmulos-nimbos que se espalhava em baixa altitude por sobre Simi Valley, no Estado da Califórnia. No horizonte ao longe o céu mostrava-se escuro e turbulento.

    Freando a sua bicicleta para um breve descanso, a jovem Alanis Chisholm mostrou-se preocupada ao perceber na linha do horizonte a tempestade que se aproximava.

    Olhando para Cahal Misneach, seu namorado, que de igual modo encontrava-se atento àquele mau tempo, Alanis comentou:

    – Cahal, veja como o céu está tenebroso. É sinal de que choverá intensamente.

    O rapaz, que acompanhara a namorada para um recreativo passeio ao Rancho Simi Community Park, concordou:

    – Sem dúvida. O aguaceiro será forte.

    Logo alguns raios começaram a rasgar as nuvens escuras. E como se fosse uma toada atroz, seguiram-se altissonantes trovoadas. O vento que soprava assobiante passou a ser tão constante e arrebatador que sacudia as copas frondosas do arvoredo, afugentando pássaros e animais silvestres para locais mais acolhedores. Por consequência, Cahal e Alanis perceberam que ali naquela estrada, totalmente desprotegidos, acabariam por atrair sobre seus corpos algum raio procedente das inúmeras descargas elétricas tão comuns nas tempestades de verão.

    – O temporal irá nos pegar daqui a pouco! – alarmou-se Alanis.

    – Sequer escaparemos do forte aguaceiro – lastimou-se Cahal. – O pior são os raios com suas descargas elétricas.

    Alanis sugeriu:

    – É melhor sairmos logo daqui, visto que não estamos em segurança neste lugar.

    Cahal aquiesceu:

    – Vamos logo. Pois não teremos tempo de escaparmos do aguaceiro que se aproxima tão depressa. Por isso acho que será mais adequado procurarmos algum local seguro para que possamos nos abrigar antes que algo de ruim nos possa acontecer...

    Um forte relâmpago iluminou por completo o céu já quase obscurecido, seguido por um fortíssimo trovão, fazendo com que Cahal se calasse por um instante. Seus tímpanos como que ficaram surdos momentaneamente com tal barulho ensurdecedor.

    – Cuidado com o raio! – alertou Cahal.

    Para a sorte de ambos, o potente raio caiu a mais de cem metros adiante.

    Com o semblante lívido, Alanis confessou:

    – O tempo realmente está de assustar. A verdade é que eu não estou me sentindo protegida aqui a céu aberto.

    Cahal anuiu:

    – Nem eu. Afinal, ninguém pode mesmo ficar resguardado quando se relampeia e caem raios bem a nossa volta. Nos Estados Unidos ocorrem cerca de 35 milhões de raios por ano.

    Seguidos por alguns pingos grossos de água, algumas pedras de granizo atingiram os dois jovens. Contudo aquilo não fez Alanis desgrudar os olhos das nuvens baixas e escuras em seus movimentos constantes, tamanha era a sua expectativa com todo aquele mau tempo. Torcia para que a tempestade não desabasse sobre Simi Valley, e se fosse possível, que ela despejasse todo o seu terrível aguaceiro em um lugar desabitado. Se tal ocorresse, possivelmente ambos poderiam retornar para os seus lares sem contratempos.

    Receosos de uma nova queda de raios, Alanis e Cahal voltaram a pedalarem as suas bicicletas.

    Tomando a dianteira, Cahal alertou:

    – Alanis, nós precisamos procurar um local para nos abrigarmos em melhor segurança, porque jamais devemos desafiar as leis da natureza. Que os raios não nos façam mal algum!

    – E as pessoas maléficas também! – desejou Alanis.

    Voltando a pedalarem, os dois jovens chegaram a uma propriedade rural delimitada por uma cerca viva. Da velha porteira que distanciava em vinte metros da estrada, e que se encontrava aberta, só restavam algumas tábuas carcomidas pela a ação do tempo. Em uma das tábuas pintada de branco estava escrito em tinta vermelha:

    Rancho Arcoblanco.

    Entrada proibida a forasteiros.

    Apontando para um centenário sobrado pintado de cor branca, com portas e janelas arqueadas, no interior da fazenda, Alanis sugeriu:

    – Querido, vamos pedir abrigo ali.

    Cahal não pensou duas vezes. Sem demora tomou o rumo da casa. Disse:

    – É pra já! Apesar desse aviso proibitivo, creio que alguém de bom coração nos dará guarida até que se passe o temporal.

    Cahal e Alanis apressaram as pedaladas até o sobrado. Deixando as suas bicicletas junto à escada, subiram os cinco degraus que levava ao espaçoso alpendre.

    Aproximando-se da porta de entrada, Alanis falou em alto tom:

    – Ô de casa! Tem alguém nos ouvindo? – bateu palmas. – Por favor, alguém nesta casa poderá nos abrigar do temporal?

    Nenhuma viva alma lhe deu respostas.

    Achando estranho tamanho silêncio, Cahal comentou:

    – Talvez tenham saído... – ao olhar o capacho na porta, percebeu sobre ele algumas manchas vermelhas. – Mas o que será isso?

    Desconfiado, Cahal pegou imediatamente o capacho nas mãos e olhou-o amiúde. Constatando que as manchas vermelhas se tratavam de sangue, afirmou:

    – Isto aqui é sangue.

    – Será que alguém se encontra morto lá dentro, ou agoniza com ferimentos? – indagou Alanis, preocupada.

    Indeciso, Cahal respondeu:

    – Bem, existe essa possibilidade.

    – Que tal nós verificarmos?

    – Não sei se devemos.

    – Mas Cahal, se aqui estamos não custa nada averiguarmos. E se alguém estiver se esvaindo em sangue, desfalecido lá dentro?

    – Bem, não podemos invadir a casa. Talvez o sangue possa ser proveniente de algum animal silvestre abatido para servir de alimentação. Há pessoas que infelizmente pratica essa barbaridade.

    – Será? Tenho pressentimento que não. O sangue deve ser humano. Talvez tenha ocorrido algum acidente doméstico.

    – Mas entrar em lar alheio sem a anuência do morador pode ser muito perigoso. É considerado violação de domicílio. Poderão atirar em nós.

    – Eu sei disso. Mas ajudar a quem padece é humano. E negar socorro a quem dele necessita também é um crime. E quando alguém precisa de socorro, cada segundo é precioso.

    Convencido pela namorada, Cahal largou o capacho de volta ao chão, e aquiesceu:

    – Está bem. Vamos verificar agora.

    Ansiosa, Alanis sugeriu:

    – Bata forte na porta. Talvez assim alguém nos atenda logo.

    Cahal assim procedeu, batendo com força a aldrava na grossa e velha porta de sequoia. Contudo ele não obteve resposta alguma. Intrigado, e resolvido a descobrir a fundo o que de fato poderia está acontecendo no interior daquele sobrado, ele girou a maçaneta. Logo percebeu que a porta encontrava-se destrancada. A empurrou, entreabrindo-a. Receoso, a abriu mais um pouco e pôs a cabeça para olhar o interior, antes de si decidir por lá adentrar.

    – E aí, o que você vê? – perguntou Alanis, curiosa.

    – Nada de anormal – respondeu Cahal.

    – E o sangue? Há manchas pelo chão?

    – Não sei. O interior está mal iluminado. Talvez não haja ninguém dentro da casa, pois senão já nos teriam percebidos.

    Determinada em desvendar aquela estranha quietude, Alanis incentivou:

    – Caso haja ou não, eu acho que devemos entrar para ter a certeza.

    Cahal refletiu por um momento, visto que não desejava ser mal recebido caso o morador da casa tomasse a ambos como invasores. Determinado, disse:

    – Bem, vamos descobrir logo esse mistério! – empurrou a porta totalmente e deu dois passos. – Ô de casa! Vimos sangue na porta. Podemos entrar? Somos de paz. Eu me chamo Cahal Misneach!

    – E eu sou a Alanis Chisholm! Alguém se encontra ferido e precisa da nossa ajuda?

    O silêncio era pleno. Precavidos, Cahal e Alanis transpuseram aquela sala de estar. Quando chegaram ao cômodo seguinte se depararam com um corpo masculino estendido no assoalho de madeira. O sangue que tingia o chão havia sido jorrado do seu pescoço e tronco, através de ferimentos profundos.

    Agachando-se para ver o estado da infeliz vítima, Alanis constatou que se tratava de um homem com cerca de vinte e cinco anos de idade, de estatura mediana e olhos castanhos, os quais estavam arregalados a demonstrar que ele ao morrer sentira pavor e agonia.

    Inquieta, Alanis murmurou:

    – Mas que crueldade! Como alguém pode cometer tamanha violência?

    Mexendo nos bolsos da vestimenta do falecido, Cahal procurou por alguma pista que o identificasse. Acabou por encontrar o seu passaporte.

    – Veja Alanis, aqui está! – disse Cahal após folhear o passaporte. – Este homem se chama Antoine Menard. É cidadão francês. Entrou no país com visto de turista. Mas tristemente vejo que ele acabou por encontrar a morte nesta casa. Que desventura!

    – Mas o que esse francês veio fazer aqui nesta propriedade particular? – intrigou-se Alanis. – Será que ele estava sozinho, sem parentes, ou algum guia?

    Depois de refletir por alguns segundos, Cahal falou:

    – É estranho que alguém com visto de turista saia da Europa e acabe por ser morto cruelmente bem aqui nesta fazenda. Talvez ele tenha tomado o caminho errado para o Rocky Peak Park... Esse assassinato me parece uma ação de alguém afeito ao crime.

    – Será que há mais mortos nesta casa?

    – Tomara que não! Mas vamos descobrir!

    Sentindo um frio na barriga, só em pensar que possivelmente ali dentro da residência poderia haver outros corpos igualmente assassinados, Alanis sugeriu:

    – Querido, acho melhor deixarmos esta casa agora mesmo. Será mais conveniente procurarmos à polícia e relatar-lhe os fatos.

    – Nós iremos à polícia. Mas antes precisamos desvendar a razão desse crime violento, e se há uma extensão.

    – Cahal, eu estou pressentindo algo ruim...

    – Não se apavore. Neste momento toda a calma é necessária – tranquilizou Cahal.

    – Concordo contigo. Mas não sabemos onde estamos nos metendo.

    – Basta só ficarmos atentos aos perigos, caso o criminoso ainda esteja aqui dentro.

    – Então está bem. Vamos desvendar agora esse crime! – aquiesceu Alanis.

    Receosos, porém determinados, os dois jovens vasculharam o sinistro domicílio. Tudo lhes indicava que naquele antigo sobrado deveriam residir pessoas de hábitos estranhos. Talvez fosse uma única pessoa, a julgar pelos vários quartos desocupados. Presumidamente se trataria de alguém do sexo masculino.

    Depois de olharem vários cômodos e aposentos da residência, Cahal e Alanis chegaram a um espaçoso salão que se situava no subsolo. Naquele lugar ambos se sentiram mal quando seus olhos se depararam com tamanha cena horripilante.

    Boquiaberto pelo espanto, Cahal se aproximou e olhou com atenção. Deitadas em divãs podia-se contar onze mulheres em estado de coma letárgico mórbido, todas com os seus corpos completamente flácidos e enrugados. Adiante, havia um homem sentado em uma poltrona. Ele trajava um blusão sem mangas, sem botões e sem fecho ecler, aberto na frente. Na mão direita, em um dos dedos entrelaçados sobre o peito à mostra, havia um grosso anel de prata com a figura da cabeça de um bode com quatro chifres. Seu corpo também se encontrava flácido e enrugado. Todavia ele repousava um sono lânguido.

    Boquiaberta ao ver aquelas mulheres em estado de entorpecimento doentio, Alanis se aproximou. Percebeu que todas elas trajavam vestidos de noivas e usavam em um dos dedos da mão esquerda um anel idêntico ao usado pelo homem ali presente. Seriam aquelas mulheres cônjuges dele?

    – Cahal, você imagina que moléstia seja essa?

    O rapaz pôs a mão no queixo, pensativo e inquieto. Avivando a memória, respondeu:

    – Eu suponho que essas pessoas estejam sofrendo de uma doença chamada Letharugosis.

    – Letharugosis? Ela é grave?

    – Bastante. Ela pode ser transmitida de pessoa a pessoa.

    – Como assim? – indagou Alanis, curiosa.

    Cahal descreveu:

    – O que eu sei é através de fatos que eu li na conceituada revista Myths of Superhuman. Trata-se de uma enfermidade incurável que surgiu pela primeira vez no Brasil. Mais precisamente no Estado de São Paulo. No ano de 2005 foi encontrado um americano que estava enterrado há 133 anos, o qual desenvolvera primeiro essa moléstia. Supõe-se que o tal sujeito se manteve vivo debaixo da terra todo esse longo tempo. Após ser retirado da sua cova, meses depois ele passou a espalhar a sua moléstia em algumas cidades, até que, residindo no Rio de Janeiro, a polícia descobriu os seus crimes hediondos. Contudo ele conseguiu burlar o cerco policial e fugir para não ser mais encontrado em solo brasileiro.

    – Qual é o nome dele?

    – O sujeito se chama Dustin Jeffries. Porém no mundo do wrestling fatal ele adotou o codinome Dustin Calafrio. Ele é um ex-soldado confederado do Estado da Geórgia, emigrado no Brasil no ano de 1868.

    – E as suas vítimas?

    – Nenhuma delas sobreviveu.

    – Mas qual é o mal que essa enfermidade acarreta nas pessoas?

    Cahal tocou com as mãos em alguns corpos para lhe sentir os músculos minguados. Depois, chegando diante do único corpo masculino, o apontou para dar a sua resposta:

    – Talvez seja ele, o tal Dustin Calafrio. O causador da grave doença. Ao passar o seu patogênico Fungus Olc via sexual às suas vítimas femininas, ele as contaminava de propósito. Ele tem predileção por mulheres jovens. Há relatos de que ao receber o micro-organismo causador da doença, a jovem malaca sente tontura, calafrio nos ossos e sofre violentos espasmos. Após esse instante, a infeliz fica com a pele flácida e totalmente engelhada. As veias engrossam ficando quase à flor da pele. Mas infelizmente ela nada mais pode fazer, porque desgraçadamente já é tarde demais. Sofrendo um mal súbito, tomba desfalecida. A partir daí uma grande febre faz o corpo perder músculos e líquidos, deixando a pele sempre flácida e pelancuda. De tal modo ela se manterá em estado de coma letárgico mórbido, viva, porém inerte por tempo indeterminado. Todavia ao receber através do ósculo saburrento o patogênico Fungus Olc de uma outra pessoa contaminada, a doente logo deixa o seu deplorável estado de coma. Sua pele volta a produzir colágenos, se hidrata, e as células do corpo se multiplicam enchendo-se de pujança, maior potência física e energia interior. Os músculos se rejuvenescem, deixando a pessoa com uma aparência ainda mais vigorosa. Uma vez livre desse primeiro coma letárgico mórbido, a malaca terá o domínio do seu corpo, não necessitando de mais beijo saburrento algum. No entanto quando a pessoa contaminada dorme os seus músculos logo se relaxam e se enfraquecem como esse sujeito aí.

    – E ao acordar, o que lhe acontece?

    – O portador da moléstia se comporta como qualquer pessoa normal. Mas com poderes até sobre-humanos. Porque ao seu querer, se autossugestionando através da sua energia carbonegativa ÍONSBO-133, com o dizer da palavra: clo sugnuf, ele poderá avantajar os seus músculos em graus variados, para daí sobejar em potência muscular. Quanto mais o portador da Letharugosis se avoluma em músculos fibrosos, ele mais se desfigura e torna-se medonho.

    – E a saúde mental, como ela fica?

    – O cérebro jamais será o mesmo de antes. O tédio, a ganância, a insensibilidade à dor alheia e a brutalidade poderá lhe ser uma constante no seu dia a dia, porque a ânsia por querer praticar o mal passa a dominar-lhe a alma.

    – Isso é sinistro – murmurou Alanis, horrorizada com todo aquele relato.

    – Sim, é mesmo de assustar. Segundo o Dr. Celsus Cassady, um renomado cientista de Atlanta que foi ao Rio de Janeiro pesquisar a Letharugosis, o Fungus Olc se alimenta de diversas bactérias, já que um corpo humano é constituído apenas de 10% de células humanas e por 90% de micro-organismos. Por ser indestrutível, o Fungus Olc é imune a todos os antídotos. Uma vez já instalado na corrente sanguínea o Fungus Olc domina todo o corpo físico e as energias. Como os colágenos e as células do corpo se reproduzem continuamente, a pessoa contaminada nunca envelhece, permanecendo sempre com a mesma aparência. Nenhum outro micro-organismo lhe sobrepõe. As veias pulmonares transportam sangue com alto teor de oxigênio superior a cem vezes em relação a uma pessoa comum. Projéteis de armas de fogo, ou perfurações feitas à lâmina só conseguem chegar ao tecido subcutâneo, não ultrapassando as fibras musculares, pois uma placa indissolúvel de fungos serve de anteparos. Os ferimentos carnais saram e se fecham em minutos porque a energia carbonegativa ÍONSBO-133 faz com que as células logo se regenerem. Só algumas partes da cabeça são vulneráveis.

    – E como se faz para se deter o ataque de uma pessoa com a doença?

    Cahal respondeu:

    – Fazendo uso da pistola Rautunka. Ela é altamente eficaz para se tirar a vida do portador da Letharugosis. Os seus raios elétricos ao atingir a cabeça fazem com que a sua energia radiativa positiva carregada de autunita penetre através dos poros até o encéfalo. Ao atingir os miolos encefálicos, ela entra em curto-circuito ao se chocar com a potência carbonegativa acumulada nos neurônios. Imediatamente uma descarga elétrica se propaga através dos nervos e corrente sanguíneas, fazendo com que todos os músculos e entranhas entrem em combustão, até só restar os ossos do esqueleto. Outra forma de provocar o óbito consiste em golpear fortemente a fontanela anterior, ou a sutura parietal, também conhecida por apex craniano, o que também ocasiona um curto-circuito no encéfalo.

    – E ele, o tal bandido?

    – O famigerado Dustin Calafrio?

    – Sim. O que se diz dele?

    – Segundo a revista Myths of Superhuman, ele é um sujeito de má índole e alta periculosidade. Contaminou várias jovens para tê-las aos seus serviços sórdidos.

    – Mas que sujeito calhorda! – exclamou Alanis, arrepiada.

    – Estas mulheres aqui doentes provavelmente terão os mesmos destinos e infortúnios das anteriores. Elas dependerão dele para sobreviverem. Também na alma de uma comparsa malaca a prática do crime passa a lhe ser um momento de êxtase, que a satisfaz mentalmente. Mas caso ela venha sentir remorsos pelos males praticados, ou aversão àquele que a contaminou, lhe será natural o suicídio.

    – Mas como estas mulheres aqui foram atraídas por um ser tão inumano? Quem sabe ele não as sequestrou.

    Cahal prestou atenção em uma gargantilha que adornava o pescoço de uma das vítimas. Disse:

    – Duvido muito. Pelo o que eu li, o Dustin Calafrio é um sujeito convincente em seus argumentos. Infelizmente muitas jovens neste mundo são ingênuas e acreditam nas promessas do primeiro cafajeste falacioso que lhe faz juras de amor e lhes promete coisas que elas desejam e que lhes são difíceis ou demoradas de conseguir.

    – Com tantas mulheres aqui, ele é de fato muito convincente. Mas por que há um homem assassinado lá na sala?

    – Talvez aquele turista francês tenha vindo em busca de alguma dessas jovens. Quem sabe não seja ele irmão ou namorado de uma delas? Aí ao chegar aqui ele fatalmente acabou sendo assassinado pelo dono da casa, possivelmente o tal Dustin Calafrio.

    – Então estas mulheres enfermas que estão aqui podem ser de vários lugares – supôs Alanis.

    – Provavelmente. Creio que algumas delas estejam neste porão a alguns meses, e outras, recentemente, provenientes de várias cidades circunvizinhas a Simi Valley. Assim me parece.

    Alanis olhou para o homem que dormia languidamente em sua poltrona. O seu desejo foi de pegar algo pesado para lhe esmigalhar a cabeça, ceifando-lhe assim a existência terrena. Mas, e se ele não fosse o tal Dustin Calafrio, e sim uma vítima masculina? Por certo acabaria cometendo uma violência injustificável. Desviando a sua atenção, procurou controlar a sua indignação.

    – E essas mulheres, será que

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