Um Olhar Além

De Amauri Marcondes

São doze contos curtos onde o leitor vai conhecer personagens que já não fazem parte desse mundo. E outros, muito vivos, que lutam e trabalham por uma vida melhor. São histórias com fundo critico que pode mudar a forma de uma pessoa pensar.

• Idioma: Português
• Editora: Bibliomundi
• Data de lançamento: 27 de fev. de 2023
• ISBN: 9781526016362

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Amauri Marcondes

                UM OLHAR ALÉM

Contos

Título original:

Um Olhar Além

Copyright Amauri Marcondes

Direito reservado ao autor

República federativa do Brasil

Edição1

Autor: Amauri Marcondes de Oliveira

Revisão: Maria de Jesus Carvalhais

Diagramação e capa: Hugo brasil

Literatura brasileira

Cascavel, PR- maio,2019

Dedico essa humilde obra a minha mãe, minha heroína.

Índice:

O último julgamento

O visitante

Até onde a fé nos move?

Por um fio

O encontro do bem e do mal

Um dia especial

Um pequeno milagre

A dor que mata

O acidente

A última viagem

Do outro lado

Assim é a vida

A Ira de Solano

O ÚLTIMO JULGAMENTO

O homem estava deitado de bruços no gramado, com o rosto virado para o lado. Acordou, abriu os olhos e sentou-se recostado em uma pequena parede de concreto. Longe dali podia ouvir os badalos de um sino de igreja. Estava confuso, não sabia o que tinha acontecido, nem tão pouco o que fazia naquele lugar desconhecido.

"O que aconteceu? " Se perguntava.

Resolveu levantar-se e, só então, pôde perceber onde estava. Era um imenso cemitério a perder de vista para qualquer um dos pontos cardeais que se olhasse. O gramado verde era recortado por ruas estreitas pintadas de azul com faixas brancas nas laterais e milhares de túmulos se espalhavam no meio do gramado.

Observou melhor o muro que estivera recostado a pouco, só então se deu conta que na verdade era uma lápide. Nela havia um nome e uma inscrição em uma placa de latão que lhe pareceu ser novinha:

Aqui jaz um bom homem,

Um bom marido,

Um bom pai,

E um bom filho.

Logo embaixo o nome da pessoa:

AFONSO DA SILVA, com a data de nascimento e falecimento.

"Seja quem for o defunto, não conheço", pensou e saiu a caminhar sem pressa. Percorreu algumas centenas de metros e percebeu, através dos túmulos, que tinha gente de todas as religiões enterrada ali.

Logo a frente, ao lado da ruazinha, havia uma estátua de um anjo todo de branco com as mãos levantadas para o céu. Ao passar por ela o anjo se mexeu, abaixou os braços e falou com ele:

— O Senhor precisa de ajuda? — Perguntou.

— Eu?

— O Senhor mesmo! — Afirmou o anjo. — Parece perdido.

— De fato não sei bem o que faço aqui, não consigo me lembrar de nada.

— Isso é normal — tranquilizou o anjo. — Raramente alguém se lembra de sua vida passada quando chega aqui, mas eu o ajudarei no que for preciso.

— Obrigado, anjo. Sabe, pensei que você fosse uma estátua.

— Acontece também, às vezes. Mas não sou uma estátua, não.

— Isso eu já percebi. Você sabe quem eu sou? E o que faço neste lugar tão tranquilizador?

— Sim, eu sei — falou o anjo e ficou quieto enquanto caminhava ao lado do homem.

— Então me diga quem sou — pediu o homem depois de algum tempo.

— Antes de chegar aqui você era um comerciante, tinha um mercadinho no bairro onde morava. Acontece que o corpo humano é uma máquina criada por Deus, com funcionamento perfeito. Só que não pode parar, precisa sempre estar em movimento, fazendo exercícios físicos e mentais e alimentando-se de forma correta. Você não seguiu essas determinações da