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E-book255 páginas3 horas

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Sobre este e-book

Informações: Sendo publicado semanalmente de forma gratuita em : https://www.wattpad.com/340967369-sight-algumas-palavras Sinopse: Henry é um típico estudante curioso, em um certo dia, ele ouve um boato a respeito de sua colega de classe, Ellie, e sobre como ela estava sempre envolvida com situações estranhas, despertando assim, o interesse dele por ela.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de nov. de 2016
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    Pré-visualização do livro

    Sight - Marcelo Almeida

    Prólogo

    As gotas de chuvas atingiam meu rosto enquanto eu corria, aquele beco escuro me trazia uma péssima sensação, mas eu não podia parar, não agora, não sabendo o que estava vindo atrás de mim.

    Olhei para trás, uma pessoa usando um sobretudo preto, tentando claramente

    esconder seu corpo começava a se aproximar. Ela carregava um katana em suas mãos, arrastando a lâmina pelo chão enquanto caminhava. Eu não me lembro ao certo o que fiz, mas de uma coisa tenho certeza, essa pessoa quer me matar. Sem sombra de dúvidas, ela não pretende me deixar escapar vivo.

    Virei uma das esquinas daquele beco, corria até o final dele e então, como nos típicos casos em que essas cenas ocorrem, eu estava parado de frente para uma parede.

    Sem qualquer saída, sem qualquer esperança.

    Apenas apoiando minhas mãos contra o muro enquanto observava as gotas de água

    escorrerem por elas.

    Eu virei meu rosto para trás, na direção em que estava aquela pessoa. Ela se

    mantinha parada olhando para mim... Bem dizer olhando era relativo, afinal de contas, eu não conseguia ver seu rosto. Nem mesmo uma pequena dica de quem era aquele ser parado ali.

    Ela deu dois passos para frente, fazendo o som de aço arrastando pelo chão ecoar por aquele beco vazio, eu instintivamente encostei no muro e olhei para cima. Podia ser um pensamento bobo, mas quem sabe, com um pouco de esforço, eu conseguiria saltar por ele.

    Pelo menos foi isso que passou pela minha cabeça naquele momento...

    A pessoa na minha frente continuou caminhando, automaticamente eu me virei e

    saltei. Meus braços se esticaram em direção à beirada do muro, as pontas dos meus dedos estavam quase tocando os tijolos da parede, mas no momento em que eu iria os alcançar, meu corpo caiu no chão com um estrondo, agitando a poça de água que havia se formado ali devido a chuva que cai há um tempo.

    — Hã...? — Eu olhei confuso para o chão, por alguma razão, a poça havia tomado uma cor avermelhada.

    Eu olhei para pessoa que estava a menos de um metro de mim, e então, finalmente entendi.

    — Ahhh! — Soltei um longo grito de dor e puxei meu braço em direção ao meu

    corpo.

    O sangue que jorrava dele já havia pintado as minhas roupas quase por completo, e por algum motivo, eu apenas me lembrei do razão de não ter conseguido alcançar a beira do muro.

    Em um pensamento completamente idiota, eu entendi o porquê de não ter chego

    nem mesmo a tocar aqueles tijolos.

    A pessoa encapuzada ergueu a espada na altura da minha cabeça, eu tentei afastar meu corpo e escapar, mas o choque era grande demais. Você vive se perguntando os motivos das pessoas não fugirem em situações como essas, mas quando é com você, tudo fica claro.

    Não é uma questão de simplesmente fugir. Os pensamentos não funcionam na

    mesma frequência que o corpo, mesmo que você saiba que não deveria ficar parado olhando em choque para seu futuro assassino, ainda assim, seu corpo não responde.

    Um simples e leve medo te deixa estático, fazendo seu corpo apenas esperar pelo resultado de tudo aquilo.

    A lâmina veio na minha direção, fazendo um corte limpo e sem qualquer hesitação, passando no meu ombro esquerdo até o meu ombro direito.

    A pessoa na minha frente conseguiu uma decapitação perfeita, sem nem mesmo me

    deixar sentir dor, como se fosse um profissional fazendo aquilo.

    E então.

    Em um último pensamento inconsciente, eu observei essa pessoa fechar suas mãos em torno da espada com um certo ódio. Talvez ela não quisesse fazer isso, ou quem sabe, me matar não fosse um trabalho digno do seu esforço... Bem, mas isso são apenas suposições minhas, não tem como ter certeza.

    As gotas da chuva continuavam a cair sobre o meu rosto, minha consciência insistiam em continuar ativa, mesmo que isso fosse humanamente impossível. As sensações forma aos poucos se perdendo, e antes que eu pudesse me dar conta, eu já havia morrido.

    Capítulo 1

    Dizem que quanto mais você olha para um quadro, mais contornos ele recebe, em

    outras palavras, isso é o mesmo que dizer que quanto mais olhamos para algo, mais claro ele se torna, quanto mais procuramos algo, mais fácil de encontrar isso é.

    Por exemplo... Se você teme a morte, as chances de começar a perceber o perigo nas coisas mais pequenas é bem maior do que alguém que vive normalmente. Assim como, caso você procure a felicidade, você provavelmente entenderá que até mesmo as menores coisas poderão te fazer feliz...

    Sinceramente, saber sobre isso era uma das coisas que me deixava feliz… Pelo menos até perceber como lendas podem ser assustadoras...

    Até ouvir falar sobre aquela estranha garota.

    Em um dia de aula qualquer eu ouvi falar sobre ela, sobre a garota chamada Ellie e seu estranho comportamento.

    Em uma dia qualquer, uma das minhas melhores amigas me contou essa história

    como quem não queria nada, como se estivesse falando sobre os principais tópicos anunciados no jornal da manhã, ela me contou a respeito da fama que essa garota tinha.

    O que para mim foi uma completa surpresa. De certa forma, eu sempre tivesse essa sensação, eu sempre olhei para ela como uma certa dúvida. Ellie era o tipo de garota que chama a atenção naturalmente. Seus longos cabelos castanhos e o seu olhar de indiferença deixavam uma impressão marcante em qualquer um que passasse pelo seu caminho.

    Talvez, ela não fosse considerada como um exemplo de beleza, mas de muitas

    formas, ela tinha um certo brilho.

    Um brilho que te puxa em direção.

    Um brilho que te convida a ir até ela, assim como, parece querer te dizer para se manter afastado.

    Ela tem sido o foco de diferentes rumores, mas não parece se incomodar com isso, na verdade, eu diria que ela até mesmo parece sentir interesse no que as pessoas falam sobre ela, mesmo que seus olhos digam o contrário.

    Eu particularmente nunca falei com ela antes, mas admito que sempre tivesse esse interesse... Será que ela realmente pode ser considerada como algo além de uma simples garota?

    Ou melhor, nas palavras da minha querida amiga: "Ela não parece como aqueles

    mitos que você ouve, mas nunca acredita ser possível de encontrar?"

    Bem, de fato, ela pode passar essa sensação...

    Com aqueles olhos frios e sem brilho...

    Eu constantemente me perguntava que tipo de pessoa seria essa tal Ellie. Mas de maneira alguma eu esperava encontrar essa resposta.

    2

    — Uma lenda pode ser definida como um conjunto de histórias passadas de geração em geração. Elas, em grande parte, tem um conteúdo fantasioso, o que acaba fazendo com que não possam ser usadas como argumento em uma discussão...

    Eu deixei os desenhos que estava fazendo e levantei minha mão. Após ouvir uma

    frase tão elaborado vinda de um professor de história, eu me senti na obrigação de fazer uma pergunta.

    Nosso professor de história é o típico profissional que se dedica ao máximo quando se trata dos seus deveres. Ele usa um enorme casaco, que eu desconfio ter sido herdado do seu pai, afinal, o casaco parece ser tão velho que chega ao ponto de estar perdendo a cor em algumas partes. Seus óculos estão sempre posicionados abaixo da sua linha de visão, o que força ele, vez ou outra, ter que arrumá-los no lugar.

    Na sala, os alunos costumam sempre depender dele para situações complicadas,

    sejam elas relacionadas à escola, ou a sua vida particular. De certa forma, podemos dizer que ele é quase como um conselheiro da sala… Bem, não somente da sala, mas sim de todo o colégio.

    Se você tem algum tipo de problema, por consequência, você acaba pensando em ir falar com o professor Richard, mesmo que na maioria dos casos, tudo o que ele vá fazer, seja lhe dizer para não desistir e continuar estudando.

    — Algum problema, Henry? — perguntou ele, assim que me viu erguer a mão.

    — Professor, o senhor acha que lendas não existem? — perguntei. — Sabe, eu

    sempre tivesse curiosidade sobre isso.

    — Bem, eu não diria que elas não existem, mas por serem geralmente contadas sem uma estrutura fixa, acabam mudando muito no decorrer do tempo, sem contar que, como eu disse há pouco tempo, elas são sempre carregadas de fantasias, o que dificulta a sua credibilidade.

    — Você quer dizer como o caso do conde Drácula?

    — Bem, esse não é o melhor exemplo possível, mas eu diria que sim... — O professor respirou fundo e então, acrescentou. — O livro de Stoker foi baseado no nome de um conde da Transilvânia, graças a isso, a imagem desse conde acabou sendo ligada ao vampirismo, mesmo que tudo o que eles tenham em comum, seja apenas o nome.

    — Mas o senhor não acha que lendas possam existir? Bem, sabe, talvez nós apenas não encontramos algo que prove isso.

    — Olha, Henry, eu entendo que você goste dessas coisas sobrenaturais, mas isso é uma aula de história, ficar falando sobre contos e lendas urbanas fugiria do assunto principal.

    — Mas professor... — Uma garota levantou a mão e, sem esperar pela autorização, continuou falando. — Podemos dizer que o Henry tem razão, não acha? Nós temos um bom exemplo bem aqui na sala de aula.

    Assim que essas palavras saíram da boca da garota usando um rabo de cavalo duplo, toda a sala ficou em um silêncio mórbido, até mesmo o professor parecia querer tomar cuidado com as suas palavras, isso porque, depois de ouvir aquela declaração, todos olharam para uma única pessoa.

    Para a garota sentada na primeira carteira da fileira do canto.

    Ela olhava para a janela em uma completa indiferença, como se não sentisse os

    olhares que estavam em cima dela. Até mesmo parecendo não se importar com a aula que estava acontecendo nesse momento.

    Eu não sei ao certo a opinião do professor a respeito disso, mas ele nunca se

    incomodou em chamar a atenção dela, mesmo que na maioria dos casos, Ellie estivesse claramente ignorando as suas explicações.

    — Você sabe, não é, professor? — A garota voltou a falar com um tom de deboche, como se quisesse provocar toda a sala. — Aquele dia na biblioteca foi assustador...

    O dia na biblioteca... Se me lembro bem, os livros haviam caído das prateleiras em completa harmonia... Bem, talvez dizer harmonia possa soar estranho, mas foi isso que ouvi dos comentários posteriores.

    Ao que parece, todos os livros foram arremessados longe, causando uma enorme

    confusão na biblioteca, o que acabou forçando ela ficar fechada por dois dias, até que tudo se resolvesse.

    — Sam...! — O professor tentou repreender ela, mas já era tarde demais.

    Os múrmuros começaram por toda a sala, as pessoas que, a segundos atrás, estavam em silêncio, começaram a sussurrar entre si:

    — Eu me lembro disso, foi assustador...

    — Sim... Os livros estavam todos caídos...

    — Eu também me lembro... Foi como estar naqueles filmes ruins de terror...

    — Tem razão, no instante em que ela passou em frente a estante, todos os livros desabaram em completa sincronia.

    — Eu ouvi dizer que ela é amaldiçoada...

    — Ei, ei! — O professor bateu as mãos em frente ao corpo, fazendo com que todos se calassem. — Nós explicamos que aquilo não passou de um erro de planejamento, não foi?

    Os livros estavam se inclinados pouco a pouco, por isso acabaram caindo.

    — Justamente quando a Ellie estava passando? — A garota de rabos de cavalo disse com indiferença. — Seria uma excelente consciência, não acha? Mas mesmo que foi isso o que aconteceu, você não pode explicar aquele evento no banheiro, não é?

    Os múrmuros voltaram com ainda mais força:

    — Ahhh, é verdade, eu também ouvi falar sobre esse dia... Os espelhos explodiram em sequência... Foi assustador.

    — Até mesmo uma das garotas do terceiro ano se feriu, não é?

    — Sim, pobre Lisa... Eu me pergunto se ela está bem...

    — Ei, eu já não pedi para pararem de... — A voz do professor foi interrompida pelo sinal do fim da aula.

    Os alunos começaram a juntar suas coisa e a se levantarem. Eu fiz o mesmo e juntei meus matérias, arranquei a folha que estava desenhando e fiquei a segurando nas minhas mãos.

    — Lembrem-se que semana que vem temos um teste. Estudem das páginas trinta e

    cinco à quarenta e oito, e não deixem de fazer os exercícios passados na aula de ontem.

    Enquanto ignorava por completo a recomendação do professor, eu me levantei e

    comecei a andar, passei pelas mesas que estavam no caminho, porém, no momento em que cheguei na frente da sala, eu acabei olhando para ela.

    Ellie ainda se mantinha indiferente, até mesmo fingindo que eu não estava ali.

    Eu continuei meu caminho sem me incomodar muito. Saí pela porta e, no instante em que pisei do lado de fora, em um timing perfeito, eu fui atacado por uma garota.

    — Ahhh! Henry, por favor, me salve!

    Eu apoiei as mãos na cintura fina dela, e delicadamente empurrei seu corpo para trás, abrindo alguns centímetros entre nós dois.

    — Qual o problema...? — perguntei com indiferença.

    — Eu sinto que não tenho muito tempo de vida... Meu corpo está fraco, minha

    cabeça dói e o meu estômago parece ao ponto de desaparecer.... — Ela abriu os braços e voltou a se jogar em mim. — Ahhh, por favor, Henry, em nome da nossa amizade, me salve!

    — Luna... — Eu respirei fundo. — Isso que você está sentindo, é apenas fome.

    — Você acha que eu seria tão baixa para usar fome com esse propósito?

    — Sim, eu acho... — respondi. — Ontem você disse que seu corpo não conseguia

    ficar estável, que seus olhos pareciam pesados e desfocados, até mesmo se manter em pé era difícil, tudo isso, porque você estava com sono.

    — Ora, você é tão chato. — Ela se afastou e cruzou os braços em frente ao peito. —

    Custa ficar preocupada com a sua linda amiga?

    A autointitulada linda amiga se chama Luna. Uma garota loira que usa um corte de cabelo clássico, um Chanel que fica um pouco assim dos ombros. Seus olhos são verdes e seu corpo é proporcional à sua altura, ela não tem medidas exageradas, mas também não é muito magra, sua personalidade animada acaba a ajudando a se destacar, e nesses últimos tempos, ela esteve sempre ao meu lado.

    Como uma vizinha, como uma colega de classe, como uma companheira de estudos,

    basicamente em todos os momentos da minha vida ela esteve lá. Com o seu sorriso fácil e seu jeito exagerado, sempre me puxando para essas conversas sem sentido sobre morte.

    Por isso eu sou muito grato a ela. Se não fosse pela sua companhia, eu teria passado grande parte da minha vida sozinha, como um daqueles casos de pessoas depressivas sem amigos...

    Se bem que, eu não posso dizer que tenho muitos amigos agora.

    Mas isso pouco importa.

    — Eu te conheço há mais de cinco anos, Luna... — Comecei dizendo. — E nesses

    cinco anos, você já morreu mais de mil vezes.

    — Você está contando?

    — Eu nunca faria isso.

    — Mas deveria, por que se fizesse, saberia que eu não morri 1000 vezes, mas sim, 1027 vezes.

    — Isso foi preciso demais! Além disso, por que você está contando?

    — Eu gosto de ser precisa.

    — Parece um esforço desnecessário.

    — Não quando o esforço é seu. — Ela sorriu. — Mas deixando isso de lado, o que você está segurando?

    Ela apontou para o papel que estava nas minhas mãos.

    Eu já tinha até mesmo me esquecido disso.

    Levantei a imagem de uma caveira desenhada sobre uma bola de cristal, Luna olhou para ela com um certo nojo, e então acrescentou:

    — Isso

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