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O Nosso Último Adeus
O Nosso Último Adeus
O Nosso Último Adeus
E-book289 páginas3 horas

O Nosso Último Adeus

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Sobre este e-book

Ao se mudar para Minnesota, a capital. Kaira Blakk se vê perdida entre a nova cidade e os conflitos gerados entre ela e sua mãe. Tendo de deixar sua irmã na Califórnia, é ainda mais solitário quando não se conhece ninguém ali. Mas tudo muda quando ela acaba esbarrando num garoto loiro de olhos azuis, que, por coincidência. É o mesmo que conhecera dias antes do primeiro dia de aula. O nosso último adeus narra a história de uma paixão entre dois adolescentes que os levou à ruína, destruindo tudo o que era passado e o futuro. Agora, anos depois. Kaira trabalha como designer numa editora famosa. Mas nem sempre o passado permanece em silêncio.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de fev. de 2024
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    O Nosso Último Adeus - C.s Cole

    O

    Nosso

    Último Adeus

    O

    Nosso

    Último Adeus

    2ª edição

    C.S Cole

    Título Original

    O Nosso Último Adeus

    Primeira publicação em

    Joinville, Santa Catarina. Brasil 2024.

    Todos os direitos da obra

    O Nosso Último Adeus

    Reservados a autora C.S Cole

    Copywriting do texto ©️ C.S Cole, 2024.

    (Dados de Catalogação na Publicação Nacional)

    ———————————————————————

    C689o

    Cole, C.S - 2009

    O Nosso Último Adeus / C.S Cole - 2. Ed. -

    Joinville, SC : Ed. Do autor, 2024.

    ISBN: 978-65-266-1614-7

    1. Romance 2. Literatura Infanto Juvenil 3. Drama I. Título II. Cole, C.S

    CDD: B869.3

    ———————————————————————

    Para todos que já tiveram seus corações partidos.

    e Para minha irmã,

    que insistiu para que eu terminasse de escrever.

    Parte Um

    Um

    Antes

    Kaira...

    O que as pessoas pensam quando se a Silêncio por toda parte? De tal forma que o som das nossas respirações chega ser alta o bastante para alcançar o pé de nossos ouvidos e que se torna possível ouvir os galhos das árvores se entrelaçando com a grama molhada ao despencarem de seus troncos. Ou profundo o bastante para que possamos nos transportar para a dimensão dos nossos pensamentos obscuros e fúnebres.

    Gosto do silêncio, é uma das poucas coisas que não sei viver sem — podendo assim dizer —. Às vezes, penso nas pessoas que dizem não gostar, mas que, logo em seguida, se estressam imensamente quando o barulho é excessivo. Ou talvez, goste do silêncio, até ele se tornar algo constante na vida de uma pessoa.

    7

    Não sou aquelas pessoas que julgam os livros pela capa. No entanto, sou daquelas que desconfia de quase todo mundo, sendo a minha mãe a principal responsável.

    Nunca fui uma garota que desconfiava de muitas pessoas, mas sua proteção me fez sentir encolhida, como um coelho numa toca, onde ao lado de fora, me espera uma grotesca armadilha de urso.

    Não tenho certeza de quando comecei a agir dessa forma, e não sei se me arrependo. Até porque ser inocente demais acaba ferrando com tudo. Ou pelo menos na maioria das vezes.

    Houve uma certa vez, quando era mais nova. As meninas da minha antiga escola não gostavam muito de mim, então eu andava sozinha algumas vezes. Eu costumava dizer que não me importava — o que, sem dúvida, era uma mentira —. Uma das garotas, naquela época. Disse que seria minha amiga, mas teria de fazer alguns favores a ela. Naquela época, eu tinha dez anos e como era uma criança inocente, e meio ingênua, aceitei sua proposta.

    Nas semanas seguintes, tudo ia bem. Os favores eram simples, como: buscar água, comida, emprestar coisas e, etc. Até certo dia que ela me pediu para ficar de vigia na câmera. De início, eu perguntei o motivo, mas ela apenas repetiu o que havia dito. Eu concordei, mesmo achando estranho. Deveria ter negado, como minha intuição dizia. Porém, por ela ser mais velha que eu, uns quatro anos, pensei que fosse algo da minha cabeça. No entanto, percebi que não quando no dia seguinte a diretora nos chamou para a sua sala com mais um garoto.

    Naquela hora eu vi a merda que tinha acontecido.

    Acabei levando a culpa junto, mesmo dizendo que eu não 8

    sabia de nada. Meus pais foram chamados na escola no mesmo dia. Nunca irei me esquecer do escândalo que Raabe fez; mas mesmo eu dizendo a verdade ela nunca acreditou — e não sei se algum dia chegará a acreditar.

    A partir de então, eu suponho. Acabei criando essa desconfiança com certas pessoas. Bem, nem todas, as vezes eu acabo esquecendo.

    Me viro para o lado e pego minha bolsa preta de alcinha, tirando de dentro dela o meu livro — essa é outra coisa que eu não saberia viver sem. Ler —, ultimamente estou lendo o segundo livro da série: A guerra dos tronos.

    Sempre fui fascinada por ler livros de fantasia, a maior parte da minha biblioteca é repleta por livros do gênero.

    Enquanto leio, não posso deixar de escutar o barulho de fundo das crianças rindo e gritando pelo parque como se estivessem num aniversário. Não lembro boa parte da minha infância. E... o que eu me lembro, em geral, sempre estive ao lado da minha irmã adotiva. Éramos exatamente assim, a diferença eram as nossas idades e o fato dela pensar totalmente diferente de mim. Yuna tinha uma visão boa para quase tudo, até um tempo, comecei a escrever para esse mundo onde ela imaginava. No começo eu colocava as coisas que mais desejava que acontecesse no futuro. Mas já faz seis anos que não escrevo. Parei quando me disseram que era coisa de criança. Eu acho. Também não me deixo levar pela opinião de certas pessoas, mas acho que daquela vez minha mãe estava certa.

    Bom, faz quase uma semana que me mudei para Minnesota, a capital. Nunca pensei em deixar a Califórnia com tudo para trás; incluindo minha irmã. Apesar de já ser uma mulher adulta, me sinto como se a tivesse abandonado. E, ao mesmo tempo, fora ela quem me 9

    deixara partir. É estranho e complicado explicar a falta que sinto dela. Só sei que irá doer muito. Yuna era meu ponto seguro, onde eu corria toda vez que algo me machucava.

    E dava certo, sempre deu. Muitas das vezes ela tomou o lugar em que minha mãe deveria ocupar. Ao invés de um abraço apertado e uma carícia no cabelo reconfortante, era o abraço pequeno e apertado da minha irmã enquanto eu chorava e desabafava em seu peito. Não acho que a responsabilidade deveria se cobrir a uma criança de consolar a outra, mas a confiança ser grande o bastante para que conseguíssemos nos consolar aos nossos próprios pais. E não buscar conforto a alguém tão pequeno quanto nós.

    Os barulhos se intensificam cada vez mais. Olho ao redor novamente, a luz do sol ilumina a metade do rio, enquanto a outra é escura, coberta pelas folhas velhas que caem das árvores.

    Tomo um pequeno susto ao ver um cachorro passar por mim correndo atrás de um bumerangue. O garoto de cabelos claros chama por ele em uma risada engraçada, que logo o segue em direção ao menino com os pelos dourados esvoaçantes. Rio quando os dois caem na grama, e o cachorro puxa sua blusa brincando enquanto o garoto o pede para parar várias vezes. Uma voz, então, me afasta dos dois, chamando minha atenção para um garoto de cabelos louros.

    — Oi — Diz. Ele se senta a dois passos de distância ao meu lado, e fixa o seu olhar num ponto invisível.

    — Oi... — Respondo, hesitante. Torno a olhar os dois, que agora estão em pé correndo pelo parque novamente.

    O cão se afasta do garotinho e corre como se sua vida dependesse disso em direção às pombas pequenas.

    10

    Quando o animal se aproxima elas saem voando com pressa pousando no outro lado do parque.

    — Você tem? — olho para o outro garoto novamente, franzindo o cenho um pouco confusa — Cachorro

    aponta com o queixo em direção aos dois, fazendo com que eu os olhe de relance.

    Nego com a cabeça.

    Eu sempre sonhei em ter um cachorro, no entanto, meu pai tem alergia. Até alguns anos, eu não sabia sobre sua alergia, mas eu lembro do dia em que descobri. Eu estava brincando com um cachorro que havia encontrado no outro lado da rua na terceira vez em que fugi de casa, quando por fim cheguei em casa, eu o trouxe comigo —

    não consegui me despedir do pobre animal —. Quando meu pai descobriu no mesmo dia, ele mandou o cachorro embora a pontapés. Eu fiquei furiosa, mas depois ele me contou sobre sua alergia a cachorros com uma grande explicação que poderia escrever umas três páginas só de resumo.

    — Não, e você?

    — Não — Ele ri, uma risada calma, sem mostrar os dentes, o que fez com que seu peito se movesse — Noah.

    Me chamo Noah Reiser. — Ele estende a mão com gentileza e eu a observo por um instante antes de aceitar o gesto unindo nossas mãos num leve aperto. Sua mão é morna, o que me surpreende por conta do frio.

    — Me chamo Kaira — Digo. — Kaira Blossom Blakk

    — Ele sorri de canto e eu faço o mesmo. Então o contenho e observo o rio a minha frente, desviando o olhar dele.

    — Não faça isso, Kaira. — Ele aponta — Não vai morrer porque deu um sorriso. — Mordo os lábios um pouco sem graça e suspiro silenciosamente.

    11

    — Você não é daqui, não? — Continua. Eu o encaro franzindo o cenho — É porque, seu sotaque é diferente. —

    Corrige.

    — Ah, é uma longa história! — Rio endireitando a postura.

    O garoto me encara arqueando uma sobrancelha, querendo saber. Solto um suspiro e comprimo os lábios.

    — Eu nasci em Malibu, me mudei para o Texas aos cinco anos, mas retornamos para a Califórnia dois anos depois. — Dou de ombros — nos mudamos para Saint Paul em menos de uma semana.

    Ele assentiu lentamente absorvendo os detalhes.

    — E você? — Pergunto, curiosa.

    — Nasci na Geórgia. — Arregalo os olhos, que faz com que ele solte um risinho — Foi uma bagunça. Mas moro aqui faz sete anos.

    — Por que saiu da Geórgia?

    — Por que saiu da Califórnia?

    Touché.

    — Justo. — Digo e ele sorri. E só agora, olhando mais a fundo, percebi o quão bonito é o seu sorriso. — Meus pais. — Suspiro ficando em silêncio.

    Divórcio — continua depois de um tempo. — Minha mãe nasceu aqui. Mas o meu pai morava a Geórgia quando ela se mudou pra lá. Eles terminaram recentemente. Minha mãe sentia falta daqui, então... — ele dá de ombros deixando que eu complete a frase em minha cabeça.

    — Meus pais queriam se mudar para recomeçarem, acho que deve ter sido um problema com os negócios do meu pai. Mas eu não queria vir, apenas fui obrigada... —

    mordo os lábios e suspiro — Deixei muita coisa para trás.

    — Namorado?

    12

    Rio exasperada balançando a cabeça e abaixando os ombros.

    — Não. Apenas amigos e amigas...

    Ele me encara arqueando uma sobrancelha e eu reviro os olhos.

    — Estou falando sério!

    — Eu não perguntei nada. — Rebate se esforçando segurar para um sorriso.

    — Eu conheço essa careta em qualquer lugar.

    Retomo a atenção para o rio e desenho com os dedos uma linha imaginária na capa do livro. Eu queria continuar a conversa, mas não sabia como continuar ou qual por qual motivo queria prosseguir com a conversa. E como se lesse meus pensamentos, a voz do rapaz ressoa novamente. Um sorriso imperceptível surge de satisfação e uma onda de conforto me anima.

    — Qual o seu maior medo? — Pergunta de repente.

    Franzo o cenho, e observo os olhos azuis, tão claros que posso imaginar leves ondas se movendo lentamente através de sua pupila dilatada.

    Desvio o olhar sem resposta, enconcho os meus joelhos até meu peito, e cruzo os braços acima deles, depositando em seguida minha cabeça como uma criança.

    Suspiro sentindo a respiração bater contra minhas pernas.

    — Qual é, nunca mais nos veremos. Então, tanto faz

    — ergo meu rosto a tempo de vê-lo dar de ombros com suavidade como se não ligasse para o fato de estarmos dividindo algo quem se entala em minha garganta como um nó.

    Ele está certo, se for o acaso, pode ser que nunca mais nos vejamos depois disso. Então, qual é o problema 13

    em expor seus maiores medos para uma pessoa desconhecida?

    Dou de ombros, o imitando.

    Tanto faz...

    — Ficar sozinha — reflito por um tempo encarando a serenidade do rio a frente. — É, com certeza ficar sozinha é o meu medo — giro meu corpo em sua direção erguendo as sobrancelhas — Mas e você? Qual é o seu maior medo?

    De repente, seus olhos azuis-claros tornam-se escuros, capaz de me fazer sentir um calafrio percorrer minha espinha.

    — Magoar alguém que amo. — Murmura, relutante.

    Sinto uma leve tensão se expandindo ao redor, então faço outra pergunta no mesmo nível.

    — Alguma coisa que não foi feita para você?

    Ele solta um sorrisinho brincalhão e mantém seu olhar para frente quando responde:

    — Cherry Coke.

    Caio numa gargalhada entusiasmada, e aos poucos ele faz o mesmo.

    — Como assim? — exclamo — eu amo Cherry Coke!

    — Noah me encara com uma carranca brincalhona, o que me faz rir outra vez. Não sei o que as pessoas têm contra Cherry Coke, talvez por ser doce ou o sabor ser diferenciado, mas eu gosto. Para mim é a quantidade certa entre o doce, e a bebida mais famosa. Em pensar que só provei por ser de cereja.

    — Que gosto... peculiar o seu — Zomba.

    Paro de rir e abro a boca erguendo as sobrancelhas.

    14

    — Aposto que você é o tipo de garoto que participa de jogos escolares.

    Ele franze o cenho.

    — E quais na sua cabeça eu jogo?

    — Hóquei? Futebol americano? Beisebol?

    — Não!

    — Imaginei.

    Ele olha para seus pés e, então, inclina a cabeça para

    trás

    com

    os

    olhos

    fechados

    respirando

    profundamente.

    Família — o meu sorriso se perde em um devaneio conforme o tempo, até que não reste nada mais do que a minha cara séria de antes — sei lá, sou mais sozinho. Não me imagino daqui a vinte anos numa casa grande com várias crianças e um cachorro. É... estranho.

    — Por quê? — pergunto. Eu não estava curiosa, e nem queria saber, na verdade. Contudo, acho que era o certo a se fazer, porque senti que ele queria continuar, eu acho. E talvez deixar a conversa morrer seria...

    entediante.

    — Acho que... é a responsabilidade de fazer as pessoas felizes. Às vezes você não é você mesmo por medo de machucar alguém. E como eu disse antes. O

    medo de errar e magoar alguém.

    — Errar é humano, Noah. Faz parte do nosso gigantesco ciclo da vida, ninguém é eficaz o suficiente.

    Mesmo estando sozinhos. Todos erramos de alguma forma. Isso de fato é uma verdadeira merda!

    15

    — Sei completamente disso, mas pelo menos não machucaria ninguém.

    Penso em suas palavras e no quanto ele se parece um pouco comigo. Elas saem de seus lábios, e é como se estivessem carregadas de peso ou alguma dor; como se Noah tivesse vivido cada coisa que citou de uma forma estranha.

    — Quanto anos você tem? — Pergunta em tom normal, como se não tivesse acabado de expor algo íntimo e doloroso a alguém estranho. Fixo os meus olhos em seu rosto pálido e procuro alguma linha de arrependimento, mas vendo que não, desvio o olhar para qualquer outra coisa. Encolho os ombros e alongo o pescoço pigarreando.

    — Dezessete. E você?

    — Dezenove.

    — Ah, então deve estar no último ano, não é mesmo?

    — Isso — confirma, balançando a cabeça.

    — Pretende fazer o que depois? — Pergunto —

    Digo, depois da formatura.

    Ele dá de ombros.

    — Não sei, e você?

    Reflito por um momento e dou de ombros, imitando o seu gesto de há poucos segundos.

    — Eu não estou no terceiro ano, mas vou estudar alguns cursos aleatórios que sempre tive vontade, aumentar minha estante de livros e talvez estudar 16

    Designer. — Rio só de pensar em aumentar a minha estante de livros. Deus! Quando eu morrer, sinto pena de quem será responsável por minhas coisas.

    —Talvez?

    — É. Não sei bem.

    — Por quê?

    Molho os lábios e coloco meu cabelo atrás da orelha.

    — Minha mãe não gosta dessa ideia e meu pai, prefere que eu seja a garota das ideias mirabolantes.

    — Faz o que você gosta, ninguém irá trabalhar no seu lugar.

    Abro um sorriso e o encaro encostando o meu cotovelo em seu ombro.

    — Mas e você, hein? Certeza que deve ter algo em mente.

    Ele reflete por um momento, como se estivesse procurando por algo que algum dia chegou a pensar.

    — Eu gostava de Marketing.

    — Uma boa ideia — digo — combina com você.

    Noah é como um papel em branco, sem nenhuma linha escrita ou alguma marca visível a pessoas que buscam tentar entendê-lo. E isso está começando a me irritar.

    Eu acho...

    — Qual é a sua maior dor, Noah Reiser? — Pergunto disparada, olhando-o nos olhos com a expressão séria.

    Ele não pensa duas vezes antes quando responde rispidamente:

    17

    — Passo.

    — Pensei que não teria problemas já que não nos veremos mais.

    — Mudei de ideia.

    Olho para o céu e percebo o sol se pondo lentamente, como se pudesse ver cada milésimo do tempo, e cada cor se aposentando aos poucos, enquanto o laranja vai desaparecendo e a escuridão tomando conta do céu, antes, nublado.

    — Que horas são?

    Ele gira o pulso descoberto pela jaqueta azul acinzentada, revelando um pequeno relógio prateado com pequenos números dourados.

    — 18h09.

    Arregalo os olhos e abro a boca.

    — Droga, e-eu tenho que ir embora! — digo, me levantando apressadamente e colocando meu livro na bolsa preta juntamente ao meu fone que tampouco não tinha visto. Jogo-a em meu ombro esquerdo, bato na minha calça me desvencilhando dos fiapos verdes pendurados em minha roupa.

    — Merda, minha mãe vai me matar. Ela odeia quando eu fujo de casa.

    Noah ergue uma sobrancelha, espantado.

    — Você... o que...?

    Apenas acenei e contive um sorriso.

    Continuei o caminho todo escutando Bruno Mars, eu amava todas as músicas deste homem.

    18

    Chuto uma pedra e a vejo rolar para baixo de um bueiro. E percebo o quanto as casas da minha rua são parecidas. A única diferença entre nossa casa com as outras, é a porta roxa num tom tão escuro que se parece com um marrom escuro e uma flor branca na frente do jardim, que fica logo abaixo da janela do meu quarto.

    Conto os três degraus da casa e abro a porta. Entro e, logo em seguida, vejo a minha mãe apoiada no balcão da cozinha. Raabe logo ergue o olhar parando-o em mim.

    Sua expressão se fecha, agora demonstrando uma certa raiva que me faz engolir em seco.

    Raabe não tem lá uma gigantesca paciência, e às vezes parece que tudo o que eu faço a atormenta, é como se eu fosse um ímã para as coisas ruins que a afeta. Não que eu faça por querer. Tá legal, nem tudo eu faço sem saber das consequências.

    Ela joga a revista de culinária para o lado, contornando o balcão e caminhando até mim em passos furiosos.

    — Onde é que você estava?

    — Não sei, só estava andando por aí. — Dei de ombros passando por ela pressionando os lábios.

    — Quantas vezes te falei que não quero você andando por aí sozinha? Porque não me escuta? — ela passa as mãos pelos cabelos curtos alaranjados, e suspira.

    19

    — Por quê? Não fiz nada de mais além de sair um pouco. Vocês me arrastaram pra cá porque quiseram, eu não obriguei ninguém.

    — Iria ficar aonde?

    Você sabe com quem. — Retruco.

    Raabe ameaça a falar novamente quando a interrompo.

    — Mãe, por favor, eu... eu, só não vou ficar dentro de casa quando eu posso andar por aí. Acho que sou bem grandinha para tomar conta de mim mesma, não?

    — Kaira eu...

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