Monstros E Cia I - Os Guerreiros Solares
De Marla Véu
()
Sobre este e-book
Relacionado a Monstros E Cia I - Os Guerreiros Solares
Ebooks relacionados
Rosa Lua Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO menino do Portinari Nota: 5 de 5 estrelas5/5Estórias E Poesias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA volta do Parafuso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGuerreiro Místico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO bosque Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Desafio de Kinsey Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSilver: Série Lilac Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPortas entre Mundos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMinha Melhor Amiga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa Luz às Sombras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCuco Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos de fadas sombrios Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBoneca de ossos Nota: 3 de 5 estrelas3/5O florescer do amor Nota: 4 de 5 estrelas4/5Animal Instinct Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Duquesa Determinada: Noivas góticas, #2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Divisão Do Poder Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Alvorada Cinzenta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFace Negra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNyctophilia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO amor mora ao lado Nota: 3 de 5 estrelas3/5O segredo de Alex Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMinha tia me contou Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Terceira Geração Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJurema das Matas Nota: 5 de 5 estrelas5/5O primeiro guerreiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Lista De Karen L.l Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVingada Por Um Visconde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Mascarado Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção Geral para você
Para todas as pessoas intensas Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Arte da Guerra Nota: 4 de 5 estrelas4/5MEMÓRIAS DO SUBSOLO Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Sabedoria dos Estoicos: Escritos Selecionados de Sêneca Epiteto e Marco Aurélio Nota: 3 de 5 estrelas3/5Poesias Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Invista como Warren Buffett: Regras de ouro para atingir suas metas financeiras Nota: 5 de 5 estrelas5/5Gramática Escolar Da Língua Portuguesa Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Morte de Ivan Ilitch Nota: 4 de 5 estrelas4/5Palavras para desatar nós Nota: 4 de 5 estrelas4/5Onde não existir reciprocidade, não se demore Nota: 4 de 5 estrelas4/5Mata-me De Prazer Nota: 5 de 5 estrelas5/5Civilizações Perdidas: 10 Sociedades Que Desapareceram Sem Deixar Rasto Nota: 5 de 5 estrelas5/5A batalha do Apocalipse Nota: 5 de 5 estrelas5/5Prazeres Insanos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNovos contos eróticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Casamento do Céu e do Inferno Nota: 4 de 5 estrelas4/5Moby-Dick Nota: 5 de 5 estrelas5/5Para todas as pessoas apaixonantes Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos e Lendas do Japão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Declínio de um homem Nota: 4 de 5 estrelas4/5Simpatias De Poder Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Monstros E Cia I - Os Guerreiros Solares
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Monstros E Cia I - Os Guerreiros Solares - Marla Véu
Capitulo 1
A Chegada de Kelson à Cidade de Reino
Rose chegou, acompanhada de seu namorado e primo Kelson
Murilo, ao lugar onde morava: a cidade de Reino. A garota mostrou ao
primo o colégio onde estudara quando pequena, onde cursara o Jardim.
Diante do colégio, encontraram alguns amigos de Rose e ela prontamente
apresentou o primo:
- Esse é Kelson Murilo, meu primo e namorado de Natália.
Natália era uma das amigas de Rose e, como não quisesse assumir
que Kelson era, na verdade, seu próprio namorado, Rose combinara com a
amiga para que ela se fizesse passar por namorada do rapaz.
Do colégio New Moreira, o casal foi para o prédio onde Rose
residia, nas imediações de uma praça. Na parte inferior do edifício, entre
os pilotis, estava Geórgia, outra amiga de Rose.
Mais uma vez, Rose apresentou Kelson como seu primo, mas
como namorado de Natália. Ficaram conversando, Kelson contando suas
aventuras na sua cidade natal até que a própria Natália apareceu e
confirmou as afirmações de Rose, apresentando-se como namorada de
seu primo.
Ficaram os quatro conversando na parte inferior do prédio,
ouvindo as peripécias de Kelson, que tinha muito a contar sobre sua vida:
suas aventuras de infância; as paixões de adolescente e outras coisas.
Geórgia começava a sentir pelo primo de Rose um sentimento muito
forte, que entrava em conflito com o amor que nutria por Renan, um bom
rapaz que também fazia parte do grupo de amigos.
Além de achar Kelson muito bonito, Geórgia sentia-se cativada
pelo jeito como ele falava, muito hábil com as palavras e muito
convincente em suas narrativas. Sentiase encantada com o namorado de
Natália, ou antes, o suposto namorado de Natália, já que, em verdade, ele
era namorado da prima e isso acabaria se revelando em breve...
No entusiasmo da conversa, empolgada pelas piadas e histórias, Rose acabou falando demais e revelou, sem se dar conta disso, que Kelson
não era namorado de
Natália. Naturalmente, a revelação produziu certo impacto, já que
Geórgia tinha certeza que o rapaz namorava Natália.
Muito tarde, Rose percebeu a burrada que cometera, mas nada
mais havia a fazer.
Um clima de tensão acabou tomando conta do pequeno grupo,
culminando em uma séria discussão entre Geórgia e Kelson. Eles se
afastaram de Natália e Rose e ficaram batendo boca durante um bom
tempo. Durante essa briga, Kelson acabou por demonstrar muito interesse
em Geórgia, mais do que se esperaria entre duas pessoas que estão
discutindo seriamente. Embora se sentisse feliz, pois Geórgia também
gostava de Kelson, ela o ameaçou:
- Vou contar tudo pra Rose! Vou contar que você está dando em
cima de mim!
Furioso, o rapaz explode:
- Que se foda!
Rose, que devido à intensidade das palavras e aos gestos dos dois,
acompanhara e entendera tudo que estava acontecendo entre Kelson
Murilo e Geórgia, ficou muito preocupada. Conhecendo bem o namorado,
a garota reconheceu perfeitamente que ele nutria alguma atração por
Geórgia, visto que ficara tão nervoso quando a mesma o ameaçara,
dizendo que contaria tudo para Rose.
Era sempre assim: quando Kelson sentia-se intimidado pela
verdade, recorria sempre à raiva como válvula de escape. Se o acusavam
de ter contado uma mentira e ele, realmente, estivesse contando uma
grande mentira, ficava furioso. Se diziam que ele fizera uma coisa que,
apesar de procurar esconder, Kelson realmente fizera, também ficava
enraivecido. Quando diziam que ele gostava de alguma garota e ele, realmente, estava gostando dela, ficava com raiva.
Por causa daquela súbita explosão de raiva de Kelson, Rose
percebeu que ele estava alimentando alguma paixão por Geórgia. Isso a
entristeceu, pois ficou duvidosa quanto ao futuro de seu namoro já que
novos amores implicam, geralmente, em novos relacionamentos.
Kelson se reaproximou das garotas, um pouco receoso das
reações de Rose e da própria Geórgia.
- Afinal, por que você queria esconder que Kelson era seu
namorado? – quis saber Geórgia.
- Não sei... – respondeu Rose – Não queria que soubessem... Não
queria que soubessem que eu namorava meu primo...
- E eu acabei ajudando... – completou Natália.
- Que besteira, gente! – replicou Geórgia – Coisa de gente boba!
Esconder o namorado, a namorada – pra quê isso?
- Ora, mas qual o problema? – retrucou Kelson – Se a Rose
preferia assim, o que é que tem?
- A pergunta é se você gosta mesmo da Rose, não é? – falou
Geórgia.
- Claro que gosto! – respondeu firme o rapaz, para admiração da
própria Rose.
Furiosos, ele e Géorgia recomeçaram a discussão: uma acusando
o outro de dar em cima das garotas da cidade, de ser um galinha
; o
outro acusando a jovem de estar se atirando sobre o namorado da colega,
de querer trair Rose apesar de se fazer passar por uma boa amiga.
A pobre Natália não entendia bem o porquê de toda aquela
confusão, não achando suficiente que eles estivem brigando tanto
somente por causa de uma mentirinha
... Bem, não era, de fato, só uma
mentirinha
, já que acabava envolvendo outras pessoas – inclusive ela mesma, que participara da farsa.
"No final das contas, não existe nenhuma razão para Rose ocultar
que Kelson é seu namorado!, pensou Natália.
E menos razão ainda há
para eu participar de toda essa mentira!".
Enquanto Natália pensava, Kelson e Geórgia continuavam sua
discussão até que, em certo momento, uma partiu para cima do outro.
Rose, prontamente, interviu, apartando os dois.
- Que é isso, gente? – pergunta ela, assombrada – Vocês
perderam o juízo? Precisam brigar desse jeito? Vão trocar tapas agora?
- Deviam ter vergonha de fazer isso! – falou Natália.
- Duas pessoas grandes agindo que nem criancinhas! – disse Rose.
- Pior que criancinhas! – completou Natália.
- Vocês devem pedir desculpas um ao outro, vamos! – decidiu
Rose.
Kelson fez menção de se afastar, mas a prima agarrou seu braço,
mantendo-o no mesmo lugar. Geórgia também quis afastar-se, mas
Natalia impediu. Assim, os dois permaneceram ali, uma diante do outro,
de cabeça baixa, procurando controlar a raiva que sentiam. E acabou
dando certo.
Geórgia e Kelson acabaram se desculpando entre si, prometendo
que aquilo não aconteceria mais. Apertaram-se as mãos com um sorriso.
Rose e Natália ficaram felizes com o resultado de toda aquela confusão.
Finalmente, todos poderiam curtir melhor aquele belo dia, sem
problemas, nem dores de cabeça.
Rose, de mãos dadas com Kelson, foi à frente do grupinho,
andando pelos terrenos do prédio, até que alcançaram uma área
interditada para todos os moradores do lugar. Tratava-se de um antigo
parquinho, agora completamente desativado.
- Essa área é antiga e ninguém pode entrar aqui! – explicou Rose, apontando o parquinho isolado por uma comprida cerca de metal.
Fascinados pela cena do parque proibido, todos já nem
lembravam mais o incidente acontecido momentos atrás. Sentiam-se
tentados a romper aquelas barreiras e penetrar no lugar, desvendar seus
segredos, desafiando as leis de interdição.
Enquanto caminhavam, encontraram uma parte da cerca que
estava completamente deteriorada e apresentava uma grande passagem
para dentro do parquinho. Os quatro se olharam e começaram a rir,
sabendo o que cada um sentia e os desejos secretos que alimentavam.
Sem dizer uma só palavra, eles passaram pela abertura,
penetrando no parquinho.
Capitulo 2
O Parquinho Abandonado e o Jardim Florido
Dentro do parquinho, Rose, Kelson Murilo, Geórgia e Natália
caminharam pelas ruínas do lugar. Algum dia, aquele parquinho dera
muita alegria a crianças de diferentes idades. Havia dois balanços com
correntes enferrujadas e assentos quebrados, arrastando no chão; uma
gangorra de cor azul também marcava presença, mas agora estava
inutilizada, um lado tocando o chão, o outro apontando para o céu; havia
escorregadores, alguns com a tinta descascada, completamente oxidados;
um gira-gira jazia no chão, fora dos eixos, pobre vítima do tempo e da falta
de uso.
Eram brinquedos simples, que certamente mexeram com a
imaginação de muitas crianças anos atrás. A própria Rose sentia-se
deslumbrada com tudo aquilo, reconstituindo em sua mente o tempo em
que os brinquedos funcionavam e o parquinho enchia-se dos gritos e
gargalhadas dos pequenos.
Natália apaixonou-se por uma casinha de bonecas e, não se
contendo, entrou nela. A casinha não tinha mais porta, era toda de
madeira e os cupins faziam a festa. Lá dentro, ela ainda encontrou uma mesinha com quatro cadeiras e algumas bonecas de plástico e pano, além
de um grande Pinóquio de madeira que se mantinha bem conservado.
Voltarei para pegar esse Pinóquio...
, pensou Natália antes de
sair da casinha.
Kelson chegou a subir na casa de Tarzan que havia no parquinho,
escalando o escorregador que havia na frente. Não havia mais porta, nem
janela e algumas tábuas das paredes da casa estavam faltando. Agarrando
uma corda que havia ali, presa no galho da árvore próxima, Kelson quis
dar uma de Tarzan e pendurou-se, soltando o famoso grito do herói das
selvas.
Mas, se deu mal...
A corda apodrecida partiu-se e ele foi ao chão com um grande
tombo. Rose e Geórgia correram para acudi-lo, mas não puderam deixar
de achar engraçado.
- Tarzan de cidade é assim mesmo... – comentou Geórgia.
Natália, que se aproximava vindo da casinha de bonecas, também
achou aquilo engraçado.
- Ora, ora, querem ver que sou forte como Tarzan? – brincou
Kelson.
E fingiu que estava lutando com algum grande animal das
florestas africanas. Rose, que era mestra em caratê, fez alguns
movimentos sincronizados, depois o segurou por um braço e fez com que
ele desse uma volta completa no ar, caindo do outro lado. - É assim que
se luta, Tarzan – disse ela, sorrindo e estendendo a mão para ajudá-lo a
levantar-se. - Tá legal, tá legal! – falou ele, levantando – Sei muito bem
que você é boa em caratê, não precisa ficar se exibindo. Natália e Geórgia
não paravam de rir. - Ora! – falou Kelson, um pouco enraivecido – Contra
a Rose, eu posso não ser páreo, mas contra vocês duas eu dou conta.
Posso garantir. E assim o pequeno grupo continuou sua caminhada pelo
parquinho abandonado. Um rato muito peludo e grande passou correndo sobre os pés de Geórgia, que soltou um gritinho de espanto para diversão
dos outros.
- Que ratão! – falou Kelson – Isso aqui virou mesmo morada de
insetos e animais nocivos!
Mais adiante, em uma área mais baixa, o grupo admirou-se ao ver
um lindo jardim com dois banquinhos. Ao contrário do parquinho, o
jardim estava florido e completamente conservado. O perfume das flores
variadas espalhava-se no ar: violetas, lírios, rosas, cravos, magnólias,
girassóis e muitas outras espécies. Pássaros cantavam sobre as árvores do
jardim, incluindo canários e um belo cardeal.
- Que lindo! – admirou-se Rose.
- Que maravilha! – exclamou Natália.
- Que beleza! – suspirou Geórgia, tocando levemente o braço de
Kelson, coisa que não passou despercebida aos olhos de Rose.
- Não acredito que exista um jardim tão bonito desse jeito! – falou
o rapaz.
Todos correram para o jardim, ansiosos por conhecer melhor o
lugar.
Porém, o jardim não era somente um jardim...
Era bem mais que isso!
Capitulo 3
No Estranho Jardim
A turma entrou muito feliz no jardim. Natália esparramou-se no chão, Geórgia sentou-se em um banco, Rose e Kelson, de mãos dadas,
sentaram-se no outro.
- Isso aqui parece o Paraíso! – falou Natália, contemplando o céu.
Mal a jovem terminara de falar, todos perceberam que alguma
coisa estranha estava acontecendo. Olhando ao redor, eles perceberam
que a paisagem modificava-se. Não conseguiam mais avistar o prédio,
nem o parquinho. Tudo desaparecera do alcance de sua visão. E o jardim
parecia cada vez maior.
Rose, Kelson, Geórgia e Natália estavam, de fato, em outra
dimensão.
O jardim era um portal para o Paraíso. Na verdade, aquele era o
Jardim do Éden.
Um pouco assustada, Rose abraçou Kelson. Geórgia,
aproveitando-se da situação, fez o mesmo. Natália, que antes se sentia
muito à vontade, encolheu-se um pouco sobre a relva. Um vento forte
soprou sobre todos e, ao longe, uma luz muito intensa resplandeceu.
Então, diante dos olhos arregalados da turma, apareceram três
criaturas empunhando espadas de fogo.
Eram anjos.
O Jardim do Éden agora ocupava tudo, toda a paisagem. Tudo era
um imenso vale verdejante, cercado por quatro maravilhosos rios. Mais
distante, havia montanhas altíssimas, que pareciam douradas e, conforme
explicaram os anjos depois, eles haviam descido de lá. Muitas flores
cobriam o solo, perfumando o ambiente com odores variados. Árvores
espalhavam-se por todo o jardim e havia todo tipo de animais, como
elefantes, raposas, coelhos, onças, águias voando pelo céu – mas, todos
amistosos.
O anjo que vinha à frente apresentou-se com voz retumbante:
- Sou Metatron!
Admirados e assustados ao mesmo tempo, Rose, Kelson, Geórgia
e Natália permaneciam calados, de olhos sempre bem abertos.
Metatron era um anjo alto e robusto, de tórax largo. Sua túnica
branca, batida pelo vento, tinha somente uma alça do lado esquerdo,
deixando todo o lado direito do peito descoberto. Seus cabelos eram
longos e dourados como o sol enquanto os olhos eram negros como a
noite.
A história de Metatron era curiosa, pois muitos e muitos anos
atrás, ele fora um homem. Os anjos, então, escolheram-no para ser seu
líder por causa de sua grande sabedoria. A partir desse momento,
Metatron foi levado aos céus e transformou-se em anjo.
Os outros dois anjos eram Gabriel e Miguel. Gabriel possuía uma
beleza indescritível, falando fundo às almas femininas. Rose, Geórgia e
Natália sentiram-se cativadas pela beleza sobrenatural de Gabriel e
sorriam sem perceber para o anjo. Gabriel também era muito forte, de
cabelos loiros e olhos azulíssimos, empunhando sua espada reluzente na
direção dos jovens, não para ameaçá-los, mas como um convite, uma
benção que derramava sobre eles.
Miguel, por sua vez, era o anjo guerreiro, líder do exército
celestial. Logo se via que ele era um valente lutador, pois vestia uma
armadura e um elmo brilhantes e segurava, além da longa espada, uma
afiada lança dourada. Ao contrário dos outros dois, Miguel tinha uma
cabeleira negra e cacheada, olhos verdes e um queixo muito saliente,
coberto por barba escura.
-Viemos em nome do Altíssimo! – continuou Metatron – Em
nome do Todo Poderoso que habita o mais alto dos céus, no topo
daquelas montanhas – e apontou para as formosas montanhas na
extremidade do vale.
- Ele foi e é chamado por muitos nomes – continuou Metatron –
Sendo muito conhecido como El Shadai. Somos os mensageiros de El
Shadai e viemos encarregar vocês de uma importante missão.
Gabriel adiantou-se, atraindo ainda mais a atenção das garotas, e
também falou:
- Ainda que as pessoas não percebam, travam-se contínuas
batalhas espirituais em dimensões paralelas à da Terra. Muitas dessas
batalhas acabam influenciando os homens, sem que eles percebam;
afetam a vida no mundo de vocês e vocês sentem somente as
consequências, sem compreender as verdadeiras causas dos problemas.
- Sim. Isso mesmo! – prosseguiu Metatron – Como provou o gênio
cientista da Terra, chamado Einstein, existe a Relatividade, segundo a qual
muitos conceitos são apresentados de forma diferente. O mundo
propriamente dito, onde vocês vivem, está cheio de portais para outras
dimensões, para universos diferentes, Dessa forma, é possível cruzar
imensas distâncias em segundos e até fazer viagens no tempo.
Miguel adiantou-se e falou, com voz mais possante que a dos
outros anjos:
- E exatamente para isso trouxemos vocês aqui! Para fazer uma
viagem no tempo e salvar a cidade de Pato!
Rose admirou-se: pelo que sabia, Pato já não existia. Sua mãe
sempre lhe falara sobre Pato, uma cidade antiga, que foi misteriosamente
riscada dos livros de geografia e cujas ruínas foram cobertas pela invasão
de uma barragem.
- Houve uma guerra muito grande nessa cidade! – falava a mãe de
Rose – Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas tudo foi destruído. Foi
como Pompeia, tragada pelas lavas do Vesúvio.
Rose ficava fascinada pela história de Pato e, agora, ali no Paraíso,
ouvindo um anjo de verdade falar sobre essa cidade, ela ficou toda
arrepiada.
- Es-essa cidade não existe mais – gaguejou Rose, dirigindo-se a Miguel.
- Exatamente – sorriu Miguel – Por isso, será preciso viajar no
tempo para tentar salvar a cidade.
- Pato foi uma bela cidade do século passado, da década de 20,
quando as carruagens ainda cortavam as ruas e as mulheres costumavam
andar de sombrinha e vestiam roupas arrojadas para a época, mostrando
o busto, as pernas e os braços – explicou Metraton sorrindo.
- A guerra que dizimou a população não foi provocada por
homens – falou Miguel – Já havia acontecido a Primeira Grande Guerra, na
qual França, Reino Unido e Rússia bateram-se com alemães e italianos. Lá
pelos meados da década de 20, a cidade de Pato foi invadida, não por
solados alemães, mas por seres sobrenaturais, com poderes muito
superiores.
- Monstros infernais, criaturas de toda espécie, incluindo gigantes,
vampiros, lobisomens, centauros, capelobos, sátiros, dragões e outros –
completou Gabriel – Para derrotar essas criaturas, é preciso usar armas
especiais.
- A luta foi terrível! – prosseguiu Miguel que, como valoroso
guerreiro, entendia de batalhas e descrevia tudo muito bem – Os homens,
as mulheres, as crianças não tiveram a menor chance contra as criaturas
poderosas. A cidade terminou assolada, queimada, reduzida a cinzas. Os
que fugiram, conseguiram escapar. Todos os que ficaram na cidade,
morreram. O governo até que interviu enviando militares que também
morreram. Mas, a cidade foi isolada e a imprensa foi impedida de divulgar
os fatos. Para todos os efeitos, Pato foi vítima de uma rebelião interna que
acabou com a cidade. Mas, não é verdade. Houve, de fato, monstros
poderosos, comandados por Asmodeu, um dos piores demônios.
Gabriel colocou a mão sobre o ombro do amigo e disse:
- Mas, El Shadai escolheu vocês para tentar mudar a sorte dos
moradores de Pato!
- Mas, por que nós? – quis saber Kelson, sentindo-se mais à
vontade diante dos mensageiros – Somos apenas pobres mortais!
- Isso é o que vocês pensam – respondeu Metatron – Mas, a
verdade será revelada no tempo certo. Por enquanto, vocês devem voltar
à Terra e preparar-se para a batalha. No New Moreira, vocês receberão
todo o treinamento que precisam.
- No New Moreira? – surpreendeu-se Rose – O colégio onde
estudei?
- Exatamente! – confirmou Metatron – De dia, ele é um colégio
normal. Mas, durante a noite, ele é uma instituição especial. Ali, vocês
conhecerão os mentores
espirituais que ensinarão tudo o que vocês precisam saber. Ali,
vocês descobrirão a verdade sobre si mesmos.
Colocando a mão sobre os ombros dos outros anjos, Metatron
despediu-se:
- Agora, precisamos partir! Estejam no New Moreira, às dez horas.
O treinamento deve começar o quanto antes!
- Um momento, Metatron! – adiantou-se Miguel – Gostaria de
revelar uma coisa a esses jovens!
- Então, revele, Miguel!
- Vocês sabiam como Sodoma e Gomorra foram destruídas?
Os jovens se entreolharam e Natália falou:
- Não foi fogo que caiu do céu?
- Sim, foi isso – confirmou Miguel – Fogo lançado das bocas de
diversos dragões saídos do Abismo. Abadon, o anjo que tem as chaves do
Inferno, libertou essas criaturas, que voaram sobre as duas cidades,
arrasando-as completamente!
Depois de dizer isso, Miguel e seus amigos caminharam na
direção das montanhas douradas. Rose, Kelson, Natália e Geórgia, por sua
vez, retornaram à Terra.
Capitulo 4
Dúvidas e receios
De volta ao mundo normal, os jovens demoraram um tempo para
organizar suas ideias. Aquela conversa fora mesmo real? Ou tudo fora um
sonho? Um sonho coletivo? Ou, melhor, uma alucinação coletiva? E
aquelas palavras de Metatron, afirmando que existia uma verdade
escondida sobre cada um deles?
No lindo jardim florido, de volta ao mesmo lugar de antes,
avistando o prédio recortado contra o céu e os restos do parquinho, eles
se abraçaram fortemente. Apesar de assustados e confusos, sentiam-se
felizes com a experiência sobrenatural – afinal de contas, não é todo
mundo que fala com anjos e recebe missões especiais.
- Gente, que foi que aconteceu? – perguntou Geórgia, sempre
aproveitando as oportunidades para se aproximar mais