O primeiro guerreiro

De Helena Gomes

Conheça a história de Kirian, o primeiro dos guerreiros eloras que renasceram no reino medieval de Britanya. Filho de Couchet, última bruxa da Ilha Média, e tendo como mentor o misterioso elfo, Razeel, o rapaz terá seu primeiro e definitivo confronto com os temidos nergals.
O primeiro guerreiro, sequência de A herança da bruxa, é uma história da série A Caverna de Cristais, uma das sagas de fantasia/ficção científica pioneiras dentro da promissora literatura fantástica brasileira. Helena Gomes já tem mais de vinte obras publicadas, algumas delas selecionadas para programas de leitura como o PNBE, e recebeu distinções importantes, como o selo Altamente Recomendável da FNLIJ.

• Idioma: Português
• Editora: Rocco Digital
• Data de lançamento: 16 de set. de 2014
• ISBN: 9788581224671

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Autora

O primeiro guerreiro

Ano 800 da Era Arthur

Hoje os fatos se misturam na minha cabeça. Não sei mais quem sou, no que acredito ou deixei de acreditar. As vidas de tantos antes de mim agora fazem sentido, ao mesmo tempo em que me perco nelas.

...

Ano 773 da Era Arthur

Sonolento, Razeel entreabriu os olhos, estreitou-os com a claridade da manhã incidindo sobre eles, vinda de alguma janela aberta, e, preguiçoso, virou-se na cama, voltando a fechá-los. Há muito não sentia tanta paz de espírito.

Onde estava mesmo? Com certeza, não em sua casa na Terra dos Elfos. Parecia um quarto a que não estava acostumado, o colchão de palha não era lá muito confortável, e ainda havia alguém que o dividia com ele...

Retomava o sono quando o último detalhe levou-o a uma questão que sua mente embotada não conseguiu responder: quem...?. Arregalou os olhos, espantando a vontade de dormir, e descobriu quem dormia ao seu lado: Couchet, a jovem e última bruxa da Ilha Média.

Ela estava vestida, ele também. E uma única manta cobria os dois.

— Nós apenas dormimos — confirmou Couchet, como se tivesse o mesmo talento do jovem elfo para ouvir pensamentos alheios. Sorridente e muito mais desperta do que ele, ergueu as pálpebras para fitá-lo.

Razeel corou, aprisionado por aqueles olhos azuis tão claros. Couchet era bonita, delicada e muito mais direta do que o elfo poderia imaginar. Foi ela quem tomou a iniciativa que ele jamais teria coragem de tomar, beijando-o apaixonadamente.

Desconcertado, na dúvida entre continuar ou não o beijo, Razeel foi escorregando para trás até que o espaço oferecido pelo colchão terminou abruptamente e ele caiu de qualquer jeito. Morrendo de vergonha, permaneceu esparramado no chão, sem coragem de se mexer.

Ainda na cama, a garota espiava-o, mordendo os lábios para segurar a vontade de rir.

— Era o que também querias fazer, não? — perguntou. — Beijar-me?

— Sim — admitiu ele.

— E por que esta fuga... ahn... espetacular do meu leito?

— Não sei.

— Queres voltar para cá?

Sim, ele queria. E muito, por amá-la tanto. Mas talvez não fosse o certo.

Havia quase cinco anos, Razeel impedira que Couchet morresse afogada. Naquela ocasião, ele lhe jogara uma responsabilidade imensa nos ombros ao lhe confiar