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Registro - João Ponciano
REGISTRO
Um varejo de mim
João Ponciano
DIAS, João Ponciano.
Registro – um varejo de mim – João Ponciano Dias – Brasília - DF, 2017.
128 p.
ISBN:
1. Literatura brasileira - Memórias
I. Título. II. REGISTRO, um varejo de mim
Copyright 2017 by João Ponciano Dias
Capa: Nonato Fontes
Revisão: Carlos Eugênio Rêgo
Prefácio: Carlos Eugênio Rêgo
Design gráfico: Clube de Autores
Impressão gráfica: Clube de Autores
Todos os direitos reservados ao autor.
João Ponciano Dias – joaoponcianoescritor@gmail.com
Telefones: (61) 9 8383-8385
Todos os direitos desta edição reservados a:
João Ponciano Dias
joaoponcianoescritor @gmail.com
A reprodução de qualquer parte desta obra é ilegal, e configura apropriação indevida de direitos autorais e patrimoniais do autor.
Dedico este livro a minha esposa Nilza Maria.
Aos meus filhos Jean Ponciano (e esposa),
Renier Ponciano (e esposa)
e Renan Ponciano (e esposa).
Aos meus netos
Amanda Ponciano,
Vítor Ponciano
e Valentina Ponciano.
DSC_1615João Ponciano de Oliveira Dias, roraimense, nascido em 13 de fevereiro de 1951, filho de José Ponciano Dias e Izabel Oliveira Dias, casado com Nilza Maria do Nascimento Dias, com quem tem três filhos: Jean Ponciano, Renier Ponciano e Renan Ponciano.
Exerceu a profissão de técnico Agrícola, na extinta ACAR-RR, ASTER-RR, EMATER-RR e Secretaria de Agricultura. Enquanto técnico, foi extensionista e chefe de escritório.
Graduado em teologia – AM, 1993, em Antropologia, pela Universidade de Roraima, em 1997, pós-graduado em Saúde Pública, pela FioCruz, em 2000. Foi coordenador de Saúde Indígenas do Estado de Roraima, no período de 2001 a 2003. Chefe do Distrito Sanitário Leste de Roraima-FUNASA, de 2004 a 2007.
Coordenador substituto da FUNASA, de 2006 a 2007, autor do livro Alto Alegre, Frente & Verso, pela Editora Edicon, em 2004.
APRESENTAÇÃO
Começo esta obra memorialista pela minha fase adulta, já como técnico agrícola, participando da fundação de uma cidade que brota meteoricamente, heroicamente, no meio da selva: Alto Alegre, em Roraima. Eis a primeira parte da obra, essa epopeia que foi a criação da cidade.
Falemos, portanto, de Alto Alegre, uma cidade embrionária que se levantava em plena floresta Amazônica, um palco montado de cenários, meu porto seguro, minha família, realização profissional e contexto político-social e partidário.
Conheci outro público, os índios, em seu habitat. Fui aluno das teorias dos livros de biblioteca, que, na prática, pude constatar, não só a hospitalidade desse povo, como também a vida alternativa, a forma harmoniosa de viver em sociedade.
Na saga que foi e é Alto Alegre, antes vilarejo, agora uma cidade de 18.000 habitantes, falo da harmonia que era o trabalho em equipe, contanto com o absoluto empenho de todos. Falo da liberdade inicial que tinha o técnico agrícola, no seu trabalho de assistência. Falo do importante trabalho dos extensionistas.
Mas não poderia deixar de falar da fase seguinte à explosão da cidade, que passou a ser contaminada pelo verme da má política, da perseguição, da falta de liberdade que imperou sobre os técnicos agrícolas e sobre várias outras lideranças, que sempre exerceram exemplarmente suas atividades.
Mas falo, também, da harmonia que era a convivência, da política da boa vizinhança, dos vários instantes de boa prosa, até mesmo quando a recém chegada e insuficiente se despedia às dez da noite.
A segunda parte da obra é destinada à minha formação, em colégios agrícolas, sua estrutura, sua importância na formação de jovens pobres, sua necessária disciplina, seu aspecto prático na formação geral dos jovens.
Resolvi falar de colégio agrícola porque falo de questões que interessam não só a mim, mas aos meus contemporâneos que vivenciaram as mesmas experiências. Interessam, também, àqueles que desejam saber o que, de fato, se passa do lado de dentro dos portões de ferro destes colégios.
Dedico quatro capítulos a essa segunda parte. Falo das quatro instituições em que estudei, como interno. Abordo questões que permearam meus oito anos de formação.
Falo dessa parte em função da falta de incentivo hoje para a vida no campo, diferente do que foi com a instauração de colégios agrícolas, com a preocupação de manter a produção de alimentos, de formar mão de obra qualificada. Isso teve o seu ápice durante o governo militar
Acende-se, assim uma vontade de falar de algumas escolas nas quais estudei, com enfoque no sistema de internato, com turma de até duzentos alunos em período integral, mostrando, não só sua importância na formação técnica do futuro profissional, como a própria sobrevivência destas instituições em todas as crises que o país atravessa, sobretudo com a crise financeira e com a consequente descontinuidade das políticas de gerenciamento de gestão dessas escolas.
Escrever o livro Registro (Um varejo de mim), é ter o passado na palma da mão, é proporcionar que alguém possa ler minhas lembranças e dividir comigo essa terapia prazerosa, capaz de nos rejuvenescer. É, também, uma maneira de manter-me em forma de corpo e de espírito a fim de que o pijama que visto não seja o peso da minha solidão.
AGRADECIMENTOS
Penso que nada teria sentido em minha vida se não fosse a compreensão da família e dos amigos, quando aprovaram minha ideia de produzir este livro. Os caminhos para isso não foram fáceis, principalmente quando dependemos de outros compromissos que nossa vida requer.
Eu só esperava um momento para digitar o primeiro parágrafo de uma trajetória que teve início quando saí de casa para estudar fora, numa escola a quase 20 km de Manaus. Nem mesmo eles sabiam onde era.
Agradeço ao colega Carlos Alberto Martins do Nascimento, meu conselheiro, colega, compadre e testemunha da fonte que inspirou este livro, ao diretor José Dantas Cavalcante, ao mestre Otto Sarmento Dias e a todo o corpo docente, servidores da minha escola, também aos demais colegas pela oportunidade com que me propuseram, durante tantos anos, a interação do ambiente, onde pude dividir bons momentos na mesa do refeitório, na escala de serviço, no recreio, no pomar e na sala de aula.
Como técnico, minha satisfação pelo companheirismo e aprendizado que adquiri de toda a equipe que, ao longo dos anos, trabalhou comigo. Meu agradecimento aos produtores rurais, aos líderes comunitários e às instituições que acreditaram no meu trabalho.
Registro, aqui, a memória de meu pai José Ponciano Dias, um grande amigo e companheiro na direção dos meus primeiros passos. Agradeço a minha mãe Dona Izabel, uma mulher valente que sozinha criou oito filhos, e ao mais velho deu a ele a oportunidade de estudar fora. Para ela, era uma forma de presente, era tudo que poderia me oferecer, foi um sonho que o livro REGISTRO (Um varejo de mim) começa a contar.
SUMÁRIO
PRIMEIRA PARTE – A FASE ADULTA
O COMEÇO.....................................................................................................................................................11
MAIS QUE O TRIVIAL................................................................................................................................15
CRENDICES....................................................................................................................................................19
ALGUMAS HISTÓRIAS...............................................................................................................................21
ALGUMAS HISTÓRIAS – PARTE II........................................................................................................24
DISCO VOADOR..........................................................................................................................................26
INTEGRAÇÃO...............................................................................................................................................27
PERDIDOS NA MATA................................................................................................................................28
PORTEIRAS....................................................................................................................................................31
SOLDADOS DA SAÚDE.............................................................................................................................33
NOVOS MORADORES...............................................................................................................................34
A HARMONIA NO TRABALHO CONJUNTO....................................................................................36
O CAUDILHISMO.........................................................................................................................................38
O MAL DAS MÁS GESTÕES.....................................................................................................................43
PEDRO.............................................................................................................................................................45
DIVERSIDADE CULTURAL.....................................................................................................................48
OS ÍNDIOS......................................................................................................................................................51
SEGUNDA PARTE – A FORMAÇÃO
FASE I – COLÉGIO AGRÍCOLA DO AMAZONAS
O INTERNATO..............................................................................................................................................69
A CHEGADA..................................................................................................................................................75
O ENSINO AGRÍCOLA..............................................................................................................................78
GOVERNO MILITAR..................................................................................................................................81
ATRIBUIÇÕES DA CATEGORIA............................................................................................................83
ROTINA............................................................................................................................................................92
O MAESTRO...................................................................................................................................................96
SÁBADO...........................................................................................................................................................97
O TROCO.........................................................................................................................................................98
O DEVER CÍVICO........................................................................................................................................99
EGRESSOS....................................................................................................................................................101
PRELÚDIO DA NOITE............................................................................................................................103
SUMÁRIO DO MEU GINÁSIO..............................................................................................................105
FASE II – COLÉGIO TÉCNICO-AGRÍCOLA MANOEL BARATA
A ILHA...........................................................................................................................................................106
ACESSIBILIDADE......................................................................................................................................108
O MAJOR DO BARRANCO.....................................................................................................................110
ORDENHA....................................................................................................................................................111
PASSAGEIROS DE TERCEIRA CLASSE.............................................................................................112
FASE III – COLÉGIO TÉCNICO-AGRÍCOLA DE PARAGUAÇU PAULISTA
COLÉGIO MISTO.......................................................................................................................................114
FESTIVAL DE MÚSICA............................................................................................................................117
MINHA CANÇÃO.......................................................................................................................................118
FASE IV – COL. TÉCNICO-AGRÍCOLA DE PRESIDENTE PRUDENTE
ÚLTIMA ESCALA........................................................................................................................................119
POR UM FIO.................................................................................................................................................120
O ABATE.......................................................................................................................................................123
ETERNO REGRESSO...............................................................................................................................125
UMA CLAREIRA LITERÁRIA
Por Carlos Eugênio Rêgo, poeta piauiense.
João Ponciano tem a memória na palma da mão e na ponta da língua. É impressionante como ele nos brinda com suas histórias, ricas em detalhes, como consegue unir duas pontas da vida
, como diz Machado de Assis. Consegue, aos sessenta e seis anos, registrar detalhes da sua formação, na adolescência e fatos ocorridos na sua jornada como técnico agrícola, desde a sua chegada ao vilarejo de alto Alegre, uma clareira aberta na mata, e que, logo, logo, se tornaria cidade pelas fortes mãos de bravos homens.
Ponciano nos aponta dados, sem se tornar técnico. Os dados são meros apoios à compreensão do que diz e mostra. Apresenta-nos leis, sem a obrigatoriedade do tecnicismo jurídico, mas como forma de ilustrar o regime que guiou o sistema de ensino agrícola.
Seus textos, além de contar histórias e de nos pintar detalhes, fluem com a leveza das crônicas. Não há uma preocupação documental, mas uma necessidade de narrar fatos reais de um modo lírico, fluente, tamanha é a sua facilidade de rememorar e discorrer. Seu texto corre com a limpidez dos igarapés.
Temos um autor com ponto de vista acentuado, embora faça suas ressalvas. Temos um Ponciano que valoriza a organização e a disciplina militar, tanto no colégio como na forma de governo, sem, entretanto deixar de se identificar com a rebeldia da jovem guarda. Temos um Ponciano que exalta o desbravador Pedro Cunha Viana, fundador de Alto Alegre, sem, entretanto, deixar de valorizar o nativo, de reconhecer os direitos dos índios, a quem destina o maior capítulo da obra. Temos um autor estreante com muita maturidade.
PRIMEIRA PARTE
A FASE ADULTA
Dedico esta primeira parte da obra à cidade de Alto Alegre, ao seu povo, aos seus desbravadores, aos guerreiros que desempenharam papel fundamental na fundação da cidade, antes vilarejo.
Começo as minhas memórias pela fase adulta porque é uma fase de amadurecimento e de um trabalho coletivo, harmonioso.
Somente na segunda parte é que falarei da minha formação, como interno em colégios agrícolas. Dessa fase foi que resultou o homem que sou e que agora vos apresenta suas memórias.
Esta primeira parte é composta de 17 capítulos. São eles.
O COMEÇO