Carta De Adeus

De Scott Gobett

Eu queria não precisar voltar no tempo, mas minha vida está passando na frente de tudo. As memorias me sufocam e me mergulham num mar de tudo aquilo que devia esquecer. O que fazer? O que dizer? Nada será como antes, e talvez essa seja a hora certa para decidir viver, viver sem vida, somente em memorias e lembranças. Lembranças só morrerão quando a vida morrer.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 13 de dez. de 2017

Pré-visualização do livro

Carta de adeus

Lord Andre

2ª Edição

Dedico a toda minha família, que realmente

me ajudou a ver uma luz no fim do túnel.

Dedico a todos os meus amigos. Todos que

conheci, que conheço e que ainda conhecerei.

Dedico aos meus pais biológicos e adotivos,

pois ambos me ajudaram a ser quem sou hoje.

Dedico este livro ao amor da minha vida,

Barbara Santiago, a nossa amizade será pra além da

eternidade, minha melhor amiga.

Dedico este livro aos meus irmãos Paulo,

Pedro e Wagner. #PPWS pra sempre.

[ 4 ]

Introdução

Eu queria não precisar voltar no tempo, mas minha

vida está passando na frente de tudo. As memórias me

sufocam e me mergulham em um mar de tudo aquilo que

eu deveria esquecer.

O que fazer? O que dizer?

Nada será como antes, e talvez essa seja a hora

certa para decidir viver, viver sem vida, somente em

memórias e lembranças.

Lembranças só morrerão quando a vida acabar.

[ 5 ]

I – 1995

Oi, meu nome é Perseu, venho aqui escrever minha

história e um pedido de desculpa a todos que um dia realmente

gostaram de mim.

**************

Eu caminhava pela rua pensando na vida. Eu volto às

memórias em minhas mente, lembrando-me de cada detalhe dos

momentos de felicidade. Mas nada é perfeição, eu lembro cada

detalhe e cada tentativa.

Tudo começou em dezembro de 1995.

Eu tinha cinco anos. Conheci uma menina na escola que se

chamava Marina. Ela era linda e eu era estranho, um menino

magrelo. Eu gostava dela, mas realmente não sabia o que pensar.

Era engraçado o jeito que eu ficava quando estava perto dela.

Meus olhos brilhavam intensamente, eu parecia um bobo. Ficava

distraído, perdido e já não era mais eu mesmo.

Um dia, a professora pediu para formarmos duplas. Fiquei

pensando em chamá-la, mas era complicado. Não sabia o que

poderia fazer. Precisava ser corajoso, correr atrás. Não podia

desistir, mas ainda estava envergonhado. Sabia que era a minha

[ 6 ]

única chance, logo as férias chegariam e o tempo poderia nos

afastar. Mas, enfim, eu não fiz nada. Fiquei pensando nela

enquanto ela caminhava pela sala e me mantinha preso.

Eu não conseguia fazer nada, estava hipnotizado pela

beleza dela. Fiquei tão preso a ela, que nem percebi que estava

mais próxima de mim a cada segundo que passava. Então ela

chegou e disse:

-Posso fazer o trabalho com você?

Então fiquei todo atrapalhado e respondi que sim. Eu era

uma criança de cinco anos, perto de uma menina linda. Apenas

Fizemos o trabalho inteiro. Na verdade, eu só fiquei olhando-a.

Ela fez o trabalho todo e, depois, fomos para o intervalo.

Não acreditava no que estava acontecendo. Fui até a

casinha de madeira que tinha no jardim, ela foi atrás de mim,

olhou nos meus olhos e disse:

-Perseu, eu gosto de você.

Fiquei sem reação, não conseguia dizer nada e nem sair do

lugar. Então ela me beijou e parecia que toda a magia tinha

nascido, como nos contos de fadas. Queria que toda aquela

perfeição permanecesse assim, mas acabou tudo e a fantasia foi

embora.

[ 7 ]

II - 1996

Ano de 1996, mês de Março.

Meu aniversário chegou, eu ia fazer uma festinha pra

juntar-me aos amigos da escola. Queria que fosse tudo legal. Ia

fazer seis anos. Marina me perguntou se podia ir à festa. Respondi

que sim - pra mim seria legal, já que no ano anterior, a professora

viu quando nos beijamos e destruiu a mágica do momento.

Minha festinha estava chegando, daqui a três dias estaria

fazendo seis anos e isso era maravilhoso.

Lembro-me de tudo, como se fosse hoje. Estávamos

aprendendo matemática. Era legal, mas estava ansioso para o que

poderia acontecer na festa. Será que ganharia muitos presentes?

Esse ano não teve nada de muito especial. Minha festa de

aniversário foi divertida. Marina e eu nos beijamos, nos abraçamos

e juramos amor eterno, como se entendêssemos o que significava

aquilo, como se de um dia para o outro, tudo fosse permanecer

sempre igual.

Eu até queria que tudo fosse sempre igual, mas o ser

humano é um bicho difícil: mudanças de humor, indecisão, isso

tudo é complicado, até mesmo para uma criança.

Lembro-me que nesse ano, minha mãe estava trabalhando

demais e o meu pai também. Eles quase não tinham tempo pra

mim, tudo era tão complicado. Achei legal fazerem uma festa pra

mim.

Na festa de natal, meus pais me mandaram pra Ilhéus,

fiquei na casa da minha tia Zélia. Meu irmão mais velho mora lá

em Ilhéus, então eu passava mais tempo na casa dele, do que na da

[ 8 ]

tia. Passei o natal com o meu irmão e com a namorada dele.

Contei-lhe sobre a Marina, ele ficou super feliz, me deu algumas

dicas e me contou que ele e a Laiza iam se casar. Também contou

que Laiza estava grávida. Lembro-me de ficar tão feliz, que já

comecei a fantasiar como seria.

A Laiza