Baseado Nos Meus Dramas
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Baseado Nos Meus Dramas - Phelipe Malek
A CHEGADA
Eu não fazia questão de muita coisa, desde Dezembro eu já estava pouco me lixando pra vida. Tenho esse defeito de não saber lidar com o desapego, é quase uma raridade do século, e eu já estava pouco me lixando pra vida, estava tudo uma bosta e eu já havia me conformado. Eu evitava ficar perto de casais ou passar muito perto deles na rua, eu ainda sofria pelo término recente. E não era só o término que me matava, era a convivência. No trabalho, as vezes em casa, quando eu chegava cansado e lá estava ela, esperando para deixar nosso filho e sair, mas antes me contar tudo o que andará fazendo. Deixando claro que concordei em ser amigo dela, pelo nosso filho, mas não queria saber muito sobre a vida dela. Egoísmo meu, mas eu só queria saber se fosse comigo.
*
Bem, mas não é sobre ela que se trata, e sim sobre C. Lembro que passei a pior virada de ano da minha vida, na casa da minha falecida Bisa Vó, que agora tinha ficado para minha Tia/Vó Marilucia, era estranho passar o ano novo nesta casa, mais estranho ainda por que havia me acostumado com a Praia, havia 2 anos desde a morte da minha Bisa, a família não se reunia mais e a casa ficou fechada bastante tempo. O Ano Novo foi tranquilo, mas completamente diferente, faltou gente e ninguém parava de perguntar do motivo do meu término. E era complicado toda hora explicar que não tinha sido eu que havia terminado, foi ela que se cansou, não de mim, da situação. Nesta época eu só conversava com Sara, menina que conheci no Tinder e criei grande apelo emocional, talvez pelas semelhanças, talvez, apenas por ser o que me havia no momento. No dia primeiro de Janeiro, dei tanta importância a família quanto a qualquer outra coisa. Tentei animar as pessoas, fazer minhas graças e desviar um pouco a atenção que haviam colocado em mim.
Estou contando tantos detalhes, por que todos os detalhes me fizeram chegar a C., na verdade, ela que chegou até mim. Continuei animando a família, deu certo, o foco mudou. Agora a diversão era o Bingo que eu estava cantando e animando o pessoal. Eu estava com um cabelo terrível, não queria começar o ano desta forma, uma tia minha que sabia cortar cabelo estava lá, pedi para que retirasse a minha juba de leão. Agora sim, vamos chegar ao ponto que me interessa.
*
C. chegou no meio da minha série dramática sobre depressão, e transformou a série completamente em um Sitcon sobre um homem que faz das decepções da vida uma verdadeira comédia pra divertir outra pessoa. Mas não foi assim tão de repente que ela transformou tudo. Ela chegou aos poucos, primeiro me adicionando do nada no Facebook, no dia 2 de Janeiro, um pouco antes do almoço, eu estava no trabalho, estressado e atarefado. Mas aceitei a moça na mesma hora, fiquei curioso. Não tínhamos amigos em comum. Cheguei querendo saber de onde nos conhecíamos, então conversamos pouco, queria saber de onde ela era, nem eu conhecia o lugar que ela morava, e nem ela o meu. Mas quando eu soube, eu disse que não era longe. E realmente não era. Mas achei que ela não quisesse muito assunto, e ela o mesmo sobre mim, então paramos de conversa. Ela falará comigo poucas vezes depois disto, um Boa Tarde
e um Tudo bem?
. Comecei a dar mais assunto a ela no dia 11, dali pra frente foi que mais nos falamos, eu já estava com meus problemas explodindo, eu estava sem meu pagamento, trabalhando igual um filho da puta, na verdade, até o momento que vos escrevo está história, eu não recebi meu pagamento.
É complicado, eu estava prestes a perder a minha casa, e lembro que no dia 12, minha ex chegou de madrugada em minha casa, meu filho estava passando um tempo comigo e eu sem ir trabalhar, ele dormia, e ela chegou falando sobre o que havia acabado de fazer, arrependida, por que se sentiu traindo o cara que ela estava ficando. Eu não queria saber muito sobre isso, eu sinceramente ouvi não querendo e ela insistiu em ficar lá em casa, tomou um banho e deitou ao lado do meu filho e dormiu com ele lá. Não lembro completamente o que aconteceu depois, mas acho que fiquei um pouco no computador e dormi logo depois.
*
Minhas famosas Bads
só pioraram depois deste dia, eu só queria saber de beber, não pra ficar bêbado, mas pra tentar afogar esses sentimentos. Lembro que no dia 14 fui intimado a pagar o aluguel até o dia seguinte, nossa, eu não sabia como lidar com isso, não tinha dinheiro nem pra sustentar minhas bebedeiras, imagina pagar o aluguel, eu já estava puto com toda a situação, nesta semana, meu filho passou praticamente todos os dias da semana comigo, quase poucos momentos com a mãe, havia meu pagamento que não saia, aluguel atrasado, e outras dívidas que estavam chegando pra pagar. Não teve jeito, no dia 15 eu entreguei a casa, mas ai ainda teria a conta de luz para pagar, até o dia 26. Dei meu jeito pelo menos com a conta de Luz, mas o restante ainda seria um problema.
*
Voltei a morar então na minha antiga cidade, na casa de um grande amigo que sempre me acolhe quando minha vida volta a ser uma bosta. É complicado por que sempre gostei de ter meu canto, e de repente a vida piora desta forma, estaca zero. E foi justo a época que C. adentrou de vez em minha vida, como um assombro, e toda está minha fragilidade que serviu de base, para que ela chegasse até mim, sorrateiramente, fazendo eu me sentir bem, aos poucos, não pela atenção, mas por ensinar a lidar com toda a situação que eu passava, desde a minha ex e a complexidade por trás dos acontecimentos, até mesmo sobre o meu futuro, e o que seria melhor pra mim. E fomos conversando, bastante, falávamos sobre tudo, tínhamos gostos e temperamentos parecidos, e a cada dia de conversar, eu me sentia melhor. Mas lembro que no dia 19, aconteceu um fato curioso, fui visitar uma amiga dessas que conheci no Tinder, fui consertar o computador dela e depois ficamos conversando. Sabe quando tem chance de rolar alguma coisa e isso fica na cara? Só esperando iniciativa? Então, eu não consegui, não me senti bem pra ficar com outra pessoa. Não