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Aprenda A Pensar
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E-book386 páginas3 horas

Aprenda A Pensar

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Sobre este e-book

Livro que apresenta algumas formulações lógicas do raciocínio, as questões políticas que envolvem o pensamento e vários ensaios sobre diversos assuntos. O pensamento é apresentado sob forma dinâmica, não como conjunto de regras.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de abr. de 2011
Aprenda A Pensar

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    Aprenda A Pensar - Claudionor Aparecido Ritondale

    APRENDA A PENSAR

    Claudionor Aparecido Ritondale

    2012

    APRENDA A PENSAR

    Claudionor Aparecido Ritondale

    Sumário

    APRESENTANDO O INTERESSE PELA QUESTÃO

    14

    1. O QUE SE PODE QUERER COM O PENSAMENTO

    INDEPENDENTE: PENSAR POR SI MESMO É VIRTUDE

    16

    2. VENCENDO HÁBITOS (NEM TODOS, SÓ OS

    PREJUDICIAIS)

    19

    3. VENCENDO O PRÉVIO E O PRESUNÇOSO

    23

    4. A PÉSSIMA VOCAÇÃO PARA FALHAR NA LINGUAGEM 25

    5. PENSAR PARA DIFUNDIR IDEIAS E PENSAR

    CORRETAMENTE

    31

    6. O ISENTO E O INDISCRIMINADO

    39

    7. A ARTE DE ENLATAR O PENSAMENTO

    45

    9. RACIOCINANDO ERRADO

    55

    10. UM POUCO DA MAGIA DA DESONESTIDADE RETÓRICA

    61

    11. EXEMPLOS DE FALÁCIAS (RACIOCÍNIOS INCORRETOS)

    CONTRA A PESSOA (AD HOMINEM)

    67

    Tipo I - Falácias quanto à relevância: Em todas elas, as premissas não têm

    relação com a conclusão e geralmente contêm um elemento para desviar a

    atenção do real problema:

    67

    1. Ofensivo

    67

    2. Culpa por associação

    68

    3. Tuo quoque

    68

    4. Interesse revestido

    69

    5. Circunstancial

    70

    6. Homem de palha

    71

    7. Ad baculum

    72

    8. Ad verecundiam

    72

    9. Ad populum

    72

    10. Ad misericordiam

    73

    11. Ad ignorantiam

    74

    12. Ignoratio elenchi

    74

    13. Impertinência

    75

    Tipo II - Falácias por raciocínio circular: quando se assume o que se quer

    provar, mas repetindo apenas o princípio. A aceitação é o que ocorre, pura e

    simplesmente, daí não haver esfor ço para sair do círculo.

    75

    1. Petição de princípios

    75

    2. Petição de princípios epítetos

    76

    3. Perguntas complexas

    77

    Tipo III - Falácias semânticas: quando a linguagem tem múltiplos significados

    ou é vaga.

    77

    1. Ambiguidade

    77

    2. Anfibologia

    77

    3. Vaguidade

    78

    4. Ênfase

    78

    Tipo IV - Falácias indutivas: quando a probabilidade da conclusão é baixa. 78

    CONCLUSÃO

    85

    APÊNDICES

    87

    (ARTIGOS E ENSAIOS)

    87

    1.

    ÉTICA, RARA FLOR?

    87

    2.

    DA NECESSIDADE DE IDEIAS CLARAS

    89

    (Uma reflexão peirce ana do mundo)

    89

    3.

    POR UM NOVO ENSINO

    95

    4.

    UM POUCO DE REFL EXÃO SOBRE DISCIPLINA NÃO FAZ MAL

    103

    5.

    DA NECESSIDADE DE DISCIPLINA INTELECTUAL PARA SE ALCANÇAR A

    APRENDIZAGEM

    111

    6.

    ERGUER E DESTRUIR

    123

    7.

    UM CAMINHO POSSÍVEL PARA A PESQUISA ESCOLAR

    129

    8. ESTRUTURAR O PENSAMENTO POR MEIO DE CINCO ESTRUTURAS BÁSICAS

    133

    1ª. A CO MPARAÇÃO

    133

    2ª. O RESUMO

    137

    3ª. A OBSERVAÇÃO

    139

    4ª. A CLASSIFICAÇÃO

    142

    5ª. A INTERP RETAÇÃO

    144

    9. CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS AO LIVRO ESCOLA E DEMOCRACIA, DE

    DERMEVAL SAVIANI, EDITORA AUTORES ASSOCIADOS, 30a EDIÇÃO, 1995 147

    Sobre o livro

    147

    PRIMEIRO BLOCO DE CO NSIDERAÇÕES: O LADO MENOS AMENO

    149

    SEGUNDO BLOCO DE CONSIDERAÇÕES: O LADO MAIS AMENO

    165

    10. IDEIAS ERRADAS I

    177

    11. IDEIAS ERRADAS II

    187

    12. IDEIAS ERRADAS III

    191

    13. IDEIAS ERRADAS IV

    194

    14. IDEIAS ERRADAS V

    197

    15. DIREITA E ESQUERDA

    201

    16. DEZ COISAS Q UE LEVEI ANOS PARA REAPREN DER

    205

    17. RESENHA CRÍTICA: SOBRE LINGUAGEM E IDEOLOGIA, DE JOSÉ LUIZ

    FIORIN, livro da série Princípios, Editora Ática, 5a. edição, 1997.

    207

    18. LIÇÕES DE ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

    215

    (Anedotas)

    215

    Caso 1: O uso da informação.

    215

    Caso 2: Estar bem informado.

    215

    Caso 3: Como reagir ante uma situação des favorável.

    216

    Caso 4: Sobre a informação correta.

    217

    Caso 5: Sobre os planos estratégicos.

    217

    Caso 6: Quem fala por último.

    218

    19. O GEREN TE FORMADOR E MOTIVADOR

    221

    UM POUCO DO AUTOR E DA OBRA

    225

    LIVROS E PARTICIPAÇÕES MAIS IMPORTANTES DE CLAUDIONOR APARECIDO

    RITONDALE

    227

    PEQUENA APRESENTAÇÃO DE ALGUNS LIVROS

    PUBLICADOS

    232

    10

    Figura 1: Como nascem as ideias.

    Esta é uma suposta origem para os acontecimentos de 11 de

    setembro de 2001, em Nova Iorque. Trata-se de uma estampa de

    um selo da cidade de Nova Iorque, com um carimbo do correio

    local, que exibe uma figura pequena de um avião. O autor é

    anônimo, a divulgação foi feita na Internet, de onde retiramos a

    imagem, a nós enviada por e-mail. A ideia foi mostrar que é do

    pensamento que surgem ações, até mesmo loucuras de tal

    impacto que modificam o rumo dos acontecimentos no mundo

    todo.

    11

    12

    Figura 2: Peças de xadrez

    (imagem de domínio público retirada da Internet). "Raciocinar é

    pesar as probabilidades na balança do desejo." – Ambrose

    Bierce

    13

    Apresentando o interesse pela questão

    Por que não pensar a respeito e ir pesquisar?

    A pergunta acima eu me fiz quando pensei em escrever

    artigos sobre ideias erradas que pessoas nutrem sobre algumas

    coisas que eu sabia não serem daquele modo, algumas que, pelo

    que estudei e pesquisei, já duravam séculos.

    E, diante de uma necessidade de levar às pessoas um pouco

    de luz sobre a questão mesma do pensar, é que me ocorreu, antes

    de divulgar artigos sobre um ou outro caso de erros de

    entendimento, voltar-me para um trabalho sobre o pensamento em

    geral.

    Este pequeno trabalho ocorreu-me, portanto, a partir da

    necessidade de querer ajudar a quem tem dificuldades em pensar

    logicamente. O mais difícil, para mim, foi tentar traduzir ideias da

    lógica formal, ou mesmo de outras lógicas, como a simbólica, por

    exemplo, para uma linguagem simples. Tenho verificado que todos

    têm condição de pensar, mas há especialistas em deformar o

    pensamento e impor ideias a multidões, confundindo quem queira

    ter nitidez de raciocínio. Isso dificulta a evolução do saber, impede

    o conhecimento, entrava o progresso, embota a ciência.

    Não estamos precisando de fanáticos, que apenas sigam os

    ditames de pessoas inescrupulosas, as quais apenas querem vender

    produtos desnecessários a incautos. Precisamos de pessoas que

    aprendam a ser independentes, a ter raciocínio próprio, sem serem

    contaminadas por propagandas de duvidoso conteúdo.

    Baseei-me em muitas leituras e na verificação cotidiana de

    casos inúmeros de indução a erro por parte inclusive de muitas

    pessoas tidas como inteligentes. O caos da informação inadequada

    e da alienação são os responsáveis pela forma inadequada de

    pensar, que pouco serve a quem formula o pensamento e, na maior

    parte das vezes, é apenas uma obediência cega a princípios

    determinados por poderosos manipuladores. Esse caos projeta um

    discurso alheio que comanda a mente de quem acha que está

    pensando por si mesmo.

    14

    Creio que, com este trabalho, poderei colaborar para que

    mentes sejam esclarecidas e poucos maus retóricos

    excepcionalmente possam conseguir envolver com suas fantasias

    o cotidiano feliz de quem sabe pensar por si mesmo.

    O autor

    Figura 3: Arrogância = esmagar a interrogação

    (imagem criada pelo autor). "Pedante é o homem que

    intelectualmente digere mal." – Jules Renard

    15

    1. O que se pode querer com o pensamento

    independente: pensar por si mesmo é virtude

    Quem pensa por si mesmo não é fanático, porque não vai

    atrás de ondas, não se preocupa em ficar seguindo alguém apenas

    porque ele diz algo mais veementemente, ou porque tem carisma,

    ou então porque é famoso. Pensar é ter ideias. Mas não copiar

    ideias. Cada situação de vida de uma pessoa é específica para o seu

    lugar, tempo e fatores locais. Todo pensamento pressupõe uma

    situação demarcada, embora existam, por semelhança, muitas

    situações que remetam a soluções parecidas, mas não exatamente

    iguais. A questão muitas vezes é de comando. Não se faz muitas

    vezes o que seria mais adequado, por acomodação (dá trabalho, os

    vizinhos vão reclamar, os mais velhos vão-se incomodar, etc.). Há

    poder investido em cada ato humano, embora muitas vezes prefira-

    se aceitar o comando alheio.

    A derrota da lógica pode significar violência, fome,

    carência, desemprego. Uma sociedade equilibrada reflete sobre o

    que é possível, verifica as soluções localmente, raciocina. Quem

    apenas segue o que é fornecido não consegue ter a virtude de

    fornecer soluções para seus próprios problemas: é um escravo.

    Também se pode ter a falsa ideia de que raciocinar por si

    mesmo é propor soluções pessoais para outras pessoas. Quem

    assim diz que raciocina está sendo idiota, porque pensar por si

    mesmo não é estender suas soluções particulares para problemas

    alheios, que, muitas vezes, não têm nada a ver com seu problema

    pessoal.

    Pensar por si mesmo é, portanto, algo a ser conquistado,

    não uma dádiva. Isto significa que os seres humanos são dotados

    de capacidade de raciocínio independente. Qualquer pessoa pode

    conseguir alcançar soluções para seus problemas, mas isso exige

    esforço.

    O principal

    16

    trabalho a ser desenvolvido para se conseguir raciocinar por si

    mesmo consiste em desapegar-se de modelos inadequados. O

    maior obstáculo para se conseguir isso é a insegurança de ter que

    criar parâmetros sem uma base em que se possa confiar.

    A realidade existia antes de nós nascermos, com soluções

    criadas e utilizadas com sucesso, em muitas situações. Nem sempre

    se pode duvidar de que alguma coisa resolvida no passado é útil

    hoje em dia. Quem quer racionar por si mesmo obviamente deverá

    aprender com soluções anteriores, mas somente o fará se souber

    comparar. Há essencialmente duas dimensões do ato de comparar:

    o igual e o diferente. A dificuldade, porém, é que há um jogo de

    aparências que impede, muitas vezes, a nitidez e, até para os

    mestres, proporciona erros de observação.

    Aprender a avaliar se uma situação é a mesma, se tem

    nuances que a tornam ligeiramente diferente, ou se é

    completamente diferente de outra, nem sempre é automático.

    Dada essa dificuldade, as comparações podem induzir a erros de

    raciocínio ou a maiores inseguranças. O resultado de tais erros

    pode ser a necessidade de ser conduzido por outra pessoa, que é

    exatamente o que estamos pretendendo abolir.

    Não se pode pensar, entretanto, que raciocinar por si

    mesmo seja sempre um ato rebelde, por pura inconsequência de

    querer ser independente. Há, de fato, muitos perigos em pensar

    por si mesmo, porque existem donos da verdade em qualquer

    lugar, isso simplesmente porque o poder não é uma ficção, ele

    existe na sociedade.

    Pensar por si mesmo identifica-se muitas vezes com

    afrontar o poder, mas isso não é uma lei absoluta, uma vez que, se

    a razão comandar, o poder será identificado com o pensamento

    independente. Ainda a humanidade não alcançou tal virtude, por

    isso ocorrem tantos problemas, como guerras, desigualdades

    sociais, doenças em escala não controlada, etc.

    O caminho para o pensamento independente é o da

    autoeducação. As escolas, de maneira geral, ensinam várias

    linguagens prontas, mas não têm a preocupação de

    17

    instrumentalizar as pessoas que mais necessitam dessas linguagens.

    O erro educacional está em partir de modelos consagrados e

    manter-se neles. Deve-se ensinar a criar, porque o pensamento

    independente é sempre original. Para tanto, não há possibilidade

    de ficar apenas repetindo soluções de problemas anteriores, mas

    devem-se buscar, nos dias atuais e nas vivências próximas dos

    estudantes, a razão das coisas e a solução para os dias de hoje.

    Figura 4: $egredo$

    (montagem do autor a partir da figura central do livro O Segredo,

    de Rhonda Byrne). "Nenhuma inteligência consegue enfrentar

    uma tolice que está na moda." – Theodor Fontane

    18

    2. Vencendo hábitos (nem todos, só os prejudiciais)

    A ideia de que sempre foi feito assim, não se pode alterar

    nada, é um entrave ao pensamento. Tudo sempre muda, ficar

    apenas aguardando regras e normas significa desprezar o que se

    pode fazer para melhorar o mundo. Sufocar-se em erros, apenas

    porque ditados por algum regulamento, por um superior, ou pela

    tradição, significa perpetuar a ignorância e a estupidez.

    Hábitos são úteis, mas a questão é de dose. Quem exagera

    em seguir cegamente instruções ou em ficar apenas mantendo

    hábitos, sem nenhum questionamento, acaba sendo engolido pelos

    prejuízos decorrentes de situações inesperadas. Por mais

    contraditório que possa parecer, quem se fia apenas em hábitos, é

    despreparado para a vida, porque, por mais que ela pareça manter

    padrões, há também sempre uma novidade a apreciar, um

    imponderável a ser enfrentado.

    O melhor a fazer para não ser sufocado por hábitos é

    entender que a vida é instabilidade. E isso só se entende com o

    raciocínio. Há passos, mais ou menos padronizados, para um

    raciocínio bem estruturado. Mas, todos os modelos têm limitações

    e vantagens. Deve-se ter em mente que o trabalho de criar é feito

    de apego a algumas ideias anteriores e a soma do que puder ser

    concretizado no momento. Ainda assim, sempre haverá a

    possibilidade de imprevistos, o que aumenta a necessidade de

    manter a persistência em buscar as soluções adequadas.

    O pior obstáculo ao pensamento é a empolgação de querer

    resolver tudo por um jeito já sabido. É o ardil do hábito. Como

    seres humanos, dotados de sentimento, às vezes quase deixamos

    totalmente os sentimentos aflorarem. Eles, porém, não podem

    obter o domínio sobre a razão. Esta ainda não teve seu pleno

    desenvolvimento, porque há ainda muito a fazer para debelar tanta

    ignorância reinante no mundo. As emoções e sentimentos já têm

    demasiada força de divulgação em todos os cantos. Devemos

    trabalhar em prol da razão.

    19

    Há também, em praticamente todas as culturas, um entrave

    imenso ao pensamento organizado e soberano: as superstições. O

    apego a mitos é uma condição humana, há quem até afirme que o

    que conduz a motivação do homem é o apego a mitos. Não se

    pode, pois, suprimi-los. Mesmo a razão pode ser encarada como

    um mito, principalmente se a ela for atribuído o poder de tudo

    resolver com a máxima eficiência, o que é contrário ao propósito

    da razão. O que ela faz é procurar ver o possível, não resolver

    sempre. Há casos em que o mais racional é aceitar o inevitável,

    como as inúmeras perdas que todos os seres humanos vêem

    acontecer diante de si diariamente – perda da estabilidade do útero

    materno, ao nascer; perda do seio, ao desmamar; perda da

    inocência, ao final da infância; perda da segurança emocional, na

    adolescência; perda de muitos referenciais, na juventude; perda de

    amores, de empregos, de apoios, de amigos, em toda a vida. A

    razão é que promove a chamada inteligência emocional, que é

    expressão pouco adequada, porque efetivamente não há condição

    de que emoções sejam inteligentes, porque são de natureza diversa

    da razão. O que se pode pensar é em subordinação da emoção à

    razão, ou inteligência no comando da emoção.

    Ao contrário do que se pensa, a superstição não se encontra

    apenas no pensamento religioso. Até mesmo os jovens que

    acreditam em seus ídolos das bandas de música têm um

    pensamento supersticioso, mítico, que deposita na fama do outro

    sua possibilidade de ser feliz. É algo muito frágil assim proceder.

    Outros exemplos de modernos mitos são: o apego às

    máquinas como fonte de soluções rápidas e eficientes para tudo,

    em qualquer tempo, mito que despenca quando algo dá errado em

    seu funcionamento e percebe-se que a manutenção é cara e

    demorada; a crença em instituições inabaláveis, como

    universidades, igrejas, meios de comunicação de massas, livros,

    porque tudo é, em princípio, passível de questionamento,

    principalmente se as realidades sofrerem alterações.

    Apenas quem cria, quem tem pensamento original, quem

    sabe raciocinar por si mesmo, pode alterar tais mitos. O importante

    20

    é não gerar o mito, que é falso princípio, de que ser criativo, por

    modismo ou contestação infantil inconsequente, apenas, pode

    levar a mudanças efetivas. Deve-se encarar o ato de raciocinar

    como algo a ser muito trabalhado e que deve ser levado muitíssimo

    a sério.

    Figura 5: "Corpos" (imagem digital feita pelo autor, a partir de

    colagens e fotomontagem de imagens de domínio público obtidas

    na Internet). O pensamento não é apenas passível de expressão

    pela linguagem falada ou escrita: ele também se manifesta pela

    linguagem corporal – há quem afirme que ela precede qualquer

    outra linguagem, inclusive para a decodificação dos outros, ainda

    que de maneira sutil, quase imperceptível; na maioria das vezes, o

    que fazemos é reinterpretar gestos, posturas e todas as

    manifestações da linguagem do corpo por meio de palavras. .

    21

    22

    3. Vencendo o prévio e o presunçoso

    Tenho que sempre ter em mente, se quero ser um pensador

    independente, que, se algo eu penso, esse algo veio de alguma outra

    coisa e deve haver alguma razão para eu continuar a pensar assim

    ou alguma outra razão para eu modificar meu modo de pensar.

    Eu penso algo. Sempre ocorrerá que se pense alguma coisa,

    até o momento derradeiro em que pensar não significará mais

    nada, porque a vida irá esgotar-se. O difícil é ver que o pensamento

    independente não projeta a vaidade de quem pensa, mas a busca

    pela verdade. Se o que penso foi previamente pensado, ou seja, é

    preconceito puro, então não é pensamento meu, é algo repetido

    sem razão alguma, apenas marcado por problemas emocionais.

    Quem afirma que não gosta deliberadamente de um povo, ainda

    que esteja expressando um pensamento que julgue ser seu, não o

    está fazendo, está apenas reproduzindo uma mentalidade racista.

    Eu parto de alguma coisa. Inevitavelmente, tudo tem uma

    origem. O pensamento que se quer original, pela razão própria

    contida na etimologia de original, tem uma origem. A origem

    deve ser a realidade, não a fantasia inconsequente. Ninguém recebe

    uma luz rara quando pensa, porque sempre estamos a ter a

    condição de pensarmos originalmente, de vermos o que a realidade

    nos apresenta. Se há um problema, ele já é fonte de pensamento.

    Se aquilo é transtorno, dificuldade, impossibilidade de ser feliz, é

    realmente um problema sério. E deve merecer, portanto, nosso

    tempo e dedicação para resolvê-lo ou minimizá-lo. Deve ser

    encarado sem orgulho, como quem já vê a solução, que nem

    sempre é original, porque vem

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