Aprenda A Pensar
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Aprenda A Pensar - Claudionor Aparecido Ritondale
APRENDA A PENSAR
Claudionor Aparecido Ritondale
2012
APRENDA A PENSAR
Claudionor Aparecido Ritondale
Sumário
APRESENTANDO O INTERESSE PELA QUESTÃO
14
1. O QUE SE PODE QUERER COM O PENSAMENTO
INDEPENDENTE: PENSAR POR SI MESMO É VIRTUDE
16
2. VENCENDO HÁBITOS (NEM TODOS, SÓ OS
PREJUDICIAIS)
19
3. VENCENDO O PRÉVIO E O PRESUNÇOSO
23
4. A PÉSSIMA VOCAÇÃO PARA FALHAR NA LINGUAGEM 25
5. PENSAR PARA DIFUNDIR IDEIAS E PENSAR
CORRETAMENTE
31
6. O ISENTO E O INDISCRIMINADO
39
7. A ARTE DE ENLATAR
O PENSAMENTO
45
9. RACIOCINANDO ERRADO
55
10. UM POUCO DA MAGIA DA DESONESTIDADE RETÓRICA
61
11. EXEMPLOS DE FALÁCIAS (RACIOCÍNIOS INCORRETOS)
CONTRA A PESSOA (AD HOMINEM
)
67
Tipo I - Falácias quanto à relevância: Em todas elas, as premissas não têm
relação com a conclusão e geralmente contêm um elemento para desviar a
atenção do real problema:
67
1. Ofensivo
67
2. Culpa por associação
68
3. Tuo quoque
68
4. Interesse revestido
69
5. Circunstancial
70
6. Homem de palha
71
7. Ad baculum
72
8. Ad verecundiam
72
9. Ad populum
72
10. Ad misericordiam
73
11. Ad ignorantiam
74
12. Ignoratio elenchi
74
13. Impertinência
75
Tipo II - Falácias por raciocínio circular: quando se assume o que se quer
provar, mas repetindo apenas o princípio. A aceitação é o que ocorre, pura e
simplesmente, daí não haver esfor ço para sair do círculo.
75
1. Petição de princípios
75
2. Petição de princípios epítetos
76
3. Perguntas complexas
77
Tipo III - Falácias semânticas: quando a linguagem tem múltiplos significados
ou é vaga.
77
1. Ambiguidade
77
2. Anfibologia
77
3. Vaguidade
78
4. Ênfase
78
Tipo IV - Falácias indutivas: quando a probabilidade da conclusão é baixa. 78
CONCLUSÃO
85
APÊNDICES
87
(ARTIGOS E ENSAIOS)
87
1.
ÉTICA, RARA FLOR?
87
2.
DA NECESSIDADE DE IDEIAS CLARAS
89
(Uma reflexão peirce ana do mundo)
89
3.
POR UM NOVO ENSINO
95
4.
UM POUCO DE REFL EXÃO SOBRE DISCIPLINA NÃO FAZ MAL
103
5.
DA NECESSIDADE DE DISCIPLINA INTELECTUAL PARA SE ALCANÇAR A
APRENDIZAGEM
111
6.
ERGUER E DESTRUIR
123
7.
UM CAMINHO POSSÍVEL PARA A PESQUISA ESCOLAR
129
8. ESTRUTURAR O PENSAMENTO POR MEIO DE CINCO ESTRUTURAS BÁSICAS
133
1ª. A CO MPARAÇÃO
133
2ª. O RESUMO
137
3ª. A OBSERVAÇÃO
139
4ª. A CLASSIFICAÇÃO
142
5ª. A INTERP RETAÇÃO
144
9. CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS AO LIVRO ESCOLA E DEMOCRACIA, DE
DERMEVAL SAVIANI, EDITORA AUTORES ASSOCIADOS, 30a EDIÇÃO, 1995 147
Sobre o livro
147
PRIMEIRO BLOCO DE CO NSIDERAÇÕES: O LADO MENOS AMENO
149
SEGUNDO BLOCO DE CONSIDERAÇÕES: O LADO MAIS AMENO
165
10. IDEIAS ERRADAS I
177
11. IDEIAS ERRADAS II
187
12. IDEIAS ERRADAS III
191
13. IDEIAS ERRADAS IV
194
14. IDEIAS ERRADAS V
197
15. DIREITA E ESQUERDA
201
16. DEZ COISAS Q UE LEVEI ANOS PARA REAPREN DER
205
17. RESENHA CRÍTICA: SOBRE LINGUAGEM E IDEOLOGIA, DE JOSÉ LUIZ
FIORIN, livro da série Princípios, Editora Ática, 5a. edição, 1997.
207
18. LIÇÕES DE ESTRATÉGIA EMPRESARIAL
215
(Anedotas)
215
Caso 1: O uso da informação.
215
Caso 2: Estar bem informado.
215
Caso 3: Como reagir ante uma situação des favorável.
216
Caso 4: Sobre a informação correta.
217
Caso 5: Sobre os planos estratégicos.
217
Caso 6: Quem fala por último.
218
19. O GEREN TE FORMADOR E MOTIVADOR
221
UM POUCO DO AUTOR E DA OBRA
225
LIVROS E PARTICIPAÇÕES MAIS IMPORTANTES DE CLAUDIONOR APARECIDO
RITONDALE
227
PEQUENA APRESENTAÇÃO DE ALGUNS LIVROS
PUBLICADOS
232
10
Figura 1: Como nascem as ideias.
Esta é uma suposta origem para os acontecimentos de 11 de
setembro de 2001, em Nova Iorque. Trata-se de uma estampa de
um selo da cidade de Nova Iorque, com um carimbo do correio
local, que exibe uma figura pequena de um avião. O autor é
anônimo, a divulgação foi feita na Internet, de onde retiramos a
imagem, a nós enviada por e-mail. A ideia foi mostrar que é do
pensamento que surgem ações, até mesmo loucuras de tal
impacto que modificam o rumo dos acontecimentos no mundo
todo.
11
12
Figura 2: Peças de xadrez
(imagem de domínio público retirada da Internet). "Raciocinar é
pesar as probabilidades na balança do desejo." – Ambrose
Bierce
13
Apresentando o interesse pela questão
Por que não pensar a respeito e ir pesquisar?
A pergunta acima eu me fiz quando pensei em escrever
artigos sobre ideias erradas que pessoas nutrem sobre algumas
coisas que eu sabia não serem daquele modo, algumas que, pelo
que estudei e pesquisei, já duravam séculos.
E, diante de uma necessidade de levar às pessoas um pouco
de luz sobre a questão mesma do pensar, é que me ocorreu, antes
de divulgar artigos sobre um ou outro caso de erros de
entendimento, voltar-me para um trabalho sobre o pensamento em
geral.
Este pequeno trabalho ocorreu-me, portanto, a partir da
necessidade de querer ajudar a quem tem dificuldades em pensar
logicamente. O mais difícil, para mim, foi tentar traduzir ideias da
lógica formal, ou mesmo de outras lógicas, como a simbólica, por
exemplo, para uma linguagem simples. Tenho verificado que todos
têm condição de pensar, mas há especialistas em deformar o
pensamento e impor ideias a multidões, confundindo quem queira
ter nitidez de raciocínio. Isso dificulta a evolução do saber, impede
o conhecimento, entrava o progresso, embota a ciência.
Não estamos precisando de fanáticos, que apenas sigam os
ditames de pessoas inescrupulosas, as quais apenas querem vender
produtos desnecessários a incautos. Precisamos de pessoas que
aprendam a ser independentes, a ter raciocínio próprio, sem serem
contaminadas por propagandas de duvidoso conteúdo.
Baseei-me em muitas leituras e na verificação cotidiana de
casos inúmeros de indução a erro por parte inclusive de muitas
pessoas tidas como inteligentes. O caos da informação inadequada
e da alienação são os responsáveis pela forma inadequada de
pensar, que pouco serve a quem formula o pensamento e, na maior
parte das vezes, é apenas uma obediência cega a princípios
determinados por poderosos manipuladores. Esse caos projeta um
discurso alheio que comanda a mente de quem acha que está
pensando por si mesmo.
14
Creio que, com este trabalho, poderei colaborar para que
mentes sejam esclarecidas e poucos maus retóricos
excepcionalmente possam conseguir envolver com suas fantasias
o cotidiano feliz de quem sabe pensar por si mesmo.
O autor
Figura 3: Arrogância = esmagar a interrogação
(imagem criada pelo autor). "Pedante é o homem que
intelectualmente digere mal." – Jules Renard
15
1. O que se pode querer com o pensamento
independente: pensar por si mesmo é virtude
Quem pensa por si mesmo não é fanático, porque não vai
atrás de ondas, não se preocupa em ficar seguindo alguém apenas
porque ele diz algo mais veementemente, ou porque tem carisma,
ou então porque é famoso. Pensar é ter ideias. Mas não copiar
ideias. Cada situação de vida de uma pessoa é específica para o seu
lugar, tempo e fatores locais. Todo pensamento pressupõe uma
situação demarcada, embora existam, por semelhança, muitas
situações que remetam a soluções parecidas, mas não exatamente
iguais. A questão muitas vezes é de comando. Não se faz muitas
vezes o que seria mais adequado, por acomodação (dá trabalho, os
vizinhos vão reclamar, os mais velhos vão-se incomodar, etc.). Há
poder investido em cada ato humano, embora muitas vezes prefira-
se aceitar o comando alheio.
A derrota da lógica pode significar violência, fome,
carência, desemprego. Uma sociedade equilibrada reflete sobre o
que é possível, verifica as soluções localmente, raciocina. Quem
apenas segue o que é fornecido não consegue ter a virtude de
fornecer soluções para seus próprios problemas: é um escravo.
Também se pode ter a falsa ideia de que raciocinar por si
mesmo é propor soluções pessoais para outras pessoas. Quem
assim diz que raciocina está sendo idiota, porque pensar por si
mesmo não é estender suas soluções particulares para problemas
alheios, que, muitas vezes, não têm nada a ver com seu problema
pessoal.
Pensar por si mesmo é, portanto, algo a ser conquistado,
não uma dádiva. Isto significa que os seres humanos são dotados
de capacidade de raciocínio independente. Qualquer pessoa pode
conseguir alcançar soluções para seus problemas, mas isso exige
esforço.
O principal
16
trabalho a ser desenvolvido para se conseguir raciocinar por si
mesmo consiste em desapegar-se de modelos inadequados. O
maior obstáculo para se conseguir isso é a insegurança de ter que
criar parâmetros sem uma base em que se possa confiar.
A realidade existia antes de nós nascermos, com soluções
criadas e utilizadas com sucesso, em muitas situações. Nem sempre
se pode duvidar de que alguma coisa resolvida no passado é útil
hoje em dia. Quem quer racionar por si mesmo obviamente deverá
aprender com soluções anteriores, mas somente o fará se souber
comparar. Há essencialmente duas dimensões do ato de comparar:
o igual e o diferente. A dificuldade, porém, é que há um jogo de
aparências que impede, muitas vezes, a nitidez e, até para os
mestres, proporciona erros de observação.
Aprender a avaliar se uma situação é a mesma, se tem
nuances que a tornam ligeiramente diferente, ou se é
completamente diferente de outra, nem sempre é automático.
Dada essa dificuldade, as comparações podem induzir a erros de
raciocínio ou a maiores inseguranças. O resultado de tais erros
pode ser a necessidade de ser conduzido por outra pessoa, que é
exatamente o que estamos pretendendo abolir.
Não se pode pensar, entretanto, que raciocinar por si
mesmo seja sempre um ato rebelde, por pura inconsequência de
querer ser independente. Há, de fato, muitos perigos em pensar
por si mesmo, porque existem donos da verdade em qualquer
lugar, isso simplesmente porque o poder não é uma ficção, ele
existe na sociedade.
Pensar por si mesmo identifica-se muitas vezes com
afrontar o poder, mas isso não é uma lei absoluta, uma vez que, se
a razão comandar, o poder será identificado com o pensamento
independente. Ainda a humanidade não alcançou tal virtude, por
isso ocorrem tantos problemas, como guerras, desigualdades
sociais, doenças em escala não controlada, etc.
O caminho para o pensamento independente é o da
autoeducação. As escolas, de maneira geral, ensinam várias
linguagens prontas, mas não têm a preocupação de
17
instrumentalizar as pessoas que mais necessitam dessas linguagens.
O erro educacional está em partir de modelos consagrados e
manter-se neles. Deve-se ensinar a criar, porque o pensamento
independente é sempre original. Para tanto, não há possibilidade
de ficar apenas repetindo soluções de problemas anteriores, mas
devem-se buscar, nos dias atuais e nas vivências próximas dos
estudantes, a razão das coisas e a solução para os dias de hoje.
Figura 4: $egredo$
(montagem do autor a partir da figura central do livro O Segredo
,
de Rhonda Byrne). "Nenhuma inteligência consegue enfrentar
uma tolice que está na moda." – Theodor Fontane
18
2. Vencendo hábitos (nem todos, só os prejudiciais)
A ideia de que sempre foi feito assim, não se pode alterar
nada, é um entrave ao pensamento. Tudo sempre muda, ficar
apenas aguardando regras e normas significa desprezar o que se
pode fazer para melhorar o mundo. Sufocar-se em erros, apenas
porque ditados por algum regulamento, por um superior, ou pela
tradição, significa perpetuar a ignorância e a estupidez.
Hábitos são úteis, mas a questão é de dose. Quem exagera
em seguir cegamente instruções ou em ficar apenas mantendo
hábitos, sem nenhum questionamento, acaba sendo engolido pelos
prejuízos decorrentes de situações inesperadas. Por mais
contraditório que possa parecer, quem se fia apenas em hábitos, é
despreparado para a vida, porque, por mais que ela pareça manter
padrões, há também sempre uma novidade a apreciar, um
imponderável a ser enfrentado.
O melhor a fazer para não ser sufocado por hábitos é
entender que a vida é instabilidade. E isso só se entende com o
raciocínio. Há passos, mais ou menos padronizados, para um
raciocínio bem estruturado. Mas, todos os modelos têm limitações
e vantagens. Deve-se ter em mente que o trabalho de criar é feito
de apego a algumas ideias anteriores e a soma do que puder ser
concretizado no momento. Ainda assim, sempre haverá a
possibilidade de imprevistos, o que aumenta a necessidade de
manter a persistência em buscar as soluções adequadas.
O pior obstáculo ao pensamento é a empolgação de querer
resolver tudo por um jeito já sabido. É o ardil do hábito. Como
seres humanos, dotados de sentimento, às vezes quase deixamos
totalmente os sentimentos aflorarem. Eles, porém, não podem
obter o domínio sobre a razão. Esta ainda não teve seu pleno
desenvolvimento, porque há ainda muito a fazer para debelar tanta
ignorância reinante no mundo. As emoções e sentimentos já têm
demasiada força de divulgação em todos os cantos. Devemos
trabalhar em prol da razão.
19
Há também, em praticamente todas as culturas, um entrave
imenso ao pensamento organizado e soberano: as superstições. O
apego a mitos é uma condição humana, há quem até afirme que o
que conduz a motivação do homem é o apego a mitos. Não se
pode, pois, suprimi-los. Mesmo a razão pode ser encarada como
um mito, principalmente se a ela for atribuído o poder de tudo
resolver com a máxima eficiência, o que é contrário ao propósito
da razão. O que ela faz é procurar ver o possível, não resolver
sempre. Há casos em que o mais racional é aceitar o inevitável,
como as inúmeras perdas que todos os seres humanos vêem
acontecer diante de si diariamente – perda da estabilidade do útero
materno, ao nascer; perda do seio, ao desmamar; perda da
inocência, ao final da infância; perda da segurança emocional, na
adolescência; perda de muitos referenciais, na juventude; perda de
amores, de empregos, de apoios, de amigos, em toda a vida. A
razão é que promove a chamada inteligência emocional, que é
expressão pouco adequada, porque efetivamente não há condição
de que emoções sejam inteligentes, porque são de natureza diversa
da razão. O que se pode pensar é em subordinação da emoção à
razão, ou inteligência no comando da emoção.
Ao contrário do que se pensa, a superstição não se encontra
apenas no pensamento religioso. Até mesmo os jovens que
acreditam em seus ídolos das bandas de música têm um
pensamento supersticioso, mítico, que deposita na fama do outro
sua possibilidade de ser feliz. É algo muito frágil assim proceder.
Outros exemplos de modernos mitos são: o apego às
máquinas como fonte de soluções rápidas e eficientes para tudo,
em qualquer tempo, mito que despenca quando algo dá errado em
seu funcionamento e percebe-se que a manutenção é cara e
demorada; a crença em instituições inabaláveis, como
universidades, igrejas, meios de comunicação de massas, livros,
porque tudo é, em princípio, passível de questionamento,
principalmente se as realidades sofrerem alterações.
Apenas quem cria, quem tem pensamento original, quem
sabe raciocinar por si mesmo, pode alterar tais mitos. O importante
20
é não gerar o mito, que é falso princípio, de que ser criativo, por
modismo ou contestação infantil inconsequente, apenas, pode
levar a mudanças efetivas. Deve-se encarar o ato de raciocinar
como algo a ser muito trabalhado e que deve ser levado muitíssimo
a sério.
Figura 5: "Corpos" (imagem digital feita pelo autor, a partir de
colagens e fotomontagem de imagens de domínio público obtidas
na Internet). O pensamento não é apenas passível de expressão
pela linguagem falada ou escrita: ele também se manifesta pela
linguagem corporal – há quem afirme que ela precede qualquer
outra linguagem, inclusive para a decodificação dos outros, ainda
que de maneira sutil, quase imperceptível; na maioria das vezes, o
que fazemos é reinterpretar gestos, posturas e todas as
manifestações da linguagem do corpo por meio de palavras. .
21
22
3. Vencendo o prévio e o presunçoso
Tenho que sempre ter em mente, se quero ser um pensador
independente, que, se algo eu penso, esse algo veio de alguma outra
coisa e deve haver alguma razão para eu continuar a pensar assim
ou alguma outra razão para eu modificar meu modo de pensar.
Eu penso algo. Sempre ocorrerá que se pense alguma coisa,
até o momento derradeiro em que pensar não significará mais
nada, porque a vida irá esgotar-se. O difícil é ver que o pensamento
independente não projeta a vaidade de quem pensa, mas a busca
pela verdade. Se o que penso foi previamente pensado, ou seja, é
preconceito puro, então não é pensamento meu, é algo repetido
sem razão alguma, apenas marcado por problemas emocionais.
Quem afirma que não gosta deliberadamente de um povo, ainda
que esteja expressando um pensamento que julgue ser seu, não o
está fazendo, está apenas reproduzindo uma mentalidade racista.
Eu parto de alguma coisa. Inevitavelmente, tudo tem uma
origem. O pensamento que se quer original, pela razão própria
contida na etimologia de original
, tem uma origem. A origem
deve ser a realidade, não a fantasia inconsequente. Ninguém recebe
uma luz rara quando pensa, porque sempre estamos a ter a
condição de pensarmos originalmente, de vermos o que a realidade
nos apresenta. Se há um problema, ele já é fonte de pensamento.
Se aquilo é transtorno, dificuldade, impossibilidade de ser feliz, é
realmente um problema sério. E deve merecer, portanto, nosso
tempo e dedicação para resolvê-lo ou minimizá-lo. Deve ser
encarado sem orgulho, como quem já vê a solução, que nem
sempre é original, porque vem