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Dicionário Da Linguagem Castrense
Dicionário Da Linguagem Castrense
Dicionário Da Linguagem Castrense
E-book686 páginas5 horas

Dicionário Da Linguagem Castrense

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Sobre este e-book

Nesta obra estão definidos cerca de cinco mil verbetes e expressões que são utilizados no linguajar cotidiano das instituições militares, sobretudo, nos quartéis de bombeiros. A primeira seção cita uma série de expressões idiomáticas e traz a explicação de cada uma delas e a situação em que são utilizadas. Em seguida estão dispostos os termos classificados como jargões, que são aquelas palavras que fazem parte do linguajar falado dentro dos quartéis, ou então, usadas por certos grupos de militares. Os vocábulos classificados como gírias significam que a palavra faz parte do vocabulário militar, mas que, também é usada por outros indivíduos ou grupo deles. No glossário geral estão contemplados os verbetes usuais no cotidiano dos quartéis, tais como: adágios, axiomas, termos de anatomia, termos jurídicos, financeiros, logísticos, administrativos, forenses, termos técnicos, termos de heráldica, nomes de equipamentos de bombeiros, enfim, a obra contempla a universalidade de uma linguagem específica utilizada por um determinado seguimento social. O objetivo deste trabalho é servir de subsídio ao estudante de linguística que pesquisa acerca de um linguajar específico, ao militar que exerce suas funções na área administrativa, pois está constantemente obrigado a pesquisar para executar suas funções, ao candidato em concurso público e aos amantes da leitura de forma geral.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jun. de 2013
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    Dicionário Da Linguagem Castrense - Ademir Antonio Minani

    ADEMIR ANTONIO MINANI

    Dicionário da Linguagem

    Castrense

    1ª Edição

    Olímpia - SP

    Ademir Antonio Minani

    2013

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Ficha catal

    Minani, Ademir Antonio

    ográfica

    Dicionário da linguagem castrense / Ademir

    Antonio Minani. --

    1. ed. -- Olímpia, SP : Ed.

    do Autor, 2013.

    Bibliografia.

    ISBN 978-85-915579 -0-5

    1.

    Bombeiros 2.Expressões idiomáticas 3.Gíria

    4. Jargão (Terminologia) 5. Militares - Linguagem

    -

    Dicionários 6. Quartéis 7. Termos e frases I.

    Título.

    13-06515 CDD-417.2

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Linguagem castrense : Dicionários 417.2

    2. Linguagem militar : Dicionários

    417.2

    Capa: imagem extraída da Internet.

    Dedicatória

    Dedico esta obra à minha esposa Sirlei e aos

    meus filhos Priscila e Bruno, pessoas das quais

    suprimi muitas horas de convivência familiar para

    destiná-las à pesquisa exposta neste livro.

    Aos meus mestres e professores que me

    subsidiaram com o conhecimento adquirido no

    decorrer do tempo em que frequentei os bancos

    escolares, o que tornou possível a realização deste

    trabalho.

    Aos meus colegas de profissão que me

    cederam materiais, conhecimentos e o apoio

    necessário à realização desta obra.

    Agradecimentos

    Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom

    do conhecimento e pelo poder dado a mim para

    discernir entre o bem e o mal.

    Agradeço ao meu colega de profissão Valdir

    Soares Ferreira, pessoa que admiro bastante e que

    provocou o insight para a realização desta obra,

    pois foi durante a revisão ortográfica que fiz no

    seu livro Lembranças de Fogo, que amadureci a

    ideia pré-existente de escrever este dicionário.

    Agradeço também à Polícia Militar do

    Estado de São Paulo, instituição que sempre me

    deu mais do que eu preciso e mais do que eu

    mereço e que possibilitou a aquisição do conhe-

    cimento utilizado na realização desta obra.

    Sumário

    Chave de Uso.........................................................................................09

    Expressões Idiomáticas................................................................ .......12

    Jargões.....................................................................................................33

    Gírias.......................................................................................................55

    Glossário Geral......................................................................................61

    Alfabeto Fonético Mundial....................................................... ........397

    Código Q..............................................................................................398

    Referências Bibliográficas..................................................................400

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Chave de Uso

    A seção das expressões idiomáticas traz a explicação de cada

    uma delas e a situação em que são usadas.

    Os termos classificados como jargões significam que a palavra

    faz parte do vocabulário falado dentro dos quartéis ou por certos

    grupos de militares.

    Exemplo: Peiada: sanção; punição.

    Os vocábulos classificados como gírias significam que a

    palavra faz parte do linguajar militar, contudo, também é usada por

    outros indivíduos ou grupo deles.

    Exemplo: Pito: advertência.

    O glossário geral contempla os verbetes usuais no cotidiano

    dos quartéis.

    As palavras grafadas em itálico significam que o termo é de

    origem estrangeira.

    Exemplo: Watt: unidade de medida de potência.

    Quando, na explicação, aparecerem significados separados

    por ponto e vírgula, isto significa que os termos são sinônimos.

    Exemplo: Alegação: explicação; argumentação.

    Quando na definição aparecerem termos separados por

    ponto e vírgula e que são numerados, isto indica o número de

    significados diferentes que o verbete possui.

    Exemplo: Cabo: 1. patente militar, 2. graduação do militar

    compreendida entre o soldado e o sargento; 3. corda.

    9

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Algumas palavras presentes neste dicionário podem ter outros

    significados que não foram aqui abordados, porém, vale lembrar

    que a abordagem feita neste trabalho, se resume ao linguajar

    interno dos quartéis, portanto, a exposição trata apenas do

    significado que a palavra tem no entendimento da caserna.

    Exemplo: Rancho: denominação dada ao refeitório em que os

    militares se alimentam.

    Outros verbetes são polissêmicos, ou seja, têm vários outros

    significados, contudo, neste trabalho, a abordagem foi feita de

    acordo com o grau de uso da palavra no linguajar do cotidiano dos

    quartéis, sendo assim, outros sinônimos, por vezes, nem foram

    citados.

    Exemplo: Vara: 1. jurisdição; 2. galho fino; 3. coletivo de porcos.

    Em alguns casos, a palavra tem o significado contextualizado

    em uma canção ou hino.

    Exemplo: Seio: interior; âmago. (Hino Nacional Brasileiro)

    Este dicionário também contempla palavras que possuem

    significados diferentes e que exigem que consideremos o contexto

    em que estão inseridas, portanto, oferece as indicações para que o

    leitor se oriente sobre a contextualização dada ao verbete. No

    exemplo abaixo consideramos a palavra competência sob a ótica

    do Direito Administrativo, tendo em vista que num dicionário

    comum, esta poderia ser definida como capacidade.

    Exemplo: Competência: (Direito Administrativo) poder definido

    em lei para que uma determinada pessoa ocupe cargo ou função e

    execute os atos administrativos a ela inerentes.

    10

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Toda vez que o texto se refere a um termo da Anatomia,

    sempre se entenda Anatomia Humana.

    Cerca de setecentas definições foram extraídas da redação do

    Decreto Estadual 56.819, de 10 de março de 2011, e da sua

    Instrução Técnica nº 03, que define a terminologia referente à

    Segurança contra Incêndios no Estado de São Paulo.

    Do texto extraído do Dec. Est. 56.819 e da sua IT-03 e

    inserido neste dicionário, alguns caracteres foram modificados

    para obedecer às regras impostas nesta chave de uso.

    O Alfabeto Fonético Mundial e o Código Q são utilizados na

    comunicação via rádio e visam encurtar a fala por meio de códigos,

    além de diferenciar termos para que não ocorram ruídos na

    comunicação.

    Este dicionário obedece às normas impostas pelo novo

    Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    11

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Expressões Idiomáticas

    Antiguidade é posto!

    No regime militar, um indivíduo nunca ocupa a mesma posição que

    o outro, ou seja, sempre haverá distinção entre eles e este sistema é

    definido pela antiguidade, em outras palavras, quem ingressou primeiro

    ou foi promovido primeiro, tem precedência sobre o outro, sendo assim,

    o militar em tom de brincadeira, costuma dizer esta frase quando quer

    deixar claro que ele é mais antigo ou superior ao militar com quem está

    dialogando ou disputando um período, pretendido pelos dois, para

    entrar em férias, por exemplo.

    O militar é superior ao tempo.

    As missões executadas pelos militares muitas vezes exigem que o

    homem fique exposto à situação em que não pode esmorecer, ou seja, se

    a tropa está em forma participando de uma solenidade e começa a

    chover, esta não vai se deslocar para se abrigar da chuva, como

    normalmente aconteceria com qualquer outro indivíduo ou grupo deles

    pertencentes a qualquer outro seguimento social. Neste caso também se

    enquadram as situações em que é necessário suportar o frio, o calor, o

    cansaço, a fome, a sede, a distância, a dor, as bolhas nos pés, tudo para

    que a missão seja cumprida a contento.

    Aluno é imagem do cão.

    Nas escolas militares são comuns as brincadeiras e as travessuras e a

    busca pelo proibido é aguçada e motivada pelo fato do agrupamento de

    indivíduos. Quando ocorre um fato que desvirtua da normalidade e a

    autoria deste é atribuída aos alunos, normalmente um monitor ou

    instrutor solta esta fala, pois tinha que ser aluno para cometer tal

    12

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    conduta, como se não existisse outro ser na face da terra que fosse capaz

    de tamanha capacidade.

    A hierarquia e a disciplina envergam, mas não quebram.

    A hierarquia e a disciplina são os dois pilares que sustentam os

    preceitos e as instituições militares, portanto, qualquer ofensa a estes

    princípios caracteriza transgressão disciplinar. Diz-se que elas envergam

    porque às vezes a situação exige que o regime seja maleável, no entanto,

    qualquer deslize que ultrapasse os limites do bom senso deverá ser

    corrigido para que elas não se quebrem, isto é, que sejam feridas, pois se

    assim o fossem, estes pilares correriam o risco de ruir.

    Ema, ema, ema, cada um com seu problema.

    Quando se trabalha com gestão de pessoas é comum administrar

    problemas dos mais variados tipos, sobretudo, os que o militar traz para

    o quartel e que são oriundos do seu seio familiar. Há que se considerar

    que o militar deve procurar resolver seus problemas particulares para que

    o serviço não seja prejudicado, entretanto, existem situações a serem

    avaliadas.

    Esta frase é dita nestes momentos, porém, em tom de descontração,

    mesmo porque, um militar jamais deve ferir os sentimentos dos seus

    companheiros.

    A fila é indiana.

    Na fila indiana as pessoas andam umas atrás das outras, por isso, o

    militar em tom de brincadeira, costuma dizer esta frase quando quer

    deixar claro que é mais antigo ou superior ao militar com quem está

    tratando. Ocorre que no militarismo, um militar nunca ocupa a mesma

    posição que o outro, ou seja, sempre haverá distinção entre eles e este

    sistema é definido pela antiguidade, em outras palavras, quem ingressou

    primeiro ou foi promovido primeiro tem precedência sobre o outro.

    13

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Água no umbigo, sinal de perigo.

    Como forma de conscientização e para facilitar a assimilação, o

    Corpo de Bombeiros usa esta frase como se fosse um mandamento

    quando quer aconselhar que o banhista deva entrar na água até que o

    nível desta alcance a altura do seu abdômen e por considerar que a partir

    daí, o risco de um possível afogamento é iminente, pois o banhista pode

    sentir-se mal e quando imerso em águas mais profundas, tem sua chance

    de sobrevida reduzida.

    Recruta está inscrito a giz.

    Diz-se da situação em que o militar acabou de ingressar na

    Corporação e está cumprindo o estágio probatório, ou seja, qualquer

    vacilo pode comprometer sua carreira. Como a escrita de giz pode se

    apagar com o vento, por analogia, conclui-se que enquanto o militar não

    tiver concluído o seu período de experiência, ele não está estável, para

    isto, precisa ter seu nome escrito com tinta permanente.

    Faça o que eu mando e não faça o que eu faço.

    Muitas vezes as ordens emanadas não são muito bem

    compreendidas e os subordinados acabam por questionar o superior que

    deu a ordem, então, num tom de desabafo, este proclama esta frase para

    intimidar o subordinado e evitar que ele continue na contestação. Ocorre

    que o superior nem sempre pode divulgar o conteúdo das operações e

    das missões que estão sendo desenvolvidas.

    Ordem não se discute, ordem se cumpre.

    Este ditame militar é quase um mandamento quando se precisa

    evitar que outras transgressões mais graves possam acontecer. Não são

    raras as vezes em que ordens são contestadas sem que se conheça

    efetivamente sua motivação, então, para fazer cessar qualquer

    14

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    comentário que possa gerar até o cometimento de um crime militar, esta

    fala é mencionada como reprimenda.

    Cadeia tirada, galho quebrado.

    Os militares abusados e que não se importam com as punições que

    possam vir a sofrer, normalmente se justificam dizendo esta frase porque

    pensam que cumprir um corretivo compensa mais do que manter uma

    conduta ilibada.

    Pode confiar que não vai dar nada.

    Esta fala é utilizada como forma de tranquilizar o militar que esteja

    se apresentando contrariamente ao pensamento dos demais e como

    forma de encorajá-lo a executar atividade que porventura possa surtir

    consequências danosas, caso o resultado seja o inesperado.

    Deixa que eu seguro.

    O superior se faz valer destes dizeres quando pretende encorajar o

    subordinado a agir da forma que ele quer que o resultado aconteça e para

    dizer-lhe que se algo der errado será ele o responsável.

    Nem que morra!

    Nos exercícios de maneabilidade ou nas missões de difícil execução,

    este dizer serve de incentivo àquele militar que estiver apresentando

    desânimo ou cansaço.

    Viatura não é carro de padeiro.

    Certos militares usam este linguajar para se justificarem quando

    estacionam suas viaturas em local proibido ou então infringem qualquer

    outra norma de trânsito. Tal expressão surgiu quando os primeiros

    veículos de polícia foram adquiridos e o policiamento passou a ser

    motorizado. Como os carros da polícia eram da mesma cor dos carros

    15

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    que os padeiros usavam para entregar pães, os policiais da época se

    justificavam dizendo que os padeiros não tinham o mesmo direito que

    eles. Com a mesma conotação linguística, o citado ditame permanece até

    os dias atuais.

    Milagre não vale.

    Ouve-se tal frase no meio militar quando não há outra forma ou

    outro caminho para se chegar a um resultado pretendido, ou seja, tais

    dizeres compreendem o inevitável.

    Missão dada, missão cumprida.

    Os militares que são comprometidos com o serviço, com os colegas

    de profissão e com a causa pública, agem de forma que todas as missões

    que lhes são conferidas e as ordens que lhes são dadas sejam cumpridas à

    risca, ou seja, com a eficácia e a eficiência exigidas pela ética, pelos

    valores e pelos deveres militares.

    O superior não erra, se confunde.

    Quando um equívoco é cometido por um superior hierárquico, é

    comum se ouvir esta frase, afinal, como não se pode falar que o militar

    de maior posto errou, pois esta conduta pode ser entendida como

    censura de ato de superior, logo alguém solta esta fala para descontrair a

    situação.

    Sim senhor, não senhor, bumbo no pé direito, por trinta anos sem

    novidades.

    Nas marchas e nos deslocamentos da tropa a pé firme, quando

    acompanhados da banda regimental de música, o bater do pé direito dos

    militares no solo se dá simultaneamente à batida do bumbo, por isso,

    esta frase significa que a conduta do militar deva ser igualada à cadência

    da marcha, ou seja, conduta ilibada durante toda a carreira.

    16

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Fósforo queimado não pega fogo.

    Os militares da reserva e os reformados, quando investidos de altas

    patentes, ainda possuem certa influência perante os militares da ativa, no

    entanto, em tom de descontração, sempre se ouve dizer que o fósforo

    que já ofereceu chama não queima novamente, portanto, este dizer

    pressupõe que o militar inativo não oferece perigo.

    É fogo no mato em área de lavrado.

    No Estado de Roraima este dizer trata da situação em que ocorre

    incêndio em vegetação na área do cerrado amazônico.

    Aquilo que não está nos autos, não está no mundo.

    Costuma-se proferir estes dizeres no ambiente militar quando a

    intenção é dizer que aquilo que foi verbalizado mas não foi registrado

    não serve como prova em qualquer que seja a situação, portanto, tudo

    aquilo que mereça apreciação deve ser formalizado para que realmente

    possa existir.

    Dedão também é dedo!

    Frase usada pelos monitores e instrutores dos cursos de formação

    militar quando querem advertir os alunos durante as aulas de ordem

    unida, para que estes espalmem as mãos e mantenham seus dedos

    unidos, de forma que o polegar não fique isolado dos demais dedos, pois

    na posição de sentido ou no gesto da continência, as mãos devem ficar

    espalmadas e os dedos devem ficar unidos.

    Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

    Este dito castrense serve de advertência para aquele militar que

    costuma censurar as ordens emanadas dos superiores hierárquicos, pois a

    quem cabe a obediência, não cabe a discricionariedade de criticar ou

    17

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    comentar de forma pejorativa as decisões de quem é competente para

    emaná-las.

    Palavras, o vento as leva.

    Todos os atos da Administração Pública devem obedecer ao

    princípio constitucional da formalidade, por isso, devem ser escritos,

    pois se assim não se encontrarem, não podem ser provados.

    Bombeiro é cupim de ferro.

    Tendo em vista que os veículos e os equipamentos de bombeiros são

    utilizados por várias pessoas e que cada uma tem sua característica

    própria no manuseio destes bens, considera-se que estes são danificados

    com mais rapidez, portanto, dizer que bombeiro é cupim de ferro se tra-

    duz na capacidade de deteriorar precocemente aquilo que normalmente,

    quando é de propriedade de apenas uma pessoa, tende a ter maior dura-

    bilidade.

    Dar um tiro no pé.

    Provocar uma situação que resulte prejuízo ao próprio autor será

    caracterizada pelos dizeres desta expressão. Dizer que o tiro saiu pela

    culatra, ou seja, ao contrário do que se esperava, também tem o mesmo

    significado.

    Sempre atrás de um elogio vem uma cadeia.

    No meio militar, é comum se ouvir que é muito mais difícil ser

    elogiado do que ser punido, então, logo que alguém é elogiado ou recebe

    uma condecoração, os colegas, sem pestanejar, soltam a expressão para

    alertá-lo de que não deve se sentir tão lisonjeado, haja vista que a

    qualquer momento a situação pode mudar e ele poderá passar do céu ao

    inferno num pequeno espaço de tempo.

    18

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Quem não é visto não é lembrado.

    Estar presente nas solenidades, nas comemorações, nos encontros,

    nas reuniões faz muito bem a quem é visto nestas ocasiões, mesmo

    porque quem não se faz presente corre o risco de não ser lembrado

    numa situação em que dependa de um conceito favorável a uma

    promoção, por exemplo.

    Ingressar nas fileiras da Corporação.

    Tal dizer significa ser admitido em concurso público para cursar

    formação na Polícia Militar do Estado de São Paulo e fazer parte da

    maior força militar da América Latina, composta por quase cem mil

    homens e mulheres no serviço ativo, além de ter um contingente inativo

    que totaliza quase o dobro destes militares, cuja situação lhes contempla

    a reserva e a reforma.

    Chorar no pau da bandeira.

    Numa situação em que algum militar é surpreendido reclamando de

    ordens, decisões de superior hierárquico ou escalas de serviço, é comum

    o colega consolá-lo, dizendo: que lugar de chorar é no mastro da

    bandeira existente na entrada dos quartéis.

    A tropa é como um passarinho na palma da mão.

    Um comandante deve tratar sua tropa de forma equilibrada, pois

    esta é como um passarinho na palma da mão, caso seja apertado ele

    morre e caso fique muito frouxo, ele voa.

    O uso contínuo do cachimbo faz entortar a boca.

    No regime militar, as atitudes definidas como incorretas devem

    sofrer a correição necessária, haja vista que se não forem corrigidas de

    pronto podem se tornar costumeiras, o que é prejudicial à hierarquia e à

    disciplina, podendo se transformar em transgressões graves ou até em

    crimes militares, portanto, esta frase serve de alerta.

    19

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Sou da casa.

    Há situações em que os policiais, quando em trajes civis, são

    abordados ou precisam se identificar a outros policiais que estão em

    serviço e não os conhecem. Nestes casos, é comum o policial que está

    em trajes civis dizer que é da casa, no intuito de se fazer entender que

    pertence a mesma corporação dos policiais fardados.

    A polícia é um mal necessário.

    Quando um cidadão do povo reclama das intervenções policiais ou

    então faz comentários depreciativos acerca delas, e estes fatos chegam ao

    conhecimento de um policial, certamente o civil será advertido, pois faz

    parte da cultura do povo brasileiro o fato de não gostar de ser

    fiscalizado, mesmo quando está plenamente correto, mas, a fala é usada

    para que ele entenda que se está ruim com a Polícia fazendo o trabalho

    dela, pior estaria se ela não existisse.

    Se vira velho, você não é quadrado!

    Na medida em que os anos passam, nota-se que a forma de se tratar

    um determinado assunto muda, neste sentido, o militar mais antigo

    sempre considera que o militar mais jovem encara as tarefas a que está

    submetido de maneira mais dificultosa, porque para eles, as mesmas

    missões em épocas diferentes são enxergadas de forma diferente, haja

    vista a evolução social e a intervenção do meio em que ambos vivem.

    Não raras são as situações em que o militar mais moderno impõe

    restrições ou então apresenta obstáculos para contestar a ordem do mais

    antigo, sendo que neste caso, logo vem o desabafo e o militar mais

    antigo ou superior hierárquico pronuncia a citada expressão para

    demonstrar sua indignação perante a atitude do subordinado e fazer com

    que ele cumpra sua tarefa sem reclamar.

    20

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Marcar um palmo no mapa.

    Expressão falada quando um militar é desafeto do seu comandante

    ou então não está alinhado com os propósitos dele, na unidade em que

    ambos trabalham. Neste caso a convivência não é harmoniosa, por isso,

    é comum que o comandante solicite a transferência do comandado,

    mesmo porque isto faz parte da discricionariedade daquele, quando do

    cometimento de alguma falta justificada ou então, quando de uma

    promoção, momento em que, às vezes, cabe ao comandante decidir o

    destino do comandado. Por isso, marcar um palmo no mapa, significa

    mandá-lo o mais longe possível da unidade em que presta serviço.

    Na hora sai...

    Sempre que uma operação, atividade comemorativa ou evento

    importante estão sendo preparados para acontecer num quartel, os

    militares responsáveis pela organização destes, em virtude da

    responsabilidade, do comprometimento em fazer o melhor e da

    preocupação em eliminar riscos, ficam um tanto quanto ansiosos, haja

    vista os incontáveis detalhes a que devem prestam atenção para que tudo

    transcorra na mais perfeita normalidade, então, um para tranquilizar o

    outro diz que na hora o evento acontecerá, mesmo que algo dê errado.

    Onde está escrito?

    Tendo em vista que o administrador público deve ser extremamente

    legalista e que seus atos devem ser consonantes com a previsão legal, ou

    seja, qualquer ato de ofício de funcionário público deve estar previsto em

    lei anterior aprovada para reger a atividade que este desenvolve, sempre

    que uma ordem é dada ou assunto é comentado, de imediato vem tal

    questionamento por parte daquele que desconhece a causa querendo se

    interar para não incorrer em ilegalidade.

    21

    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    A Constituição pode ser Federal, mas o Boletim é Geral.

    No meio militar, muitas atividades acontecem por força dos

    regulamentos e pela imposição da superioridade hierárquica dos militares

    sobre os seus comandados. Sendo assim, muitos desabafam dizendo que

    o militarismo sobrepõe algumas leis e em tom de ironia dizem que o

    texto constitucional fica submisso ao conteúdo dos boletins nos quais

    são publicados os atos administrativos intracorporação. Tendo em vista

    que tal periódico denomina-se: Boletim Geral, conclui-se a origem do

    dizer.

    Você foi pro caderno, velho!

    Os cursos de formação militar são geridos por regulamento próprio

    em que são previstas situações, às quais os alunos estão submetidos,

    tendo em vista que estão sujeitos a um regime escolar diferenciado do

    regime cotidiano dos quartéis. Tal regulamento prevê situações que

    obrigam os alunos a um determinado condicionamento de postura que

    estes levarão para toda a vida de caserna, situações estas como: fazer a

    barba sempre que se fardar, manutenir os equipamentos que estão à sua

    disposição; zelar pelos bens públicos, usar de camaradagem e espírito de

    corpo para com os colegas, dentre muitas outras.

    Ocorre que, quando um monitor ou instrutor de um destes cursos

    surpreende um aluno transgredindo tais condutas, logo solta a expressão

    querendo dizer que o aluno foi anotado no Caderno de Conduta, no

    qual, um mínimo de duas anotações no mesmo código já é suficiente

    para cassar a liberação do aluno no final de semana.

    Paisano é bom, mas tem demais.

    Certas situações profissionais devem ser mantidas em vigília

    corporativista, de tal sorte que quando passam a ser do conhecimento de

    pessoas estranhas ao meio específico, o uso incorreto deste

    conhecimento pode causar embaraços a estas situações, mesmo que seu

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    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    usuário aja inconscientemente. Neste caso, ocorre um preconceito do

    militar em relação ao civil, pois a citada fala traduz que se não fosse o

    desconhecimento do civil não haveria o risco de que algo anormal

    pudesse acontecer.

    Qualquer macaco bem treinado faz.

    No meio militar, comumente se ouve esta verbalização quando

    algum comandante está prelecionando sua tropa e pretende incutir a

    ideia de que sua orientação pode ser facilmente colocada em prática se o

    executante agir com o mínimo de discernimento. Esta fala não tem o

    cunho pejorativo de comparar o homem ao animal, mas sim, de fazer

    com que ele entenda que a pequena complexidade da ação a ser

    executada, aliada a sua grande capacidade de resolver conflitos sociais,

    fará com que tudo ocorra a contento.

    O passaralho está solto.

    Reza a lenda que um pênis dotado de asas voa pelos quartéis

    quando algo dá errado e os comandantes ficam enfurecidos, ou seja,

    saem despejando seus descontentamentos e os depositam sobre o pri-

    meiro militar que porventura venha trazer novos problemas. Nesta situ-

    ação, é conveniente que todos os militares se protejam encostando suas

    partes traseiras nas paredes, evitando surpresas desnecessárias, ou seja, se

    a situação não está boa, melhor se proteger.

    Barata viva não dá banda em galinheiro.

    Este dizer simplório é usado nas preleções e nas orientações dadas

    aos comandados no momento que antecede uma operação policial,

    quando o comandante quer transmitir uma mensagem de precaução. A

    barata é presa da galinha, então se ela esmorecer será capturada pela sua

    predadora. Neste sentido, o ditado tem cunho educativo, cuja pretensão

    é direcionar exatamente os passos e os caminhos a serem seguidos para

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    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    que a missão alcance os objetivos almejados com a segurança que o caso

    requeira.

    Vai dar novidade!

    Quando o militar quer dizer que alguma atitude ou conduta

    procedida anteriormente corre o risco de se transformar em transtorno,

    ou seja, gerar problemas inesperados e reações contrárias ao resultado

    pretendido, costuma usar tal fala ou então, que "vai dar B.O ." (Boletim

    de Ocorrência), para expressar sua preocupação, porém, no mesmo

    sentido linguístico da fala anterior. Já nos quartéis de bombeiros, além

    destes dizeres, nota-se o uso de um terceiro falar: "vai dar ferragem ",

    pois situação embaraçosa para bombeiro é uma ocorrência com vítima

    de acidente de trânsito em que pessoas ficam presas entre as ferragens,

    sendo assim, considera-se preservado o significado linguístico deste falar

    perante os dois dizeres anteriores.

    Aos amigos a lei, aos inimigos o rigor da lei.

    Este linguajar normalmente é usado em tom de descontração e no

    momento em que seu autor encontra-se numa posição que lhe permite

    ou então, que exige dele a necessidade de aplicar sanções aos seus

    comandados ou às pessoas fiscalizadas por ele. Com isso, o militar como

    bom cumpridor de leis que é, deixa claro como será sua postura frente às

    questões que passarão pelo seu julgamento.

    Quem escolhe mal, recebe mal.

    Este ditado é frequentemente falado entre os militares que traba-

    lham nos setores financeiros das unidades. Ocorre que sempre há

    reclamações quanto à disparidade dos bens solicitados e os que são

    recebidos no setor público, mas, isto acontece porque nem sempre, o

    servidor que solicita que um determinado material seja adquirido, se

    preocupa em especificá-lo para exigir que seja entregue aquilo que

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    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    realmente ele quer receber, então, as queixas recaem sempre sobre os

    profissionais que militam na área de compras e estes, sem pestanejar,

    usam tal fala para se justificarem e transferir a responsabilidade sobre

    algo que deu errado para quem realmente deu causa ao ocorrido.

    Quem parte, reparte e fica com a melhor parte.

    Comumente se ouve este ditado nos setores de logística das

    unidades, haja vista que os profissionais que servem na área detêm o

    poder sobre os materiais e equipamentos adquiridos para serem

    distribuídos. Como não é possível atender aos anseios de todos, os

    insatisfeitos tecem comentários acerca de que para quem milita na área

    não faltam os itens como: fardamento, material de escritório, calçados e

    outros itens afins, momento em que a oração acima exposta é declamada

    de imediato.

    Dar murro em ponta de faca.

    Esta fala serve como conselho ao militar que insiste em contrariar as

    normas ou então os costumes, pelos quais, são regidas as corporações

    militares. Acontece que muitas vezes, os militares são contrariados por

    estar fazendo aquilo que não gostariam, por ter em mente que a sua ideia

    é a que deveria prevalecer e não a de seu comandante. Neste caso, pode

    vir a ocorrer críticas e os dissabores serão inevitáveis, haja vista que o

    prejuízo sempre ficará com quem está desprovido de razão, então, pode-

    se concluir que dar murro em ponta de faca significa insistir no erro.

    Contra a força não há argumentos.

    No regime militar, muitas vezes ocorre que o superior faz valer sua

    vontade mesmo que esta esteja contrariando o planejamento

    corporativo. Após vários anos cumprindo determinações, chega o dia em

    que ele terá voz e vez, então este é o momento de colocar em prática

    suas convicções acerca de tudo aquilo que viveu ao longo da carreira.

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    Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani

    Neste momento, o militar na função de comando, quer deixar as marcas

    de sua passagem pela unidade em que comanda, portanto, a vontade dele

    irá prevalecer mesmo que esta contrarie os pensamentos dos militares

    comandados.

    Entrar na Força para não fazer força.

    Algumas décadas atrás, a Polícia Militar chamava-se Força Pública

    do Estado de São Paulo e nela ingressavam pessoas com criação e vida

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