Dicionário Da Linguagem Castrense
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Dicionário Da Linguagem Castrense - Ademir Antonio Minani
ADEMIR ANTONIO MINANI
Dicionário da Linguagem
Castrense
1ª Edição
Olímpia - SP
Ademir Antonio Minani
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ficha catal
Minani, Ademir Antonio
ográfica
Dicionário da linguagem castrense / Ademir
Antonio Minani. --
1. ed. -- Olímpia, SP : Ed.
do Autor, 2013.
Bibliografia.
ISBN 978-85-915579 -0-5
1.
Bombeiros 2.Expressões idiomáticas 3.Gíria
4. Jargão (Terminologia) 5. Militares - Linguagem
-
Dicionários 6. Quartéis 7. Termos e frases I.
Título.
13-06515 CDD-417.2
Índices para catálogo sistemático:
1. Linguagem castrense : Dicionários 417.2
2. Linguagem militar : Dicionários
417.2
Capa: imagem extraída da Internet.
Dedicatória
Dedico esta obra à minha esposa Sirlei e aos
meus filhos Priscila e Bruno, pessoas das quais
suprimi muitas horas de convivência familiar para
destiná-las à pesquisa exposta neste livro.
Aos meus mestres e professores que me
subsidiaram com o conhecimento adquirido no
decorrer do tempo em que frequentei os bancos
escolares, o que tornou possível a realização deste
trabalho.
Aos meus colegas de profissão que me
cederam materiais, conhecimentos e o apoio
necessário à realização desta obra.
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom
do conhecimento e pelo poder dado a mim para
discernir entre o bem e o mal.
Agradeço ao meu colega de profissão Valdir
Soares Ferreira, pessoa que admiro bastante e que
provocou o insight para a realização desta obra,
pois foi durante a revisão ortográfica que fiz no
seu livro Lembranças de Fogo, que amadureci a
ideia pré-existente de escrever este dicionário.
Agradeço também à Polícia Militar do
Estado de São Paulo, instituição que sempre me
deu mais do que eu preciso e mais do que eu
mereço e que possibilitou a aquisição do conhe-
cimento utilizado na realização desta obra.
Sumário
Chave de Uso.........................................................................................09
Expressões Idiomáticas................................................................ .......12
Jargões.....................................................................................................33
Gírias.......................................................................................................55
Glossário Geral......................................................................................61
Alfabeto Fonético Mundial....................................................... ........397
Código Q..............................................................................................398
Referências Bibliográficas..................................................................400
Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Chave de Uso
A seção das expressões idiomáticas traz a explicação de cada
uma delas e a situação em que são usadas.
Os termos classificados como jargões significam que a palavra
faz parte do vocabulário falado dentro dos quartéis ou por certos
grupos de militares.
Exemplo: Peiada: sanção; punição.
Os vocábulos classificados como gírias significam que a
palavra faz parte do linguajar militar, contudo, também é usada por
outros indivíduos ou grupo deles.
Exemplo: Pito: advertência.
O glossário geral contempla os verbetes usuais no cotidiano
dos quartéis.
As palavras grafadas em itálico significam que o termo é de
origem estrangeira.
Exemplo: Watt: unidade de medida de potência.
Quando, na explicação, aparecerem significados separados
por ponto e vírgula, isto significa que os termos são sinônimos.
Exemplo: Alegação: explicação; argumentação.
Quando na definição aparecerem termos separados por
ponto e vírgula e que são numerados, isto indica o número de
significados diferentes que o verbete possui.
Exemplo: Cabo: 1. patente militar, 2. graduação do militar
compreendida entre o soldado e o sargento; 3. corda.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Algumas palavras presentes neste dicionário podem ter outros
significados que não foram aqui abordados, porém, vale lembrar
que a abordagem feita neste trabalho, se resume ao linguajar
interno dos quartéis, portanto, a exposição trata apenas do
significado que a palavra tem no entendimento da caserna.
Exemplo: Rancho: denominação dada ao refeitório em que os
militares se alimentam.
Outros verbetes são polissêmicos, ou seja, têm vários outros
significados, contudo, neste trabalho, a abordagem foi feita de
acordo com o grau de uso da palavra no linguajar do cotidiano dos
quartéis, sendo assim, outros sinônimos, por vezes, nem foram
citados.
Exemplo: Vara: 1. jurisdição; 2. galho fino; 3. coletivo de porcos.
Em alguns casos, a palavra tem o significado contextualizado
em uma canção ou hino.
Exemplo: Seio: interior; âmago. (Hino Nacional Brasileiro)
Este dicionário também contempla palavras que possuem
significados diferentes e que exigem que consideremos o contexto
em que estão inseridas, portanto, oferece as indicações para que o
leitor se oriente sobre a contextualização dada ao verbete. No
exemplo abaixo consideramos a palavra competência
sob a ótica
do Direito Administrativo, tendo em vista que num dicionário
comum, esta poderia ser definida como capacidade
.
Exemplo: Competência: (Direito Administrativo) poder definido
em lei para que uma determinada pessoa ocupe cargo ou função e
execute os atos administrativos a ela inerentes.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Toda vez que o texto se refere a um termo da Anatomia,
sempre se entenda Anatomia Humana.
Cerca de setecentas definições foram extraídas da redação do
Decreto Estadual 56.819, de 10 de março de 2011, e da sua
Instrução Técnica nº 03, que define a terminologia referente à
Segurança contra Incêndios no Estado de São Paulo.
Do texto extraído do Dec. Est. 56.819 e da sua IT-03 e
inserido neste dicionário, alguns caracteres foram modificados
para obedecer às regras impostas nesta chave de uso.
O Alfabeto Fonético Mundial e o Código Q são utilizados na
comunicação via rádio e visam encurtar a fala por meio de códigos,
além de diferenciar termos para que não ocorram ruídos na
comunicação.
Este dicionário obedece às normas impostas pelo novo
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Expressões Idiomáticas
Antiguidade é posto!
No regime militar, um indivíduo nunca ocupa a mesma posição que
o outro, ou seja, sempre haverá distinção entre eles e este sistema é
definido pela antiguidade, em outras palavras, quem ingressou primeiro
ou foi promovido primeiro, tem precedência sobre o outro, sendo assim,
o militar em tom de brincadeira, costuma dizer esta frase quando quer
deixar claro que ele é mais antigo ou superior ao militar com quem está
dialogando ou disputando um período, pretendido pelos dois, para
entrar em férias, por exemplo.
O militar é superior ao tempo.
As missões executadas pelos militares muitas vezes exigem que o
homem fique exposto à situação em que não pode esmorecer, ou seja, se
a tropa está em forma participando de uma solenidade e começa a
chover, esta não vai se deslocar para se abrigar da chuva, como
normalmente aconteceria com qualquer outro indivíduo ou grupo deles
pertencentes a qualquer outro seguimento social. Neste caso também se
enquadram as situações em que é necessário suportar o frio, o calor, o
cansaço, a fome, a sede, a distância, a dor, as bolhas nos pés, tudo para
que a missão seja cumprida a contento.
Aluno é imagem do cão.
Nas escolas militares são comuns as brincadeiras e as travessuras e a
busca pelo proibido é aguçada e motivada pelo fato do agrupamento de
indivíduos. Quando ocorre um fato que desvirtua da normalidade e a
autoria deste é atribuída aos alunos, normalmente um monitor ou
instrutor solta esta fala, pois tinha que ser aluno para cometer tal
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
conduta, como se não existisse outro ser na face da terra que fosse capaz
de tamanha capacidade.
A hierarquia e a disciplina envergam, mas não quebram.
A hierarquia e a disciplina são os dois pilares que sustentam os
preceitos e as instituições militares, portanto, qualquer ofensa a estes
princípios caracteriza transgressão disciplinar. Diz-se que elas envergam
porque às vezes a situação exige que o regime seja maleável, no entanto,
qualquer deslize que ultrapasse os limites do bom senso deverá ser
corrigido para que elas não se quebrem, isto é, que sejam feridas, pois se
assim o fossem, estes pilares correriam o risco de ruir.
Ema, ema, ema, cada um com seu problema.
Quando se trabalha com gestão de pessoas é comum administrar
problemas dos mais variados tipos, sobretudo, os que o militar traz para
o quartel e que são oriundos do seu seio familiar. Há que se considerar
que o militar deve procurar resolver seus problemas particulares para que
o serviço não seja prejudicado, entretanto, existem situações a serem
avaliadas.
Esta frase é dita nestes momentos, porém, em tom de descontração,
mesmo porque, um militar jamais deve ferir os sentimentos dos seus
companheiros.
A fila é indiana.
Na fila indiana as pessoas andam umas atrás das outras, por isso, o
militar em tom de brincadeira, costuma dizer esta frase quando quer
deixar claro que é mais antigo ou superior ao militar com quem está
tratando. Ocorre que no militarismo, um militar nunca ocupa a mesma
posição que o outro, ou seja, sempre haverá distinção entre eles e este
sistema é definido pela antiguidade, em outras palavras, quem ingressou
primeiro ou foi promovido primeiro tem precedência sobre o outro.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Água no umbigo, sinal de perigo.
Como forma de conscientização e para facilitar a assimilação, o
Corpo de Bombeiros usa esta frase como se fosse um mandamento
quando quer aconselhar que o banhista deva entrar na água até que o
nível desta alcance a altura do seu abdômen e por considerar que a partir
daí, o risco de um possível afogamento é iminente, pois o banhista pode
sentir-se mal e quando imerso em águas mais profundas, tem sua chance
de sobrevida reduzida.
Recruta está inscrito a giz.
Diz-se da situação em que o militar acabou de ingressar na
Corporação e está cumprindo o estágio probatório, ou seja, qualquer
vacilo pode comprometer sua carreira. Como a escrita de giz pode se
apagar com o vento, por analogia, conclui-se que enquanto o militar não
tiver concluído o seu período de experiência, ele não está estável, para
isto, precisa ter seu nome escrito com tinta permanente.
Faça o que eu mando e não faça o que eu faço.
Muitas vezes as ordens emanadas não são muito bem
compreendidas e os subordinados acabam por questionar o superior que
deu a ordem, então, num tom de desabafo, este proclama esta frase para
intimidar o subordinado e evitar que ele continue na contestação. Ocorre
que o superior nem sempre pode divulgar o conteúdo das operações e
das missões que estão sendo desenvolvidas.
Ordem não se discute, ordem se cumpre.
Este ditame militar é quase um mandamento quando se precisa
evitar que outras transgressões mais graves possam acontecer. Não são
raras as vezes em que ordens são contestadas sem que se conheça
efetivamente sua motivação, então, para fazer cessar qualquer
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
comentário que possa gerar até o cometimento de um crime militar, esta
fala é mencionada como reprimenda.
Cadeia tirada, galho quebrado.
Os militares abusados e que não se importam com as punições que
possam vir a sofrer, normalmente se justificam dizendo esta frase porque
pensam que cumprir um corretivo compensa mais do que manter uma
conduta ilibada.
Pode confiar que não vai dar nada.
Esta fala é utilizada como forma de tranquilizar o militar que esteja
se apresentando contrariamente ao pensamento dos demais e como
forma de encorajá-lo a executar atividade que porventura possa surtir
consequências danosas, caso o resultado seja o inesperado.
Deixa que eu seguro.
O superior se faz valer destes dizeres quando pretende encorajar o
subordinado a agir da forma que ele quer que o resultado aconteça e para
dizer-lhe que se algo der errado será ele o responsável.
Nem que morra!
Nos exercícios de maneabilidade ou nas missões de difícil execução,
este dizer serve de incentivo àquele militar que estiver apresentando
desânimo ou cansaço.
Viatura não é carro de padeiro.
Certos militares usam este linguajar para se justificarem quando
estacionam suas viaturas em local proibido ou então infringem qualquer
outra norma de trânsito. Tal expressão surgiu quando os primeiros
veículos de polícia foram adquiridos e o policiamento passou a ser
motorizado. Como os carros da polícia eram da mesma cor dos carros
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
que os padeiros usavam para entregar pães, os policiais da época se
justificavam dizendo que os padeiros não tinham o mesmo direito que
eles. Com a mesma conotação linguística, o citado ditame permanece até
os dias atuais.
Milagre não vale.
Ouve-se tal frase no meio militar quando não há outra forma ou
outro caminho para se chegar a um resultado pretendido, ou seja, tais
dizeres compreendem o inevitável.
Missão dada, missão cumprida.
Os militares que são comprometidos com o serviço, com os colegas
de profissão e com a causa pública, agem de forma que todas as missões
que lhes são conferidas e as ordens que lhes são dadas sejam cumpridas à
risca, ou seja, com a eficácia e a eficiência exigidas pela ética, pelos
valores e pelos deveres militares.
O superior não erra, se confunde.
Quando um equívoco é cometido por um superior hierárquico, é
comum se ouvir esta frase, afinal, como não se pode falar que o militar
de maior posto errou, pois esta conduta pode ser entendida como
censura de ato de superior, logo alguém solta esta fala para descontrair a
situação.
Sim senhor, não senhor, bumbo no pé direito, por trinta anos sem
novidades.
Nas marchas e nos deslocamentos da tropa a pé firme, quando
acompanhados da banda regimental de música, o bater do pé direito dos
militares no solo se dá simultaneamente à batida do bumbo, por isso,
esta frase significa que a conduta do militar deva ser igualada à cadência
da marcha, ou seja, conduta ilibada durante toda a carreira.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Fósforo queimado não pega fogo.
Os militares da reserva e os reformados, quando investidos de altas
patentes, ainda possuem certa influência perante os militares da ativa, no
entanto, em tom de descontração, sempre se ouve dizer que o fósforo
que já ofereceu chama não queima novamente, portanto, este dizer
pressupõe que o militar inativo não oferece perigo.
É fogo no mato em área de lavrado.
No Estado de Roraima este dizer trata da situação em que ocorre
incêndio em vegetação na área do cerrado amazônico.
Aquilo que não está nos autos, não está no mundo.
Costuma-se proferir estes dizeres no ambiente militar quando a
intenção é dizer que aquilo que foi verbalizado mas não foi registrado
não serve como prova em qualquer que seja a situação, portanto, tudo
aquilo que mereça apreciação deve ser formalizado para que realmente
possa existir.
Dedão também é dedo!
Frase usada pelos monitores e instrutores dos cursos de formação
militar quando querem advertir os alunos durante as aulas de ordem
unida, para que estes espalmem as mãos e mantenham seus dedos
unidos, de forma que o polegar não fique isolado dos demais dedos, pois
na posição de sentido ou no gesto da continência, as mãos devem ficar
espalmadas e os dedos devem ficar unidos.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Este dito castrense serve de advertência para aquele militar que
costuma censurar as ordens emanadas dos superiores hierárquicos, pois a
quem cabe a obediência, não cabe a discricionariedade de criticar ou
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
comentar de forma pejorativa as decisões de quem é competente para
emaná-las.
Palavras, o vento as leva.
Todos os atos da Administração Pública devem obedecer ao
princípio constitucional da formalidade, por isso, devem ser escritos,
pois se assim não se encontrarem, não podem ser provados.
Bombeiro é cupim de ferro.
Tendo em vista que os veículos e os equipamentos de bombeiros são
utilizados por várias pessoas e que cada uma tem sua característica
própria no manuseio destes bens, considera-se que estes são danificados
com mais rapidez, portanto, dizer que bombeiro é cupim de ferro se tra-
duz na capacidade de deteriorar precocemente aquilo que normalmente,
quando é de propriedade de apenas uma pessoa, tende a ter maior dura-
bilidade.
Dar um tiro no pé.
Provocar uma situação que resulte prejuízo ao próprio autor será
caracterizada pelos dizeres desta expressão. Dizer que o tiro saiu pela
culatra, ou seja, ao contrário do que se esperava, também tem o mesmo
significado.
Sempre atrás de um elogio vem uma cadeia.
No meio militar, é comum se ouvir que é muito mais difícil ser
elogiado do que ser punido, então, logo que alguém é elogiado ou recebe
uma condecoração, os colegas, sem pestanejar, soltam a expressão para
alertá-lo de que não deve se sentir tão lisonjeado, haja vista que a
qualquer momento a situação pode mudar e ele poderá passar do céu ao
inferno num pequeno espaço de tempo.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Quem não é visto não é lembrado.
Estar presente nas solenidades, nas comemorações, nos encontros,
nas reuniões faz muito bem a quem é visto nestas ocasiões, mesmo
porque quem não se faz presente corre o risco de não ser lembrado
numa situação em que dependa de um conceito favorável a uma
promoção, por exemplo.
Ingressar nas fileiras da Corporação.
Tal dizer significa ser admitido em concurso público para cursar
formação na Polícia Militar do Estado de São Paulo e fazer parte da
maior força militar da América Latina, composta por quase cem mil
homens e mulheres no serviço ativo, além de ter um contingente inativo
que totaliza quase o dobro destes militares, cuja situação lhes contempla
a reserva e a reforma.
Chorar no pau da bandeira.
Numa situação em que algum militar é surpreendido reclamando de
ordens, decisões de superior hierárquico ou escalas de serviço, é comum
o colega consolá-lo, dizendo: que lugar de chorar é no mastro da
bandeira existente na entrada dos quartéis.
A tropa é como um passarinho na palma da mão.
Um comandante deve tratar sua tropa de forma equilibrada, pois
esta é como um passarinho na palma da mão, caso seja apertado ele
morre e caso fique muito frouxo, ele voa.
O uso contínuo do cachimbo faz entortar a boca.
No regime militar, as atitudes definidas como incorretas devem
sofrer a correição necessária, haja vista que se não forem corrigidas de
pronto podem se tornar costumeiras, o que é prejudicial à hierarquia e à
disciplina, podendo se transformar em transgressões graves ou até em
crimes militares, portanto, esta frase serve de alerta.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Sou da casa.
Há situações em que os policiais, quando em trajes civis, são
abordados ou precisam se identificar a outros policiais que estão em
serviço e não os conhecem. Nestes casos, é comum o policial que está
em trajes civis dizer que é da casa, no intuito de se fazer entender que
pertence a mesma corporação dos policiais fardados.
A polícia é um mal necessário.
Quando um cidadão do povo reclama das intervenções policiais ou
então faz comentários depreciativos acerca delas, e estes fatos chegam ao
conhecimento de um policial, certamente o civil será advertido, pois faz
parte da cultura do povo brasileiro o fato de não gostar de ser
fiscalizado, mesmo quando está plenamente correto, mas, a fala é usada
para que ele entenda que se está ruim com a Polícia fazendo o trabalho
dela, pior estaria se ela não existisse.
Se vira velho, você não é quadrado!
Na medida em que os anos passam, nota-se que a forma de se tratar
um determinado assunto muda, neste sentido, o militar mais antigo
sempre considera que o militar mais jovem encara as tarefas a que está
submetido de maneira mais dificultosa, porque para eles, as mesmas
missões em épocas diferentes são enxergadas de forma diferente, haja
vista a evolução social e a intervenção do meio em que ambos vivem.
Não raras são as situações em que o militar mais moderno impõe
restrições ou então apresenta obstáculos para contestar a ordem do mais
antigo, sendo que neste caso, logo vem o desabafo e o militar mais
antigo ou superior hierárquico pronuncia a citada expressão para
demonstrar sua indignação perante a atitude do subordinado e fazer com
que ele cumpra sua tarefa sem reclamar.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
Marcar um palmo no mapa.
Expressão falada quando um militar é desafeto do seu comandante
ou então não está alinhado com os propósitos dele, na unidade em que
ambos trabalham. Neste caso a convivência não é harmoniosa, por isso,
é comum que o comandante solicite a transferência do comandado,
mesmo porque isto faz parte da discricionariedade daquele, quando do
cometimento de alguma falta justificada ou então, quando de uma
promoção, momento em que, às vezes, cabe ao comandante decidir o
destino do comandado. Por isso, marcar um palmo no mapa, significa
mandá-lo o mais longe possível da unidade em que presta serviço.
Na hora sai...
Sempre que uma operação, atividade comemorativa ou evento
importante estão sendo preparados para acontecer num quartel, os
militares responsáveis pela organização destes, em virtude da
responsabilidade, do comprometimento em fazer o melhor e da
preocupação em eliminar riscos, ficam um tanto quanto ansiosos, haja
vista os incontáveis detalhes a que devem prestam atenção para que tudo
transcorra na mais perfeita normalidade, então, um para tranquilizar o
outro diz que na hora o evento acontecerá, mesmo que algo dê errado.
Onde está escrito?
Tendo em vista que o administrador público deve ser extremamente
legalista e que seus atos devem ser consonantes com a previsão legal, ou
seja, qualquer ato de ofício de funcionário público deve estar previsto em
lei anterior aprovada para reger a atividade que este desenvolve, sempre
que uma ordem é dada ou assunto é comentado, de imediato vem tal
questionamento por parte daquele que desconhece a causa querendo se
interar para não incorrer em ilegalidade.
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
A Constituição pode ser Federal, mas o Boletim é Geral.
No meio militar, muitas atividades acontecem por força dos
regulamentos e pela imposição da superioridade hierárquica dos militares
sobre os seus comandados. Sendo assim, muitos desabafam dizendo que
o militarismo sobrepõe algumas leis e em tom de ironia dizem que o
texto constitucional fica submisso ao conteúdo dos boletins nos quais
são publicados os atos administrativos intracorporação. Tendo em vista
que tal periódico denomina-se: Boletim Geral, conclui-se a origem do
dizer.
Você foi pro caderno, velho!
Os cursos de formação militar são geridos por regulamento próprio
em que são previstas situações, às quais os alunos estão submetidos,
tendo em vista que estão sujeitos a um regime escolar diferenciado do
regime cotidiano dos quartéis. Tal regulamento prevê situações que
obrigam os alunos a um determinado condicionamento de postura que
estes levarão para toda a vida de caserna, situações estas como: fazer a
barba sempre que se fardar, manutenir os equipamentos que estão à sua
disposição; zelar pelos bens públicos, usar de camaradagem e espírito de
corpo para com os colegas, dentre muitas outras.
Ocorre que, quando um monitor ou instrutor de um destes cursos
surpreende um aluno transgredindo tais condutas, logo solta a expressão
querendo dizer que o aluno foi anotado no Caderno de Conduta, no
qual, um mínimo de duas anotações no mesmo código já é suficiente
para cassar a liberação do aluno no final de semana.
Paisano é bom, mas tem demais.
Certas situações profissionais devem ser mantidas em vigília
corporativista, de tal sorte que quando passam a ser do conhecimento de
pessoas estranhas ao meio específico, o uso incorreto deste
conhecimento pode causar embaraços a estas situações, mesmo que seu
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
usuário aja inconscientemente. Neste caso, ocorre um preconceito do
militar em relação ao civil, pois a citada fala traduz que se não fosse o
desconhecimento do civil não haveria o risco de que algo anormal
pudesse acontecer.
Qualquer macaco bem treinado faz.
No meio militar, comumente se ouve esta verbalização quando
algum comandante está prelecionando sua tropa e pretende incutir a
ideia de que sua orientação pode ser facilmente colocada em prática se o
executante agir com o mínimo de discernimento. Esta fala não tem o
cunho pejorativo de comparar o homem ao animal, mas sim, de fazer
com que ele entenda que a pequena complexidade da ação a ser
executada, aliada a sua grande capacidade de resolver conflitos sociais,
fará com que tudo ocorra a contento.
O passaralho está solto.
Reza a lenda que um pênis dotado de asas voa pelos quartéis
quando algo dá errado e os comandantes ficam enfurecidos, ou seja,
saem despejando seus descontentamentos e os depositam sobre o pri-
meiro militar que porventura venha trazer novos problemas. Nesta situ-
ação, é conveniente que todos os militares se protejam encostando suas
partes traseiras nas paredes, evitando surpresas desnecessárias, ou seja, se
a situação não está boa, melhor se proteger.
Barata viva não dá banda em galinheiro.
Este dizer simplório é usado nas preleções e nas orientações dadas
aos comandados no momento que antecede uma operação policial,
quando o comandante quer transmitir uma mensagem de precaução. A
barata é presa da galinha, então se ela esmorecer será capturada pela sua
predadora. Neste sentido, o ditado tem cunho educativo, cuja pretensão
é direcionar exatamente os passos e os caminhos a serem seguidos para
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Dicionário da Linguagem Castrense – Ademir Antonio Minani
que a missão alcance os objetivos almejados com a segurança que o caso
requeira.
Vai dar novidade!
Quando o militar quer dizer que alguma atitude ou conduta
procedida anteriormente corre o risco de se transformar em transtorno,
ou seja, gerar problemas inesperados e reações contrárias ao resultado
pretendido, costuma usar tal fala ou então, que "vai dar B.O ." (Boletim
de Ocorrência), para expressar sua preocupação, porém, no mesmo
sentido linguístico da fala anterior. Já nos quartéis de bombeiros, além
destes dizeres, nota-se o uso de um terceiro falar: "vai dar ferragem ",
pois situação embaraçosa para bombeiro é uma ocorrência com vítima
de acidente de trânsito em que pessoas ficam presas entre as ferragens,
sendo assim, considera-se preservado o significado linguístico deste falar
perante os dois dizeres anteriores.
Aos amigos a lei, aos inimigos o rigor da lei.
Este linguajar normalmente é usado em tom de descontração e no
momento em que seu autor encontra-se numa posição que lhe permite
ou então, que exige dele a necessidade de aplicar sanções aos seus
comandados ou às pessoas fiscalizadas por ele. Com isso, o militar como
bom cumpridor de leis que é, deixa claro como será sua postura frente às
questões que passarão pelo seu julgamento.
Quem escolhe mal, recebe mal.
Este ditado é frequentemente falado entre os militares que traba-
lham nos setores financeiros das unidades. Ocorre que sempre há
reclamações quanto à disparidade dos bens solicitados e os que são
recebidos no setor público, mas, isto acontece porque nem sempre, o
servidor que solicita que um determinado material seja adquirido, se
preocupa em especificá-lo para exigir que seja entregue aquilo que
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realmente ele quer receber, então, as queixas recaem sempre sobre os
profissionais que militam na área de compras e estes, sem pestanejar,
usam tal fala para se justificarem e transferir a responsabilidade sobre
algo que deu errado para quem realmente deu causa ao ocorrido.
Quem parte, reparte e fica com a melhor parte.
Comumente se ouve este ditado nos setores de logística das
unidades, haja vista que os profissionais que servem na área detêm o
poder sobre os materiais e equipamentos adquiridos para serem
distribuídos. Como não é possível atender aos anseios de todos, os
insatisfeitos tecem comentários acerca de que para quem milita na área
não faltam os itens como: fardamento, material de escritório, calçados e
outros itens afins, momento em que a oração acima exposta é declamada
de imediato.
Dar murro em ponta de faca.
Esta fala serve como conselho ao militar que insiste em contrariar as
normas ou então os costumes, pelos quais, são regidas as corporações
militares. Acontece que muitas vezes, os militares são contrariados por
estar fazendo aquilo que não gostariam, por ter em mente que a sua ideia
é a que deveria prevalecer e não a de seu comandante. Neste caso, pode
vir a ocorrer críticas e os dissabores serão inevitáveis, haja vista que o
prejuízo sempre ficará com quem está desprovido de razão, então, pode-
se concluir que dar murro em ponta de faca significa insistir no erro.
Contra a força não há argumentos.
No regime militar, muitas vezes ocorre que o superior faz valer sua
vontade mesmo que esta esteja contrariando o planejamento
corporativo. Após vários anos cumprindo determinações, chega o dia em
que ele terá voz e vez, então este é o momento de colocar em prática
suas convicções acerca de tudo aquilo que viveu ao longo da carreira.
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Neste momento, o militar na função de comando, quer deixar as marcas
de sua passagem pela unidade em que comanda, portanto, a vontade dele
irá prevalecer mesmo que esta contrarie os pensamentos dos militares
comandados.
Entrar na Força para não fazer força.
Algumas décadas atrás, a Polícia Militar chamava-se Força Pública
do Estado de São Paulo e nela ingressavam pessoas com criação e vida