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E-book220 páginas2 horas

Anima Mea

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Sobre este e-book

Um Eremita em crise pede abrigo em um mosteiro perdido no tempo e no mundo. Acolhido lá, passa a ter experiências místicas na forma de diálogos com personagens femininas, as Papisas. Elas são figuras históricas ou anônimas que levam o Eremita a uma viagem para dentro de sua própria alma e nos fazem refletir sobre assuntos profundos e diversos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de mai. de 2019
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    Anima Mea - Artur Amorim

    Anima mea

    Aalma do Eremita revelada

    Artur Amorim 2

    Anima mea

    Anima mea

    Aalma do Eremita revelada Artur Amorim

    Edição: Robson Gonçalves

    Primeira Edição Edição do Autor São Paulo, 201 9

    3

    Artur Amorim

    Capa: Composição livre a partir de imagem da abadia de Saint Pierre de Moissac.

    Demais ilustrações: Composições livres a partir dos tarôs de Marselha de Jean Dodal, Etteilla e Waite.

    4

    Anima mea

    Gerard Dou (1613-1675): Um santo eremita lendo um livro 5

    Artur Amorim 6

    Anima mea

    À Professora Marisa de Lourdes Silva Bueno (1964- 2009) Saudades.

    7

    Artur Amorim 8

    Anima mea

    Em todo o caos existe um cosmos, em toda desordem, uma ordem secreta .

    Carl Gustav Jung

    "Os junguianos descobriram que, em cada homem , existe uma subpersonalidade feminina chamada Anima , formada pelos arquétipos femininos ..."

    Robert L. Moore

    9

    Artur Amorim 10

    Anima mea

    Glossário dos Arcanos Maiores do Tarô

    Observação: As últimas palavras de cada verbete, em itálico, referem-se ao lado sombra de cada Arcano .

    0. Louco: Liberdade, inocência, ingenuidade, alegria, desapego, inconsequência, credulidade .

    I. Mago: Início, ação, criatividade, habilidades múltiplas, manipulação, charlatanice, enganação .

    II. Papisa (Sacerdotisa): Sabedoria, conhecimento, intuição, oculto, mediunidade, frieza .

    III. Imperatriz: Fertilidade, generosidade, capacidade de realização, criatividade, amor, luxúria, futilidade .

    IV. Imperador: Poder, força, segurança, liderança, autoritarismo, despotismo .

    11

    Artur Amorim

    V. Papa: Conhecimento, conservadorismo, comunicação, respeito, tradição, preconceitos, tabus .

    VI. Enamorados: Amor, necessidade de decisão, atração, escolha difícil, adultério, ciúme, falta de afeto .

    VII. Carro: Energia, progresso, movimento, ação, orgulho, prepotência, negligência com relação a riscos .

    VIII. Justiça: Equilíbrio, resolução de conflitos, praticidade, inflexibilidade, frieza, demora na decisão .

    IX. Eremita: Reclusão, solidão, sabedoria, força espiritual, busca interior, atraso, velhice, comportamento antissocial . X. Roda da fortuna: Destino, sorte, reencarnação, mudanças, falta de sorte, atrasos, imprevisto indesejado .

    XI. Força: Sutileza, força mental e espiritual, domínio, controle, fraqueza de vontade, força desmedida , brutalidade.

    XII. Enforcado: Sacrifício, estagnação, espera, sublimação, vítima, abandono, imobilismo .

    XIII. Morte: Transição, mudança abrupta, fim, apego, perda, imobilidade diante da mudança .

    XIV. Temperança: Conciliação, tranquilidade, equilíbrio entre opostos, interação, hostilidade, ambiguidade, lentidão .

    12

    Anima mea

    XV. Diabo: Desejo, sedução, instintos, vício, egoísmo, ganância, materialidade .

    XVI. Torre: Fim provocado por força externa inesperada , mudança, surpresas, fatalidade, acidente, punição, divórcio . XVII. Estrela: Esperança, fé, visão voltada para o futuro, expectativa, ceticismo, tristeza, ingenuidade .

    XVIII. Lua: Influência magnética, sonhos, intuição, fecundidade, fantasia, medo, depressão, instabilidade emocional, ansiedade .

    XIX. Sol: Alegria, luz, sabedoria, evolução, estar protegido dos perigos, mesquinharia, negligência, insatisfação .

    XX. Julgamento: Renovação, libertação, recomeço, encontrar a verdadeira essência, indiferença, frieza, demérito .

    XXI. Mundo: Felicidade, triunfo, superação, sucesso, plenitude, insucesso, inércia, preguiça .

    13

    Artur Amorim 14

    Anima mea

    Conteúdo

    Glossário dos Arcanos Maiores do Tarô .................................... 11

    Agradecimentos................................................................................... 17

    Prefácio do autor................................................................................. 19

    1. A Primeira Incursão ...................................................................... 29

    2. O Inferno em Nós.......................................................................... 47

    3. A Fonte do Saber........................................................................... 57

    4. O Brilho da Estrela........................................................................ 67

    5. O Sol nasce no Oriente............................................................... 79

    6. O Pendurado.................................................................................... 91

    7. A Lunação....................................................................................... 107

    8. O Tesouro da Abadia.................................................................. 117

    9. O Alquimista .................................................................................. 129

    10.O Mago, Sacerdote do Passado ........................................... 141

    11. À Sombra da Torre................................................................... 153

    12. O Carro do Progresso.............................................................. 175

    13. A Doce Morte.............................................................................. 193

    14. A Rosa............................................................................................ 207

    15. Pobre Mundo............................................................................... 215

    16. A Força da Narrativa ............................................................... 231

    17. O Cosmo: dentro e fora de nós.......................................... 243

    Posfácio ............................................................................................... 263

    15

    Artur Amorim 16

    Anima mea

    Agradecimentos

    A presente obra tem um caráter de reflexão pessoal e de busca por autoconhecimento. Mas seus méritos não seriam os mesmos sem um conjunto de pessoas que, de alguma forma, estimularam ou participaram diretamente do processo criativo. A elas, quero agradecer de coração.

    Ao meu primeiro leitor e colaborador na edição desse livro, velho amigo de andanças existenciais, Robson Ribeiro Gonçalves. Por longos dez anos ele clamou, insistindo para que eu colocasse no papel minhas ideias, minhas angústias e esperanças. Depois de muito tempo e de muita paciência da parte dele e das papisas, eis o pequeno-grande trabalho concluído!

    17

    Artur Amorim

    Quero lembrar carinhosamente meus amigos professores, companheiros de tertúlias e de adoração a Enki, deus sumeriano mentor da criação da cerveja. Saúde!

    Um agradecimento especial a meu irmão André e ao Manoel (Manu das Letras). Também lembro Tadeu, Rodrigo e Aurora, companheiros de muitas greves (cervejadas ), ultimamente um tanto abusivas. Com todos eles, encontro justificativa para nossas prazerosas tertúlias na máxima antiga grega dionisíaca: Da água, nada se produz de sábio.

    Não poderia deixar de citar meus companheiros de luta da EMEF Capistrano de Abreu, escola de periferia do Itaim Paulista em São Paulo. Verdadeiros Eremitas como eu. Com coragem, carinho e prazer espalhamos a pequena luz de nossas lanternas de conhecimento, oferecendo ao povo carente do bairro oportunidades de esclarecimento. O trabalho é duro, mas nos divertimos demais. A vocês, camaradas, um caloroso abraço.

    E assim, convido a todos vocês e aos demais leitores que tiverem a coragem necessária caminharem comigo nas páginas a seguir, trilhando as veredas de minha alma eremita emcompanhia das papisas, de seu mistério e de sua sabedoria.

    18

    Anima mea

    Prefácio do autor

    Caros amigos leitores.

    Vivemos tempos líquidos. Opiniões e valores se amoldam às conveniências de cada momento como a água se acomoda sem dificuldade dentro de qualquer recipiente. Essa é a imagem expressiva sugerida pelo sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017). Como consequência, as estruturas sociais do mundo atual desmoronam de maneira dramática. Se, como dizia Marx, tudo o que é sólido se desmancha no ar, o que dizer das bases líquidas de nossa sociedade? Todas as formas de relações sociais são frágeis em nosso mundo pós-moderno ; tudo está comprometido por este esfacelamento. A té

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    Artur Amorim

    mesmo as expressões criativas recusam padrões e normas , adaptando-se às conveniências e modismos de cada estação; o referencial estético praticamente já não mais existe em uma sociedade em que tudo é arte, mas toda a criatividade está a serviço do consumo .

    Como consequência dessas bases líquidas, moldáveis e sempre provisórias, a humanidade é tragada por uma tormenta, agitada e inconstante; e nesse moinho, vidas, individual e coletivamente, são trituradas. Dói saber que a maioria dessas vítimas não tem consciência do processo, não compreende o drama, sendo conduzida bovinamente por uma correnteza de incertezas e de pós- verdades.

    O mundo está em crise; difícil não admitir. E aqueles que têm alguma noção da dimensão dessa tragédia humana sofrem duplamente, horrorizados diante de um mundo desorientado, sem norte.

    Nesse movimento, por mais que seja dotado de inteligência e racionalidade, o ser humano ainda se vê frente a sua natureza animal, provido de instintos primordiais para sua sobrevivência. Por isso, cada ser, consciente ou não desse drama existencial, procura uma forma de refúgio ou abrigo para se proteger frente às transformações do mundo ao seu redor que ocorrem com a velocidade acelerante da tecnologia. Cada qual a seu modo, as pessoas inventam formas criativas de proteção, tentando escapar da roda do moinho que ameaça tritura-las. E essa é a essência desse

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    Anima mea

    livro: uma tentativa de manter a sanidade em meio à tormenta pós- moderna.

    Nas páginas que se seguem, o leitor irá compartilhar minha busca por abrigo na escrita, uma tentativa quase onírica de entender o mundo a partir do patrimônio de conhecimento adquirido por mim até o presente momento. Esse não é um trabalho fácil. Tendo atingido a marca

    de quase cinquenta anos de existência, olho para trás e penso que o que foi adquirido nessa longa jornada ainda é insuficiente. Mais ainda, para que pudesse chegar às reflexões que compartilho aqui, tive que abdicar de ideias cristalizadas, velhos modelos mentais aos quais já fui apegado atavicamente. A liberdade de pensamento com relação àquelas ideias foi uma conquista difícil e lenta .

    O doloroso, leitores amigos, é constatar que ess e processo de autoconhecimento não tem fim: é contí nuo. Para quem já acreditou que se aproximava dia a dia da verdade, reconhecer a dimensão da eternidade foi um golpe duro. Nada é perene, tudo se transforma. E isso inclui nosso entendimento de nós mesmos e do mundo.

    Mas, apesar dessa dor, desse desapontamento provisório, há um ponto positivo e capaz de gerar um sentimento de extrema felicidade naquela constatação: esse movimento incessante conduz a uma sensação real de libertação, pois nos coloca continuamente frente a novas perspectivas e a novas conquistas potenciais, vitórias

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    Artur Amorim

    sucessivas sobre nossa própria auto ignorância. É um desejo inconsciente do qual nos apropriamos, um impulso de procurar a contínua elevação da alma ou do espírito que nos anima, sem que vejamos jamais a meta, mas tão somente o caminho em uma espiral para cima. Tudo se assemelha, assim, a uma viagem num pequeno balão; para subirmos a alturas ainda maiores é necessário jogar os lastros que impedem esse intento e insistem em nos manter próximos das velhas referências, das velhas âncoras. O desafio para a elevação é jogarmos esses lastros para fora do cesto, reconhecermos o apego a ideias-âncora que nos impedem de seguir em voos ainda mais altos. E dentre esses pesos, essas âncoras repletas de ferrugem, pesam muito as mazelas humanas que cultivamos em nossas múltiplas existências na matéria: o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a temeridade, a indolência, a indiferença, a comodidade, a arrogância e tantas outras! Lançá-los para fora exige esforço, desapego, coragem.

    E a dimensão desse esforço se torna ainda maior em um mundo marcado pela busca de comodidades e facilidades, a adaptação líquida às circunstâncias e aos modismos que a tecnologia ajuda a difundir na cultura pós - moderna cujo grande fórum e o grande mercado é a Internet.

    Conhecer e buscar a luz do autoconhecimento é uma tarefa ofuscada por todas essas facilidades que lançam as pessoas em um mundo fake no qual a compreensão de s i mesmo não é valorizada. Tudo é fácil, diriam nossos

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    contemporâneos, defensores das benesses da pós - modernidade. Se alguém não gosta de algo ou de outra pessoa, basta deletar, excluir, bloquear.

    O elemento paradoxal desse mundo de facilidades é, em parte, decorrência da velocidade com que as informações são dispostas, surgem, são absorvidas e se tornam inúteis. A grande questão deveria ser a busca de saber quais dessas informações procedem de fonte confiável e são, de fato, verídicas. Mas, a busca desses fundamentos exige referências, conhecimento, valores, todos elementos escassos em tempos líquidos. Por isso, o esforço demandado para utilizar esses filtros é ainda maior hoje em dia, pois vai na contramão das bases frágeis e inconstantes da sociedade. Quem vai querer se esforçar em um mundo de facilidades? E essa indolência da maioria retroalimenta o moinho de pós-verdades que tritura estruturas, relações humanas e até mesmo vidas. Carvão nas fornalhas de um grande transatlântico que nos leva direto para o vazio, embriagados de pós- modernismos.

    Oleitor amigo poderia perguntar aonde quero chegar com essa visão tão crítica... A resposta não é trivial.

    Nesse mundo líquido há uma enxurrada de obras literárias de todo tipo e muitas delas fazem sucesso apesar de seu caráter duvidoso. A boa fé dos leitores, uma credulidade cega diante do que se lê, o resultado daquela tentativa inconsciente de sobrevivência, faz com que milhões de pessoas se atirem a esses conteúdos como se

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    Artur Amorim

    fossem bens de consumo, pílulas mágicas oferecidas à multidão sem que seu conteúdo tenha bases minimamente sólidas. A informação emgeral se tornou algo consumível de acordo com o gosto ideológico e a crença de cada leitor sem que estes tenham consciência da falta de fundamentos ou das intenções de quem gera essa mesma informação. Esse é um campo fértil para os espertalhões, autores de best - sellers que, oferecidos à boa-fé alheia, tornam-se grandes fontes de dinheiro, notoriedade e evidência. Somente lamento que a maior vítima destes charlatões literários seja o próprio conhecimento sério e fundamentado que acab a não tendo apelo para as multidões .

    Pensando com meus botões, concluí que, se essa gente de gosto duvidoso e interesses mesquinhos consegue escrever, então por que eu não poderia? Por que uma pessoa séria, de boa-fé e profissional da educação não pode expressar suas ideias e sentimentos escrevendo ?

    Acredito, amigos leitores, que seja o momento da razão e do bom senso reagirem à avalanche de picaretagem que nos cerca. E o que eu posso oferecer no momento é o compartilhamento de experiências e reflexões que reuni vagando pelo meu próprio mundo interior, explorando o que encontrei atrás de várias portas que se abriram, dando acesso a meu inconsciente, portas abertas por meio do estudo do tarô. Se a experiência foi tão boa para mim, tão reveladora, por que não poderia auxiliar de algum modo os possíveis leitores ?

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    Confesso, amigos, que tudo surgiu de forma espontânea e num encadeamento quase improvável e progressivo de circunstâncias e ideias, mesclado com vários conhecimentos adquiridos ao longo de minha existência presente. Quando dei por mim, os textos estavam sendo escritos e um livro começou a surgir.

    Outra coisa a salientar é que, se as estruturas sociais e as relações estão se liquefazendo, então por que não escrever de maneira criativa, subvertendo de forma imaginativa as normas da Física e da própria temporalidade no campo da ficção? Usar imagens oníricas em um processo criativo não seria válido, mesmo para uma finalidad e positiva? Claro que sim! Tantos já fizeram o mesmo!

    Mas é preciso dizer que, para que uma ideia tome a forma de texto, de narrativa, é necessário um mote. Há muitas pessoas, em sua busca de refúgio e proteção frente ao moinho da pós-modernidade, que procuram retiros

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