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Manual De Defesa Da Fé Católica
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E-book545 páginas6 horas

Manual De Defesa Da Fé Católica

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Sobre este e-book

Após a ruptura causada pela reforma protestante, através dos séculos, a cristandade se tornou cada vez mais frágil, abalada não apenas pelo encolhimento da espiritualidade, mas também pela dissipação de mentiras de teor anticatólico, não oriundas somente daqueles que veementemente não creem, como também daqueles que creem nas vertentes cristãs que não seguem verdadeiramente os ensinamentos deixados por Cristo, seus apóstolos e pela própria Bíblia. Diante dos ataques que a Igreja Católica vem sofrendo nos últimos tempos, Érick Augusto Gomes, que passou pela experiência de conversão do protestantismo para o catolicismo, vem em defesa e fortalecimento da fé católica, aquela que está embasada nas Sagradas Escrituras e unicamente, desde o início até hoje, na Tradição da Santa Igreja. O Manual de Defesa da Fé Católica não vem “confrontar” as vertentes anticatólicas, vem puramente desqualificá-las; seu papel é mostrar, através de provas históricas e escriturísticas, aquilo que a Igreja defende desde sua fundação: a única e genuína fé. Isso, por si só, é deixar a veracidade às claras. Não há contra-argumento que se sobressaia à verdade. “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo.” (Ef 4,5)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de mai. de 2019
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    Manual De Defesa Da Fé Católica - Érick Augusto Gomes

    Estamos numa época que os estudiosos denominaram como pós-moderna, e neste período de tempo a fé católica vem sendo atacada de diversas formas: seja pelos meios de comunicação, pelos protestantes (evangélicos), ou até pelos ateus. Neste contexto temporal, uma obra que venha defender a Igreja deve ser valorizada e tem relevante importância no aprofundamento do conhecimento dos fiéis e de todo o povo de Deus.

    A apologética, a defesa da fé, é fundamental, como nos diz São Pedro: Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança (1 Pd 3,15). O autor, através de diversos textos, expõe ao cristão católico as razões fundamentais das nossas crenças, que é nossa esperança de salvação e de vida eterna. É a fé que devemos defender, como os mártires defenderam com seu sangue em fidelidade a Jesus Cristo. Compreender as razões fundamentais daquilo que cremos nos ajuda cada vez mais a entender nossas concepções e a aprofundar nossa vida espiritual. Sempre devemos buscar a plenitude da vida cristã e o aprofundamento da doutrina que o próprio Jesus confiou à sua Igreja, seja pela Sagrada Escritura ou pela Tradição.

    A presente obra pretende ser como um manual para o fiel católico, orientando-o pelo caminho apologético, sempre apontando para a verdade. A obra tem por função ajudar a sanar as principais dúvidas relacionadas à Sagrada Escritura e ao ensinamento da Igreja.

    Quando podemos ter em nossas mãos um livro como este, que agora você poderá ler, percebemos que realmente a Igreja, mesmo nos tempos de penumbra, continua caminhando através da luz e da assistência do Espírito Santo. Mesmo nestes tempos de incerteza, a defesa da fé se faz presente e mostra as razões por que devemos crer em Deus, em sua Palavra e na Igreja. Nestes momentos tão conturbados relacionados à incompreensão e à dúvida em relação à doutrina, a nossa esperança se renova quando vemos uma iniciativa literalmente católica que aponta a verdade, que nos leva para a vida espiritual e para a vida plena (Cf. Jo 10,10). Isso renova nosso ardor evangélico e missionário, seguindo o Cristo e o anunciando até os confins da Terra (cf. Mc 16,15).

    Duas frases interessantes e relevantes de Dom Estevão Bettencourt, monge beneditino, um dos maiores teólogos brasileiros, que transcreverei a seguir de forma integral, podem retratar bem a realidade dos escritos aqui depositados. A primeira diz assim: Porque, se é verdade que ninguém ama o que não conhece, também deve ser verdade que alguém tanto mais amará a Deus o quanto mais O conhecer. Assim, para amar e defender as verdades professadas pela Santa Igreja, devemos conhecer seus ensinos. A partir daí poderemos amar cada vez mais a doutrina e, de fato, fazer a apologética da fé. Uma segunda frase de Dom Estevão que também representa muito bem o significado dessa obra para os cristãos católicos diz assim: Todo cristão deve ter interesse em aprofundar aquilo que processa, principalmente em nossos dias, quando tantas propostas religiosas o interpelam. Sem dúvidas, várias propostas se apresentam em nosso tempo como verdades, porém a única fé que resistiu a perseguições, a impérios poderosíssimos e a tantos momentos históricos obscurecidos pela presença do mal, foi a fé católica. Por mais que existam outras maneiras de viver como cristão, a única que nunca será confundida é a proposta católica. Se interpelarmos nossa crença, encontramos a verdade, e, amando-a, saberemos, com a luz do Espírito Santo, defendê-la para sempre.  Tenho certeza de que este livro irá propor ao leitor as bases para o conhecimento da doutrina e de sua defesa.

    O autor desta obra apologética é ex-protestante que se converteu ao catolicismo há alguns anos (30 de março de 2013). É exímio estudante da patrologia (estudo dos pais da Igreja, aqueles que desenvolveram as primeiras reflexões sobre a nossa fé e a defenderam) e de diversos outros temas relacionados à ciência teológica.

    Deixo aqui, ao meu amigo pessoal e irmão em Cristo, Érick Augusto Gomes, meu sincero agradecimento pela estima e amizade e pela honra de poder fazer parte desta obra, escrevendo esta parte do livro.

    Desejo a você, leitor que percorrerá essa obra, uma boa leitura, e que o Espírito Santo o ilumine.

    Júnior César Monteiro

    Bacharel em Teologia Católica

    Defender aquilo que se crê, atualmente, é um desafio um tanto quanto problemático. A sociedade vigente está distanciando-se da verdade vagarosamente, e a Igreja Católica, que outrora sustentou a civilização ocidental, agora tem sido objeto de esquecimento. A Igreja dos mártires, dos escritores, dos apologistas, a Igreja dos escolásticos. A Igreja que manteve a literatura através dos monastérios, que alavancou a arte através de suas belíssimas catedrais e de suas infindáveis obras artísticas, a Igreja que educou os bárbaros e sustentou impérios através do Cristo. A Igreja que através de homens e mulheres santos possibilitou avanços científicos em inúmeras áreas e que foi responsável direta pela fundação de inúmeras universidades medievais. Essa fé, essa Igreja, hoje foi esquecida e tem sido objeto de vilipêndio secular. Nesta ânsia de dar a razão da nossa esperança (1 Pd 3,15), surge o Manual de Defesa da Fé Católica.

    Sou converso e fui recebido na Santa Igreja Católica no ano de 2013. Desde então, senti a plena necessidade de defender e difundir os ensinos da sagrada fé para todos aqueles que estivessem abertos à verdade. Ora, se eu tive a oportunidade de descobrir um novo antigo mundo, por qual motivo não poderia conceder tal possibilidade a muitas outras pessoas que estivessem sedentas da verdade? O protestantismo está ruindo, e a tendência de que boas almas se percam por veredas pouco cristãs é grande. O ateísmo afasta a crença no divino e outras seitas anticristãs procuram promover um conceito que foge da moral cristã. Só Cristo é Rei, só Ele ressuscitou. Dessa forma, decidi iniciar uma caminhada apologética a fim de revelar verdades já reveladas pela Escritura e Tradição, ambas interpretadas pelo Sagrado Magistério.

    Nos últimos anos, através do apostolado Accatólica, uma grande variedade de textos foi produzida, estando entre eles:

    Espirituais: reflexões sobre a fé;

    Patrísticos: artigos com conteúdo relacionado aos primeiros padres da Igreja;

    Refutações: textos que defendem a fé católica contra ataques infundados;

    Apologéticos: textos que defendem a fé através da perspectiva católica;

    Bíblicos: artigos que afirmam a canonicidade dos livros deuterocanônicos;

    Catequético: reflexões sobre o purgatório, comunhão dos santos, imagens e papado;

    Variados: artigos sobre o celibato, missa e conteúdos históricos.

    Dentre tantos artigos, de alguns você poderá desfrutar nesta obra apologética, que traz ao leitor um trabalho realizado com empenho, carinho e fé. Percorra todos os textos deste livro e aprenda a defender a fé como um grande soldado de Cristo.

    Jesus Cristo diz: "Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor concederei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu também venci e estou sentado com meu Pai em seu trono." (Ap 3,20-21) Esteja disposto a amar o Cristo e defender a Igreja deixada por ele (Mt 16,18 e 1 Tm 3,15). Ao vencedor será dada a coroa da vitória!

    "Sobretudo se o Senhor me revelar que cada um e todos em conjunto, na graça que provém do seu nome, vos reunireis na mesma fé em Jesus Cristo da descendência de Davi segundo a carne, filho de homem e filho de Deus, para obedecer ao bispo e ao presbitério, em concórdia estável, partindo o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre."

    (Sto. Inácio de Antioquia; Aos Efésios 20,2)

    No dia de São Marino e Astério, em Cristo Jesus,

    Érick Augusto Gomes

    TESTEMUNHO DO AUTOR DO LIVRO – EX-PROTESTANTE – E FUNDADOR DO APOSTOLADO ACCATÓLICA

    Ef 4,5 Um só Senhor, uma só fé, um só batismo.

    Graça e paz da parte de Jesus Cristo, nosso Senhor!

    Sou Érick Augusto Gomes e gostaria de partilhar com todos vocês como sucederam os acontecimentos que culminaram em minha conversão à Igreja Católica. Todo processo de mudança é duro e, na maioria das vezes, difícil, porém, se cremos e confiamos que é o Cristo que nos dá o dom da vida e nos preenche com a sua sabedoria, temos a certeza de que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8,28).

    E é esse Deus que trabalhou em minha vida de diversas formas, e todas elas contribuíram para que eu chegasse à Igreja do Senhor.

    Costumo dizer que nasci Cristão: me converti ainda no seio da minha família e fui batizado na Igreja de São João Batista em Jundiaí/SP, já que meus pais, embora desconhecendo a própria fé, iniciaram-me na Igreja Católica. Minha mãe costuma dizer-me que, quando eu era criança e ela levava-me ao centro da cidade, era normal que chorasse. Eu era muito pequeno, e a única forma de fazer com que eu parasse era entrar no Mosteiro de São Bento. Ali, dizia ela, meus olhos inocentes olhavam para todos os lados do templo, para todos os vitrais, todas as imagens e, assim, eu me acalmava. Depois de muitos anos, verdadeiramente eu iria entender o que esse sinal seria em minha vida.

    Até os meus sete anos de idade cresci dentro da Igreja Católica. Meus pais eram assíduos nas missas, porém, em 1996, por influência de uma vizinha, minha mãe passou a frequentar uma comunidade chamada Quadrangular e, embora meu pai inicialmente tivesse repudiado a ideia, depois de algum tempo passou a frequentá-la também. Assim, converteu-se e, dessa forma, eu, como criança, passei a me ingressar dentro da comunidade protestante. Minha infância foi vivida dentro das igrejas evangélicas. Apesar da Quadrangular ter sido a primeira comunidade que meus pais passaram a frequentar, um ano após o descobrimento da nova fé, os mesmos foram para o CCC (Centro Comunitário Cristão) e, por fim, à Igreja Presbiteriana do Brasil. Quando digo que nasci cristão, é porque de fato, desde o início da minha vida, aprendi a amar, adorar e entender o mistério da gloriosa salvação de Jesus Cristo através de sua piedosa cruz. Embora não me desse conta de que o fator da verdadeira Igreja fosse primordial para que entendesse a história cristã, sendo assim, cresci repudiando tudo aquilo que pensava ser o catolicismo, pois as pessoas com quem convivia foram ensinadas a não gostar da fé cristã católica.

    Dentro da Igreja Presbiteriana eu era um membro ativo: participava do grupo dos jovens, ia a encontros presbiteriais e participava do ministério de louvor da Igreja. Estudava a bíblia, admirava Calvino, e a todo custo tentava converter aqueles que não participavam da mesma fé que a minha. Mesmo sendo muito novo, eu já possuía uma opinião própria. De fato, eu tinha aversão ao catolicismo. Suas imagens e a devoção à Virgem faziam com que eu anunciasse sua idolatria.

    Em 2005 tive a oportunidade do primeiro emprego. Na época, foi o primeiro auge da minha vida profissional e pessoal. Estava na igreja, tinha comunhão com a fé verdadeira e ainda por cima desfrutava do primeiro trabalho. Com 16 anos, entrei em uma empresa que fabricava portas – era um serviço de carpintaria. Um trabalho digno, afinal era o mesmo ofício de Nosso Senhor. Lembro-me do primeiro dia no emprego novo e da minha felicidade por saber que praticamente todos os trabalhadores dali eram protestantes. Fiquei muito feliz porque ali seria um local de aprendizado e crescimento na fé. Entretanto, eu nem imaginava que essa convivência afetaria drasticamente a minha opinião e me tiraria da minha zona de conforto.

    Eu era presbiteriano, logo, tradicionalista, isto é, tinha problemas com pentecostais. Tinha certeza daquilo em que acreditava, mas isso nem sempre era igual ao que os outros pensavam. No meu setor trabalhavam dois membros da Congregação Cristã do Brasil, quatro assembleianos, um adventista, dois batistas, outros dois que frequentavam uma comunidade chamada Fogo Divino e uma testemunha de Jeová. Ali, no meio de tantas denominações diferentes, passei a me confrontar com alguns problemas, ao ponto dos assembleianos pensarem que a presbiteriana fosse uma seita, por acreditar na predestinação e por batizar crianças. Confesso que, ao deparar-me com tantas crenças diferentes, passei a ter certa dor de cabeça, já que nem sempre falávamos a mesma coisa. Os assembleianos e o pessoal do fogo divino defendiam a oração em línguas, mas tanto eu quanto os batistas dizíamos que, se não houvesse a devida interpretação, não poderia se falar o amém. Os congregacionais e assembleianos diziam que, para ser aceito verdadeiramente, o crente deveria ser batizado no Espírito Santo, mas o restante dizia que apenas ser batizado nas águas, com a fórmula necessária (Pai, Filho e Espírito Santo), era válido. Contudo, os congregacionais afirmavam que o batismo deveria ser primeiro em nome de Jesus Cristo. O adventista vivia dizendo que não comia carne de porco porque o animal era impuro, que o sábado era o dia do Senhor e que depois da morte a alma morria. O restante, entretanto, discordava da sua posição. Eu sempre dizia que o livre arbítrio não existia, apenas a livre agência, mas a maioria pensava que a minha doutrina era errada, assim como sempre diziam que batizávamos crianças e os pentecostais achavam isso um absurdo, ou talvez por saber que os protestantes históricos batizam por aspersão, e por pensarem que a verdadeira conversão deveria ser concretizada de corpo inteiro dentro das águas. Isso ainda se somava à crença do testemunha de Jeová de dizer que Jesus Cristo não era Deus. Havia dias em que os assembleianos, mais rígidos com relação a vestimentas, diziam que as outras assembleias mais liberais erravam por permitirem mulheres de calça. Outro fator que era motivo de contenda era o fato de que batistas e presbiterianos não possuem um culto avivado, e isso era um dos grandes questionamentos dos pentecostais, que sempre perguntavam se, de fato, o Espírito Santo ali habitava. Grandes dúvidas também surgiam pelas questões históricas que envolvem a maçonaria junto da Igreja Presbiteriana no Brasil. De qualquer forma, vários são os exemplos das mais diversas divisões protestantes, e eu posso dizer claramente que tive o prazer de verificar uma a uma em um curto prazo de dois anos.

    Contudo, essa série de desavenças fez com que despertasse em mim um desejo de aprender sobre a religião que tanto criticava: o catolicismo romano. Embora não suportasse suas doutrinas (mesmo não as conhecendo), resolvi amolecer meu coração e entender ou pouco dessa que era a profissão de fé mais estranha aos meus olhos. Ainda me lembro de que, na época, busquei o máximo de informações que queria. Foi quando, através de uma comunidade do Orkut, descobri um ambiente de católicos que defendiam sua fé. Em um primeiro momento, não suportei uma série de argumentos que muitos ali utilizavam. Sendo assim, iniciei vários debates, porém, conforme lia cada texto postado, ia descobrindo que havia alguma coisa errada com a concepção que eu tinha de cristianismo. No geral, eu tinha dúvidas sobre o uso de imagens, a intercessão dos santos ou por que a Igreja tinha tanto amor por Maria. Inicialmente, colhi o que conseguia através das redes sociais, contudo, conforme o interesse crescia, tive o desejo e a curiosidade de presenciar uma missa. E eu fui, no segredo. Assim como os cristãos primitivos não podiam expor sua crença no Cristo, assim eu sentia-me ao buscá-lo dentro da missa, que é a nossa maior oração. Confesso que a primeira impressão foi maravilhosa. Sinceramente, eu desconhecia a fé católica, porém, ao ouvir o sacerdote saudar a assembleia com "Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos", toda a imagem preconceituosa que tinha a respeito da ritualística romana caiu por terra ao estar na Igreja verdadeiramente pela primeira vez (embora, enquanto criança, meus pais estivessem dentro do catolicismo, a mudança aconteceu muito cedo e as lembranças eram inexistentes).

    Depois que estive pela primeira vez em uma missa, tive vontade de ir muitas outras vezes e, conforme as frequentava, tinha um desejo maior te estar lá! Era algo totalmente estranho de se entender, pois, mesmo não assimilando uma fé tão nova que brotava no meu coração, sentia uma sede de estar ali a cada dia mais! De qualquer forma, as coisas não foram tão simples como parecem ao escrever esse texto. Entre os 16 e 18 anos, me dividi entre os cultos protestantes e as missas. Às sextas estava na Igreja matriz da minha cidade e aos domingos na presbiteriana. Durante esses dois anos, ocultei aquilo que estava aprendendo. E nesse tempo passei a entender o que a Igreja ensinava sobre o uso das imagens sacras e por que os santos tinham sua representatividade na vida do ensinamento cristão. Eu amava aprender sobre eles e ler suas grandes conquistas através da fé em Cristo. Passei a ver neles exemplos de conduta, martírio pela fé e pelo reino de Jesus. Quanto mais lia sobre os antigos padres, quanto mais lia sobre a tradição da Igreja, encantava-me por tantos e tantos testemunhos que guiaram a Igreja Católica até os dias de hoje. Não conseguia ver isso nas comunidades protestantes. Aliás, não via história, via apenas um início e projetava um fim.

    Ao passar do tempo, minha vontade intensificou-se de tal forma que, aos poucos, passei a abandonar a minha antiga fé. Foram momentos difíceis. Alguns membros da presbiteriana, sabendo da causa, passaram a questionar-me sobre aquilo que estava frequentando, mas a questão é que era tarde demais. Eu já estava envolvido pela Igreja que hoje tanto amo. De qualquer forma, ainda ia aos encontros protestantes. Um desses últimos encontros fez com que refletisse sobre todo o fundamento protestante que eu já havia deixado para trás. Era um domingo de manhã, dia internacional da mulher, oito de março de 2009. Um dos diáconos havia preparado uma homenagem para as mulheres da igreja. Lembro que fiquei apreensivo naquela manhã, pois ele havia dito que passaria por todas as mulheres das sagradas escrituras, enumerando seus exemplos e, assim, exaltaria a mulher presbiteriana. Naquela manhã, o diácono presbiteriano falou de quase todas as servas de Deus, porém esqueceu-se de uma, esqueceu-se da principal. Aquilo foi um baque para mim. Lembro-me que tinha em minha memória as claras palavras de Maria no evangelho de Lucas: Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada (Lc 1,48). Naquele momento eu me perguntei qual o motivo de esquecerem a Mãe de Deus. Por que se esqueceram de Maria? Se todas as gerações a proclamariam, por que eu, como protestante, não fazia isso? Por que eles não faziam isso? Naquele momento eu percebi que havia algo de errado com a geração de Lutero. Se profeticamente a geração de Maria esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3,15), perguntei-me: a qual geração pertence este povo? A qual geração eu pertenço? Naquele dia eu decidi me afastar definitivamente do protestantismo e, embora posteriormente tivesse ido a alguns outros encontros, passei a me dedicar à Igreja Católica, que possuía como centro Jesus Cristo, e a certeza disso encontrava-se no mistério do sacramento da eucaristia, que tanto me encantava por sua pureza. As palavras de São Paulo aos Coríntios agora faziam sentido em minha vida. Ninguém pode comer indignamente o Corpo do Senhor acreditando em um mero simbolismo. Consumir sua carne erroneamente o torna responsável pela sua própria condenação (1 Cor 11,29), pois é realmente o seu corpo que ali se faz presente por nós (Jo 6,55).

    Pois bem, entre os 18 e 19 anos conheci outra parte da Igreja que não sabia: as comunidades orientais. Confesso que muito me chamou a atenção a fé peculiar dessas Igrejas. Aprendi muito com eles, porém a minha certeza estava enraizada no ocidente, na fé católica.

    Entre os 20 e 23 anos continuei a estudar a Igreja, porém, embora já fosse um católico de coração, não possuía coragem de assumir minha fé publicamente pelo meu histórico familiar. Demorei muito tempo para que, de fato, eu divulgasse a minha fé em Cristo dentro da Igreja Católica, no entanto, embora tenha sido esse tempo longo, ele chegou.

    Iniciei o ano de 2012 como um católico covarde. Embora já soubesse o que queria, não tinha a iniciativa de tomar a frente e declarar a minha fé. Entretanto, Deus nunca me abandonou e, em todo esse tempo, continuou mostrando-me o caminho e derramando a sua graça e misericórdia sobre as minhas ações. Em uma época em que eu já estava desacreditado da minha própria coragem, o Pai colocou em meu caminho uma verdadeira mulher chamada Rafaela, sendo ela a responsável por me ajudar assumir aquilo que havia nascido em meu coração desde 2005. Nosso Senhor foi tão bondoso comigo que me concedeu a fé em sua Cruz e Ressurreição através da Igreja e da Rafaela, que é o meu exemplo de amor a Cristo. Em agosto de 2012, com 24 anos, comecei o meu processo para ser recebido oficialmente na Igreja Católica. Depois de um ano de orações e estudos junto de muitos irmãos, no dia 30 de março de 2013 tive a bênção de ser crismado e, com a graça de Cristo Jesus, ser participante de seu corpo junto de sua Igreja!

    O caminho foi longo e tortuoso, contudo foi necessário para que fossem entendidos os verdadeiros mistérios da fé cristã. Se tivesse que escrever todos os fatos que sucederam à minha vinda à fé católica, não caberiam aqui, porém sei que as palavras aqui depositadas serão de grande valia para aqueles que desejam conhecer profundamente a Igreja fundada por Nosso Senhor.

    Desde 2013, tenho trabalhado na Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Louveira/SP, como catequista de adultos, e continuo escrevendo artigos em defesa da fé. Entretanto, os textos que eram postados no blog Apologética Cristã Católica, hoje passaram a ser hospedados no site ACCATÓLICA (www.accatolica.com).

    Desejo que a Virgem interceda pela vida de cada pessoa que lê essas palavras, para que possam encontrar o verdadeiro caminho do Cristo que se revela em sua Igreja. Agradeço à minha Rafa – hoje minha esposa querida – por me amar e me ajudar a assumir a minha identidade católica, e adoro-te e louvo-te, Jesus Cristo, pelo dom da vida e por permitir que sua fé continue sendo transmitida através dos séculos pela sua una e Santa Igreja, na qual professa uma única fé e um único batismo (Ef 4,5).

    Com amor em Jesus,

    Érick Augusto Gomes

    Mt 16,18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

    Bibliografia

    Bíblia Sagrada de Jerusalém (4ª reimpressão)

    São Paulo. Editora Paulus. 2006.

    Introdução

    A Igreja Católica, desde sempre, usa como obra oficial a versão dos setenta, ou, como também é conhecida, a septuaginta. Não só ela, mas também as Igrejas Orientais (ortodoxas e uniatas) e até mesmo antigas publicações de algumas versões protestantes. Ainda que a lista de livros inspirados tenha sido afirmada através dos antigos concílios, discussões e problemas sempre foram levantados, seja para confrontar as obras deuterocanônicas do velho testamento, seja para com os escritos que compõem o novo. Embora tais divergências tenham sido motivos de discussões na cristandade, a grande e esmagadora maioria de padres, bispos e teólogos concorda que a lista já usada (versão grega) pelos apóstolos e pelo próprio Cristo deveria ser mantida e inalterada. Com base em inúmeros testemunhos e pela inspiração do Santo Espírito, que conduz a Igreja, chegamos à era atual com a totalidade de 73 livros (46 do velho + 27 do novo).

    Embora o catolicismo, usando de sua autoridade dada pelo próprio Deus (1 Tm 3,15; Mt 16,18), tenha afirmado a canonicidade de tais obras, séculos depois o ex-monge agostiniano Lutero, acreditando estar sendo conduzindo pela verdade, retirou sete livros das sagradas escrituras por pensar que não eram inspirados, uma vez que os judeus, que já haviam rejeitado Jesus, não tinham tais livros como palavra divina (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc). Para outras confissões cristãs (pentecostais e protestantes históricos), os sete livros que consistem na tradução grega estão em desacordo e possuem erros. Entretanto, sabemos que isso não passa de mais um ataque gratuito sem qualquer fundamento teológico e histórico. Com a intenção de mostrar os verdadeiros ensinos da fé sobre tais temas, o presente artigo confronta as mais variadas acusações e irá trazer ao leitor a luz da verdade ensinada através da Santa Igreja Católica.

    Não trataremos do aspecto histórico ou do enredo literário de cada escrito, mas traremos aos leitores as principais acusações e as refutaremos.

    Livro a ser defendido: Tobias

    Ano: Aproximadamente 200 a.C.

    Informações adicionais: O livro de Tobias depende de um original semítico que se perdeu. São Jerônimo utilizou, para a vulgata, um texto caldaico" (aramaico) que não possuímos mais. Todavia, foram descobertos numa gruta de Qumrã os restos de quatro manuscritos aramaicos e de um manuscrito hebraico de Tobias. As versões grega, siríaca e latina representam quatro recensões do texto, das quais as mais importantes são, de um lado, a do manuscrito Vaticano e Alexandrino, e do outro a do códice Sinaítico e da Vetus Latina. Essa última recensão, apoiada agora pelos fragmentos de Qumrã, parece ser a mais antiga."

    (Introdução ao livro de Tobias;

    Bíblia de Jerusalém: Editora Paulus, 2002).

    Refutando os Falsos Argumentos

    1 – Primeiro (falso) argumento: O livro não se declara inspirado

    Dos 73 livros que a bíblia contém, nem todos declararam-se inspirados (ex.: Reis e Crônicas), porém continuam sendo obras inspiradas por Deus, possuindo um único fundamento: revelar a bondade de Iahweh para com seu povo e anunciar sua justiça, seja ela em comunidade ou individualmente.

    Diferentemente daqueles que acusam o livro de Tobias sem ao menos ler qualquer verso, afirmamos que o responsável pelo livro escreve que suas palavras são vindas do próprio Deus:

    Tb 12,20 – "E agora, bendizei ao Senhor sobre a terra e dai graças a Deus. Vou voltar para Aquele que me enviou. Ponde por escrito tudo quanto vos aconteceu. E ele se elevou."

    2 – Segundo (falso) argumento: A obra não possui qualquer ligação teológica com outros livros da Bíblia

    Ler o livro de Tobias de forma sincera e piedosa revelará todas as ligações existentes com as demais obras das sagradas escrituras. São Policarpo (aos Felipenses; d.C. 117) e São Clemente de Alexandria (Stromata; d.C. 190-210) são padres do período primitivo que usaram o livro de Tobias ao escrever suas epístolas ou trabalhos, e encontraram nele inspiração e verdade.

    Sendo assim, localizar ligações teológicas não é uma tarefa árdua; ao contrário, enriquece e fortifica a fé nas verdades ensinadas desde os tempos mais antigos. Vejamos algumas comparações:

    Tobias 12,12-15 e Apocalipse 8,2-3

    O Anjo Rafael entrega as orações a Deus e é um dos sete que assiste perante o Senhor.

    Tb 12,12-15 – "Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse à noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor. Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor."

    No livro do Apocalipse é mencionado que os anjos entregam as orações aos Senhor e que existem sete anjos que estão perante Deus.

    Ap 8,2-3 – "Eu vi os sete anjos que assistem diante de Deus. Foram-lhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono."

    Tobias 13,15-17 e Apocalipse 21,2.19-21

    A nova Jerusalém não está somente no livro do Apocalipse, como também é mencionada profeticamente na obra de Tobias.

    Tb 13,15-17 – "Feliz serei, se ficar um homem de minha raça para ver o esplendor de Jerusalém: suas portas serão reconstruídas com safiras e esmeraldas, seus muros serão inteiramente de pedras preciosas, suas praças serão pavimentadas de mosaicos e rubis, e em suas ruas cantarão: Aleluia! Bendito seja Deus que te restituiu tal esplendor! Que ele reine sobre ti eternamente!"

    São João descreve uma nova terra outrora anunciada na obra deuterocanônica.

    Ap 21,2.18-21 – "Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. O material da muralha era jaspe, e a cidade ouro puro, semelhante a puro cristal. Os alicerces da muralha da cidade eram ornados de toda espécie de pedras preciosas: o primeiro era de jaspe, o segundo de safira, o terceiro de calcedônia, o quarto de esmeralda, o quinto de sardônica, o sexto de cornalina, o sétimo de crisólito, o oitavo de berilo, o nono de topázio, o décimo de crisóparo, o undécimo de jacinto e o duodécimo de ametista. Cada uma das doze portas era feita de uma só pérola e a avenida da cidade era de ouro, transparente como cristal."

    Tobias 12,12, Jó 5,1, Jó 33,23-24 e Ap 8,3-5

    A intercessão dos anjos não é mencionada apenas no livro de Tobias, mas também nas obras protocanônicas e no novo testamento.

    Tb 12,12-15 – "Quando tu e Sara fazíeis oração, era eu quem apresentava vossas súplicas diante da Glória do Senhor e as lia; eu fazia o mesmo quando enterrava os mortos."

    Jó 5,1 – "Grita, para ver se alguém te responde. A qual dos santos te dirigirás?"

    Jó 33,23-24 – "A não ser que encontre um Anjo perto de si, um mediador entre mil, que relembre ao homem seu dever, que tenha compaixão dele e diga: livra-o de baixar à sepultura, pois encontrei resgate."

    Ap 8,3-4 – "Outro Anjo veio postar-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E, da mão do Anjo, a fumaça do incenso com

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