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A Magia Que Enriqueceu Tony
A Magia Que Enriqueceu Tony
A Magia Que Enriqueceu Tony
E-book446 páginas5 horas

A Magia Que Enriqueceu Tony

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Sobre este e-book

Há um desejo constante entre os seres humanos, que embora pareça ser fruto de educação sempre esteve impregnado em seu âmago. Se trata do domínio da realidade. Controlar as circunstâncias que ocorrem para si ao longo de sua trajetória terrestre. Coisas como poder trabalhar com o que se gosta, ganhando um excelente salário para isso; possuir um imóvel, carros e objetos que enchem de prazer e satisfação utilizá-los; ir à lugares maravilhosos e viver aventuras inesquecíveis neles; ter saúde de ferro em um corpo que é pura beleza; ser admirado, destacar-se na sociedade; e após experimentar o sexo com muitas companhias agradáveis e sensuais, se apaixonar e estabelecer união duradoura com alguém bastante desejável. A felicidade é motocontínua. Cada vez que resolvemos um problema, nos sentimos felizes. Cada vez que conquistamos algo do nosso interesse e também cada vez que conseguimos realizar uma proeza planejada idem. Portanto, por não ser definitiva e sim composta de estados de espírito próprios de circunstâncias, a felicidade não pode ser estabelecida. E sim constantemente perseguida. Para isso, é necessário portar o conhecimento que suporta o indivíduo a controlar a realidade. Quais seriam os assuntos cujo interesse e domínio garantem a quem os tem ser dono de seu destino e estar livre de qualquer privação? Tony decidiu que magia era um deles. E buscou desenvolver a sua para enfim, aos cinquenta anos de idade, deixar a vida medíocre que levava e gozar da abundância que desde a infância perseguia. O outro assunto é o controle do tempo. De nada adiantaria para Tony finalmente encontrar seu tesouro e gozá-lo por um parco período. Insistindo, ele encontrou a fórmula que faz com que o tempo se alongue. Mas, o caminho não foi fácil. Descubra essa razão e aprenda sobre os passos dados pelo protagonista desta história rumo ao sucesso. Ao mesmo tempo divirta-se com um surpreendente conto de aventura e suspense que propicia absorção de conhecimento de áreas diversas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de ago. de 2019
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    A Magia Que Enriqueceu Tony - A.a.vítor

    A.A.Vítor

    A magia que enriqueceu Tony

    Belo Horizonte

    Antônio Augusto Vítor

    2019

    Editor:

    Antônio Augusto Vítor

    Revisão:

    A. A. Vítor

    Capa:

    Vítor Augusto

    Contato do autor:

    aavitor2008@gmail.com

    www.aavitorautor.wordpress.com

    ISBN

    978-85-914736-3-2

    É proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou para qualquer fim,

    sem autorização prévia do autor.

    Obra protegida pela lei dos direitos autorais.

    PREFÁCIO

    Antônio Henrique Vitorino, vulgo Tony, um homem maduro que vivia esperando algo extraordinário acontecer em sua vida.

    Se via insatisfeito com o seu presente e na obrigação de arregaçar as mangas, pôr as mãos na massa e procurar melhorar a qualquer custo o seu futuro.

    Achava ele que intuía que um dia algo solucionador aconteceria em sua realidade. E naturalmente, ainda por cima.

    Seria assim com todo mundo em algum tempo da vida de cada um. Ninguém morreria sem alcançar sucesso pessoal.

    Prestes a se tornar cinquentenário, ele sofreu um baque.

    Perdera o grande emprego que possuía e fora parar em outro bastante ingrato. Ganhando mal, estava difícil até para conseguir relacionamento amoroso. Manter, ainda mais difícil.

    Acontece, que nada de especial tem que acontecer pra gente.

    Viemos ao mundo para experimentar sensações. Naturalmente estamos equipados para experimentar só o que a natureza provê.

    O que definimos como sucesso pessoal e aspiramos, ansiosamente na maioria das vezes, é proveniente da mente humana. Ter um bom emprego ou negócio, parceiro conjugal, filho, grande patrimônio e gozar de guloseimas ou de entretenimento prazerosos não aspiraríamos se na História nenhuma intervenção na natureza o homem tivesse feito.

    O normal é a gente não conseguir sucesso. Porque idealizamos situações maravilhosas, acreditamos que vamos vivê-las, ficamos a espera delas e como não é normal as coisas virem até nós sem fazermos por onde, acabamos por nos frustrar e a achar-nos vítimas, sem sorte, fracassados e coisas assim.

    Depois de tantos anos sendo doutrinados a aceitar esses dogmas fica difícil de admitir, mas, o que chamamos de sucesso é algo extraordinário. E o extraordinário acontece é para quem se interessa por ele e faz por onde acontecer.

    Mas, se não vamos fazer por onde chegar ao que aspiramos muitas vezes por doutrinação, é melhor desligar-se da aspiração

    e tocar o barco com o que vier, que é como se viveria em se seguindo o curso natural do intervalo entre nascer e morrer.

    Significa isso se conformar com o que se conseguiu obter ou experenciar. À medida que se vive satisfeito com o que se é e com o que se tem, o indivíduo se vê mais feliz. Mascaram esta verdade, mas, prosperar é alcançar a felicidade. A prosperidade seria motocontínua. Uma vez este objetivo atingido, de repente até acontecem as coisas que doutrinados aspiramos por elas.

    Não adianta bater o martelo e dizer "o sucesso é algo inerente ao ser social" e que receber generosidade do Universo quanto ao que tange o seu ciclo natural só vale para o ser individual. E dar como desculpas para o fracasso a falta de sorte ou o não andamento correto das coisas para o ideal acontecer para si. A maioria das coisas que precisam ser saldadas para viabilizar as aspirações humanas, por serem não naturais dão errado.

    E até pra quem conseguiu seguindo receita de bolo cumprir seu objetivo é assim. Tentativa e erro, tentativa e erro. Até que o acerto aparece, gerando novos acertos para serem conferidos.

    Sim, pois, ser bem-sucedido não dá direito a descanso ou a ser livre: sempre se estará perseguindo metas. É motocontínuo.

    A gente pensa que não, mas, o que acontece pra gente é o normal. Na verdade, são probabilidades padrões que se despontam por obter de nós, com o comportamento disparado por nossas crenças, cooperação que faz com que tudo aconteça de acordo com as diretivas da probabilidade selecionada. Não, é claro, como algo inevitável. Senão jamais ocorreria o especial.

    Compara-se a ter uma rotina e rumar para ela por desejar que ela se estabeleça. A do Trabalho é a que melhor exemplifica isso.

    Depois de acordarmos e nos prepararmos, seguimos automaticamente para desempenharmos nossas funções trabalhistas em uma empresa que se localiza em certo lugar.

    Temos que estar nela a partir de certa hora, por isso procuramos pegar a condução conforme o quadro de horário do transporte que utilizamos para chegar até ela. E graças às nossas atitudes a probabilidade de vivermos o expediente diário de trabalho se dá.

    Ou seja, inconscientemente cooperamos com a probabilidade de configurar-se para nós as rotinas que se estabelecem. Quando fazemos algo diferente é que as mudamos.

    Enquanto estivermos cooperando – ou se conformando – com o rotineiro, não sofremos nenhum dano ou trauma. A infelicidade ocorre quando lutamos para mudar isso. Essa luta geralmente nos embrenhamos nela quando nos bate a insatisfação com a rotina que temos desempenhado.

    Salvo quando já estivemos em situação melhor e nos pegamos tendo que se contentar com um cotidiano estabelecido, essa insatisfação aparece somente quando nos sentimos privados de algo ou inferiores a alguém.

    Tem uma frase boa que explica isso: "Vive vida difícil quem já teve vida fácil pra ser comparada". Se a sua rotina sempre foi a mesma, não há por que dizer que você é infeliz.

    A realidade de Tony era exatamente essa de já ter estado em condições prodigiosas em comparação com a que mantinha.

    Embora ainda não tivesse atingido a qualidade de vida que sempre desejou, do ponto de vista financeiro e de atividade laboral em exercício ele se via a ter que lamentar sua sorte.

    A remuneração mensal que vinha ganhando impunha a ele não conseguir no meio social coisas que costumava, até de maneira tranquila, conquistar. E devido à idade avançada urgia a ele modificar esse quadro. Queria voltar a trabalhar com o que sabia e gostava. E ter poder de compra para comprar os artigos que costumava comprar e ir à compromissos que costumava ir.

    Ele, então, passou a acreditar em frases de Albert Einstein. A principal delas dizia "Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes". Parou para levantar um rol de processos que operava diariamente há longos anos. E

    decidiu quais deles possuíam alternativas para serem feitos de outro modo ou substituídos. E resolveu dar uma chance ao que fosse menos óbvio de ser a chave.

    Nisso, entre outros procedimentos, Tony decidiu conhecer melhor assuntos como ocultismo, onirismo. Biografias de

    pessoas de sucesso lhe sugeriram que seria o esoterismo o meio mais rápido de atingir as metas que ele planejava.

    Com tanta leitura de arquivos digitais encontrados na internet ele acabou por criar um sistema próprio de magia.

    Presumia ser uma magia capaz de fazer grandes tranformações para toda a humanidade. Com ela, de imediato ele resolveria o primeiro de seus problemas: o status econômico.

    O próximo passo seria prolongar o tempo, pois, achava que andava passando muito rápido o intervalo de uma estação do ano à outra e que de nada adiantaria ele melhorar sua situação àquela altura da vida e gozá-la pelos poucos anos a mais que conforme as estatísticas era de esperar que ele viveria.

    Para alcançar êxito, se afundou em textos sobre aperfeiçoamento da intuição, alquimia, física. Seguindo lições de Einstein: aumentaria a velocidade com que realizava tarefas no dia. O tempo passaria mais devagar quando aceleramos.

    Resolvidas essas questões, era de interesse de Tony aumentar a qualidade de vida da sociedade que integrava. Queria, então, criar uma egrégora que no plano astral cuidaria de acabar com coisas como a violência urbana, uso de drogas, futilidades de entretenimento, corrupção moral e o... Capitalismo.

    A obstinação de Tony o levou aonde ele precisava ir. E foi a responsável por fazer surgir pra ele a oportunidade que lhe possibilitaria materializar seus desejos. Porém, não sem incorrer a decisão em trilhar um caminho severamente arriscado.

    Quatro forças separadas unidas ao caos formam coisas.

    O caos forma; o caos desforma.

    O caos causa o querer ser compreendido e quem o possa; O caos cria nos desejosos de conhecimento a compreensão.

    O caos leva o sedento de aprendizagem a aprender.

    Uma vez sabedora, uma forma que as quatro forças separadas deram origem pode manipulá-las para se separar, para se recriar ou para criar outras formas. Aliando-se para isso ao caos.

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony VEncontro com um mago

    Setembro de 2015. Fruto de uma combinação de interesses, que envolvia arte e magia, o velho Tony estava em uma galeria de exposição artística apreciando esculturas, instalações, quadros e gravuras com motivos pertinentes dos dois assuntos. Diante de réplicas de trabalhos de Escher, Kandinsky e Austin Osman Spare, o prestes a cinquentenário se viu a ser influenciado de cima a baixo pela egrégora do lugar, a qual forçava os abaixo dela posar de gente elegante, culta e de temperamento sereno.

    A adequação psicológica ao espaço recebia reforço luxuoso da sonorização. A música ambiente, um rock gótico, em volume hipnótico, sobrepunha uma trilha em baixa frequência de som binaural. Disparava na forma de mantras, em diversos idiomas, mensagens visando programação mental. Um transe via canal auditivo era bastante cabível de se acontecer com quaisquer dos visitantes, que embora espaçados se cruzavam no caminho de um ou outro objeto disponível à contemplação.

    Um local onde se pode apreciar arte e sofrer a influência que formas e cores são capazes de impor à mente possibilita conhecer pessoas exóticas. Há energias que emanam dos trabalhos artísticos, que impulsionam a mais do que obter prazer e admirar seus autores. Fazem explorar as profundezas do inconsciente.

    Ponderam o autoconhecimento. E podem tornar um apreciador suscetível ao acaso que proporciona trazer para perto de si gente cuja aproximação é bastante desejável.

    Austin Osman Spare, artista plástico e pai da magia Zos Kia, que dera origem à Magia do Caos, que Tony naquela galeria cultuava, via na arte um veículo para se canalizar forças ocultas e 7

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony modificar a realidade ao seu inteiro dispor. Se qualquer indivíduo dentro das sociedades de hoje pudesse alterar a realidade que vive, o faria buscando afortunar-se.

    Sem qualquer sombra de dúvida, o dinheiro é o grande facultador da prosperidade. Basta tê-lo para ter o resto do que se queira. De modo que é bastante natural se constatar que grandes magos tenham sido bem munidos de riquezas e tiveram muito poder devido ao fato de terem sido incessantemente procurados para promover com sua magia o enriquecimento de outros.

    Tentando absorver ao máximo as emanações exauridas das peças em exposição no salão, Tony invocava uma das entidades abstratas que criou para auxiliá-lo na tarefa de se autoprogramar psicologicamente. Usava seu dialeto próprio. A língua que criara para estabelecer comunicação com seu Eu Superior e obter dele alguma prestação de serviço vindo do mundo espiritual.

    Para construí-la, Tony fez um mapeamento fonético das sílabas e de palavras de vários idiomas. Estudou os efeitos que elas causam no interior físico e na mente do pronunciador. As sinapses que o cérebro realiza estimulado por intenções de se obter algo do sobrenatural idem. E a ioga, incluindo a respiração, operada pelo movimento da face ao proferí-las, estando ou não a executar exercícios espirituais ou a emitir orações.

    Com esse estudo ele estava a criar um sistema de magia próprio, que o provesse imprimir sua vontade no meio comum e gozar de maravilhas em sua realidade. De acordo com o efeito obtido, ele juntou sílabas, prefixos e sufixos, oriundos de outros idiomas, e deu significado aos sons poderosos que cada um dos neologismos originavam. A vibração dos mesmos criava alterações no interior do falante. E também no meio externo, fazendo, com os fonemas vibrando, dentre outras coisas, excitar células em seres orgânicos e coordenar, no plano atômico, o 8

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony curso dos eletróns até de material inorgânico, como exemplos a água e o vento.

    A linguagem criada pelo jovem-senhor para ser usada durante seus propósitos mágicos não se prendia à regras gramaticais.

    Cuidava apenas de ser o mais possível os verbos do modo imperativo e tempo presente. E evitava o uso da conjugação em primeira pessoa, sabendo o moço que ninguém ou alguma coisa é em sua totalidade um indivíduo. Todos somos plurais. Unos somos apenas quando elevamos totalmente a atenção à essência que nos forma. As classes gramaticais e os vocábulos completos que o idioma pessoal emprestava de outras línguas não possuíam qualquer vínculo com normas ou significados originais.

    O importante era o efeito da pronúncia e a compreensão do que está sendo pronunciado. Limitava-se a linguagem à termos que se relacionavam com os temas que motivavam o autor dela a fazer uso de magia para se envolver com eles com maior chance de sucesso. Sexo, sorte, saúde, controle da natureza, espiritualidade e prosperidade basicamente.

    Para suportar seu idioma, Tony criou um alfabeto. Seu próprio Alfabeto do Desejo. As letras aproximavam-se em aparência com o latino. E os números com a versão original dos arábicos, na qual se observa a quantidade de ângulos existentes na figura para se conhecer o valor que ela comunica. Na escrita, palavras formadas pelas letras do alfabeto se misturam com símbolos que representam uma ideia e até frases inteiras. Muitos já consagrados de culturas bem difundidas e já funcionais.

    As palavras tinham também a qualidade de mantra no que dizia respeito à auto-energização que ao falante promoviam. E

    cumpriam bem o papel de resumir objetivos diversos em uma só pronúncia. Eram containers que carregavam mensagens para o inconsciente processar quando portais se abriam e ofereciam 9

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony acesso a ele sem as defesas ou a autocensura promovidas pela interferência do ego. Fitar obras de artes seria uma forma de fazer portais se abrirem. E então, palavras mágicas entravam em ação.

    "Prazereudox fati min absorvis; fati min attracts sortis".

    Verbalizava ele em frente à uma cópia do Automatic draw de Spare, que carrega na mente de quem observa o desenho a nítida ideia do que seria a imagem de um servidor astral. Prazereudox, se invocado atalharia o invocador a obter prazer ao interagir com algo material de natureza artística ou misteriosa. E trataria de enchê-lo de magnetismo capaz de atrair sorte e casualidades de bom nível, como a aproximação de alguém com dotes suficientes para oferecer oportunidades em algum campo. Aprimoramento financeiro por exemplo. Em outras palavras: enriquecer.

    Nisso, um homem maduro, elegante, grisalhos cabelos aparados e se movendo magneticamente, atraído pela aura de Tony foi ter com ele uma conversa. Carregava uma bengala só por charme. Era a saúde em pessoa, apesar da aparente idade apoteótica. O velho detectou em seu alvejado sinais que lhe indicavam ser alguém envolvido com o conhecimento restrito da fraternidade da qual fazia parte. Alguém em estágio psicológico e espiritual avançado, porém, sem ser iniciado em qualquer ordem. Alguém iluminado instintamente e autodidático.

    Servidores astrais são ótimos atalhos para se conseguir o domínio da própria existência. Não acha?

    E então Tony se voltou, como a ter sido graciosamente importunado, para o homem que lhe interpelava.

    Não passam de crenças autoproduzidas, mas, sem a ajuda delas não se alcança a confiança necessária para imprimir a vontade na realidade e obter-se o que se quer.

    O homem se autoproclamou mestre de Tony. E embarcou-se em uma espécie de missão que visava preparar melhor seu 10

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony aprendiz no caminho que este estava trilhando, o qual ele lamentava somente àquela altura da vida ter iniciado a trilha.

    O conhecimento esotérico é próprio de várias escolas de mistérios. É o que faz a fraternidade ser poderosa e seus membros melhor preparados para a vida. O preparo dado teria mais serventia se desfrutado o quanto mais cedo possível pelo ser a quem é concedido. Assim, como a existência é curta e o tempo passa rapidamente, se gozaria a prosperidade, e consecutiva-mente a felicidade, por um período muito maior do que o de latência ou de privações. Ao entrar na puberdade o indivíduo iniciar a trilhar o caminho que conduz a essa preparação seria o ideal. Uma nação inteira se beneficiaria com essa formação se facultada à toda sociedade. O que se tem no entanto é manutenção de segredos e restrição de pessoas a conhecê-los.

    Tony teve sorte, graças à ousadia de alguns autores e à democracia da internet, em entrar em contato com lotes de assuntos secretos. Foi por causa disso que encontrou seu rumo.

    VCotidiano saturado

    As vantagens de manter disciplina em seus atos. Para não sofrer sanções da gestão na empresa onde trabalhava, o jovem senhor Antônio Henrique Vitorino deixava seu celular no modo avião durante todo o tempo em que estivesse no local. Voltava o aparelho à condição de receber contato logo que largava o expediente, já no lado de fora do estabelecimento.

    Para garantir seu mísero salário, ele sucumbia a uma verdadeira ditadura patronal. Era severa e desonesta a atuação dos representantes do patrão para com todos os colaboradores da função que ele exercia.

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    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony Estava lá provisoriamente, embora havia já quatro anos a labutar e colher indignação. De tão difícil que estava conseguir outro emprego. Tendo a ver também com a idade que estava nela.

    Trocar de emprego, se lhe viesse, lhe seria um milagre proporcionado pela crença que andava alimentando e práticas que andava exercendo.

    Outra coisa que o cinquentão fazia era checar seu e-mail, rigidamente, logo que chegava em casa e ligava seu notebook.

    Um endereço eletrônico que não tinha mais tão movimentada sua caixa de entrada, mas, ainda assim ele clamava pela volta dos velhos tempos em que nela iam parar comunicações de gente querendo empregá-lo, contratar um serviço que disponibilizava ou se tornar seu parceiro de negócio.

    A cláusula da Reforma Trabalhista incentivando o teletrabalho era venerada pelo homem maduro. E ele ansiava aparecer uma oportunidade nos moldes da modalidade. Teria que sair do nada, pois, sem muito onde procurar não estava ele buscando ser contatado para esse fim.

    Era uma noite de terça-feira. O dia no call center tinha sido terrível. Muitas ligações de clandestinos com acesso a dados de clientes legítimos e se passando por eles. Era o trivial diário, mas, fora um pouco mais pesado naquele expediente.

    Aquelas ligações eram ruins de serem atendidas porque a gestão do call center fazia os operadores pensarem que era gente de escritórios de venda avulsos que trabalhavam vendendo planos mensais para o tomador do serviço do SAC. Vendiam esses supostos escritórios planos de telefonia móvel que só teriam o contrato iniciado após o chip ativado. Isto aconteceria em pelo menos quinze dias. Era o prazo que a operadora conseguia entregar os SIM. Operação de fraude de ativação indevida era o que costumeiramente buscavam.

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    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony De alguma forma, os vendedores tinham acesso aos números que iam parar nos chips e tentavam ativá-los em cartões virgens que eles dispunham. Bastava ligar para o SAC e fornecer o código de barras do SIM para que o número começasse a funcionar neles. A motivação era garantir com a ativação que a comissão pela venda seria devida e ainda antecipar o prazo para recebê-la.

    Porém, isto era coisa ilegal. O cliente teria o contrato iniciado precocemente e sem que pudesse fazer uso dos serviços por não possuir os chips ativos. E teriam dificuldades para fazer valer o direito de devolução do produto em até 7 dias, pois, os mesmos já estariam sendo usados há tempo superior.

    Além disso, uma vez ativo e fazendo parte da estrutura de linhas de telefone fidelizadas com a operadora de telefonia, os consultores dos escritórios poderiam se passar pelos administradores legítimos dos contratos e fazer muitas solicitações que onerariam o dono do cnpj. Entre elas: compras de aparelhos celulares, adições de linhas e até cancelamentos visando quebra de fidelização de contrato e incidência de multas gigantescas. Difícil era imaginar que a grande beneficiada nessas atividades estelionatárias, a prestadora do serviço de telefonia, estivesse totalmente inocente nessas jogadas.

    Era visível em seu procedimento de venda e de gestão de operações de SAC que esta picaretagem era bem facilitada pela operadora de telefonia móvel. Esta poderia sofrer as consequências do uso indevido de dados existentes em seu cadastro. Parecia haver uma máfia formada pela operadora, esses escritórios e os call center que atendiam a própria. Como saber se também não a Anatel e até o Procon?

    A questão não era só a insatisfação por trabalhar para empresas fraudulentas. O problema maior era o atendente do Serviço de Atendimento ao Cliente do setor carregar a culpa caso 13

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony a investida de um fraudador saísse bem-sucedida e fosse posteriormente desmontada pelo vitimado.

    O atendente de SAC, se esperto e bem informado, nada sofreria na decorrência de insucesso dos golpes senão o assédio moral de ser apontado como causador de prejuízo a terceiros e presa fácil de golpistas, além de perder injustamente o emprego necessitado, quando o verdadeiro culpado seria o sistema viabilizador de trapaças, ao qual inexoravelmente o operário era obrigado a se sujeitar para garantia do degradante emprego.

    Fora isso, tinha outro agravante. Os farsantes também eram usados para promover situações comprometedoras aos atendentes do SAC. Quando um operador estava em perseguição, geralmente os que não deixavam a peteca cair em seu atendimento e faziam tudo dentro dos conformes, fatalmente as ligações clandestinas eram usadas para tentar colocá-lo refém da empresa para que passasse a atuar do modo cafajeste com que a gestão preferia operar. Ou para que, com a experiência de constrangimento, o alvejado sucumbisse ao pedido de demissão. Em terceira hipótese, para que fosse possível forjar ao irrecrutável uma demissão por justa causa.

    A empresa não admitia pagar rescisões com todos os direitos para os funcionários. A gestão das operações, sabendo disso, quando queria se livrar de alguém que era antipatizado por ela ou cujos resultados obtidos corretamente causavam prejuízo na remuneração ilícita dos gestores, tentava forçar sua saída de forma a desobrigar a empresa de pagar todos os direitos lhe cabidos. Era muita opressão. Trabalho-escravo.

    Uma panela formada por coordenadores, superintendentes e gerentes mantinha equipes externas encarregadas de criarem demandas falsas para o call center atender. Para que os consultores não desconfiassem de que atendiam funcionários 14

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony dos call center em vez de clientes do tomador do serviço buscando resolver problemas reais, essas equipes eram feitas parecer serem escritórios de vendas da operadora. Por vezes, operadores da empresa de monitoria de qualidade se passavam por clientes para supostamente testarem os atendentes. E até supervisores de vários SAC coligados paravam um tempo o seu afazer oficial para realizar ligações clandestinas que visavam ajustar os resultados das equipes. Uma quadrilha especializada em produzir demanda falsa de ligações para SAC, que operava também com subtração ilegal de direitos de trabalhadores.

    Além da falsidade ideológica de fazer uma coisa parecer o que não é, de gente a efetuar chamadas para se passar por clientes encenando falsos propósitos, havia o cenário composto por clientes legítimos procurando resolver problemas reais, porém forçados para que se efetuasse chamadas. Tudo isso, então, descrevia um cotidiano empresarial feito de operações para, na hipótese mais óbvia, porém, servida de controvérsia devido a necessária inocência de quem paga a conta, arrancar mais dinheiro de um tomador de serviço de SAC, que já pagava uma diária mais do que suficiente para o SAC trabalhar sem ter que atender uma única ligação sequer.

    O pagamento pelo excedente não previsto no decurso da assinatura do contrato entre o prestador de atendimento e o dono da clientela a contatá-lo era a possibilidade de melhorar o faturamento para o SAC. Daí a criação de demanda por meios lícitos e ilícitos. Panorama que colocava os call center desse tipo como empresas fictícias e que operavam em mercados fictícios.

    Para viabilizar essa corrupção, onde imperava o estelionato, o fornecimento indevido de dados de terceiros, os crimes de falsa identificação e de falsidade ideológica, a cúpula gestora das operações assediava outros setores da empresa. E os supervisores 15

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony das equipes eram convocados a administrar os golpes no nível em que se encontrava o operador.

    O supervisor era o que menos ganhava contribuindo com os criminosos de hierarquia superior. E quem na roda não tinha o menor conhecimento sobre a integridade do fluxo de ligações para serem atendidas. Simplesmente cumpria aquilo que lhe era designado. Pegava algum dinheiro com isto, mas sem fazer perguntas que colocassem em xeque a gestão. Bastava ficar só a se felicitar com o extra medíocre em sua conta corrente.

    Às vezes, as ações desconfortáveis que o atendente naquele call center sofria tinha o propósito de lhe inibir o recebimento de remuneração variável. O adicional de salário prometido em treinamento, inexistente no contrato de trabalho e que Tony em quatro anos de funcionalismo naquela empresa jamais vira parar em seu holerite. Falavam pra ele que embora ele entregasse todos os outros indicadores, o tempo médio que ele gastava nos atendimentos era o que lhe tirava a elegibilidade. Só que cobrá-lo era ilegal. Tanto perante as leis trabalhistas e os acordos coletivos que regulamentavam a atividade de operador de telemarketing quanto às leis que protegiam o consumidor naquela ocasião.

    Tanto um quanto o outro tinham direito de desempenhar suas funções sem serem apressados. E o rapaz só não atendia mais rápido devido aos limites que a operação o submetia, como a má qualidade das ferramentas de trabalho lhe providas.

    Por si só, sem manipulação adicional, os indicadores eram propositalmente propícios a não serem alcançados, embora fizessem parecer o contrário. Desde o treinamento inicial, Tony percebera os ganchos que teriam os gestores para mascarar os resultados caso os indicadores fossem alcançados por uma quantidade de operadores que ameaçasse o orçamento da gestão.

    Provavelmente, esse orçamento contava com que poucos 16

    A.A.Vítor | A magia que enriqueceu Tony comissionados atingissem o direito à comissão.

    Tinha por exemplo o tal do tempo logado na máquina de trabalho durante o expediente. A seu critério a empresa podia fazer a máquina ou o sistema contador do tempo parar de funcionar para um ou todos os colaboradores e com isso o indicador se sabotaria e a comissão, com isso, escapava do trabalhador sem que ele tivesse qualquer chance de recuperá-la.

    Com essa mascaração justificavam fracassos nas metas dos índices e usavam para forçar o colaborador a compreender que seriam esses fracassos os responsáveis pelo não recebimento do tal adicional. E, ainda, abusivamente, para parecer que eram sérios os balanços informados, os gestores se davam o luxo de ordenar os supervisores a sancionarem os que chamavam de ofensores de resultados. A sanção era outro fator de perda da RV.

    Gente que só queria trabalhar e que pagassem o que lhe fosse de direito era molestada e oprimida e não tinha apoio nem do governo, nem do sindicato laboral. A Polícia até que era opção contra os abusos e a opressão, mas, difícil de se acionar. Para que isto fosse possível deveriam criar uma própria para socorrer o trabalhador. Se não prometessem remuneração variável era até melhor. Seria menos deprimente para o trabalhador. Mas, dessa forma os gangsters daquela empresa perderiam o álibi para arrancar o resultado de que precisavam. E também os próprios adicionais. Para eles estes existiam.

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