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Valorizando O Trabalho Docente
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E-book333 páginas3 horas

Valorizando O Trabalho Docente

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Sobre este e-book

Esta coletânea é resultado das discussões que se realizaram na 10a edição da Semana de Estudos de Pedagogia (SEPED), promovida pelo Departamento de Pedagogia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes (SEHLA), da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), nos Campi de Irati e Prudentópolis. O curso de Pedagogia possui mais de 40 anos de existência e tem como foco, atualmente, a formação inicial de profissionais para atuarem na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Gestão Educacional. O corpo docente é formado por professores de diversas áreas da Educação, compondo quatro grupos de pesquisa cadastrados no CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. São eles Educação e Formação de Professores; Práxis Educativa: Estudos sobre a Infância e Práticas Pedagógicas; Estado, Políticas e Gestão em Educação e Estudos e Pesquisas Interáreas em Educação Especial e Inclusiva.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de ago. de 2020
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    Pré-visualização do livro

    Valorizando O Trabalho Docente - Hansel E Vaz (orgs.)

    Apresentação

    Ana Flavia Hansel e Marta Rosani Taras Vaz

    Esta coletânea é resultado das discussões que se realizaram na 10a edição da Semana de Estudos de Pedagogia (SEPED), promovida pelo Departamento de Pedagogia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes (SEHLA), da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), nos Campi de Irati e Prudentópolis. O curso de Pedagogia possui mais de 40 anos de existência e tem como foco, atualmente, a formação inicial de profissionais para atuarem na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Gestão Educacional. O corpo docente é formado por professores de diversas áreas da Educação, compondo quatro grupos de pesquisa cadastrados no CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. São eles Educação e Formação de Professores; Práxis Educativa: Estudos sobre a Infância e Práticas Pedagógicas; Estado, Políticas e Gestão em Educação e Estudos e Pesquisas Interáreas em Educação Especial e Inclusiva.

    O X SEPED, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de novembro de 2019, teve como tema central a Valorização Docente e como objetivo promover o debate sobre a temática, além de disseminar as produções dos docentes e discentes, resultados de pesquisas, iniciação cientifica, vivências de sala de aula e/ou atividades extensionistas.

    O referido tema está presente não só nas universidades como objeto de estudo e pesquisa, mas também em espaços políticos, sociais e culturais. Discute-se a valorização do professor em vários grupos e espaços. É, portanto, um tema que permite diversas problematizações, interpretações e, também, práticas. Valorizar o professor compreende um conjunto de ações que visam o reconhecimento da profissão docente. Esse reconhecimento pode acontecer no âmbito pedagógico, das relações entre os professores e alunos; no âmbito cultural e social, das relações estabelecidas entre a educação e instituições sociais e no âmbito político, das relações entre as políticas educacionais nas diversas esferas do poder público.

    Nesta obra, nosso objetivo é promover a valorização do trabalho docente na formação inicial, na prática pedagógica e nas pesquisas desenvolvidas e apresentadas pelos docentes.

    Pensando na Valorização Docente, propusemos a organização deste livro em dois principais momentos/eixos temáticos, intitulados Valorização docente a partir das relações entre professores e alunos, com sete capítulos, e Valorização docente e os desafios das políticas educacionais, com seis capítulos.

    Sendo assim, o primeiro capítulo, intitulado Valorização docente a partir das relações entre professores e alunos, traz uma minuciosa abordagem sobre a teoria das relações, considerando a complexidade do tema. Neste contexto, o autor destaca e analisa os protagonistas das relações educacionais (professores e alunos), refletindo basicamente cinco aspectos vivenciados por todos: que falar em relação educativa não é ter uma relação educativa; as relações educativas, como relações humanas, devem ser reais e não ideais; as relações educativas são ambivalentes; o significado da relação educativa não é anterior à própria relação educativa; e, que interpretar não é sinônimo imediato de compreender.

    O segundo capitulo, A formação inicial docente e a prática pedagógica na educação infantil, é um ensaio teórico acerca de princípios e conhecimentos da educação infantil que, contextualizados à formação docente, devem refletir uma prática pedagógica considerando a tríade educar, brincar e cuidar da criança como sujeito histórico, de direitos e um ser social. O texto é uma contribuição para o debate sobre a formação do professor de educação infantil, abordando aspectos teóricos deste campo do saber e, também, aspectos da prática docente neste nível de ensino.

    Sob o título Estágio curricular obrigatório na formação docente: reflexões sobre a identidade profissional, os autores do terceiro capítulo discutem alguns resultados das suas reflexões sobre a identidade dos professores em formação, no âmbito das disciplinas de estágio curricular na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, do curso de Pedagogia. A leitura do texto suscita a dinamicidade e a promoção do processo investigativo e reflexivo, característico de pesquisa, tomando como objeto os aspectos interventivos presentes no cotidiano das instituições educativas.

    O quarto capítulo, intitulado Estratégias para o ensino de arte: escultura e origâmi como forma de valorização do trabalho docente, aborda as estratégias para o ensino da arte, utilizando a escultura e o origâmi. Nesse texto, as autoras discutem a prática docente e problematizam as estratégias de ensino da arte como forma de valorização do trabalho do professor. Para tanto, percorrem a concepção de gestão escolar desenvolvida na atualidade e a indicada em documentos normativos, bem como a relação dela com as práticas artísticas desenvolvidas na escola por meio do trabalho docente.

    Já no quinto capítulo, Escola inovadora e a valorização do educador com as TICs, a autora apresenta uma discussão sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs), abordando a utilização de vídeos como estratégia didática. Uma das grandes dificuldades, apontadas no texto é saber qual a efetividade das inovações na educação por meio das metodologias ativas. Portanto, a premissa básica é a necessidade de inovar em sala de aula para desenvolver nos alunos habilidades que irão precisar no futuro, como as novas soluções e a aplicação delas de forma responsável. Segundo a autora, é nos ambientes educativos que se abre caminho para a inovação, acompanhando a evolução da sociedade do conhecimento.

    No sexto capítulo deste eixo, Educação especial e inclusiva: aspectos da formação docente, as autoras contribuem com suas análises, levando em consideração a formação do professor da educação especial ou do professor da educação inclusiva. Elas pontuam algumas observações históricas e de legislação no decorrer da formação destes profissionais e seus reflexos e nuances para o contexto atual. Didaticamente, o texto está organizado em dois pontos: um que transita, brevemente, no processo histórico e de normativas legais que respaldam o atendimento educacional da pessoa com deficiência e o segundo, que discute a formação do professor da educação especial na perspectiva da educação inclusiva.

    Dando continuidade ao último capítulo deste eixo temático, intitulado Valorização da prática docente utilizando a ludicidade como ferramenta pedagógica na aprendizagem de alunos com deficiência intelectual, as autoras propõem uma discussão teórica sobre a importância do aspecto lúdico no processo de ensino e aprendizagem destes alunos. Destacando os principais desafios do grupo de estudantes com deficiência intelectual, são contextualizadas teorias e ideias contemporâneas sobre o desenvolvimento e a condução da atividade lúdica na escola, reforçando assim a ideia de que a ludicidade pode trazer muitas contribuições para aprendizagem destes alunos.

    O segundo eixo temático reúne capítulos que se aproximam do campo das políticas educacionais. A valorização docente, nesta perspectiva, pode ser compreendida como um processo efetivado por meio da formação inicial e continuada, da carreira, da remuneração e das condições de trabalho do professor.

    Desse modo, no oitavo capitulo, intitulado Políticas públicas de formação inicial de professores e considerações sobre a docência, as autoras discutem as políticas de formação de professores no Brasil, problematizando a relação entre Estado e política, explicitando os diferentes documentos legais que norteiam a formação de professores e, por fim, analisam a formação de gestores e sua relação com a docência no curso de Pedagogia.

    O nono capítulo, Polônia: ensino fundamental e valorização dos professores, é resultado de uma pesquisa desenvolvida durante o período de licença sabática da autora. Nele, é apresentada a organização e a prática pedagógica do ensino fundamental na Polônia, abordando os diversos aspectos da organização escolar, bem como questões relacionadas à formação e à remuneração dos docentes poloneses e o incentivo governamental.

    O décimo capítulo, intitulado Apontamentos sobre valorização dos professores e educação no campo, traz uma rica discussão sobre a valorização do professor nas escolas do campo, buscando identificar se as políticas educacionais possibilitam as condições para essa valorização.

    No décimo primeiro capitulo, Os processos de privatização da educação básica brasileira: a atuação do projeto Trilhas/Instituto Natura nos municípios da região Sudeste Paranaense, as autoras buscam contextualizar os processos de privatização na educação básica, delimitando as mudanças no âmbito do Estado e das políticas educacionais e identificando a atuação de uma das organizações do setor privado nas escolas municipais da região. Por afetar diretamente os três eixos da valorização enquanto política – formação, carreira e condições de trabalho – entende-se que a discussão a privatização da educação deve ser objeto de estudo dos profissionais da educação.

    O décimo segundo capítulo, intitulado As ocupações das escolas: resistência estudantil contra a precarização do ensino público e pelo direto ao pensamento crítico, é resultado de uma pesquisa de doutoramento. Por meio dele, a autora contribui ao abordar a importância da resistência estudantil e a defesa da educação pública. Entendemos que a existência de um movimento estudantil ativo é condição fundamental para a valorização do ensino público e, também, do trabalho docente.

    Por fim, no décimo terceiro capítulo, Espaços não formais de educação: significados, atribuições e desafios, as autoras apresentam uma importante discussão sobre os diferentes espaços de educação não formal. Desse modo, busca-se valorização da atuação daqueles profissionais para além da educação formal.

    Dentre os textos de ambos os eixos, o leitor poderá relacionar diferentes temáticas com a valorização docente. Alguns textos tratam especificamente sobre o tema e outros trazem discussões pertinentes acerca da formação inicial, da prática pedagógica e das políticas educacionais. De modo geral, os textos deste livro trazem inúmeras contribuições para a área da Educação. Organizá-los é parte do esforço de valorizar os professores que, além da docência, exercem atividades de pesquisas em diferentes campos de saber da Pedagogia.

    Eixo Temático 1

    Valorização docente a partir das relações entre professores e alunos

    Eixo 1 – Prefácio

    Marcelo Naputano

    Dizem por aí que prefácios não são lidos! Eu não sei quantos dos leitores desta obra se darão à briga de lerem estas breves linhas introdutórias, mas espero sejam tantos quanto o meu enorme prazer ao apresentar uma parte dos escritos contidos em Valorizando o Trabalho Docente. Aliás, em meu parecer, a-presentar é a tentativa de fazer presente aos leitores a relevância dos escritos aqui contidos, focalizando a quem a obra é destinada e o que podemos esperar de seu conteúdo.

    Malcolm Shepherd Knowles (Livingston, 24 agosto 1913 – Arkansas, 27 novembro 1997) foi um educador mundialmente conhecido que se dedicou à ciência andragógica, ou seja, ao estudo da aprendizagem em adultos. Em sua obra, publicada originalmente em 1989, The making of an adult educator: An autobigraphical journey, Knowles relata que, quando estava à procura de solucionar questões, em seus livros, para as quais se encontrava em dúvida, ele colocava algumas fotografias de seus possíveis leitores diante de seus olhos, sobre a máquina de escrever, no intento de não se esquecer a quem o texto era destinado e, igualmente, para imaginar qual seria a reação desses ao lerem seu trabalho. Knowles sabia que um livro necessita ser destinado a alguém, pois não se publica para si mesmo ou, o que seria igualmente incompreensível, não se publica exclusivamente para preencher tabela nos índices quantitativos da produção docente nacional. Um livro, diferentemente da escrita, à qual pode ser um ato que nasce de um prazer privado, é um tipo de escritura que também é um produto que tem o intento de comunicar alguma coisa a um público específico.

    Valorizando o Trabalho Docente – em particular, em seu primeiro eixo, denominado Valorização docente e as relações entre professores e alunos, poderia, à primeira vista, em função de seu título, induzir à ideia de que seu público-alvo seriam os docentes! Sim, em parte sim! Mas somente em parte, pois a própria existência dos docentes exige a sua contrapartida, que são os discentes, porque só se é docente efetivamente na presença de discentes. Melhor elucidando: se pode ser pedagogo de formação, mas a docência pede necessariamente a relação docente-discente na qualificação de uma profissão eminentemente constituída em prática relacional. Assim, além dos docentes como destinatários, necessitamos incluir igualmente os discentes para que a obra possa ser um elemento de relação.

    Mas o público destinatário é mais amplo ainda, pois a educação ocorre nas diversas instituições onde outros protagonistas realizam seu cotidiano. Assim, fazem parte de nossos diálogos os gestores das políticas públicas que precisam entender o que ocorre no dia a dia das instituições educativas; o quadro de dirigentes dessas instituições; as famílias e, finalmente, toda e qualquer pessoa do amplo público que seja interessada em melhor compreender como a valorização docente é um tema amplo e que inclui um diálogo constante entre seus vários protagonistas.

    Certamente, o contexto editorial no qual Valorizando o Trabalho Docente vem a público é aquele de uma enorme quantidade de propostas que trabalham o tema com grande competência. E não poderia ser diferente, mesmo porque, se trata de uma tema de emergência nacional e internacional que, devido às grandes transformações deste século XXI, baseadas na enorme velocidade das constantes mudanças do status quo e na evidente tecnologização dos meios e das pessoas, necessita sempre ser discutido e atualizado. Ainda mais em tempos de pandemia da Covid-19, que pôs em evidência uma certa fragilidade das instituições educacionais em relação à utilização das tecnologias e a (in)competência de seus docentes nesse requisito. A educação passará por mudanças profundas em um futuro próximo a esse presente.

    Em relação ao conteúdo, o tema da educação e suas instituições escolares é muito amplo, enquanto o tema da formação docente, embora mais delimitado, é igualmente enorme. A escola é ambiente complexo e, em sua complexidade, tem trabalhado diversos assuntos, como a metodologia de ensino, as relações de poder institucional, a disciplina, a pedagogia, os métodos de ensino, a conexão de matérias para o desenvolvimento de habilidades e tantos outros.

    A escola contemporânea é, ao mesmo tempo, filha do ideal libertador da Revolução Francesa e do ideal utilitário da Revolução Industrial, dando-lhe uma característica de intricada interpretação/solução. Da Revolução Francesa, temos o estabelecimento da instrução primária pública, obrigatória, gratuita e aberta a todos, com o objetivo de formar cidadãos criteriosos. Com a Revolução Industrial, teremos o estabelecimento de escolas com o objetivo de formação coletiva e massificada, com base nas necessidades industriais. Esta tensão de interesses antagônicos do porquê, de qual a função das escolas como instituições socialmente escolhidas, ao longo dos séculos, para o ensino e a aprendizagem, vai caracterizar uma parte das indagações sobre a própria legitimidade social da instituição escolar.

    Legitimidade que encontra força caso as instituições educacionais e seus protagonistas consigam conviver com a crise como algo de constituinte de sua própria natureza. Condição essa que defino com o termo aporético (ἀπορητικός, no grego), com o significado de uma situação difícil, como um nó sem solução intrínseco à própria essência. As instituições escolares e os docentes são igualmente libertários, na medida que trabalham com a formação de novas consciências, e reguladores, uma vez que têm as funções de socialização secundária e passam a cultura já constituída de seu tempo.

    Nesse contexto, existe um tema na escola que pode ser considerado transversal a todos os outros que é o tema da formação dos docentes, pois quaisquer inovações técnico-metodológicas ou organizativas que se façam, se os docentes não correspondem a estas, os esforços serão inoperantes.

    É já conhecida a diferença entre o formar e o informar nas propostas dos cursos de formação docente e muito tem sido feito para estabelecer uma formação/informação no local de trabalho como possibilidade de uma formação/ação. Apesar de ser muito interessante como proposta formativa docente, não é fundamentalmente o lugar da formação que determinará seus resultados, no sentido operacional, e sim o modo como esta formação/ação é construída. É essencial a produção de um conhecimento que seja contextualizado aos próprios eventos, com a participação de todos os protagonistas da escola: diretores, docentes, discentes, genitores, auxiliares de ensino e outros. Porém, não é necessário que esta formação se baseie no local físico da produção deste saber e sim no locus subjetivo de construção existencial e relacional de nosso professor, ao realizar sua profissão como um saber que se constitui em relação social com o outro no potencial das relações estabelecidas.

    Dessa forma é que o eixo Valorização docente e as relações entre professores e alunos pretende trabalhar temas variados, como Valorização docente a partir das relações entre professores e alunos; A formação inicial docente e a prática pedagógica na educação infantil; O estágio curricular obrigatório na formação docente como construtor de uma identidade profissional; As estratégias para o ensino de arte, como o origâmi, para a valorização docente; A necessidade de uma escola inovadora na valorização do educador no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC; A educação especial e inclusiva e seus aspectos na formação docente; e, por fim, A valorização da prática docente utilizando a ludicidade como ferramenta pedagógica na aprendizagem de alunos com deficiência intelectual.

    Por fim, uma vez que esta obra é dividida em dois eixos – um teórico e outro prático – é importante dizer que essa divisão é meramente pedagógica, pois, neste primeiro eixo, destinado às ações concretas, as reflexões teóricas são muitas e baseadas em variados autores importantes da atualidade. A diferença, em relação ao segundo eixo, está no objetivo principal de focalizar e discutir a formação docente, tomando-a como práxis pensada e elaborada a partir do modus operandi das problemáticas cotidianas, que se configuram na ambiência educacional e escolar. Contudo, entendendo que essas problemáticas não são e, não devem ser, um problema, pois, na realidade, são problemáticas necessárias para que o ato educativo ocorra. A escola, com suas atuais complexidades e crises de função social e autoridade, é lugar singular para a construção de novas narrativas coletivas entre docentes e discentes na produção de uma educação de nível médio significativa/significante para todos.

    Desejo a todas e a todos uma boa leitura.

    Valorização docente a partir das relações entre professores e alunos

    Marcelo Naputano

    Psicólogo, Mestre e Doutor em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com período sanduíche na Itália, na Facoltà di Psicologia dell’Università di Bologna (UNIBO). Especializações na Itália em Educação Intercultural pela Università RomaTre (ROMATRE); em Educação pela Università di Torino (UNITO) e Mediação Intercultural e Familiar pelo Istituto SHINUI di Bergamo. Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, Professor Assistente Doutor no curso de Psicologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Brasil.

    E-mail: marcelo.naputano@ufrr.br

    No mundo dos seres viventes não existem coisas, mas somente relações Gregory Bateson

    INTRODUÇÃO

    O presente texto é resultado das reflexões realizadas por ocasião da X Semana de Estudos de Pedagogia – SEPED, da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO, ocorrida de 11 a 14 de novembro de 2019, nas cidades de Irati e Prudentópolis. O tema central escolhido para aquela edição do SEPED foi o da valorização docente. Eu fui um dos convidados para fazer uma das palestras de abertura do evento e, com enorme prazer, mas também com certa inquietação, confirmei minha presença.

    Prazer advindo das relações de intenso trabalho e, igualmente, pessoais que estabeleci em um passado recente, quando fui professor-colaborador na UNICENTRO no Departamento de Psicologia e, em particular, nas muitas disciplinas ministradas no excelente curso de Pedagogia e nos vários cursos de licenciatura.

    E inquietação pelo desafio da temática escolhida: A valorização docente.

    Questão essa muito ampla, necessária, corajosa e complexa em nossos dias, no Brasil – onde a educação pública de qualidade não parece ser uma das prioridades nacionais. Isso pode ser entendido imediatamente por meio de uma questão que podemos nominar de sintomática, como, por exemplo, os nossos altos índices de analfabetos funcionais, encontrados entre as pessoas que obtiveram algum grau de estudo formal. O Instituto Paulo Montenegro publicou, em 2018, um quadro no qual se descreve o analfabetismo funcional com índices muito preocupantes: 70% entre as pessoas que frequentaram os primeiros anos do ensino fundamental, 34% entre as pessoas que frequentaram os últimos anos do ensino fundamental, 13% entre as que frequentaram o ensino médio e 4% entre as que frequentaram o ensino superior (INAF, 2018, p. 1-22).

    Enfim, a complexidade do tema não pode ser analisada sob a égide do absoluto ou do conclusivo, pois envolve múltiplos fatores e toda e qualquer análise

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