Presença Perene
De Ysa Nunes
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Presença Perene - Ysa Nunes
Presença Perene
Ysa Nunes
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O conteúdo desta obra, inclusive revisão ortográfica, é de responsabilidade exclusiva do autor.
Registro ISBN: 9788544806678
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Aos leitores que por curiosidade passarem para a página seguinte, agradeço a consideração e quem sabe o prestigio.
Ficarei ainda mais grata se receber sugestões e críticas, vou recebê-las com muita atenção, pois sou uma principiante na arte da escrita!
À minha inspiração ... (literalmente)
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Presença Perene, por Ysa Nunes Primeira Parte
Lastimar a vida monótona pode ser o prenúncio de uma obscura metamorfose!?...
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Presença Perene, por Ysa Nunes
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Presença Perene, por Ysa Nunes Capítulo 1
Paula sempre ouvira de sua mãe que não se deve lamentar a vida, porém continuava entediada com aquela rotina enfadonha. Deitada em sua cama, observava riscos imaginários no teto. Ela via neles rostos deformados, monstros imensos. Virou-se para o guarda-roupa e reparou nele outros rostos. Os nós da madeira viravam olhos arregalados ou narinas disformes. Ah! Que vida chata!
A televisão estava ligada à sua frente, mas ela não prestava atenção à conversa de mulheres em salas-de-estar montadas que nem de longe lembram a sala de sua casa.
A conversa entediante era diária e para a garota, não falavam nada que ela pudesse aproveitar. Às vezes, mas só às vezes, falavam de moda e beleza. Mas nunca entenderiam do que ela gosta. Quando será que mostrarão alguma coisa que interessasse a ela?
, pensava.
Virou-se para a parede e fechou os olhos tentando dormir.
Antes, ficou a fantasiar um encontro com o Beto: diria que ele estava bem naquela calça. Oh! Não! Ele nunca tira aquela calça! Falaria do cabelo... Isso, ele está com um corte diferente. Trocou de cabeleireiro? E a Melissa? Que saudades da amiga! Quando voltará da viagem?
Com esses pensamentos, Paula dormiu.
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Presença Perene, por Ysa Nunes A sala estava repleta de pessoas que conversavam alegremente. Paula viu que se tratava de uma grande festa, pois bebiam e gargalhavam alto. Ela caminhou entre elas.
Podia perceber a mistura dos perfumes, aromas nunca antes sentidos. Todos os presentes olhavam para a garota, mas ela desviava o olhar. Não compreendia como poderia tanta gente estar na sua pequenina sala. Voltou-se ao ouvir o chamado:
- Paula, Paula, acorde!
Ela deu um pulo e sentou-se na cama.
- Credo, mãe! Precisa me acordar desse jeito? - A mulher foi até o guarda-roupas e ficou retirando peças de dentro.
- Nossa, Paula! Você continua guardando as roupas sujas no armário! Como pode, minha filha?
- Mãe! Quem eram aquelas pessoas? - Paula estava visivelmente confusa.
- Que pessoas? Vamos filha, levante-se, tome um banho.
Tome um café!...
Paula esfregou os olhos. "Então foi um sonho! Caramba!
Parecia tão real! E aqueles vestidos... tão antigos! Ah!
Deixa prá lá!
Paula levantou e espreguiçando-se foi até o banheiro tomar um banho.
Algum tempo depois, já estava à mesa para tomar o café da manhã, ficou beliscando uma coisa e outra. Sua mãe entrou na cozinha e começou a falar. Paula ouvira alguma coisa a respeito do vizinho, mas como sempre não se interessou. A mãe continuou falando e falando e falando, a garota respondia humm, sei, nossa, tá bom, ...então, eu to indo
. Saiu, deixando a mulher chamando várias vezes:
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Presença Perene, por Ysa Nunes
Paula, aonde você vai? Vem aqui, ainda não terminei...
. -
Tá mãe, já sei disso tudo.
Na calçada a garota olhou à sua volta. Nossa, que tédio, cadê esse pessoal?
De repente, levou um esbarrão que a levou ao chão, era sua amiga Rita:
- Paula, descobrimos um lugar que rola o maior barato!
- Barato!... Barato!... Eu quero agitar! - Ela não escondeu a irritação.
- Amiga, um barato, pra ficarmos daquele jeito!...
- Onde é? - Perguntou sem levantar-se do chão, mexendo nas unhas.
- O Bruno tá agitando de levar nós. Vai o Beto, o Claudião, a Musa, eu e você. Que acha?
- Tá bom! Que horas?
Paula foi até o quintal, incomodando-se com a mãe que vinha em sua direção. Ah, outra vez, não!
pensou.
- Finalmente acordou! A Rita ligou, insistiu que queria falar com você.
- A Rita? Mas eu estava lá fora conversando com ela! Não pode ser a Rita, preste atenção quando alguém me liga!
- Ah! Então não sei quem é a Rita? Conheço a voz dela de longe! E você? Como saiu se tava no quarto dormindo?
Acabei de vir de lá. - A mulher deixou cair os baldes e vassouras, propositalmente.
Paula foi até o aparelho, apertou alguns botões e viu o número recebido registrado. Era da Rita, da casa da Rita.
Ligou de volta:
- Alô?!
[ 12 ]
Presença Perene, por Ysa Nunes
- Rita é você? - Paula estava incrédula.
- Sim, Paula. Ah! Estou precisando falar com você. Temos um lance prá hoje!
- Para de me zoar, Rita. Você já esteve aqui e me falou desse lance de hoje a noite.
- Eu hein, endoidou? Nem me levantei da cama, ainda!
Paula desligou. Caramba! Será que sonhei tudo isso ou estão querendo aprontar alguma comigo! Ah! Vou me fazer de boba, não vou dar o braço a torcer.
A mãe apareceu na sala, toda suada, descabelada, respirava fortemente. Trazia uma enorme cesta de roupas.
- E então, falou com a Rita?
- Falei. Mais tarde a gente vai dar um rolê.
- E que historia é essa de já ter falado com ela antes?
- Sei lá! Só posso ter sonhado, né? A casa parecia estar cheia de gente, se você não me chamasse... era tão real!
Depois esse esbarrão com a Rita na rua... – a garota falava consigo mesma.
- Paula, do que você está falando? Eu nem te chamei hoje!
Arre! Menina, vai arrumar o que fazer!
A mãe ficou dobrando as roupas que recolhera do varal. O
radio transmitia o programa matinal sobre os casos de violência na cidade. Detalhadamente contava os crimes ocorridos na noite anterior. A grande maioria sobre homens que matam suas companheiras, simplesmente porque o relacionamento terminou e não conseguem assumir a perda. A mulher pensou na filha e no namorado Beto. "É
um cara decente, uma boa pessoa! Talvez seja a Paula a não merecer ele!" A mulher sabia o quanto a garota estava
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Presença Perene, por Ysa Nunes mudada. Notava as mãos trêmulas e os olhos vermelhos, porém recusava-se a imaginar que pudesse ser pelo uso de drogas ou bebidas. "Ah! Não pode ser isso, isso não!
Drogas, não!".
Ao mesmo tempo, Paula encontrava-se no quarto, pensativa:
"Que coisa mais estranha, essa. Tenho certeza que saí, que vi a Rita. Ouviu uma voz bem no seu interior responder:
- Estão querendo me enlouquecer!...
- Vou tirar isso a limpo! É isso que eu vou fazer! - disse a garota andando rapidamente na direção da mãe.
- Mãe, FALA! O que está acontecendo aqui? Você está querendo me enlouquecer? - Os olhos arregalados pareciam estranhos àquela mulher.
Leda, a mãe, é uma mulher esforçada. Passa os dias lavando roupas para fora, faz bico como faxineira e às vezes trabalha de babá para ganhar um dinheirinho. Além da Paula com quinze anos, tem o Marcelo com vinte e dois anos que cursa Engenharia no interior do Estado de São Paulo. Marcelo sempre liga perguntando se precisa de alguma coisa, se está tudo bem com a Paula ou se tem alguma novidade. Quando pergunta se há novidades, quer saber se o pai deu notícias. Já há quatro anos que ele saíra de casa com a roupa do corpo, sem levar nenhum pertence.
Inclusive, os seus documentos permaneceram na carteira numa prateleira da estante da sala. Leda recusava-se a aceitar que o marido pudesse tê-la abandonado em definitivo. - Se foi alguma aventura, tenho fé que isso vai passar e ele voltará para os filhos e para mim. - Pensava
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Presença Perene, por Ysa Nunes ela. - Paixão é coisa passageira, mas amor, isso sim é o que ele sente por mim!"
A falta do pai abalou principalmente à Paula, pelo menos era assim que Leda pensava. Paula vivia distante da mãe e do irmão. Muitas vezes, nem se lembrava que tinha um irmão e isso magoava a mãe.
Diferente do amor estável de Marcelo, Paula antes carinhosa, agora se transformara numa pessoa arrogante, fria e violenta.
- Fala pra mim. O que você está tramando?
- Eu? Tramando, mas afinal o que deu em você, Paula? –
De repente, Leda sentiu uma pontada no peito que ultimamente era constante.
- Não adianta, eu já percebi. Você e a Rita, e vai saber mais quem tá nessa! Fala, mãe! FALA!
Paula partiu pra cima da pobre mulher, que, para se defender colocou o ferro de passar roupas à sua frente.
- Ah! Agora vai me queimar!? Já sei de tudo, não precisa me esconder.
- Filha, por favor! Não sei do que você está falando! Só dei o recado da Rita, você mesma falou com ela!.
- Disso eu já sei, mas tem algo acontecendo e eu vou descobrir o que é que estão tramando. A Rita esteve aqui na porta, MÃE! Como pode ter estado na porta e no telefone ao mesmo tempo?
- Você disse que era outra Rita!...
- Disse por que queria ver até onde ia a sua mentira.
- A Rita confirmou que ligou, não confirmou? O que está acontecendo com você? Minha filha! O que você anda
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Presença Perene, por Ysa Nunes aprontando, Paula? Tá na cara que você não tá normal.
Estou achando que você tá usando drogas … Será isso?
Transtornada, Paula pulou nas costas da mãe empurrando-a contra a mesa. Foi tudo ao chão. O ferro caiu por sobre as roupas já engomadas misturando com as amarrotadas.
Conforme caiu, a mulher bateu o rosto na quina do ferro quente. Paula observou o sangue manchar lentamente as roupas de um vermelho tão vivo que mais se parecia com catchup
, pensou ela. Aproximou-se da mãe e esbravejou asperamente:
- ESCUTA AQUI! EU vou atrás de saber o que estão querendo aprontar comigo e vocês vão se foder! Ah! Vão!
Pouco tempo depois, a garota estava na praça aguardando os amigos, ansiosa por reencontrar Rita e tirar a limpo aquela história toda. Acendeu um cigarro e permaneceu pensativa. Ultimamente as coisas pareciam muito estranhas, ninguém a entendia. Todos a perseguiam. Não tinha mais vontade nenhuma de ficar em casa. Ah! Se não fosse aquele fuminho com os amigos... Era a única forma de relaxar e esquecer aquela vida imbecil que levava naquela maldita família!
– Pensava.
- Olá! - Sobressaltou-se com uma voz no ouvido. Era o Bruno, colega de escola.
- Seu pirado! Precisa me assustar? Cadê o povo? O Beto?
- Acho que vão vir. - Respondeu ele - Dá um cigarro pra mim, gata?
- Tá na hora de você comprar, não tá fácil arrancar grana da minha mãe!
- Sua mão-de-vaca! Me dá um ai, caralho!
- Cadê o povo? - Paula estava ansiosa.
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Presença Perene, por Ysa Nunes
- Por quê? Vocês têm algum plano pra essa noite? - Bruno perguntou calmamente.
- Sabe de uma coisa, acho que vocês endoidaram todos. –
Inquieta, Paula caminhava de um lado para o outro.
- Mas me fale. O que a Rita lhe disse?... Aí vem ela, conversa com ela, porque eu não tenho programa nenhum para esta noite!
- Rita, a gente precisa conversar!
- Sobre? - A garota cumprimentou com beijos nas bochechas e sentou-se, Paula ficou de pé diante dos jovens. Tirou um maço de cigarros da pequena bolsa: - Sou toda ouvidos, pode falar, miga
!
- Aconteceu uma coisa horrível hoje! Só vendo você agora é que sei que foi muito estranho mesmo.
- Sério? Conta logo!
- Chiii! Lá vem esse papo família outra vez, tô de saco cheio desses teus problemas com a tua mãe, vou dar um role e já volto!
Bruno afastou-se e Paula sentou-se ao lado da amiga:
- Rita, quero que você me diga de verdade. Por que conversamos na porta de casa e minha mãe e você ficaram dizendo que você não foi lá, que só ligou?
- Não to entendendo! Como assim? Já te falei que não estive na tua casa hoje!
- Rita, lembra que você esbarrou em mim que eu fui parar no chão e conversamos de nos encontrarmos?
- Mas, Paula! Hoje estou te encontrando agora! Antes nos falamos pelo telefone! Amiga, você ta pirando! Melhor dá um tempo no que você está usando, hein?
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Presença Perene, por Ysa Nunes
- Olha, Rita, até briguei com a minha mãe por isso, achei que ela e você haviam combinado de aprontar uma prá me assustar, sei lá! Ela tá lá, acho até que machuquei ela.
- Paula, vai ver você sonhou ou tá vendo coisas! Sabe que acontece essas coisas né? Sabe do que estou falando, não é mesmo, Paula? Pior mesmo é essa história de você ter machucado sua mãe! Tadinha da dona Leda, é tão boa com você!
[ 18 ]
Presença Perene, por Ysa Nunes
Capítulo 2
A madrugada era fria e uma garoa fina cobria os carros, as pessoas insistiam em permanecer nas ruas. A maioria era de boêmios ainda com suas roupas de trabalho, fechando os bares desde o happy-hour
. Paula se encontrava sozinha numa mesa, debaixo de uma lona amarrada pelas pontas por barbantes que rodeavam dois postes. Garrafas de cervejas vazias rolavam por toda parte e eram recolhidas por um rapaz com maestria e rapidez para encerrar a noite.
Um casal discutia nervosamente, e um homem empurrava uma garota para dentro de um veículo, outra jovem vomitava protegendo os cabelos segurando-os para trás e um senhor bocejava ruidosamente apoiando a cabeça nas palmas das mãos. No escuro, agarrados, via-se um casal apertando-se libidinosamente contra a parede parecendo encenar um filme erótico, indiferentes aos passantes. Para Paula tudo ao seu redor também era indiferente. Com o olhar perdido tentava colocar