Poetizando: nada mudou
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Poetizando - Marciely de Oliveira
Introdução
Há sentimentos que nunca morrem. Nem mesmo com o passar dos anos ou com a vontade de matá-los. Eles simplesmente se transformam. Resta uma saudade com risos bobos e lembranças que jamais serão esquecidas. Por isso, melhor do que esquecer é ressignificar, fazendo florescer constantemente uma nova poesia, expressão mais pura de um coração ingênuo que nunca cansa de amar.
Introduzir um livro de poesias nos dias atuais seria o mesmo que dizer um monte de clichês, falando coisas que todo mundo sabe e que ninguém vive. Meus caros, acreditem se quiser, mas cada palavra contida neste livro carrega uma gota do meu sangue que foi jorrado nos meus diversos massacres emocionais de angústia, dor, saudade e tristeza. Contudo ele carrega, também, sorrisos e lágrimas de alegria. É um pedaço arrancado de mim.
Esta é a continuidade de uma edição de sucesso. Poetizando é uma linda coletânea, escondida na mística da arte de escrever. O antecessor deste livro, lançado em 2005, marcou muitas histórias. Pessoas ainda relatam lembranças sobre ele e, insistentemente, me pedem uma nova versão. Por isso, este livro nasceu. Nasceu porque vocês me plantaram um grande sonho: deixar de escrever só para mim e passar a embelezar o mundo com meu singelo dom.
Trago nessa versão completa toda a minha trajetória rimada. Diversos poemas escritos de profundas reflexões e também os mais aprendizes. Queria reunir todos os meus diversos momentos e maturidades. Por esse motivo, trago neste livro várias poesias inéditas e algumas do primeiro.
Poetizando – Nada Mudou leva o título de uma das poesias. Todas foram selecionadas minuciosamente, visando narrar a melhor parte de toda a melancolia vivida e desabafada em rimas.
Quer falem de mim ou falem de você, o importante é que palavras eternizadas em rimas podem relatar a vida de pessoas que, talvez, ainda nem tenham nascido. Que essas expressões puras e simples encham sua alma de amor e tirem suas angústias, mesmo que em uma lágrima tímida.
Apresentação
Por Maria Madalena Farias Trevisan
Certa vez, não me lembro onde, li que o poeta vê o mundo com um olhar diferente das pessoas comuns
. Que uma nervura na cortina ou um óculos sobre a mesa, para nós, são apenas o que vemos, porém, ao olhar do poeta, ganham nuances e significados ímpares.
Amo a poesia, mas não possuo habilidades poéticas. Sou amante da palavra, uma vez que ela, assim como para o poeta, é meu objeto de trabalho, pois sou professora de linguagem. Sem o talento poético, decidi muito cedo que seria uma apreciadora e provocadora da arte da palavra e do inquietamento que essa dita ou escrita possui.
Marciely de Oliveira já nasceu com a alma poética. Quando estava na tenra adolescência, aos seus quinze anos, me apresentou a sua pasta mágica cheia de escritos e delírios poéticos. A paixão foi imediata e juntas embarcamos no sonho de publicar aquelas maravilhas. Claro que buscamos parcerias e com elas surgiu o Poetizando com Marciely.
Quinze anos se distanciaram desde aquela doce e singela aventura. Noite mágica de autógrafo, sucesso total para amigos e familiares.
Para minha surpresa e imensa satisfação, inesperadamente recebi uma ligação. Agora, uma linda mulher, uma poetisa adulta com um olhar não menos encantador, me apresenta o Poetizando - Nada Mudou pronto, com poesias selecionadas, capa definida, as preliminares estéticas que uma obra requer, dando-me a honra de fazer esta tímida apresentação.
A poetisa Marciely de Oliveira é confiante, decidida, busca seus sonhos e olha as pessoas com um olhar lírico. Sou feliz por estar no rol das quais seus olhos de respeito e poesia alcançam.
O livro é ótimo, fará sucesso! Vale a pena conferir.
Gratidão imensa por esta oportunidade!
Nada mudou
Tanto tempo já passou
Sem te ver ou te sentir…
Até podia ter a certeza que o sentimento acabou,
Contudo bastou apenas outra vez ver o teu olhar sorrir.
Tudo mudou! Ou melhor, nada mudou!
Já traçamos diferentes caminhos,
Mas seu abraço me transportou
Para nossos felizes momentos sozinhos.
Confesso que mexeu muito comigo.
Recordo quando recusei sua amizade
Para depois te pedir para ser meu amigo.
O tempo todo eu sentia saudade.
Eu não sei se é amor,
Só sei que o tempo não conseguiu apagar.
Não quero ser responsável por nenhuma dor,
Nem mesmo de quem está em meu lugar.
Fui eu quem escolheu assim,
Que viva apenas em mim isto que refloresceu.
Talvez, te amarei até o fim
Com a certeza que o amor não morreu.
Sempre disse que amor era singular,
Agora, pergunto: Eu saberia o identificar?
Será que perdi a chance de amar?
Vivi o amor para agora só lamentar?
Por favor, analise comigo:
O único que chamei de amor? Você!
O único que me entreguei de corpo e alma? Você!
O único nome que intitulei poesia? O seu!
O único abraço capaz de me transportar? O seu!
Nada mudou!
Você notou?
Lembrar de ti até me fez perder a rima!
Grave! Gravíssimo!
Enfim, nada mudou!
Em mim, o amor ressuscitou,
Mesmo assim, eu vou
Seguir daqui, exatamente onde tudo parou.
Repercussão
Hoje, estou aqui.
Amanhã, não sei.
Cá estou a refletir:
E depois, o que eu serei?
Qual fragmento de mim
Será tão comentado?
Nesse dia, alcançarei, enfim,
O olhar tão desejado
Audiência
Que faz qualquer tragédia
Ganhar evidência,
Superando a média.
Tanto ódio em destaque,
Tanta tristeza noticiada,
Enquanto a fantástica poesia
Só deseja ser notada.
Que paraíso seria
Se a mesma repercussão
Fosse atribuída
A bela arte da expressão.
Meu mundo
Devo confessar
Que, depois de te conhecer,
Está impossível disfarçar,
A mesma de antes não posso ser.
Sei que não deveria permitir
Porque foi algo sem expectativa.
Sentimento foi proibido de existir,
Mas o coração não deu alternativa.
Não há nada de errado,
Não há nada de certo.
No meu lema de vida, não há culpado,
Sou fiel a qualquer sentimento desperto.
Foi um momento intenso,
Inteiramente contigo a cada segundo.
Se apaixonar não estava propenso,
Mas certamente mudou meu mundo.
A pior saudade
Quando estamos distantes,
A saudade pode até justificar:
A pessoa que nos é importante
Dentro do coração irá ficar.
Essa saudade é até suportável,
Tem outra que dói muito mais,
É estar em uma distância agradável
E não poder matá-la jamais.
A saudade mais dolorida
É aquela que é sentida
Estando bem perto da pessoa querida,
Admirando e calando a saudade reprimida.
O que fazer?
Viro para cá, viro para lá,
O sono não vem.
Relógio parado, cravado!
Ponteiro não mexe,
São duas da matina,
Meu coração não esquece.
Metade de mim quer ir,
A outra insiste em ficar.
Eu choro!
Ando por toda a casa,
Meu celular me encara,
Sei que não devo ligar,
Mas meu impulso fala mais alto
E, restritamente, eu ligo.
Não me atende, ainda bem.
Estou balançada.
Estou confusa.
Estou aflita.
Estou inquieta.
O que fazer?
Ninguém me atende.
Ninguém me compreende.
Nas linhas eu desabafo.
Que ótimo seria se cada poesia
Pudesse me dizer
O que eu devo fazer!
Soneto da insaciedade
Fala-se tanto sobre a felicidade,
Mas encontrá-la de verdade é desafiador.
Principalmente pela nossa insaciedade
De querer buscar sempre além do amor.
Em minhas mãos, eu já tive a felicidade segura
E não a deixei escapar por entre meus dedos.
Eu a atirei nos braços de uma pessoa futura
Para ir em busca de uma falsa alegria, sem medos.
Hoje, percebo que eu tinha tudo o que precisava,
Carinho, amizade, alguém que realmente me amava.
Irreversivelmente, já deixei para trás o que eu sonhava.
Eu vivi um grande amor,
Foi maravilhoso, encantador.
Perdi! E, na minha ilusão, sufoco a dor.
Harmonia
Levamos toda a vida
Em constante observância.
Tanta perfeição cumprida
Sem entender a importância.
Todo o padrão realizado,
Quanta felicidade por um triz.
Descobri que, entre o certo e o errado,
O importante é ser feliz.
De que vale andar sempre na linha?
Quem definiu o que deve ser feito?
Acaso não posso decidir sozinha
Entre ser feliz ou ser perfeito?
Não significa viver em anarquia,
Apenas criar nossos próprios padrões.
Penso que a verdadeira harmonia
É ser fiel aos nossos corações.
Quem está bem, primeiramente consigo,
Fica mais fácil a empatia ter
Desmistificar o que já fizeram comigo,
Abre os meus olhos para o outro entender
Todo poeta
Todo poeta tem seu lado de mistério,
Todo poeta leva as palavras muito a sério,
Todo poeta não tem medo de cemitério,
Todo poeta abusa do seu minério
.
Todo poeta adora inventar sentimento,
Todo poeta se inspira em relacionamento,
Todo poeta tem alma com sangramento,
Todo poeta tem lucro mesmo com o sofrimento.
Todo poeta aprende a lidar com a dor,
Todo poeta deseja um grande amor,
Todo poeta luta como um sonhador,
Todo poeta sempre se joga nos braços do conquistador.
Todo poeta ama com intensidade,
Todo poeta conhece a realidade,
Todo poeta adora sensualidade,
Todo poeta tenta alertar a humanidade.
Todo poeta gosta de carinho,
Todo poeta vive em solidão no seu cantinho,
Todo poeta se apaixona mesmo sem beijinho,
Todo poeta sempre acaba sozinho.
Todo poeta sempre está em harmonia,
Todo poeta tem seu