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Carrossel
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E-book148 páginas1 hora

Carrossel

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Sobre este e-book

Um carrossel gira sem parar, e a cada nova volta vai tecendo histórias, reminiscências, ainda vivas e fortes, que de tão reais são capazes de nos envolver, levando-nos, juntamente com os seus coloridos cavalos, para novas voltas e viagens sem fim.Paulo Sergio Valle é indiscutivelmente um poeta da música; seu universo de letras fez e faz o Brasil cantar, mas seus textos são viagens, muitas vezes, como em alguns dos seus livros, contados a bordo de bicicletas que mapeiam o mundo. Mas, quando se põem a relembrar fatos, memórias, não há nada que nos envolva tanto como suas histórias costuradas em pontuais filigranas, a ponto de nos sentirmos personagens dentro de cada um dos seus vastos cenários. “Carrossel” é mais uma dessas viagens embaladas por realidades e sonhos que se fundem, que rodam e giram, como nesse mágico brinquedo, fazendo-nos leitores de um grande texto literário.
IdiomaPortuguês
EditoraLitteris
Data de lançamento28 de set. de 2022
ISBN9786555731309
Carrossel
Autor

Paulo Sergio Valle

é um dos nomes mais importantes da MPB. Nas últimas décadas, compôs para os principais intérpretes brasileiros. É autor de centenas de músicas e dezenas de sucessos inesquecíveis cantadas por nomes como: Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Herbert Viana, Marcos Valle, Ivete Sangalo, Alcione, Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano, José Augusto entre outros. Atualmente é presidente da UBC - União Brasileira de Compositores. Este é o seu sétimo livro publicado.

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    Carrossel - Paulo Sergio Valle

    capa_interna.jpgfr

    Paulo Sergio Valle

    litteris

    Copyright desta edição © 2022 by Paulo Sergio Valle. 

    Direitos em Língua Portuguesa reservados a Litteris Editora. 

    ISBN: 978-65-5573-130-9 (versão digital)

    ISBN: 978-65-5573-134-7 (livro impresso)

    Arte de Capa: Teresa Akil

    Revisão: Bianca Yassodara

    Editoração e Projeto Gráfico: Jean Carlos Barbaro

    Editoria: Artur Rodrigues / Deucimar Cevolela

    Conversão: Cevolela Editions

    440

    LITTERIS® EDITORA

    CNPJ 32.067.910/0001-88 - Insc. Estadual 83.581.948

    Av. Marechal Floriano, 143 sala 805 - Centro

    20080-005 - Rio de Janeiro - RJ

    Tel: (21)2223-0030/ 2263-3141

    E-mail: litteris@litteris.com.br

    www.litteris.com.br

    www.litteriseditora.com.br

    www.livrarialitteris.com.br

    Carrossel

    Vivemos sempre em busca de sentido para nossas crenças e atitudes. Um misto de ser-vivente, que tem suas obrigações no dia a dia, e de observador da vida, que enxerga o mover do mundo, tentando compreender ou encontrar soluções para aquilo que discorda ou pensa que poderia ser melhor. Criando histórias, quase sempre repetimos as mesmas fórmulas que são a estrutura que nos move e justifica a nossa forma de viver e crer em tudo que nos rodeia. Nunca sabemos se passamos pela vida ou é ela, a vida, que passa por nós. Assim vamos criando nossos argumentos para o que consideramos realidade, enquanto observamos o andar do tempo.

    Paulo Sergio Valle, de forma sutil, nos convida para uma viagem, embarcando em um Carrossel, onde a ficção se confunde com a realidade e nos leva à experiência daquilo que gostaríamos que fosse a nossa vida. Memórias suscitando de nossa mente inquieta, nos trazendo cenas já vividas por nós em algum momento de nossa existência. Um movimento cíclico preso pelo desejo de saber sempre um pouco mais sobre nós mesmos. Para o autor Tudo nessa vida se entrelaça. Uma frase que nos induz ao cuidado de não apenas ouvir histórias, mas transcendê-las. Ir além delas.

    Em uma série de recortes da vida cotidiana, aos poucos, somos envolvidos pela aura do desejo de estar lá fora, vivendo a vida movidos pela curiosidade de saber mais sobre o mundo, sobre as pessoas, suas dores, loucuras e necessidades que moldam o nosso pensamento e o que somos. Uma busca de respostas para nossas indagações e a dependência dos acontecimentos cotidianos para vivermos a tristeza ou a felicidade, que se alternam em nosso interior.

    Gradativamente vamos percebendo, ao longo da leitura, uma crítica inteligente que se adequa ao mundo em que vivemos na atualidade. Muita informação e pouco conhecimento e aprofundamento na essência do ser, nos levando à ansiedade e necessidade de novidades que preencham nossa angústia existencial e despertem nossa curiosidade. Em alguns momentos o criador se funde à criatura e, em passeios de metrô pela cidade, no convívio com as pessoas que também buscam explicações e sentido para a vida, nos leva à certeza de que o tempo, tratado por Agostinho de Hipona como algo irreal em si, nos faz sentir parte de um movimento que preenche nossos dias e justifica o ar que respiramos. É exatamente nesse emaranhado de ideias, conclusões e confusões, que o autor nos leva à crença de que as circunstâncias da vida, desde a infância, nos moldaram para sermos o que somos. Não o que imaginamos ou idealizamos como correto para os nossos dias e merecimento.

    No final, a percepção de que somente nos resta a dúvida. Único sentimento que nos move e nos faz abrir os olhos para renascer a cada dia. Aceitando os mistérios da vida, o vento no rosto e a crença no tempo. Que talvez não exista... Mas nos suporta, conforta e nos deixa seguir em busca de histórias que nos prendam ao que nos faz crer em algo superior. Nos possibilitando tomar um Carrossel e viajar para os mundos que criamos, viemos e gostaríamos de perpetuar.

    Um livro lúcido onde o autor se permite, em meio à narrativa, se mostrar e opinar sobre a realidade e injustiças do mundo atual, com todas as virtudes e incertezas que vivemos. Para ele,

    "As palavras de ontem

    Já não me serviram esta manhã

    Enganaram-me: não são

    O que diziam ser"

    Que assim seja!!

    Geraldo Vianna

    (Compositor, violonista e produtor musical)

    Como sempre contei com a preciosa colaboração da minha mulher Malena,que organizou os contos

    1

    Introdução Carrossel

    Muitos leitores, hoje em dia, não querem saber de ficção. Só querem ler o que é real, o que relata os fatos, se possível com registros e datas. Não aceitam nem mesmo a verossimilhança, exigem a verdade incontestável, sem qualquer interesse pelo estilo do autor, ou seja, pela arte literária.

    Outros, menos exigentes nessas questões de veracidade, procuram na ficção contatos com a realidade, buscam em suas memórias, acontecimentos que poderiam ter servido de fundamento para que o escriba exercitasse sua imaginação. Isso acaba por se tornar um autêntico trabalho investigativo que, de certo modo, aumenta o prazer da leitura.

    Há também os que dizem que a ficção é a arte de mentir. Para esses, ainda que sem a intenção ofensiva, o ficcionista é um mentiroso.

    O próprio Jean Jacques Rousseau, em suas Confissões (Les Confessions), ao se penitenciar por erros cometidos em sua vida, procurou estabelecer a diferença entre a mentira e a ficção. São dele as palavras: La lenteur de mes idèes et l’aridité de ma conversation me forçaient de recourir aux fictions pour avoir quelque chose à dire.¹

    Em outras palavras, e em bom português, mentir ele nunca mentiu, apenas ficcionou. Claro que isso foi dito em outro contexto, mas serve para ilustrar a dicotomia entre a mentira e a ficção.

    Em minha opinião, pode-se inventar lugares, alterar situações, mas tudo sempre tem fulcro em alguma coisa verdadeira.

    Carrossel é uma alegoria, uma maneira mágica que encontrei para contar histórias de pessoas reais. O carrossel gira, o mundo também!

    1

    Carrossel

    Já tive muitos homens, todos muito melhores que você.

    Todos temos dias melhores e piores.

    Deu uma gargalhada de deboche, pegou uma saia curta e foi torná-la mais curta ainda, costurando a bainha.

    Onde aprendeu isso?

    Sou uma mulher prendada.

    Eu estava no seu quarto, em sua casa, onde me aboletara há uma semana, desempregado e quase sem dinheiro.

    Agora admirava suas pernas longas e seus seios rijos.

    O que está olhando? Não dá em nada mesmo! Outra gargalhada debochada.

    Jezebel. Sherazade. Ela não queria que eu a chamasse assim. Era Maria. Maria, mesmo.

    Sem a vírgula, por favor, Maria Mesmo. Este é o meu nome.

    A casa bem arrumada, toda no lugar.

    Caprichosa Maria Mesmo.

    Andei pela casa observando os objetos. Tudo de bom gosto, alguns de procedência estrangeira, quadros bonitos, ainda que de pintores desconhecidos, e um álbum de fotografias em cima da mesa, que não ousei mexer.

    Vou sair. Só volto à noite. Pode ficar em casa.

    Não tem medo que eu roube alguma coisa?

    Se tivesse que roubar, já teria roubado.

    Bem sabes que já fui ladrão, furtei alguns talheres de ouro da Condessa Jacobina, quando lá trabalhei de garçom.

    Só não contei que quase dei uma garrafada na cabeça do colega que vira

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