A Vida Louca De Cesar
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Pré-visualização do livro
A Vida Louca De Cesar - Cesinha Santisteban
Oi, meu nome é Cesar Santisteban, tenho TOC
(Transtorno Obsessivo Compulsivo) e sou
Dependente Químico de Álcool, Cocaína e
Maconha.
Mais sobre mim e o livro no meu blog que fica em
www.avidaloucadecesar.blogspot.com.
Os nomes usados neste livro são fictícios, para não expor ninguém.
Paz,
Cesinha
Nascí em 12 de fevereiro de 1974 (São Paulo-SP) e
morava em uma enorme casa no bairro do
Belenzinho. Meu pai era médico ginecologista e
minha mãe trabalhava com ele no consultório. Sim,
éramos ricos, tínhamos 2 empregadas, a Doca
(cozinheira) e a Marlene que era como uma segunda
mãe para mim e para minha irmã.
Eu era uma criança super feliz, tinha tudo do bom e do melhor, minha família era muito unida e fazíamos vários programas juntos como ir ao Clube, viajar
para Hotéis Fazenda, Belos Jantares, entre outras
coisas.
Eu era, e ainda sou, muito mimado e não tinha
limites, tinha fome de vida, amava viver, ia bem na escola, brincava muito, jogava bola com meu pai,
com meus amigos e era corinthiano roxo.
Minha família era muito grande, portanto em datas
comemorativas, como Natal e Ano Novo, sempre
nos reuníamos e eu ganhava muitos presentes
legais, brincava com meus primos, era uma delícia.
Se tudo tivesse continuado assim, eu não estaria
escrevendo este livro.
Quando completei 11 anos minha vida começou a se
transformar em um Inferno. Meu pai e minha mãe
eram do Encontro de Casais
da igreja católica e um dia foi anunciada uma viajem, de 1 fim de
semana, não lembro para onde, para os filhos dos
casais.
Meus pais falaram comigo e com minha irmã para
irmos, eu iria ser o mais novo de todos pois a
maioria teria de 13 anos para cima e eu com 11
parecia que tinha 8.
Fui obrigado a ir. Lembro até hoje, eu, no fundo do ônibus saindo e meus pais dando tchau.
Chegando lá todos me olhavam estranho porque eu
era muito jovem e pequeno, logo me acomodei e fui
dormir. Minha roupa de cama era do Superman e de
repente entra meu colega de quarto com um amigo e
os dois começam a rir, e um deles diz:
- Olha, do Superman...é nenezinho ! E riram.
Eu já não estava bem e hoje vejo que fui vítima de
bulling também nessa viagem.
Mas se fosse só isso tava bom. No dia seguinte
todos fomos chamados para a capela, de repente,
do nada, dentro da capela tive minha primeira neura de TOC, um pensamento intrusivo invadiu minha
mente, comecei a pensar em cenas de sexo, logo
tive uma ereção, pronto, achei que era um pecador,
que não respeitava Deus e que não merecia ter
pênis.
Uau, foi a coisa mais maluca de todos os tempos, comecei a chorar sem parar e logo começaram a me
zoar. TOC e bulling ao mesmo tempo.
A partir daí, pensamentos intrusivos invadiam minha mente 24 horas por dia. Se eu não batesse 4 vezes
na madeira, de 1 em 1 hora, minha mãe morreria, eu
obedecia. Quando alguém encostava em mim eu
tinha que me limpar por causa dos germes. Não
dava a mão para ninguém, ficava horas no banho
me lavando porque achava que ia pegar doença, na
capela eu sempre chorava porque vinham cenas de
sexo na minha mente.
Foi o fim de semana mais demorado da minha vida.
Quando voltei para casa, roubei um cigarro do meu
pai e fui fumar no telhado de casa, chorando. Foi aí que comecei a fumar, eu pensava "Tá tudo fudido
mesmo, então vou fumar"
Não contei nada para meus pais, para ninguém,
tinha medo que me internassem em um hospício.
Daí pra frente o TOC só piorou, passei a ir mal na
escola, aprontar, brigar (fui expulso de 7 escolas) eu tinha que verificar o gás do fogão porque eu achava que ia explodir a casa e a culpa ia ser minha.
Verificava a porta da frente, trancava e destrancava várias vezes, era um sofrimento que nem sei como
descrever, mas se eu não verificasse, meu pai iria
morrer, e eu acreditava nisso, claro, é uma doença, mas eu não sabia ainda. Eu achava que era louco e
não contava para ninguém, de jeito nenhum.
Assim minha vida nunca mais foi a mesma, com apenas 11 anos eu já pensava em suicídio e
desejava a morte. Minha casa era grande, e como já
disse, eu subia nos telhados todos os dias e
pensava Se eu cair, foda-se, acaba o sofrimento
.
Para piorar tudo, com 13 anos eu estava na escola e fui beber água no bebedouro, um muleque maior do
que eu veio por tráz, me travou e ficou uns 10
segundos passando o pênis na minha bunda até eu
conseguir me soltar, pronto, fiquei muito, mas muito mal, era como se eu não fosse mais homem e eu
não podia fazer nada para me defender porque ele
era muito maior.
Decidí também não contar para ninguém. Fiquei uns
4 meses encanado com isso e fiquei meio
homofóbico. Qualquer homem que encostasse em
mim, eu encanava.
Nessa época meu pai, que era alcoólatra, começou
a beber muito e eu ficava muito mal quando ele
ficava bêbado. Eu odiava bebida alcoólica, eu
gostava de cigarro mas tinha certeza que nunca
beberia na vida.
Hoje vejo que meu pai tinha o mesmo problema que
eu, ele tinha tudo que queria mas não conseguia ser feliz, ele se esforçava mas era muito difícil para ele.
Eu, minha mãe e minha irmã ficávamos muito mal
mas não sabíamos que era uma doença.
Com 15 anos minha mãe se separou dele, por conta
da bebida, e ele foi morar no consultório.
Um dia ele me ligou me convidando para sair, e fomos. Ele parou na padaria e disse:
- Vamos tomar um veneno !
Eu fui.
Chegando lá ele me apresentou a cerveja e disse
que com ela eu resolvia todos os meus problemas.
Tomei uma garrafa e os sintomas do TOC
melhoraram muito, comecei até a me sentir um
pouco feliz de novo. Tomei mais uma garrafa e Uau !
Fiquei muito bem, 100%, pensei Achei o remédio
,
que felicidade que me deu. A partir desse dia
comecei a beber cerveja e fumar cigarro sempre que
tinha a oportunidade.
Saía de balada com meus amigos e não tinha
vergonha de chegar nas meninas, dançar, beijar. Foi amor à primeira vista.
Assim fui vivendo e o TOC me incomodava bem
menos, eu já tinha o remédio.
Sempre sonhei em ser uma estrela do Rock, eu
tocava violão, guitarra, cantava e compunha desde
os 8 anos. Mais pra frente meu pai me ensinou a
tocar bateria e minha mãe me ensinou piano.
Na minha casa tinha um estúdio, que era do meu
pai, quando minha mãe se separou dele, o estúdio
ficou para mim e comecei a montar bandas de rock,
por diversão. Nessa época eu estava quase com 16
anos e a cerveja e o cigarro eram minhas maiores
paixões.
Nessa época também estudei um pouco de música com meu primeiro professor, o Wadé, da banda
Sinal Fechado e da Escola de música Melody.
O TOC estava sempre comigo mas eu já tinha
arrumado um jeito de lidar com ele e a cerveja era
essencial.
Com 16 anos, minha tia Rosângela, que estava no
meio artístico por causa do meu primo Wagner que
era ator, ligou para minha mãe e disse que o
apresentador Gugú, na época no SBT, estava
procurando por um substituto para o Rafael Ilha do
Grupo Polegar, que era febre na época, e sugeriu
que eu fosse participar da seleção. Eu fui né,