Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

HALEO: Aventuras De Um Garoto De Programa Em São Paulo
HALEO: Aventuras De Um Garoto De Programa Em São Paulo
HALEO: Aventuras De Um Garoto De Programa Em São Paulo
E-book255 páginas3 horas

HALEO: Aventuras De Um Garoto De Programa Em São Paulo

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Felipe Haleo é um jovem de 20 anos, garoto de programa e escritor. Neste livro conta sua rotina de trabalho em São Paulo, nos tempos de pandemia e antes dela. Sobre seus amores, vícios, e aventuras pela capital paulista.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526031761
HALEO: Aventuras De Um Garoto De Programa Em São Paulo

Relacionado a HALEO

Ebooks relacionados

Biografias LGBTQIA+ para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de HALEO

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    HALEO - Felipe Haleo

    Dedico com amor a todos meus clientes, sem eles não existiriam histórias 

    "Jesus, porém, foi para o monte das Oliveiras.

    Ao amanhecer ele apareceu novamente no templo, onde todo o povo se reuniu ao seu redor, e ele se assentou para ensiná-lo.

    Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos

    e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério.

    Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz? "

    Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo. Mas Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo.

    Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela.

    Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão.

    Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando com os mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele.

    Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?

    Ninguém, Senhor, disse ela. Declarou Jesus: Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado.

    JOÃO 8: 1-11

    Aos que não me conhecem, permitam-me apresentar.

    Me chamo Felipe, nascido em Barueri, em um bairro chamado Parque Imperial uma região bem pobre de SP. Mas não cresci ali, muito pequeno me mudei pra São José dos Campos, sinceramente não tenho muitas memórias antes de me mudar, me considero um menino do interior. Minha família sempre foi eu, minha mãe e meus irmãos, pois meu pai estava muito ocupado entre reabilitações, bebedeiras e os problemas dele, sempre preferi assim, pois quando presente dentro de casa, tivemos muitos momentos conturbados e poucos felizes.

    Perdi meu pai aos 14 anos para sua luta contra as drogas, especificamente o alcoolismo e desde então me sinto sozinho no mundo. A linha da minha vida foi assim.

    Do meu primeiro dia de vida até 3 anos de idade em Barueri, onde nasci. Dos 4 aos 14 anos, em São José Dos Campos, onde fui criado. Com 14 anos minha mãe descobriu que eu era gay, quando eu sem querer deixei meu twitter logado no computador, e lá sempre foi a rede social onde contei tudo - ou quase tudo - da minha vida. Ela descobriu, sentiu nojo de mim, me expulsou de casa. E fui morar com meu pai - que ela se divorciou quando eu tinha onze anos -, em Santa Isabel, uma cidade de menos de 10 mil habitantes ao lado de São José, foram os tempos mais difíceis da minha vida.

    Apesar do meu pai estar bem na época, no primeiros dia de aula tive que andar 1KM pra ir e voltar da escola, estava literalmente me sentindo na roça, não me lembro se foi falta de dinheiro ou falta de onibus na cidade.

    Meu pai fez de tudo para tentar me acomodar, comprou um carro, quando estava meses economizando pra comprar uma moto, se mudou para uma casa com dois quartos, e perto da minha escola, e me matriculou numa escola de inglês.

    Com o tempo comecei a gostar de viver naquela cidade que não tinha nem cinema, fiz algumas boas amigas. Certo dia meu pai recebeu a notícia que um amigo dele tinha falecido,

    no outro dia apareceu com uma garrafa de Selvagem, disse que era porque estava triste, e acabou que bebeu a semana toda, eu tinha só 14 anos e não sabia lidar com aquilo, antes era minha mãe que servia de saco de pancada pra ele nesses momentos.

    Então comecei a me trancar no meu quarto, pra minha sorte estávamos em período de férias, então não perdi aula. Avisei minhas tias da situação,e elas mandavam eu chamar alguém da igreja universal mais próxima. Ele chamou uma Puta, que encontrou no Chat Uol e ela estava passando os dias trancada no quarto com ele, eu tinha medo dos dois.

    Eu sempre fui muito fã de One Direction,e nessa época eles estavam de show pro Brasil. Era meu sonho ir, mas meu pai nunca me levaria pra umshow onde o público ia ser majoritariamente meninas. E ingresso era 260.

    Nesse final de semana que essa garota de programa estava lá, mandei mensagem pra minha tia, irmã dele, contando tudo, ela mandou pegar a carteira dele e esconder. Mandou eu avisar ela que chamaria a polícia pra garota. Eu peguei a carteira enquanto a mulher estava no banho. Tinha 500 R$, dei trezentos para a mulher ir embora.

    Meu pai estava sem condições até de falar, estava no quarto desmaiado. Eu tinha 14 anos. Gosto de relembrar isso. Pois na época me sentia adulto. Tive que deixar a garota de programa no ponto de ônibus pois ela não sabia onde era e me pediu ajuda. Disse que conheceu meu pai no Chat, mas que ela tinha um namorado novinho, que bancava ela, e que ela já tinha duas filhas. Fiquei morrendo de medo dela ter engravidado do meu pai. Deixei ela no ponto, voltei pra casa, pedi o cartão de crédito da minha tia por parte de mãe, e comprei o ingresso do One Direction.

    Meu pai voltou ao normal dois dias depois.

    Me pediu desculpas, eu disse pra ele que a menina tinha levado todo dinheiro, e que comprei o ingresso com o desconto que o cartão da minha tia dava, e que ainda precisaria de50R$. Eu sei que era errado. Mas na época eu só queria um momento de felicidade. E foi perfeito.

    Meu pai me levou o show, me esperou do lado de fora, por quando eu saí do show ele tinha feito amizade com um cara de Jacareí, que tinha ido de ônibus com a filha, e iam voltar de ônibus também. Meu pai tinha o coração muito mole e deu carona pro cara e a filha dele.

    Um mês depois ele voltou a beber, as noites em casa eram insuportáveis, chegou ao ponto de não ter o que comer. Eu só contava a situação pras minhas tias por parte de pai, pois não queria nenhum contato com a minha mãe, depois de tudo que tínhamos passado juntos, noites de natais comendo salsicha, visitas em reabilitações, noites esperando a polícia chegar em casa, depois de tudo, ela me renegou por conta da minha sexualidade. Então a última voz que eu queria ouvir era a dela.

    Mas bom, acontece que a situação ficou péssima, e eu não sabia mais como lidar, a casa estava podre, e sem comida, meu pai sumia de madrugada e depois ia bater no meu quarto pedindo dinheiro. Minha tia por parte de mãe me depositou 20R$, e com esse dinheiro fui pra Barueri, avisei minhas tias do meu pai. Depois de duas semanas que eu tinha saído de lá, meus tios resolveram ir atrás do meu pai em Santa Isabel, e o encontraram sem vida.

    Minha vida mudou pra sempre a partir daquele momento. O fato de perder a pessoa que eu tinha mais medo na vida, me fez sentir mais confortável para me expor da forma ejeito como eu quisesse. Tive que voltar a morar com minha mãe, mas eu não tinha nenhum respeito por ela mais, e nem ela por mim, a relação era difícil. Aos 15 anos em 2014 postei um vídeo no YouTube cha-mado Como Ser Uma Garota Tumblr, era uma tentativa de dizer às garotas que para ser uma dessas ItGirl das redes, muitas vezes é questão de ângulo, luz e filtros. Sinceramente foi algo sem pretensão, só queria tentar fazer o bem para alguém, pois desde sempre sofri por conta do meu peso, inclusive na época eu estava muito infeliz comigo mesmo. Acabei tendo 100 mil visualizações, o que foi muita coisa, e assim fui me aprofundando na internet.

    Minha vontade de gravar vídeos terminou quando minha mãe casou de novo, com um cara de Barueri e acabamos voltando a morar no Parque Imperial, o bairro periférico onde nasci, dessa vez na Favela conhecida como Paiol. O único lugar com azulejo ali, era o banheiro do barraco da minha vó, que aliás ela odiava chamar de barraco.

    Nessa época fui em um WorkShop no Youtube Space Brasil para pequenos criadores da plataforma se profissionalizarem, me deu muita vontade de viver de internet. Voltei para o banheiro da minha vó gravei um vídeo lá, explicando quem são as Kardashians e em poucas semanas atingi 30 mil views, comentários sobre meu rosto ser muito redondo e o cenário que eu tinha me desanimaram.

    Morei lá por dois meses, no barraco da minha avó materna, de lá eu conseguia ver algumas mansões do Alphaville 1, desigualdade social era gritante, depois dela não aguentar mais eu passando as noites no celular, fui morar na cozinha da minha avó paterna.

    Foi o tempo mais difícil da minha vida, pra começar a cozinha estava tendo uma infestação de baratas. Às vezes minha vó estava cozinhando, e elas saiam do fogão e iam pras panelas.

    Muitas vezes acordei com baratas na minha cara, eu morria de nojo, depois me acostumei.

    Meu tio e diariamente me soltava piadinhas homofóbicas. Meu avô não me deixava cozinhar, dizia que era coisa pra mulher.

    Foram tempos muito difíceis então decidi abandonar o YouTube de vez. Certo dia minha vó me mandou embora, porque não aguentava mais minhas brigas com meu avô.Então não tive outra escolha a não ser ir morar com minha mãe e meu padrasto no barraco dele. O barraco dele tinha literalmente dois cômodos e um banheiro. Eu e meus irmãos dormíamos numa triliche, e um guarda roupa dividia a gente da cama do casal. O banheiro não tinha janela, e a porta do banheiro ficava na cozinha. Então imaginem.

    A convivência era pior a cada dia, passei dos meus 16 até os 18 anos lá. O estopim foi uma noite em que meu fone de ouvido estava alto, e meu padrasto já cansado de mim, veio pra cima de mim com uma faca, e eu jurei que ia morrer. Meu pai deixou uma casa em São José dos Campos, onde estava alugada desde quando minha mãe tinha decidido se casar, e trocar a vida de classe média no interior, por uma vida ao lado do marido dela na favela.

    Quando o episódio da faca aconteceu, eu já estava pra completar 18 anos, então ela adiantou o contrato. E na mesma semana, eu me mudei de volta pra lá. Sem eira nem beira. Sem apoio nenhum. Sem família. Mas pela primeira vez em anos, eu tinha não só uma cama, ou um quarto pra chamar de meu, mas uma casa inteira, que era minha por direito.E assim que tudo começou, onde já tinha começado.

    Aos 18 anos, me vi com todas minhas poucas tralhas de volta em São José Dos Campos. Eu tinha começado o processo de alistamento militar em Barueri aos 17 anos, acabei não finalizando e não tendo a reservista. Caso você não saiba, sem a reservista você não consegue fazer muitas coisas, como ter trabalho de carteira assinada ou entrar na faculdade.

    Nos primeiros meses sobrevivi com 200R$ por mês de um investimento que meu pai deixou, e passei na faculdade federal de João Pessoa, para o curso de relações públicas do segundo semestre, me matriculei a distância, mas acabei desistindo assim que comecei a imaginar uma vida economizando os centavos pra pagar uma passagem de avião toda vez que viesse visitar minha amada São Paulo.

    Depois de anos de caos na minha vida, estava sozinho, e queria aproveitar, abria um corote, bolava um beck e tocavaminha playlist DEL REY do Spotify, e claro interagia com meus seguidores do Instagram. Apesar de ter desistido do Youtube, mantive contato alguns influenciadores e acabei continuando no meio. Pra ser sincero, mantive contato com uma pessoa específica; Bruna Furlan.

    Uma menina um pouco mais nova que eu, com milharesde seguidores e fotos impecáveis em suas redes, ela apareceu na timeline pois os fãs estavam subindo Hashtags desejando melhoras pra ela, que no momento estava com pedras no rim. Entrei no Instagram dela e me apaixonei pelas fotos, acabei deixando um comentário sem intenção, ela me chamou no Direct para conversamos mais, e até hoje somos amigos. Muitos dos seguidores que tive foram por conta da popularidade dela, apesar de existir um abismo entre a realidade dela e a minha, ela nunca teve vergonha de mim, me apresentou pra muitas pessoas importantes do meio.

    E com tudo isso em mãos como acabei no mundo da prostituição? Bom... nos primeiros dois meses morando sozinho não me importava tanto com a falta de dinheiro, sinceramente eu não me importava em deixar de almoçar para sobrar o dinheiro do álcool. Mas tudo mudou quando eu conheci o Lucas.

    Diga-se de passagem; meu primeiro amor, se é que foi amor.

    Essa história dá uma novela, mas resumindo, como toda garota burra eu me apaixonei. Como não? Ele era universitário, tinha tatuagens por todo corpo, tinha uma cara de mau e um jeito fofo, e era lindo. O único problema é que ele era ex do meu melhor amigo padrãozinho - que o rejeitou por gostar apenas de garotos padrões como ele e ter que se mudar de cidade - a situação toda era complicada.

    O meu melhor amigo era o primeiro amor do meu primeiro amor. O que me aliviava era o fato desse meu amigo morar em SP capital, longe da gente, e estava namorando. Certo dia, quando estávamos em nossas indas e vindas, descobri que esse meu amigo estava para chegar na cidade, marcou presença no Pub da cidade, e eu sabia que o Lucas iria igual um cachorrinho atrás dele. Foi um ano muito conturbado, esse meu amigo já nem ligava mais pro Lucas, mas foi descobrir que estávamos ficando que ele fez um inferno na terra.

    E eu? Uma boa cadela abandonada ia atrás dele, onde quer que ele fosse na época.

    Mas como ? Com 5 reais no bolso, eu não tinha condições nem do uber, muito menos para entrada de 30R$ (masculino) do bar.E foi aí que eu fiz meu primeiro programa, em um ato de desespero. Eu já estava viciado em cocaína, então meu comportamento não era normal. Foi uma época escura da minha vida.

    Comecei a usar essa droga depois de um termino com ele, e apenas beber não tirava minha dor, conheci o pó no Parque Imperial, em uma das minhas idas para São Paulo por conta das festas na capital. Em um dos baile de favela, um primo de segundo grau estava com uma rodinha de meninos onde todos estavam usando, eu já tinha bebido um corote, e na época estava viciado na música Bad At Love da Halsey, que fala sobre desistir de uma garota porque ela tinha se apaixonado pelas linhas brancas, me despertou curiosidade e eu gostei. Acabei criando um vício de setembro de 2017 até dezembro do mesmo ano.

    Eu já sabia pelas minhas amigas do Parque Imperial da existência de um site chamado VivLokal onde você podia se anunciar. Todo mundo zuava, ai meu celular quebrou, vou en-trar no viva ou nossa role esse final de semana? Só seu eu entrar no viva pra fazer pg. Como todo viciado, antes de tomar a decisão mais brusca por dinheiro, resolvi pedir pra minha mãe que às vezes me emprestava grana, mas descontava cada centavo, quando o dinheiro dos rendimentos passava pela conta dela antes da minha.

    Nesse dia minha mãe não tinha, e disse algo que me fez ficar zangado, e eu acabei soltando que não precisava mais, que eu iria me prostituir. Eu sempre fiz isso desde criança, eu sempre dizia que fiz algo errado antes de fazer, assim eu levava a bronca logo, e depois fazia sem culpa.

    Pode fazer, você é de maior, você faz o que quiser, bem que a vizinha da frente contou pra minha amiga, que tem homem entrando ai na casa todo dia

    Fiquei muito puto, o homem que vinha todo dia era o Lucas, apenas, mas se meu nome já estava sujo a esse ponto,não tinha mais nada a perder.Antes de dormir fiz o anúncio e acordei com o celular apitando mais do que no dia que sai no TvFama. Na minha cabeça com meus míseros 10 mil seguidores eu era uma sub celebridade teen da cidade, então em hipótese alguma eu atenderia alguém com idade o suficiente pra me reconhecer. Conversei com todos os caras que aparentemente eram casados ou bem mais velhos, e marquei o que mais me passou confiança.

    Eu precisava ver o Lucas aquela noite. E faria o que fosse preciso, nem que eu tivesse que beijar a boca de um desconhecido, pra conseguir beijar a dele.

    O problema começa no fato que eu estava há 6 meses sem sexo, quando morava Barueri vivi boas aventuras por São Paulo, mas em São José no começo eu tinha medo de levar alguém pra casa e meus vizinhos de alguma forma contar pra minha mãe, e também não tinha interesse sexual. Apesar de apaixonados, frequentemente sozinhos, e com muito tesão, nunca transei com o Lucas, na verdade, ele me mamou no carro dele uma vez, e no meio da coisa toda tirou o celular do bolso e começou a gravar tudo, não estranhei na hora mas depois

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1