As imortais primas lésbicas
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Bendita fúria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAi dos vermes Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cartas de amor e ódio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTransformações em Veneza Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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As imortais primas lésbicas - Gabriel de Brito Velho
© Gabriel de Brito Velho 2022
Produção editorial: Vanessa Pedroso
Revisão: Helen Bampi
Imagem de capa: Kin Viana
Editoração: Nathalia B. Cecconello
CIP-Brasil. Catalogação na Publicação
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
V545i Velho, Gabriel de Brito
As imortais primas lésbicas [recurso eletrônico] / Gabriel de Brito Velho. - 1. ed. - Porto Alegre [RS] : Buqui, 2022.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-8338-622-3 (recurso eletrônico)
1. Contos brasileiros. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
22-78455 | CDD: 869.3 | CDU: 82-34(81)
Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439
Todos os direitos desta edição reservados à
Buqui Comércio de Livros Eireli.
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Porto Alegre | RS | Brasil
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As imortais primas lésbicasDedico às minhas filhas Mônica
e Maria Dolores.
Autobiografia
Vou começar minha autobiografia aos 81 anos de idade! Minha vida foi quase sempre agitada e complicada. Acho que nunca fui normal
! Posso dizer que fui sempre antissocial, desde a infância. Mas custei muito a me dar conta disso. Em muitos contextos fui tido como quase imbecil
, em outros como quase genial
… A variação era acachapante. Eu era merda ou ouro. Quando eu já tinha mais de 50 anos, meu pai, que era um político famoso e intelectual consagrado, vociferava que eu era megalomaníaco e que de mim só se podia, com muita piedade, dizer que eu sabia umas coisinhas de filosofia
. Eu acho que ele repetiu essa frase centenas de vezes. A mulher com quem eu vivi uns trinta anos e com que tive quatro filhos proclamava que de mim só se podia dizer que ninguém me entendia
! Ela e o meu sucessor matrimonial, internacionalmente conhecido como eunuco sinistro
, juravam que eu era nulo!
O leitor já sabe, pois, que lerá a autobiografia de um anormal
, julgado como quase idiota pelas pessoas que mais o conheciam. Minha autobiografia, e outros livros que serão editados proximamente, será uma resposta aos Vermes que me denegriram. Acho que nunca apliquei tão bem a palavra Vermes
! Tenho o privilégio de ser anormal
, porque eu abomino muitas características da normalidade
, características da massa bestial
, que constitui o cerne da espécie humana. A espécie humana me enoja, cada vez mais. Esse nojo é fortemente paranoico?! Pois que seja!
Jesus, Jesus, não consigo amar o próximo, não consigo! E também não quero perdoar, não quero! E não creio na tua divindade, não creio! Pois sou ateu e, às vezes, até à toa! O que faço comigo, Jesus?! O que faço?!
Eu devia ter 6 anos de idade. Eu adorava subir numa árvore que dava acesso a um muro que separava nossa casa da casa vizinha. Era certamente o meu prazer principal. Eu felizmente não estava trepado na árvore quando explodiu o fato que ainda hoje me choca. Minha mãe gritou com fúria três vezes Carrion, Carrion, Carrion!
. Carrion era um professor e político muito conhecido. Deviam ser oito horas da manhã. Carrion apareceu de pijama na sacada. Ele não disse nada. Ele se submeteu em silêncio a uma descompostura terrível. Minha mãe berrou impropérios que ficaram sem resposta. Carrion teria cometido um ato hediondo de ataque ao meu pai, na Assembleia Legislativa. Foi a primeira vez que vi minha mãe, Alicinha, num ato de fúria.
Eu tinha 8 anos. Lembro-me, com perfeição, da cena toda: do quarto da casa em que estava, da minha posição, de pé, e da posição de minha mãe, diante de mim. Ela chorava, desesperada, e dizia com raiva: Sei, sei que teu pai gosta mais de ti que de mim! Eu sei de tudo!
. Ela acusava o meu pai, e também a mim!, de ser objeto da preferência! Ela se sabia traída, traída! Essa cena foi das mais traumatizantes da minha vida. Lembro-me de que a narrei em inúmeras sessões de análise e em muitas conversas com amigos. Ela foi um dos eventos-chave da minha existência. Ela foi um jorro de luz para avaliar psicologicamente a minha mãe. Mas eu custei muito a me dar conta de que ela era uma psicótica absoluta
, incurável. Muitos anos depois, ela tentava me arranhar e me morder!
Eu tinha 10 anos e fui atraído para uma casinha nos fundos dum pátio. Lá, quatro ou cinco adolescentes, liderados por um psicopata chamado Saladura, se jogaram sobre mim e começaram a me despir. A intenção deles era óbvia: queriam me comer. Tive uma reação frenética. O horror, o desespero, agigantaram minhas forças, e consegui que os predadores desistissem do seu intento criminoso. O que talvez tenha me salvado a vida é que um primo meu os viu me introduzirem na casinha, e dois do bando eram filhos de famílias conhecidas da minha família.
Eu tinha 11 anos e